O GOLO
Ao longo da partida do passado sábado, e mergulhado na ansiedade de ver o relógio correr sem que a bola entrasse na baliza do SC Braga, lembrei-me de Óscar Cardozo. É verdade que temos outros avançados de qualidade. Mas ninguém, como o paraguaio, é tão eloquentemente sinónimo de golo. E, por muito que nos esforcemos por encontrar motivos para ganhar ou perder um jogo de futebol, por mais sofisticadas que sejam as divagações tácticas, por muito que louvemos a segurança dos defesas, a regularidade e eficiência dos médios, a criatividade e velocidade dos extremos, são os golos que garantem as vitórias, e são os goleadores que normalmente os fazem. Daí a minha enorme admiração por eles. O que eu gosto no futebol é de golos. Confesso que não me impressionam particularmente fintas, toques de calcanhar, chicuelinas, rabonas ou outras demonstrações circenses, quando não têm a consequência devida. Sem a bola dentro da baliza, nada feito. Por via disso, são os pontas-de-lança, com a sua eficácia, com o seu sentido de desmarcação, com a arte de aparecer no momento e no local certos, com a capacidade de lutar duramente entre os centrais adversários, de ganhar duelos nas alturas, que merecem a minha maior dose de admiração. Sei que esta não será uma opinião partilhada por todo o “Terceiro Anel”. Lembro-me como Nené, Magnusson, Nuno Gomes, e o próprio Cardozo, foram, cada um a seu tempo, incompreendidos por parte significativa dos adeptos do Benfica. Porém, foram eles que mais vezes me fizeram levantar das bancadas, e soltar gritos de alegria. É a estes, e outros, que devo a minha paixão pelo jogo, e pelo nosso Glorioso clube. Também por isso, defendi neste espaço a importância da manutenção de Óscar Cardozo no plantel encarnado, quando muitos (com os nossos adversários à cabeça) o quereriam ver pelas costas. Um homem que marca quase 200 golos num clube não pode, jamais, ser descartável. É este o meu género de ponta-de-lança. E Eusébio, que sabe de golos como ninguém, também o diz.
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