A GALA DE PARIS

Eis-nos chegados ao mais imponente jogo da temporada futebolística europeia.
Mesmo em ano de mundial, e quando as atenções dos adeptos começam a estar viradas para a Alemanha, a final da Liga dos Campeões é sempre um momento de grande espectáculo, e seguramente que esta, dada a qualidade dos artistas envolvidos, não vai desmerecer da ocasião.
Para enfrentar um super-Barcelona, que faz as delícias de todos os que amam esta modalidade,temos um Arsenal orientado por Arséne Wenger, que foi permanecendo ao longo dos últimos anos no topo do futebol inglês sem nunca conseguir atingir posição de destaque em termos internacionais, para nesta época, em que parecia viver um fim de ciclo chegando apenas ao quarto lugar da Premiership (o que conseguiu só na última jornada), acabar por surpreender na Europa, graças sobretudo a um sistema defensivo quase insuperável e a um Thierry Henry ao seu melhor nível.
Mas está longe de se esgotar em Henry a força desta equipa, que dispõe nos seus quadros de alguns dos mais promissores jogadores do futebol europeu da actualidade, como são os casos do espanhol Cesc Fabregas ou da nova coqueluche da selecção inglesa Walcott.
Na baliza dos gunners surgirá o titular da selecção alemã, o veterano Jens Lehmann, que é uma garantia de segurança total. À sua frente terá Eboué e o experiente internacional Ashley Cole nas laterais, enquanto que o centro da defesa está normalmente a cargo do também experiente e também titular da selecção de Eriksson Sol Campbell, acompanhado por Touré, Cygan ou o Senderos. No meio campo Wenger tem deslocado esta temporada Robert Pires para o centro do terreno, fazendo companhia a Fabregas como elementos criativos da linha de construção da equipa, em parte devido à boa performance de Hleb (ex:Estugarda) pelo lado direito. Na esquerda surge normalmente o internacional sueco Ljungberg, e atrás deste quarteto, como pêndulo do meio campo, temos o possante brasileiro Gilberto Silva, renascido das cinzas depois de duas temporadas de algum apagamento após a sua chegada a Londres, na sequência de um excelente mundial 2002, onde foi titular e campeão pelo seu país. Na frente, muitas vezes de forma solitária, o temível goleador francês Thierry Henry a fazer uma das melhores épocas de sempre da sua carreira, e a englobar o estrito lote de jogadores que pugna pelo segundo posto na hierarquia dos melhores do mundo nesta altura, atrás do inatingível Ronaldinho Gaúcho. Para outras opções Wenger dispõe de um banco de luxo, com Reyes, o veteraníssimo holandês Dennis Bergkamp, o seu compatriota Van Persie, o togolês Emanuel Adebayour e o já referido Walcott.
Este modelo, menos britanizado e mais continental, devido à influência do seu técnico francês, tem revelado uma extraordinária coesão defensiva, fruto de um hábil e harmonioso posicionamento das suas unidades de meio campo, e apenas passível de se tornar eficaz graças à superforma do seu principal (e muitas vezes único) avançado.
Mas não vai ser fácil a missão dos londrinos. Pela frente têm uma das mais entusiasmantes equipas da última década na Europa e no mundo.
Aquando da eliminatória com o Benfica, já aqui tivemos oportunidade de dissecar todas as virtudes deste colosso catalão.
Com um modelo de jogo assente numa pressão asfixiante dos homens mais recuados, e na liberdade criativa das suas fantásticas unidades da frente, este Barcelona de Frank Rijkaard é, no momento, uma equipa quase imbatível.
Na baliza tem um jovem e elástico guarda-redes, Vitor Valdés, que oferece toda a segurança à equipa. À sua frente, numa linha de quatro homens, jogam habitualmente Oleguer, o capitão Puyol, o mexicano Rafael Marquez e o lateral holandês Gio Van Bronckhorst. A estes quatro elementos se junta frequentemente o trinco brasileiro Edmilson, que em processo defensivo funciona quase como um terceiro central, permitindo assim uma maior liberdade aos dois médios que complementam o triangulo de meio campo, o “nosso” mágico Deco e ultimamente a grande promessa do futebol catalão, Iniesta, que depois de “roubar” o lugar sucessivamente a Van Bommel e Thiago Motta se afirmou como indicutível na equipa e presença entre os eleitos da selecção. A harmonia entre estes sete homens é total, e a forma como pressionam os adversários e como compensam os espaços entre si chega a ser inebriante.
À frente já todos sabemos. O fantástico ponta-de-lança camaronês, melhor jogador africano, Samuel Eto’o, bem em cunha entre os defesas contrários, principescamente servido pela fantasia do melhor jogador do mundo Ronaldinho Gaúcho, e por aquele que será nesta altura talvez já o segundo melhor, o prodígio argentino Leo Messi, que no entanto, a recuperar de uma grave lesão poderá estar ausente do Stade de France, sendo então substituído pelo gaulês Ludovic Giuly, justamente quem marcou, em San Ciro, o golo que colocou o Barça nesta final.
O Barcelona não pode deixar de ser considerado favorito, mas finais são finais e em noventa minutos tudo pode acontecer, principalmente quando do outro lado também existem unidades capazes de desequilibrar. Se o Arsenal não tem grande pergaminhos nesta competição (é a sua primeira final), também o Barça não tem sido muito feliz na Taça/Liga dos Campeões, sendo campeão apenas uma vez (em 1992 com golo de Ronald Koeman), e chegando a perder uma final em Sevilha por penalties frente a um surpreendente Steaua de Bucareste, entre algumas outras finais perdidas (uma delas com o Benfica).
Terá chegado a hora de ambos se cruzarem com o destino. Veremos qual leva a melhor. Na época passada tivemos uma deslumbrante final entre uma equipa latina e outra inglesa. É isso que se deseja para logo à noite.
A voz aos artistas. Siga o baile !

2 comentários:

Anónimo disse...

Deixaste-me com água na boca para ver esta final

Anónimo disse...

Ainda bem :)