PASSO ATRÁS

Não fosse o extraordinário golo de Cristiano Ronaldo e este Arménia-Portugal ficaria para a história como um dos piores jogos da selecção portuguesa da era-Scolari.
Um conjunto de jogadores sem ritmo, com pouca vontade de se mexer, e aguardando tranquilamente que do céu caíssem os golos capazes de garantir a vitória, encontrou pela frente uma Arménia organizada, extremamente motivada e veloz, que dominou quase toda a primeira parte, e justificou amplamente um resultado que, sem ser dramático, pode complicar a qualificação portuguesa para o Euro 2008.
Como imagem de marca deste jogo fica um pontapé de canto apontado por Deco que, escorregando, fez sair a bola directamente para a bancada. Já que falo em Deco, aproveito para sublinhar a sua inenarrável exibição – a pior que alguma vez lhe vi em toda a sua carreira. O campeonato espanhol vai começar neste fim-de-semana, e Deco nem titular tem sido nos jogos de preparação do Barcelona. Que se passará com o “mágico” ? Ontem foi um homem a menos na selecção nacional, a apenas se fez notar pelas várias perdas de bola e passes errados.
Por isto mesmo não entendi como Scolari não o substituiu, optando por retirar Simão Sabrosa que, não estando igualmente a jogar bem, sempre abria maiores possibilidades de, quer de bola parada ou em meia-distância, poder eventualmente resolver o jogo.
Aliás, para ser franco, não entendi quase nada desta selecção. Raul Meireles (ainda assim um dos menos maus em campo) actuou numa posição diferente da que joga no F.C.Porto, enquanto que Miguel Veloso, em grande forma, dono e senhor do lugar no seu clube, ficou no banco. Talvez também João Moutinho coubesse na equipa, sobretudo a partir do momento em que se viu a inoperacionalidade total do meio-campo português. Também me parece que a insistência de Felipão em Paulo Ferreira para o lado esquerdo da defesa se não justificava, tendo Marco Caneira disponível, e, já agora, Bosingwa também me parece em muito melhor forma que Miguel.
Enfim, reconheço que é fácil falar depois dos jogos. Scolari já deu mostras de saber a cada momento muitíssimo bem aquilo que faz, e não será um ou outro erro que vai alterar a admiração que tem feito por merecer. Além disso estamos em início de época, e um empate sempre é melhor que uma derrota.
Portugal tem agora pela frente uma dupla jornada de importância transcendental. Na Luz dia 8 recebe a Polónia, e quatro dias depois, em Alvalade, joga com a Sérvia. Duas vitórias serão meio caminho andando para o apuramento, mas qualquer percalço pode ser fatal. Seria uma catástrofe que uma equipa destas ficasse fora de uma competição da qual ainda é vice-campeã.
É necessário que os adeptos marquem presença nestas duas verdadeiras finais, enchendo os estádios lisboetas. Trata-se de um momento determinante, que deve ser entendido sem clubismos e com toda a paixão patriótica que levou o nosso país a vibrar com o Euro 2004 e o Mundial 2006.

5 comentários:

Anónimo disse...

LF

Estou de acordo com a sua prosa, mas também há coisas que não percebo, os jogadores não têm velocidade, parece que não sabem jogar á bola

O C. Ronaldo, jogou mais ou menos na 1ª parte, marcou um bom golo, cheio de técnica, mas na 2ª parte viu-se muito pouco, não soube carregar a equipa para um resultado digno da Selecção portuguesa

Deco, foi uma lástima
Simão, sem fulgor
Quaresma, desastrado
Helder Postiga, inofensivo
Nuno Gomes, nada de novo

Era práticamente impossivel marcar golos e mesmo assim, podiamos ter ganho, aquela cabeçada no fim, podia ter dado em golo

Enfim, o relvado estava muito mau, para uma equipa de técnicistas e quando falha a técnica á nossa selecção, estamos tramados

Outra situação que não percebo, é como a UEFA, aceita jogos neste tipo de relvados, aceito que se deve dar condições aos espectadores, á comunicação social e outros beneficios de segurança aos estádios, agora penso, que o relvado seria muito importante estar em condições, para se dar um bom espectaculo, os artistas é que devem ter todas as condições para demonstrar a sua arte de jogar futebol

Num relvado empapado, escorregadio, cheio de buracos e com pouca relva, qualquer atléta faz figura, basta correr e dar uns "bicos" na bola, agora os verdadeiros jogadores de futebol, necessitam de bons relvados, para demonstrar, porque são bons e porque estão nos grandes clubes europeus

LF disse...

Pois é, mas na Arménia, país onde o salário médio mensal anda pelos 70/80 euros, não deve haver relvados muito mais cuidados que aquele.

Quanto aos jogadores portugueses, temos de ter em atenção que muitos estão ainda na pré-época, para alguns este foi o primeiro jogo oficial da temporada. O ritmo não podia naturalmente ser o melhor.

Talvez a FPF devesse ter tido mais cuidado ao marcar um jogo destas características nesta altura do ano. Se fosse em casa tudo bem, mas fora havia estes riscos.

De qualquer modo estou convencido que Portugal, com maior ou menor dificuldade, irá estar no Euro 2008.

LF disse...

Só uma ressalva:
Naturalmente não é a FPF que marca os jogos, mas quando foi feita a calendarização podia ter tentado evitar que isto acontecesse.

Porém, também é justo dizer que a fase final do calendário nos favorece bastante, pois recebemos em casa toda a concorrência.

Anónimo disse...

LF

O que eu quis dizer, é que os outros critérios, para aprovação do estádio pela UEFA, tinham de estar garantidos, mas nós sabemos que o critério do relvado, é de 2ª importância para a UEFA

Nós temos em Portugal, estádios com belessimos relvados e não são aprovados pela UEFA, tendo os clubes de jogar noutros estádios, com todas as condições, independentemente do estado do relvado

O que me deixa a pensar, é nós vermos jogos da UEFA, por exemplo na Russia, onde os estádios não têm cadeiras e têm bancadas do tipo do estadio do Bonfim e são aprovados para os jogos

Aceito que o ordenado médio na Arménia seja 70/80 €, mas também sei que o custo de vida, é referente a esse ordenado médio

É claro que esse tipo de relvados interessa aos Arménios e ás equipas com poucos recursos técnicos, é a unica maneira que têm de descutir os jogos

O LF, lembra-se de quando não havia medidas minimas no nosso campeonato, havia estádios que pareciam "quintais" e era muito dificil das outras equipas lá jogarem, predendo muitos pontos, em favor desses clubes

Aquele relvado da Arménia, eu chamo-lhe estratégia, para não lhe chamar outra coisa

LF disse...

Não creio.
Trata-se de um país muito pobre. O custo de vida não é proporcional (por exemplo para este jogo não havia bilhetes a menos de 5 euros, que eles obviamente têm dificuldade em pagar).

Depois temos de perceber que o futebol armenio nada tem a ver com o português. A sua Liga principal compara-se, em termos de assistencias, receitas e qualidade eventualmente a uma II divisão B portuguesa, com alguns jogadores de nível mais elevado.

É difícil este tipo de países corresponderem a requisitos que para nós nos parecem banais.

Talvez a Uefa seja demasiado exigente naguns casos (ex: Estádio do Bonfim), mas isso também acontece porque existem alternativas no país, e a poucos quilómetros de distância, o que na Arménia não é seguramente o caso.


Quanto ao facto de se desprezarem por vezes os relvados, concordo. Mas também admito que as questões de segurança dos espectadores sejam prioritárias para a Uefa.