VENHA A BÓSNIA !

Podia ter sido pior.
O adversário de Portugal no play-off será a Bósnia-Herzegovina, equipa forte mas que permite à nossa selecção acalentar todas as esperanças de estar no Mundial da África do Sul. Livrámo-nos da Ucrânia que era, creio, a principal ameaça dentro do lote de equipas que tínhamos por diante.
O nome Bósnia-Herzegovina causa ainda alguns arrepios em virtude da sangrenta guerra que consumiu o país na primeira metade da década de noventa. Estão bem presentes as imagens diárias de um conflito fratricida entre sérvios, muçulmanos e croatas, pela posse de um território outrora integrado na pacífica Jugoslávia de Tito, mas que os precipitados impulsos independentistas subsequentes à queda do muro de Berlim – muitas vezes induzidos a partir do exterior - lançaram no caos e na destruição total. Ainda hoje Portugal tem um contingente militar de paz na região, sendo este, seguramente, um momento muito especial para todos os que dele fazem parte.
Voltando ao futebol, diga-se que a grande força da Bósnia está no seu ataque, onde dispõe jogadores como Misimovic, Ibisevic e, sobretudo, Dzeko, o grande goleador da equipa e estrela maior do Wolfsburgo, vencedor da Bundesliga na última temporada. Os números globais mostram-nos um dos melhores ataques da fase de grupos, mas também uma defesa permeável, algo que Portugal terá de saber explorar. O apuramento para este play-off concretizou-se fundamentalmente com base nas seis vitórias em seis jogos diante de Bélgica, Arménia e Estónia – a Bósnia não ganhou nenhum jogo à Espanha nem à Turquia, as mais cotadas equipas do seu grupo (ver quadro acima).
Seria preferível decidir a eliminatória na Luz, aspecto em que o sorteio não nos bafejou. O segundo jogo vai ser fora, provavelmente em Zenica, cidade industrial a 70 kms de Sarajevo, onde a selecção bósnia realizou todas as partidas desta qualificação. É um estádio pequeno, e o clima de Novembro não deve ser nada favorável. Imagina-se que os bósnios - pelo seu passado guerreiro, e pelo seu sangue meio balcânico, meio muçulmano - não sejam flores que se cheirem, sendo de esperar um ambiente tremendamente hostil.
O ideal seria pois partir para lá com a eliminatória já razoavelmente encaminhada (2-0, por exemplo). Um passo em falso no jogo da Luz pode revelar-se muito difícil de corrigir.
Mas julgo que Portugal é favorito.
PS: É absolutamente ridículo o coro de criticas portuguesas a uma decisão da UEFA/FIFA que objectivamente nos beneficiou. A criação de cabeças-de-série é normal, e em nada difere daquilo que é comum nas provas de clubes, ou na definição dos grupos de qualificação (onde Portugal já havia sido distinguido). Só a vontade de dizer mal, em que também somos especialistas, pode fazer dela um caso.

6 comentários:

Cefas disse...

Quero apenas recordar que a Bósnia perdeu apenas 1-0 com a melhor selecção da Europa: Espanha. A tal que ganhou todos os jogos do apuramento.

Será útil termos alguma calma na análise a esta selecção. Ainda não estamos na África do Sul.

Tiago Pereira disse...

"Bósnia não ganhou nenhum jogo à Espanha nem à Turquia, as mais cotadas equipas do seu grupo..."

Se formos ver bem, nem Portugal ganhou um jogo que seja aos adversários mais dificeis do seu grupo...

Coluna dÁguias Gloriosas disse...

na minha opinião vai ser mais difícil do que se pensa....

a Eslovénia era a mais fácil...

saudações gloriosas

Jotas disse...

Era o adversário que menos queria, tem um ataque muito forte, embora a sua defesa também seja algo permeável, a juntar a isto, pode ser muito perigoso a ambição existente de querer fazer história de pela 1ª vez conseguirem o apuramento para um mundial.
Um adversário muito melhor do que aquilo que o nome aparenta.
Mas Portugal se jogar ao nível que deve e pode, tem muitas hipóteses.

Hugo disse...

Se contarmos com os nossos jogadores ao melhor nível estou certo que não iremos falhar embora a Bósnia seja uma boa equipa.
Não critico a existência de cabeças de série, mas sim o facto dessa regra ter sido apenas criada em Setembro quase no final da qualificação

Peter disse...

Concordo com o Rui Costa.Quanto a análise que faz do antigo conflito nos balcãs tb acho que foi as pressões externas que agudizaram o conflito e transformaram-no numa tragédia.