IMPUNIDADE

Não confio na justiça.
Não necessariamente nos profissionais que a compõem, mas no sistema em si, que parece feito de encomenda para garantir impunidade à alta corrupção, e ao crime mais requintado.
Manobras dilatórias, incidentes processuais, recursos, contra-recursos, aclarações, nulidades, adiamentos, prescrições, e afins, constituem o labiríntico dicionário jurídico com que a verdade se confronta, ficando esta quase sempre a perder.
Não esperava, pois, que dos tribunais comuns resultasse nada de substantivo relativamente ao processo Apito Dourado, assim como não o espero de outros processos de grande dimensão e mediatismo – com as excepções que a regra normalmente concede.
Mas uma coisa é perceber, com maior ou menor resignação, que o ultra-garantismo do sistema judicial português promove a impunidade, outra, bem diferente, é dele inferir inocências que só por má fé, ou insulto, poderão ser alegadas. E é isso que tem sido feito, quer por agentes desportivos (nomeadamente os órgãos de justiça desportiva), quer por alguns comentadores, a propósito da absolvição de Pinto da Costa.
Todos sabem que só um mero artefacto, que considerou nulo o principal meio de prova, permitiu que o processo Apito Dourado tivesse um desfecho à revelia da verdade dos factos. Mas a justiça desportiva ignorou essa evidência, enveredando por um caminho de desresponsabilização e facilitismo, que, infelizmente, também não surpreende. Daí a lermos e ouvirmos comentários alarves, defendendo a candura do presidente do FC Porto, e pretendendo tomar-nos por idiotas, foi um pequeno passo.
Porém, as escutas existem. E tal como a Galileu, ninguém nos demoverá de as evocar, pelo menos enquanto muitos dos seus protagonistas continuarem por aí, a poluir o nosso futebol.
Já sofremos o suficiente com décadas de corrupção e falseamento de resultados desportivos pelas mais diversas vias. Não temos também de ficar condenados ao silêncio, perante uma verdade que foi ouvida, de viva voz, por quem a quis ouvir.

4 comentários:

Anónimo disse...

AA: Olhe, logo à... precisava logo à noite de jantarmos, queria que o amigo jantasse aqui por estas zonas, porque eu tinha aqui, tinha aqui uma obra para ser vista...E eu precisava, porque... vem o...


AD: O engenheiro para ver isso?


AA: Exactamente, não é?


AD: Pois, mas é que eu logo à noite eu tenho curso de árbitros meu querido


AA: Logo????


AD: Logo, exactamente. Não tenho hipótese nenhuma...


AA: E amanhã?


AD: Amanhã joga o meu braguinha em casa com o Benfica... tem que se levar a mulher ao futebol, senão ela despede-me!


AA: E então, mas é que o senhor engenheiro máximo... Faz questão de coisa...porque não sei quê, porque...e...


AD: Como é que vamos fazer isso?


AA: Não tem nada a ver, não tem nada a ver com... com o dois. É o número um, não é?


AD: Pois, exactamente.


AA: Que é o... que é o gerente da caixa, não é?


AD: O gerente da caixa exactamente. Não sei como é que nós vamos fazer isso então, meu querido... É que eu logo não tenho hipótese nenhuma, porque tenho o curso de árbitros e agora estamos quase na fase de exames, de hoje a oito, não é??


AA: Exacto...


AD: Portanto não posso, não posso de maneira alguma... estar. Amanhã prometi à mulher que a levava à bola, portanto... como é que, estamos a ficar apertados...!


AA: E o almoço?


AD: O almoço é capaz de dar, mas o almoço não, não é assim muito para o clarão?


AA: Não porque depois nós vamos ver uma casa


AD: Ahh está bem! Está bem. Podemos então combinar isso... para o almoço?


AA. Vamos ver a casa, vamos ver a casa, a ver se...


AD: Ai vamos, aproveitamos e vemos a... também é mais de dia, consegue-se ver melhor


AA: Pois exactamente, vamos lá ver a casa...


AD: Tá bem. Podemos combinar isso para o almoço...


AA: E eu agora, agora eu, eu não posso almoçar com um amigo?!


AD: Ah então, pode e deve!!! Até, você tem, tem que almoçar comigo, que temos que ver aquele negócio, senão nunca mais resolvemos aquele problema!


AA: Exactamente!


AD: Olhe, eu estou a ficar é sem bateria. Se entrentanto for abaixo, liga-me para o outro, que eu estou no outro!


AA: Exactamente! Então fica amrcado... Então eu amanhã, eu... a gente vai-se encontrar a quê? Meio-dia e meia hora, uma hora?


AD: É isso, uma hora!


AA: Ok amiguinho! Aqui, aqui nesta zona daqui. Eu falo, então. Está combinado.


AD: Está bem. Está combinado, então...

Anónimo disse...

Conversa entre António Araújo e Pinto da Costa


16/4/2004


AA: Olhe, o... o intendente tem, que... portanto, tem a responsabilidade de... lá da vida dele de curso


PC: Serviço, sim.


AA: E... portnato, ficou amanhã, ele vem, vem almoçar comigo e depois então a gente encontra-se.


PC: Está bem. Está combinado.


AA: Está certo para o senhor?


PC: Está sim senhor.

Anónimo disse...

Conversa entre António Araújo e Pinto da Costa


16/4/2004



AA: Ó senhor presidente! Dava para logo, dava... a pessoa, estive a falar com a pessoa novamente... ele ligou-me agora, e ele...


PC: Sim, sim...


AA: Já dava para logo à noite?


PC: A que horas?


AA: Portanto eu ás dez horas para, para as dez e meia. Eu estava lá, como ontem ficou combinado.


PC: O senhor liga-me antes que é para... para eu estar lá.


AA: Exactamente.


PC: Está combinado.

Anónimo disse...

Conversa entre António Araújo e Augusto Duarte



16/4/2004





AD: Estou?


AA: Então, amiguinho?


AD: Estou a chegar...


AA: Portanto, você já está a chegar aqui na cidade, não é?


AD: Exactamente


AA: Pronto... E então, eu... daqui por um bocado já estou na, na cidade mesmo, tá bem?


AD: Está bem, está


AA: É o tempo de eu sair daqui e estar lá, não é?


AD: Está bem, está. Até já então.



Conversa entre António Araújo e Augusto Duarte



16/4/2004



AD: Sim...?


AA:...


AD: Estou?! Atrás da igreja!


AA: Pronto! Exactamente...!