SANTOS DA CASA
Depois de muita especulação, o Benfica apresentou este sábado Fernando Santos como seu treinador para as próximas duas temporadas.
Para os adeptos que esperavam Eriksson ou Scolari, pode dizer-se que se tratou de uma semi-desilusão. Todavia, analisando com alguma frieza a questão, tem que se concluir que o “engenheiro do penta” é, dentro das possibilidades, uma boa escolha.
O Benfica não nada em dinheiro, e os milhares de euros conquistados este ano na Champions League não são mais que um paliativo para uma situação económico-financeira que, à semelhança de quase todos os clubes portugueses, está longe de ser um conto celestial.
Eriksson terá seguramente, logo após o mundial, propostas de trabalho na casa dos 200 a 300 mil euros por mês, e o próprio Scolari, a ganhar mais de 150 mil euros mensais na FPF, fazendo um bom campeonato do mundo, como todos desejamos, não quererá seguramente passar a receber um montante inferior ao actual salário, em Portugal ou noutro qualquer país. O mesmo é válido para Paul Le Guen, entretanto contratado pelo Glasgow Rangers.
Infelizmente, os adeptos do Benfica têm que entender que o seu clube não tem condições orçamentais para disputar os melhores do mundo, quer se fale de técnicos ou de jogadores (Ronaldinho ou Henry também são inacessíveis), e se tivemos entre nós um senhor do nível de Giovanni Trapattoni, foi graças a uma conjuntura muito favorável em virtude da precoce eliminação da Itália no Euro 2004 e de certa forma também devido à sua idade, já pouco apelativa para os grandes emblemas europeus. O caso de José António Camacho é um pouco diferente e julgo que não fosse o seu difícil relacionamento com José Veiga, poderia já ter regressado ao clube da Luz ainda que o Real Madrid seja sempre para ele uma prioridade, quer como técnico, ou noutras quaisquer funções como ultimamente se tem falado.
Deste modo, os nomes que circularam em cima da mesa dos responsáveis encarnados não terão passado muito para além de Carlos Queiroz, Alberto Zaccheroni e o próprio Fernando Santos, mais um ou outro menos conhecido do grande público.
Dentro das hipóteses que se deparavam (e ainda contando com a menor disponibilidade de Carlos Queiroz, bem perto de poder, mais ano menos ano, assumir o lugar de treinador principal do Manchester United, o que iria certamente condicionar as suas exigências contratuais), parece que Fernando Santos acabou por ser uma opção óbvia.
O engenheiro é um profissional rigoroso e dedicado, é um homem de grande carácter, é um técnico experiente (inclusivamente a nível de Liga dos Campeões) e conhecedor do futebol português, e é um benfiquista assumido (foi jogador do clube nas camadas jovens e nos primeiros anos de profissional, tendo sempre mantido a condição de associado), o que não sendo um factor de grande relevância – eu não serei seguramente menos benfiquista que ele, e se me entregassem a equipa do Benfica nas mãos, o mais certo era nem à Uefa chegar – é um aspecto simpático, que pode contribuir para aglutinar a massa associativa do clube em torno do técnico e da equipa, sobretudo se as coisas começarem a correr bem.
Por outro lado, é necessário reconhecer que Fernando Santos não tem um curriculo muito preenchido de títulos. É verdade que foi campeão no F.C.Porto mas o clube já era tetra-campeão quando ele para lá foi, e acabou por ser justamente Santos a interromper essa saga portista, permitindo o título do Sporting em 2001, e no ano seguinte do Boavista, em campeonatos nos quais o comportamento da sua equipa não foi brilhante. Quando esteve em Alvalade, apesar de ter conseguido uma série de nove vitórias consecutivas a meio da temporada, acabou com três derrotas nos últimos quatro jogos que custaram o segundo lugar aos leões (uma delas frente ao Benfica, em casa, com um pontapé de Geovanni no último minuto) e o seu despedimento (muito pouco cortês, diga-se). Na Grécia foi também despedido do Panathinaikos ao fim de três jornadas, e se fez um assinalável trabalho no AEK de Atenas, a verdade é que nunca foi campeão em quatro épocas que trabalhou por terras helénicas.
Fernando Santos tem fama de não ter um trato muito fácil, o que lhe tem custado alguns dissabores com jogadores mais irreverentes. Vai ter no Benfica a oportunidade de relançar a sua carreira no futebol português.
Se não é um treinador cuja contratação entusiasme fortemente o universo benfiquista, também não constitui para o mesmo um motivo de preocupação, pois garante alguma segurança, nomeadamente ao nível da preparação da época e construção do plantel.
Penso que merece, pelo menos, o benefício da dúvida dos adeptos do clube da águia.
Que tenha sorte.
7 comentários:
Parabéns pela sua análise. Sou benfiquista há mais de meio século e não esqueço algumas mágoas dum passado recente. Agora que o meu benfica reconquista a europa e os seus créditos, não vale a pena entrar em loucuras. Vamos apoiar FS, pressinto que vamos voltar a ter um benfica ainda maior do que aquele que nos maravilhou na liga dos campeões. Com um pouco de sorte, tem faltado muita, vamos escrever umas das mais belas páginas da sua história. Eu acredito.
E, já agora, o Pauleta( nunca jogou na 1ª Liga Portuguesa, sabe lá porquê? ... )vai mudar de clube, pena não vir com o Rui Costa ( ? ) e Micoli ( ? )para o GLORIOSO, seria a maior alegria para um Açoriano Vermelho da cor das lava de um vulcão.
Pois é, também eu gostaria de ter o Pauleta entre nós.
Mas sabe qual o montante da proposta do Lyon a Pauleta para a próxima época ? 450 mil euros por mês !!!!!
Simão ganha no Benfica pouco mais de 100 mil, ou seja quatro vezes menos, e é o mais bem pago do actual plantel, juntamente com Nuno Gomes e Karagounis.
Pauleta é, por enquanto, jogador "a mais" para a Liga Portuguesa, tal como Rui Costa tem sido até agora, e só o seu grande benfiquismo fará com que possa fazer a época de despedida na Luz.
Com Miccoli passa-se o mesmo e eterno problema.
5 milhões de euros para opção até nem parece muito, mas o avançado ganha mensalmente quase 200 mil euros, parte dos quais pagos pela Juve, e se tiver que ser o Benfica a pagar o salário todo, terá obviamente que lhe dizer adeus.
A direcção encarnada tem até agora tido muito cuidado para não deixar derrapar a situação financeira (já de si complexa) do clube, e assim deve continuar.
Em relação á contratação de Fernando Santos, julgo que é uma boa apósta, tenho a certeza, que é melhor que Koeman
Penso, que acima de tudo, deve defender o nome do Benfica e a sua identidade como um dos grandes da Europa, deve demostrar ao mundo, que pode perder, mas o seu único objéctivo é ganhar sempre, seja contra uma equipa do distrital, ou contra o Barcelona
O antigo treinador do Benfica, antes de jogar contra o Liverpool e Barcelona, já estava derrotado, o Fernando Santos não pode fazer pior
Na Liga Portuguesa, nunca teve a inteligencia de perceber o nosso tipo de futebol, nem criar uma motivação e estudo das equipas adversárias o que levou a esquemas tácticos e a utilizar jogadores desadequados para esses jogos, o Fernando Santos não pode fazer pior
Por tudo isto,penso que ficamos melhor, só espero que o Fernando Santos aposte na formação do Benfica, para não se perder uma identidade, que se aprende nas camadas jovens e o orgulho de ser jogador do Benfica
Espero para o ano, poder festejar mais um titulo nacional, desta vez pela mão do Sr. Engenheiro
SAUDAÇÕES BENFIQUISTAS
agora é que não ganham mesmo nada...
A chave da questão é saber-se como Santos vai interagir com os principais jogadores do plantel, que são a grande força do Benfica (Luisão, Petit, M.Fernandes, Simão, N.Gomes etc).
Se for criada uma empatia forte, penso que o Benfica poderá ter condições para fazer uma grande época. Caso contrário terá que ser dada razão aqueles que dizem ser Fernando Santos um mau comunicador e um mau psicólogo.
Sou Sportinguista e o FS é o meu treinador preferido! Para o Benfica claro! Também estou muito entusiasmado com o possível regresso do Rui Costa…
Faço minhas as palavras do Eagle.
Quanto ao Otragal, acredito que a sua felicidade de agora, se venha a transformar em decepção dentro de um ano...
Sobre Fernando Santos já sabem qual a minha opinião, quanto ao Rui Costa, penso que ainda fará uma boa época, pois trata-se de um jogador que assenta a sua qualidade no aspecto técnico, e esses normalmente duram mais tempo pois até parados conseguem brilhar (por exemplo em visão de jogo e passes profundos e certeiros), ao contrário de jogadores cuja combatividade, rapidez e força é a principal virtude e que chegados aos trintas se ressentem naturalmente ao verem fraquejar as suas armas.
Por mim, era já hoje o número dez e capitão do SLB para 2006-2007 !!
Enviar um comentário