NAS MÃOS DE BAÍA O PERFUME DA INJUSTIÇA
Foi grande o espectáculo a que o país assistiu ontem. Grande em duração e também em emotividade e incerteza quanto ao vencedor.
Depois de mais de duas horas de futebol, pode-se dizer que ficou um cheirinho a injustiça no ar, pois quanto a mim, o Sporting foi durante a maior parte do tempo, mais equipa que o seu adversário.
O F.C.Porto entrou melhor, e realizou quinze minutos de grande categoria, nos quais empurrou os leões para a sua área. Com o decorrer do tempo, percebeu-se contudo que a equipa de Adriaanse sustentava o seu jogo apenas no rendimento de algumas das suas principais unidades, sobretudo Ricardo Quaresma, enquanto que o seu opositor apresentava uma organização de jogo muito mais cimentada, que a pouco e pouco foi manietando o meio campo portista, afastando o jogo do seu sector defensivo.
Este Sporting de Paulo Bento, joga com as linhas muito juntas entre si, e patenteia uma saúde física digna de nota, o que faz com que o seu meio campo em losango, anule por completo o jogo dos adversários, tal a pressão que os seus quatro componentes, muito guarnecidos por um sector defensivo muito próximo, são capazes de fazer assim que a bola entra no seu meio campo. Os laterais fecham os flancos com grande eficácia, e na frente, a mobilidade de Liedson, beneficiando do posicionamento mais fixo de Deivid, e as entradas dos médios, ora Moutinho, ora Carlos Martins, ora Sá Pinto, são suficientes para pôr em sentido as defesas contrárias e criar lances de perigo.
O F.C.Porto foi, ao invés, um equívoco táctico durante a maior parte do jogo. Não entendi a colocação de Marek Cech nas costas de Quaresma na esquerda, sobretudo tendo em conta que no flanco contrário não aparecia ninguém a procurar causar desequilíbrios. Foi curiosamente numa das poucas vezes que o criativo extremo portista apareceu no lado direito, que o F.C.Porto acabou por marcar, beneficiando também da ausência de Caneira, expulso um minuto antes, e quando já nada fazia prever que a vitória fosse fugir aos leões.
Pode-se dizer que os portistas tiveram a sorte do jogo (ganhar por penaltys é desde logo uma felicidade), e tiveram o mérito de poder contar com individualidades, de Baía a Quaresma, de Lucho a McCarthy, que acabaram por arrastar para os penaltys um jogo que o Sporting, mais unido e equilibrado, podia muito bem ter ganho nos cento e vinte minutos.
O árbitro esteve francamente mal, com prejuízo nítido para os leões, designadamente ao não assinalar uma mão de Pepe dentro da área, ao expulsar Caneira, aparentemente sem grande justificação, e ao equivocar-se num lance de canto transformado em pontapé de baliza, e foi também muito mal auxiliado, sobretudo no ajuizar dos foras de jogo, cortando dois lances ao Sporting, e deixando passar uma deslocação de McCarthy à beira do intervalo que, não fosse a excelente intervenção de Ricardo (em grande forma), resultaria no primeiro golo do encontro.
Olegário Benquerença já deu provas suficientes da sua falta de qualidade enquanto árbitro, e até foi bom que fossem outros a sentir isso, de modo a entenderem melhor o quanto foi penalizado o Benfica no ano passado, no tristemente célebre jogo da Luz com os dragões, pelos obtusos critérios deste senhor. Curiosamente, ou talvez não, o beneficiado foi o mesmo...
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