QUEM QUER CASAR COM A CAROCHINA?

Anunciado com pompa e circunstância desde há vários meses atrás, o Congresso do Sporting – nome pomposo como só eles saberiam pôr –, pouco ou nada trouxe de novo.
Num ambiente pacificado por Lucílio Baptista – sim, o penálti algarvio uniu a nação leonina, e fez esquecer os cinco, os sete, e uma época decepcionante… -, Filipe Soares Franco foi o rei da ocasião, e só não tem o clube na mão porque ele não quer. Aliás, vendo bem, ninguém quer.A cerca de dois meses das eleições, o clube de Alvalade continua à procura de presidente, e todas as importantes personalidades que vão sendo anunciadas como putativos candidatos, acabam por esbarrar na impossibilidade de largar vidas profissionais extraordinariamente bem gratificadas, em nome de um mero passatempo de fim-de-semana, coisa que um clube de futebol não deixa de ser para quase todos eles. Enfim, problemas de um clube de raiz aristocrata, algo que continua a marcar fortemente a sua identidade presente…
Mas para além do folhetim presidencial, o que parece principalmente estar em causa é mais uma subliminar tentativa de uma certa linha de poder no Sporting (a que eu chamaria Roquettista) para diminuir o carácter democrático dos estatutos do clube. Só um cego é que não vê – e creio haver alguma cegueira entre os sportinguistas - que o que está em cima da mesa é a eliminação, a médio prazo, do pendor associativo do clube para reforço do seu carácter empresarial, o que, além de todas as reservas que a mim – caso se tratasse do meu clube – me provocaria, parece andar em contra-ciclo com a tendência política e económica dominante no mundo pós crise financeira.
Há muito que um certo Sporting – elitista, banqueiro, engravatado - sonha com um clube totalmente empresarializado, com capital maioritariamente privado (de quem ??), com administração altamente remunerada, e com uma gestão imune a Assembleias Gerais de sócios em transe ou a interferências de claques e afins. Do outro lado está o Sporting popular, dos adeptos espalhados pelo país, das claques apaixonadas, de quem gostava mais de ter um Pavilhão para Hóquei e Basquete do que um Holmes Place, de quem olha para os lados e não vê ninguém seguir por aquele caminho em Portugal (nem o ecletista e popular Benfica, nem mesmo o vitorioso Porto), e teme – a meu ver com razão – que essa privatização sirva mais para encher os bolsos de alguns accionistas do que para encher a sala de troféus do clube.
A mim pouco me interessa o futuro do Sporting. Mas, olhando a coisa desde o outro lado da Segunda Circular, talvez fosse bom ver os leões entrar por esse caminho sem retorno. Se por um lado duvido que fossem bem sucedidos, por outro tal serviria de vacina para evitar que alguma vez na Luz se pensasse em semelhante coisa.
Mas, pelo que se viu em Santarém, nem isso acontece, nem o contrário. Tudo vai continuar como até aqui, com instabilidade, acusações e indefinição. Valha-lhes o Paulo Bento e o Liedson…

2 comentários:

Silva Barqueiro disse...

Este homem preocupa-se mais com os outros clubes que com o dele...
Diz lá o que tem este post de benéfico para o benfica?
Pois... Não tem nada de benéfico nem de prejudicial... Pareces aquelas beatas que vao à missa só para falar da vida dos outros...

Kilas disse...

"carochina"?