UM PROBLEMA CENTRAL

Veio como o primeiro grande reforço de um novo Benfica, para trazer ao meio-campo encarnado critério, rigor, músculo, compromisso e talento, substituindo um Kokçu que apenas tinha a última dessas virtudes. Foi a contratação mais cara de sempre do Benfica, e, creio, do futebol português (perdoem-me se estou errado, mas não me apetece pesquisar os números dos outros). Ao contrário da maioria dos colegas, chegou com a sua temporada bilógica a meio, o que faria supor um rendimento imediato. A verdade é que já lá vão doze jogos, e Richard Rios continua um redondo zero.
Joga demasiado devagar, erra passes como ninguém, nunca está no sítio certo, perde quase todos os duelos excepto quando faz falta - já fez algumas em zonas proíbidas e quando as devia fazer não as faz. Já vou tendo alguma falta de vista, e talvez seja por isso que passo minutos a fio sem sequer o ver em campo. Vejo, sim, espaços onde ele devia estar. Ultimamente contagiou Enzo Barrenechea (esse, com o cabelo amarelo, facilita o meu GPS), que iniciara bem a temporada e, jogo a jogo, tem vindo a cair paulatinamente na letargia errática do parceiro do lado.
O Benfica tem um bom guarda-redes, tem bons centrais, adquiriu um excelente lateral-direito, o lateral-esquerdo é fraquito mas cumpre, e tem bons avançados. O que falta sobretudo a este Benfica? Claramente um meio-campo sólido e dinâmico, que ligue o futebol da equipa e o torne coerente. Que defina os ritmos adequados a cada momento. Que faça andar para a frente quando necessário, e saiba conter  resultados vantajosos. Quem é o elemento central desse meio-campo? Pois é. A verdade é dura mas cristalina.
No passado recente, Weigl e Kokçu foram, também eles, contratações caríssimas, e não cumpriram aquilo que deles se esperava. Um até era simpático mas jogava como uma bailarina, ou outro era talentoso mas não estava para se chatear e trazia tiques de prima-dona. Está naturalmente por fazer um balanço definitivo sobre o que vale Rios, e o que pode trazer de bom à equipa. Mas por agora estou, pelo menos, tão preocupado como estava quando vi as primeiras actuações do alemão e do turco atrás citados. E devo dizer que não acredito muito em períodos de adaptação, sobretudo quando se estendem para lá de dois ou três jogos. Para falar apenas de sul-americanos, lembremo-nos de Enzo Fernandez e, por outro lado, de Everton Cebolinha - cujo período de adaptação nunca chegou a terminar.
O povo costuma dizer que aquilo que nasce torto, tarde ou nunca se endireita. Rios começou por dar nas vistas num festival de música, ao qual foi à revelia do clube, mentindo sobre o motivo da saída. A polémica podia ter-lhe espicaçado o orgulho, mas não. A cada jogo, parece mais distante daquilo que dele se esperava. Naturalmente que a confiança vai-se também ressentindo, e criando um ciclo vicioso do qual só ele próprio poderá saír. Se é homem para isso? Vamos ver. Por agora punha o Barreiro, que não sendo um artista, corre que se farta, pressiona em todo campo e às vezes até aparece a finalizar. Seria um remendo, mas antes um remendo que um buraco nas calças.
Tal como as coisas estão, não me chocava nada que se tentasse revender Richard Rios para a América do Sul, já em Janeiro, recuperando, pelo menos, parte do investimento efectuado. Não sou scouter, nem sei onde pode o Benfica encontrar um médio como ...Hjulmand - que chegou ao Sporting por pouco mais de metade do preço do colombiano. Mas com este meio-campo, não acredito honestamente que o Benfica seja campeão.

15 comentários:

Anónimo disse...

Concordo, em parte. Mas se o jogador onde estava marcava golos com fartura, remates fora da area, jogava bem, porque razão não o faz no Benfica? O futebol não será igual nos dois sitios? É isto que também me faz alguma confusão, o que me leva a pansar que as coisas não serão bem dirigidas por parte de quem manda e aqui ressalta logo a falta de liderança e incompetencia da tal "estrutura" com Rui Costa a cabeça.

John Wayne disse...

Está encontrado o novo alvo: Rios. Compará-lo ao alemão e ao turco não faz sentido, porque não jogam nas mesmas posições.
O Rios não é um jogador para fazer o que lhe estão a pedir. Não dá.
Por outro lado, Enzo é um lento, lento, lento, muito macio a defender e sem intensidade. Destaca-se na qualidade do passe, mas até aí demora horas a decidir onde colocar a bola.as, dito isto, quem os contratou e por aqueles valores? Fui eu?

Anónimo disse...

O Benfica precisa é de extremos que vão à linha e cruzem. Ontem, só começámos a jogar quando Lukebakio entrou, um verdadeiro extremo. O Schelderup, do outro lado, tem dias... Depois, há a questão da confiança. Ontem anularam-nos um golo legal. O Otamendi não pisa o adversário. É o seu pé de apoio e se não voa, não poderia ter feito outra coisa. Havendo golo, a equipa ganha confiança e com 2-0 talvez o golo do Rio Ave não tivesse acontecido.

Alberto João disse...

Tem que existir sempre um alvo para desviar as atenções do Rui Costa e a sua péssima gestão desportiva? Agora a culpa dos maus resultados é do Rios? Muda-se o Rios e fica tudo bem? Há dois anos era o ponta de lança...achas mesmo que mandas areia para os nosso olhos com estes textos?

Anónimo disse...

infelizmente, concordo a 100%

Anónimo disse...

Só vejo uma solução, ir buscar o Professor Neca e retirar a pulseira-electrónica ao César Boaventura.

Nuno disse...

E quem é que trouxe Rios? E deu uma fortuna por ele?
E quem é que decidiu mandar embora Martim e Rafael, a troco de um par de moedas, sem um minuto de jogo por nós?
E quem é que decidiu manter Leandro Barreiro, um esforçado incompetente, sem pingo de criatividade, nem competência defensiva - e que sempre que entra… para aguentar o resultado…. Acaba connosco a sofrer um golo?
E quem é que trouxe Enzo - que não está nada “infetado” como diz, mas simplesmente não tem estofo para nós?
E quem é que, antes, trouxe Kokcu? E quem é que, tendo trazido Enzo (o bom) e sido forçado a vendê-lo por uma fortuna, se viu logo de seguida forçado a vender João Neves, por total descontrolo de tesouraria… dado que tinha de pagar todos estes reforços incapazes que TODOS os anos chegam, porque agora é que são bons, para logo saírem, porque afinal sao maus, e virem novos, que agora é que são bons, até que são outra vez maus, e vira o disco e toca o mesmo…

Sempre a atirar culpas a alguém… menos ao verdadeiro responsável E accountable por toda esta porcaria. 4 anos disto, mais um arranque miserável, com 4 pontos perdidos, uma equipa sem modelo, um plantel incompleto (já o disse… Mourinho!!! Ouviu a conferência de imprensa?!)

BASTA.
Rios pode ser o culpado.
Mas não é o responsável.

Anónimo disse...

Espera lá. Não pisa porque pisa com o pé de apoio? Que ginástica mental marada é essa?
Sejamos sinceros. O Otamendi não tem intenção, mas pisa o adversário e é isso que o põe fora jogada. Claro que é falta.
Se fosse ao contrário, não acham que devia ser marcado?

Mark Trencher disse...

Boas! Sim, de facto Ríos tem estado aquém daquilo que se esperava, mas será que tem estado a jogar na posição em que mais rende? Parece-me que não. Por outro lado, apesar de no caso do Ríos não podermos argumentar que terminou a época tarde e não teve férias em condições como podemos fazer para os jogadores que transitaram da época passada para esta, mas também ele esteve no Mundial de Clubes e o Palmeiras só caiu nos quartos-de-final, ou seja um pouco mais tarde que nós. Além disso também teve o início de época "prego a fundo" que todos os que estavam no início da época já no Benfica tiveram, portanto a hipótese de estar fisicamente de rastos não é totalmente descabida. Obviamente tal como o Luís refere nos casos de Weigl, Kökçü, e até Cebolinha, não podemos estar eternamente à espera que os jogadores se adaptem e finalmente expludam. Não há tempo para isso. Quanto à sua saída já em Janeiro, eh pá sinceramente não me parece que ter jogadores por apenas seis meses seja a forma mais acertada de promover a coesão da equipa, não somos tipo um hostel onde as pessoas vão pernoitar uns dias e depois vão para outras paragens. Precisamos de estabilidade, e essa estabilidade tem feito falta. Basta ver que um dos exemplos citados (Kökçü) até poderá estar a fazer falta, e que Florentino e Aktürkoğlu teriam lugar neste plantel, e até porventura o próprio Di María com os seus já 37 anos poderia ser o nosso criativo pelo menos neste início de época enquanto o Sudakov não chegoava. Obviamente todos estes que saíram, saíram por razões perfeitamente razoáveis passe a redundância, mas como temos constatado não eram eles os "pesos-mortos" da equipa, antes pelo contrário.

Anónimo disse...

Não, o futebol não é igual em todo o lado. Nem se joga da mesma maneira nem os jogadores têm a mesma qualidade.
Jogar no Brasil, em Portugal ou em Inglaterra são coisas diferentes.

Anónimo disse...

John Wayne, então o que é que o Rios sabe ou deve fazer? Por enquanto ainda não percebi. E para valer 27 milhões ainda percebi menos. É mais ou menos óbvio que foi um jogador contratado por impulso no campeonato do mundo.

Quanto ao Enzo, o Florentino era a máquina de recuperar bolas e pressionar, mas decidia e passava mal a bola sob pressão. O Enzo é seguro no passe, mas não é um "animal defensivo".

Um médio que seja bom a fazer tudo não se encontra facilmente, e quando se encontra não fica muito tempo no Benfica ou em Portugal. Se não conseguem contratar um Matic, cabe à direção e equipa técnica decidirem que tipo de médio defensivo querem e montar a equipa segundo essa escolha.
Ou seja, ou arranjavam um Hjulmand (já sei que os fanáticos vão berrar por dizer que o melhor médio do campeonato é do Sporting), ou tiravam a bola dos pés do Florentino, ou colocam um médio mais pressionante com Barrenechea e lhe encurtam o raio de acção.

O médio que constrói a partir de trás não precisa ser o mesmo que defende/recupera bolas (ex. Pirlo e Gattuso).
Deve haver maneira de montar a equipa de forma a que não seja um Otamendi, Luisão ou Florentino a distribuir passes a partir de trás.

O último trinco de jeito que passou no Benfica, o Fejsa, não era conhecido pela sua técnica apurada com bola, pelo seu passe longo ou pela capacidade de virar de flanco. Recuperava bolas, cortava linhas de passe, entregava a bola com passes simples e não punha o pé em ramo verde.

Anónimo disse...

Acho que lances em que há contactos involuntário e que não resulte de conduta perigosa ou negligente nunca devem ser falta.

Isto são faltas de televisão. E tem que se ter em mente que os jogadores ao sentirem toques "fazem fita", abdicando de prosseguir os lances mesmo que não tenham impedimento. Como os jogadores sabem que em caso de golo o lance é revisto, o VAR vem reforçar esse comportamento.

E é bastante dicutível dizer que o jogador ficou fora da jogada por ser pisado. Com ou sem pisadela acidental o defensor dificilmente chegava à bola.

Enfim, eu acho que as regras têm de ser interpretadas. Deixem o árbitro ser juíz dos lances e interpretar a lei. Reduzir a lei à sua interpretação literal não é justiça. E reduzir este lance à existência ou não de um toque não é futebol.

Anónimo disse...

Não se coloca a questão em termos de culpa. Um jogador só pode ser culpado se não tiver um comportamento profissional.

A responsabilidade dos que falham é sempre de quem os escolhe. Sabemos que vão sempre falhar algumas contratações. Se falharem muitas a "estrutura" é má, se falharem poucas a "estrutura" é boa.

No caso de Rios acho que foi apenas fezada e desbaratar dinheiro. Nem sequer terá havido grande "estrutura" em acção.
Para mim um jogador vindo do Brasil tem de ser sempre encarado como risco e ter um desconto correspondente no preço.

Anónimo disse...

Mark, mas qual é afinal a posição do Rios? É mais à frente? É mais atrás? Ele está a jogar a médio centro!

Anónimo disse...

O que não foi falta foi o pisão na cabeça. Estes lagartos não têm vergonha