ORQUESTRA AFINADA EM DIA DE ENSAIO GERAL

Diz-nos a experiência que os jogos de campeonato antes de grandes confrontos internacionais se revelam quase sempre de elevado grau de dificuldade. Se por um lado a psicologia dos jogadores está inevitavelmente desfocada do momento, por outro, a razão, quer se queira quer não, manda que se pense em evitar lesões e até mesmo algum cansaço, pois não estamos a falar de máquinas.
Se é fácil motivar jogadores para um Benfica-Barcelona, não sendo necessário o técnico abrir a boca para tal, já para este Benfica-Sp.Braga se temia que os encarnados aparecessem em campo ansiosamente esperando pelo apito final do árbitro.
Nada melhor para ultrapassar este risco do que a obtenção de um golo na primeira jogada do desafio.
Fica por saber o que seria este jogo, e que dificuldades apresentaria, se tal não tivesse sucedido. Todavia, como no futebol não cabem os “ses”, o que se tem de dizer é que o Benfica arrancou para uma exibição segura que, apesar de longe de qualquer brilhantismo, garantiu uma justíssima vitória.
Pode-se argumentar que o Sporting de Braga não esteve ao seu nível, ou que com onze jogadores até final poderia ter dado outra réplica, mas não se pode olvidar que foi o Benfica que, com a velocidade e agressividade que imprimiu de entrada ao seu jogo, limitou a acção dos bracarenses empurrando-os para a banalidade.
Neste período inicial foi determinante a acção de dois homens que não estarão amanhã no relvado da Luz, Manduca e Nuno Gomes (de regresso aos golos depois de um prolongado jejum), pela constante movimentação e pela velocidade que foram capazes de imprimir aos lances de ataque da equipa, perante um adversário meio aturdido com o golo tão precocemente sofrido.
Pelo tempo fora, o Benfica foi sendo capaz de controlar o jogo e embora não criasse grandes ocasiões de golo, a verdade é que quem estava no estádio teve sempre a sensação de que os lisboetas estavam mais perto do segundo, que o Sporting de Braga do empate.
A expulsão de Luís Filipe foi o golpe de misericórdia na equipa de Jesualdo, que a partir daí foi pouco menos que inofensiva. A entrada de Karagounis também contribuiu para uma maior segurança na posse e circulação de bola.
Individualmente há que destacar, para além dos já mencionados, a habitual atitude de Petit, a exuberância de um Léo cada vez mais influente, um Simão próximo do seu melhor (sobretudo quando apareceu pelo flanco esquerdo), e a agressividade e clarividência de Manuel Fernandes no meio campo. De realçar também a exibição muito positiva de Ricardo Rocha no lado direito da defesa, provando mais uma vez o quanto a sua versatilidade é útil para a equipa. Os centrais estiveram regulares.
Pela negativa terei que mencionar a exasperante letargia de Laurent Robert, mau grado o cruzamento para o golo, e os infelizmente habituais sustos causados pelas saídas de baliza de Moretto (quantas mais falhas serão necessárias para a titularidade ser devolvida a Quim ?).
No Sp.Braga o mais inconformado foi Wender.
O árbitro esteve em razoável plano, tendo ficado algumas dúvidas no lance de Petit sobre Delibasic, aceitando-se uma ou outra interpretação.
E agora, venha o Barça !

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