ASSIM, TALVEZ SEJA POSSÍVEL

Tendo em conta o adiamento do Euro 2020 e a data marcada pela UEFA para a realização da final da Liga dos Campeões (27 de Junho), creio (espero...esperemos...) que ainda seja possível terminar o campeonato nacional com alguma normalidade, voltando a jogar apenas daqui a quase dois meses, a 13 de Maio (talvez por milagre...). Assim:

QUE CAMPEÃO?

Hoje a UEFA decidirá o futuro próximo da Champions League, da Europa League e do Euro 2020 - que, tudo indica, deverá passar para 2021.
Não creio que possa decidir o destino dos campeonatos nacionais, que dependem das Federações, e nem todos têm os mesmos formatos.
Há uma petição oportunista para fazer parar já o campeonato português, declarando campeão o actual líder. É caso para dizer, "cantam bem mas não me alegram". 
Era o que mais faltava que um líder circunstancial, que só comandou a classificação em duas das 24 jornadas disputadas, fosse declarado campeão na secretaria. Seria tão estúpido como fazer valer apenas a primeira volta, opção que, favorecendo o Benfica, também não me parece ter qualquer sentido.
É claro que a situação em Inglaterra, ou em França, é bem diferente. Já em Portugal, como em Espanha, é absurdo pensar-se em qualquer uma dessas soluções.
Deixo aqui as hipóteses que considero lícitas, tanto quanto tal é possível num cenário de grande incerteza:

1) Realizar o campeonato até ao fim, com jornadas ao fim-de-semana e a meio da semana. Caso o Europeu passe para 2021, esta opção permitiria, no limite, retomar a prova em meados de Junho, terminando-a em meados de Julho - data final prevista para o Euro. É, obviamente, o melhor cenário;

2) Realizar um play-off entre os quatro primeiros, com jogos em casa da equipa melhor classificada. Ou seja, Porto-Sporting no Dragão, e um Benfica-Braga na Luz, sendo que a eventual final Porto-Benfica seria no Dragão (se fosse Sporting-Benfica seria na Luz, Sporting-Braga em Braga);

3) Realizar apenas uma final Porto-Benfica, eventualmente no Estádio do Dragão;

4) Realizar uma final Porto-Benfica, em campo neutro (se necessário à porta fechada), eventualmente com o empate a valer ao FC Porto.

5) Anular a temporada, não havendo campeão.

Ou seja, até admito que o facto de o FC Porto liderar a classificação lhe possa dar alguma vantagem no critério a adoptar, mas não admito, de todo, que tal lhe possa valer o título sem se fazer mais nada.

PASSATEMPOS

82-83 FILME DA TEMPORADA

88-89 FILME DA TEMPORADA

90-91 FILME DA TEMPORADA

93-94 FILME DA TEMPORADA

04-05 FILME DA TEMPORADA


OS 103 GOLOS DE 18-19

PASSATEMPOS

1988 STEAUA-BENFICA 0-0

1988 BENFICA-STEAUA 2-0

1988 PSV-BENFICA 0-0

1990 MARSELHA-BENFICA 2-1

1990 BENFICA-MARSELHA 1-0

1990 MILAN-BENFICA 1-0

PASSATEMPOS

1963 BENFICA-FEYENOORD 3-1

1972 BENFICA-AJAX 0-0

1983 ANDERLECHT-BENFICA 1-0

1983 BENFICA-ANDERLECHT 1-1

1992 ARSENAL-BENFICA 1-3

1994 LEVERKUSEN-BENFICA 4-4

PASSATEMPOS

1961 BENFICA-BARCELONA 3-2 

1962 BENFICA-REAL MADRID 5-3

1963 MILAN-BENFICA 2-1

1965 INTER-BENFICA 1-0

1968 M.UNITED-BENFICA 4-1

HIPÓTESE

Há margem para retomar o campeonato apenas daqui a um mês. Jogando a próxima jornada, a 25ª, no dia 15 de Abril, e realizando dois jogos por semana (equipas portuguesas estão todas fora da Europa), seria possível terminar a prova a 17 de Maio, tal como previsto.
Portanto, haverá um mês para a situação desanuviar. Se até lá as coisas se agravarem, então...não sei. Nem eu, nem provavelmente ninguém.

O QUE NOS RESTA

Vai ser uma jornada diferente. Sem gente nos estádios. Sem barulho. Sem alma.
Não me atrevo a opinar sobre a medida tomada, pois não percebo patavina de virologia. E, como todos, tenho de acreditar em quem percebe, esperando que ainda venha a ser possível evitar por cá o caos que se vive em Itália.
A única coisa que posso questionar é porque, em vez de jogos à porta fechada, não se suspende a Liga - até porque, com toda a gente fora das competições europeias, datas não faltariam para depois ajustar o calendário.

Quanto à questão do Red Pass, propunha que o Benfica (válido também para outros clubes) carregasse na conta de cada sócio o valor correspondente ao jogo com o Aves, valor esse que podia ser utilizado em compras no clube. E já agora, que disponibilizasse o jogo em sinal aberto, para quem não tem BTV poder assistir.

AO LADO


Um texto escrito a quente teria decerto uma carga bem mais negativa. Qualquer coisa como “The End”, “Fim de Linha”, “Fim de Lage” ou “Jesus para ontem”, quer para ilustrar um triste ponto final na luta pelo título, quer para apontar a porta da rua ao treinador encarnado.
Era assim que me sentia logo que João Pinheiro apitou para o fim da partida de Setúbal.
Passado algum tempo, e sobretudo passado um empate caseiro inesperado do FC Porto ante o Rio Ave, talvez consiga uma maior clarividência na análise desta jornada, e na análise do momento do Benfica.
Em primeiro lugar, e quanto ao primeiro lugar, nada está perdido – um ponto é um ponto, e faltam dez jogos. Em segundo lugar, e mesmo em segundo lugar, penso que Bruno Lage deve continuar até ao fim da época – quer porque a fantástica época passada ainda lhe dá algum crédito (pouco, cada vez menos, mas algum), quer porque um treinador campeão, que ganhou 36 dos primeiros 38 jogos de campeonato que fez, não merece sair pela porta dos fundos, quer porque uma mudança nesta altura talvez não acrescentasse muito, nem fosse possível, do pé para a mão, trazer aquele que julgo ser o sucessor ideal, o único sucessor possível (falo naturalmente de Jorge Jesus, que nunca deveria ter saído da Luz). Quer ainda porque, observando friamente, não tenho a certeza absoluta de estarem já esgotadas todas as hipóteses de trabalho de Lage neste plantel. O último mês é catastrófico, mas…é um mês, e pode haver justificações que o adepto comum não conheça. Além de que com as mesmas exibições, mas com os dois penáltis de Pizzi dentro da baliza, o Benfica estaria na liderança, com três pontos de vantagem.
Quanto ao jogo propriamente dito não há muito mais a dizer do que uma palavra: medíocre.
Uma primeira parte a passo, sem ideias, sem rumo, sem atitude colectiva. Uma segunda parte nervosa, ansiosa e precipitada, com erros sucessivos na defesa e no ataque.
Não vou criticar o onze inicial pois não o teria apresentado muito diferente. Mas as dinâmicas desta equipa são cada vez mais pobres e incapazes de ultrapassar os problemas que surgem por diante, seja o aproveitamento das transições defensivas caóticas (como aconteceu noutros jogos, com outros adversários), seja um autocarro em frente da baliza (como foi o caso do Vitória).
Se tenho esperança? Residual. E esse resto traduz-se numa só ideia: é que o FC Porto também não joga nada.

DUAS PERGUNTAS AOS DEFENSORES DE RUI PINTO


1) Será que esta gente não percebe que no mundo moderno a cybersegurança é um valor determinante, mais determinante até do que a própria luta contra a corrupção?
2)  Porque continuam a tratar Rui Pinto como se ele tivesse tropeçado na informação por acaso, e a tivesse comunicado de imediato às autoridades – coisa que, como se sabe, não fez?

O BENFICA DE ANTIGAMENTE

Vejo futebol desde 1976, e já me irrita um bocado a conversa do Benfica “de antigamente”, aquele que era fantástico e agora morreu às mãos da modernidade.
É um mito que vive do saudosismo de alguns e da ignorância de outros.
Criou-se a ideia de que todos os jogadores encarnados dos anos 70 e 80 eram grandes craques, que jogavam maravilhosamente, e encantavam um Estádio da Luz sempre a abarrotar de entusiasmo.
É tudo mentira.
Tivemos bons jogadores, como temos agora. Mas o estádio raramente enchia (excepto nos "clássicos" e nas fases adiantadas das competições europeias), e muitas das agora tão consensuais “lendas” eram na verdade jogadores de rendimento irregular, por vezes até profissionais desleixados quando comparados com o elevadíssimo grau de profissionalismo dos de hoje. Só que se mantinham anos a fio no Benfica - muitos porque não tinham para onde ir, pois os mercados de transferências nem existiam -, pouca gente via os jogos, que não passavam na TV, e pelos relatos radiofónicos tudo parecia fabuloso. E nas memórias difusas de juventude, ainda mais fabuloso parece.
Na verdade, muitos de nós temos é saudades de ser jovens. Eu também as tenho.
Quando jogámos com o Steaua de Bucareste, com 120 mil pessoas na Luz quatro horas antes do apito inicial, eu estava lá. Tinha 18 anos, tinha o cabelo todo, pesava menos 20 kgs e tinha energia para dar e vender. Se tenho saudades desse tempo? Obviamente tenho, e de tudo a ele associado. Mas quanto a futebol no sentido estrito, isso foi um jogo, entre mais quatro ou cinco excepções (Marselha, Anderlecht e alguns "clássicos") que ficaram na história , e na lenda, que não correspondiam de todo ao que se passava nos domingos comuns, e que hoje servem de termo de comparação injusto e desfasado com a realidade de cada semana – criteriosamente escrutinada em transmissões televisivas hd e análises subsequentes até enjoar.
Aconselho todos a verem alguns jogos do Benfica na RTP Memória. Ainda esta semana passou um Benfica-Farense, de 1996, com um estádio completamente às moscas, e uma equipa descaracterizada e deprimente.
O antigo Estádio da Luz, quando foi demolido, era um elefante branco anacrónico, com muita história, mas já sem alma. Esta é a verdade.
E as equipas do Benfica dos anos noventa, com uma ou outra excepção (93, 94) eram uma treta, num clube amador e desorganizado - por vezes mesmo caótico. E nos anos 80 teve dias, sendo que as provas europeias, com outro formato e sem Lei-Bosman, eram muitíssimo mais facilitadas do que hoje. Nos anos 70 e 60 ainda não havia Porto. E não esquecer que, antes de Eusébio, o Sporting tinha mais campeonatos  do que o Benfica, e depois de Eusébio é o FC Porto que tem mais. Houve, portante, um período histórico diferenciado, década de sessenta (sobretudo na primeira metade), em que o Benfica era um grande europeu, tinha um super-jogador à escala mundial, e dominava completamente no país. Foi um período de alguns anos. Desde há muito que o futebol se mercantilizou, e sendo Portugal um país pobre no contexto europeu, esses tempos não são repetíveis. 
Para além disso houve, claro, uma ou outra temporada muito boa (73 ou 83, por exemplo), e é dessas que nos lembramos, pois só elas ficam na memória. Mas houve inúmeras crises, derrotas, fracassos, péssimas decisões de gestão e sempre muito amadorismo, que compreensivelmente metemos na gaveta do esquecimento.
Assim, o caso de Maxi Pereira parece-nos hoje muito diferente do de Artur Correia, Pizzi parece-nos muito diferente de Diamantino, Ferro a anos-luz de Bastos Lopes, Seferovic uma sombra de César Brito, e Vlachodimos um aprendiz de Bento. Ora essa ideia não resiste aos factos. E já ninguém se lembra dos Garridos, dos Hajrys, dos Mirandas, dos Tuebas, dos Padinhas, dos Tó Portelas, dos Ruis Pedros, dos Nivaldos, dos Carlos Pereiras, dos Folhas, dos Paulos Campos, dos Joeis, dos Vitais e dos Fonsecas, dos Rui Lopes, dos Cavungis, dos Pereirinhas, dos Josés Domingos, dos Móias, dos Matines e dos Pedrotos. E omiti propositadamente nomes dos anos noventa, pois aí o texto tornar-se-ia ilegível.
Deixemo-nos de fantasias. O Benfica de hoje, na globalidade e enquanto clube no seu todo, é dos melhores de sempre. E tirando o tempo de Eusébio - que não vivi - nenhum outro se lhe pode comparar. em rigor, em gestão, em profissionalismo, e em desempenho.
Exigência? Sim. Eu também acho que tínhamos obrigação de ganhar ao Moreirense.
Mas bom senso faz sempre falta, e rigor histórico também.

JÁ UMA LENDA

269 jogos (já 34º de sempre)
70 golos,7 deles nas provas europeias (já 32º de sempre, já 21º de sempre)
4 campeonatos
1 taça
2 taças da liga
4 supertaças

To be continued...

MANIF ESVERDEADA

Deixo aqui alguns posts retirados da conta do organizador e dinamizador de uma manifestação de "benfiquistas" contra Luís Filipe Vieira, marcada para a noite da Gala. É um tal Santiago Miguel ou Miguel Santiago, a ser verdadeiro o nome, a ser verdadeira a conta.
Tirem as vossas conclusões.
Atenção que, se este é amador, há profissionais de comunicação, de elevada competência e baixo carácter, a fazer coisas semelhantes. O Benfica está a ser atacado de todos os lados, e só por ingenuidade os benfiquistas poderão cair na esparrela.





A PIQUE


Com poucos minutos de jogo, talvez uns cinco, há um lançamento lateral para o Benfica. Grimaldo vai executá-lo, mas, afastado da linha, caminha tranquilamente a passo até ao local correcto. Como se estivesse a ganhar e faltassem poucos minutos para terminar o jogo. Como se não fosse necessário marcar rapidamente para abrir o Moreirense. Como se o Benfica não precisasse dramaticamente de vencer.
Esta abordagem passiva da equipa de Bruno Lage na primeira parte comprometeu desde logo o jogo, oferecendo ao adversário aquilo que ele queria. Mas os problemas do Benfica vão muito para além disso. Não se verificaram só na primeira parte. E não se centram, de modo algum, nos jogadores e sua atitude.
A verdade é que já nem me lembro da última exibição convincente da equipa. Talvez no início de Dezembro, há já longos três meses.
Entretanto, das fragilidades defensivas – que se mantêm – passou-se também a uma fase de previsibilidade ofensiva, e tremenda falta de eficácia, justamente a palavra que foi mantendo o Benfica na liderança destacada do campeonato durante meses, mesmo sem jogar grande coisa. Ou seja, nem defensiva, nem ofensivamente a equipa encarnada parece capaz de dar a volta a esta situação, que ontem se colocou bastante cinzenta, para não dizer negra.
Parece cada vez mais evidente que a abordagem ao mercado de Inverno foi uma catástrofe. Em vez do defesa-central de que a equipa carecia com urgência (sobretudo tendo em conta a dispensa de Conti), contratou-se Weigl, que teima em não convencer (preferia claramente Fejsa, que defensivamente dava muito mais garantias). Em vez de um segundo avançado capaz de colmatar as baixas de Jonas e Félix, contratou-se Dyego Sousa, que suspeito não chegue a marcar um golo no Benfica. E Gedson, de quem pouco se tem falado, e que poderia ser uma solução em determinados jogos, também já cá não está.
Não acuso expressamente ninguém, pois não faço ideia até que ponto houve aqui solicitações de Lage ou imposições directivas. A verdade é que, há que assumir, correu muito mal.
Em jogo também ninguém entende as opções do técnico setubalense. Nas conferências de imprensa explica detalhadamente o que pretendeu fazer, e com isso dá trunfos aos adversários que se seguem, mas durante as partidas não se percebe a sua leitura. Deixar Samaris amarelado a segurar todo o meio-campo, tirar Rafa, que podia resolver, e depois Taarabt, que estava a ser a melhor unidade benfiquista, colocando Jota que denota enorme nervosismo sempre que entra em campo, por maioria de razão com a equipa a perder, não lembraria a nenhum dos 40 mil adeptos presentes na Luz – e a reacção foi a condizer.
Uma palavra final para o árbitro. Fiquei com a sensação de que, mais do que um anti-benfiquista primário, Fábio Veríssimo é mesmo um árbitro absolutamente incompetente.

GANHAR