PENÁLTIS PARA QUEM OS QUER
Quando o Sporting não ganha, sabemos que, quer os seus adeptos, quer, sobretudo, o exército de comentadores e jornalistas que inunda a comunicação social, se atiram ferozmente à arbitragem.
Não é de agora. Já quando jogavam com Onyews, Rinaudos, Saleiros, Sinama-Pongolles, Bojinoves e Bouhlarouzes, achavam que só não eram campeões, ou Bi-campeões, ou Tri-campeões, ou Tetra-campeões, porque os malandros dos árbitros, a soldo do tenebroso Benfica, não permitiam.
Quem tenha a possibilidade de assistir a um jogo do Sporting em Alvalade ficará impressionado: a cada queda na área, ou mesmo fora dela, os gritos de penálti são tão estridentes quanto, na maioria dos casos, ridículos. Enfim, uma estranha forma de vida.
Nesta jornada, em que o Sporting empatou e o Benfica ganhou, logo se apressaram: 1) a inventar um penálti sobre Quenda no último minuto do jogo do Dragão; 2) a lançar suspeitas sobre a transmissão da BTV que teria ocultado um alegado corte com a mão de Florentino, também na fase final da partida da Luz.
Não é de agora. Já quando jogavam com Onyews, Rinaudos, Saleiros, Sinama-Pongolles, Bojinoves e Bouhlarouzes, achavam que só não eram campeões, ou Bi-campeões, ou Tri-campeões, ou Tetra-campeões, porque os malandros dos árbitros, a soldo do tenebroso Benfica, não permitiam.
Quem tenha a possibilidade de assistir a um jogo do Sporting em Alvalade ficará impressionado: a cada queda na área, ou mesmo fora dela, os gritos de penálti são tão estridentes quanto, na maioria dos casos, ridículos. Enfim, uma estranha forma de vida.
Nesta jornada, em que o Sporting empatou e o Benfica ganhou, logo se apressaram: 1) a inventar um penálti sobre Quenda no último minuto do jogo do Dragão; 2) a lançar suspeitas sobre a transmissão da BTV que teria ocultado um alegado corte com a mão de Florentino, também na fase final da partida da Luz.
Se olharmos para a Premier League (reconhecidamente a melhor do mundo) sabemos que nenhum árbitro decente marcaria penáltis daqueles. Vou ainda mais longe: abstraindo-me da cor da camisola, nem o lance de Carreras, e a consequente "mão" que deu origem ao primeiro golo do Benfica, merecia, fosse eu árbitro, o castigo máximo. São precisas três repetições para ver o toque (que de facto existe), mas o protocolo do VAR remete para situações claras e óbvias. Ora não houve nenhum penálti claro, nem na Luz, nem no Dragão, nesta jornada.
Aliás, falando de VAR, a cada dia que passa me convenço mais da sua inutilidade. O erro continua, a discussão continua, e a pressão sobre os árbitros é ainda maior. As linhas de fora de jogo são uma mentira bem contada (uma câmara de filmar a cinquenta metros do pé de um jogador em movimento jamais pode descortinar, com rigor, dois ou três centímetros para lá ou para cá), e a desresponsabilização de um indivíduo que está confortavelmente sentado, lá bem longe, na "Cidade do Futebol", não ajuda. Há países que já o abandonaram, outros preparam-se para o abandonar. A própria Liga Inglesa já discutiu o assunto. Em Portugal será difícil, pois há ainda muita gente que gosta mais de arbitragem, ou de polémicas com arbitragem, do que de futebol propriamente dito.
Houve um período negro. As décadas entre 1990 e 2010, as do "Apito Dourado", foram de facto marcadas por situações escandalosa e sistematicamente tendenciosas, sempre a favor do FC Porto - enquanto a instituição Sport Lisboa e Benfica se mantinha em coma profundo. Mesmo aí, não identifico mais do que um ou dois campeonatos que pudessem ter desfecho diferente quanto ao vencedor final. Hoje em dia a arbitragem portuguesa não é pior que a europeia - como, de resto, se tem visto nesta edição da Champions.
O principal problema do futebol português já não está, pois, nos árbitros. Está, sim, no número inusitado de entidades fantasma que polui a primeira liga, ao passo que emblemas históricos e com massa crítica, como Académica, Belenenses, Vitória de Setúbal ou Marítimo (o Boavista vai a caminho), se afundam em divisões secundárias. Para este problema, ninguém olha. Mas, como dizia a canção, "se outros calam cantemos nós".
10 comentários:
Concordo. Os "benfiquistas" que puseram no poleiro o bandido do Vale e Azevedo em vez do Luís Tadeu, homem de visão já muito à frente, deviam, por uma questão de decoro, de fazer comentários sobre o Benfica. E podem ter a certeza que há quilos deles a escrevinhar aí nos blogs.
Bom texto, mas esqueceste de escrever que quem mais cala e come é a Direção do Benfica...
Pois, quem viu o que se passava nos anos 80/90 com o Kostadinov quase derrubar o fiscal de linha com uma peitada, o Jorge Costa fazer uma gravata ao João Pinto dentro da área, o Vítor Baía defender com as mãos fora da área, e achar que o Porto ganhou só porque tinha boa equipa
Caro LF,
Respeito as suas opiniões e, na maior parte dos casos, estou de acordo com elas. Sei que não é alguém que vê tudo com os olhos típicos de um adepto fanático. No entanto, sejamos sérios, o lance no final do Porto x Sporting é um pênalti claríssimo. Aliás, não foi apitado, na minha opinião, por medo - O FC Porto tinha empatado no lance anterior, já no final do período de descontos, e se tivesse sofrido de imediato o golo da derrota sem possibilidade de responder, o estádio viria abaixo.
Quanto ao lance do Florentino, o que me irrita profundamente é a suspeita que se levanta sistematicamente sobre a BTV. É a hipocrisia total, primeiro porque ninguém sabe se o VAR teve ou não acesso a mais imagens e, segundo, porque situações de falta de imagens ou repetições de lances suspeitos também existem em grande quantidade nas transmissões da SPORTTV.
Por último, dizer que nos anos negros das décadas de 1990 e 2000 só um ou dois campeonatos poderão estar feridos de verdade desportiva é profundamente falso. Para começar, a batota não começou nos anos 90, mas já vinha de antes (quem não se lembra dos campeonatos em que Futre se atirava para a piscina?) e, para além disso, há todos os efeitos que não são mensuráveis de forma tão direta que devem ser tidos em consideração. Eu não me esqueço do Francisco Silva, do Guímaro, do José Pratas, do Martins do Santos, do Isidoro Rodrigues, do Fortunato Azevedo, dos Calheiros, do Paulo Costa, do Olegário, do Paulo Costa, do Duarte Gomes (sim, ele também, não era o pior, mas alinhou com o sistema) e mais recentemente do Jorge Sousa, do Soares Dias e do inevitável Pedro Proença.
Excelente análise. E para além disso, o VAR tirou tempo de jogo e espontaneidade nos festejos, enquanto aumentou a sensação de roubo de quem é prejudicado. O engano existe como existia antes, mas agora é mais insidioso, tem menos desculpa.
Pela minha parte, votei em Luís Tadeu, e depois em Vilarinho. Nunca em Vale e Azevedo.
Além de tudo o mais, a partir de 1995 o FC Porto "também" tinha melhor equipa. O Benfica dos Luis Gustavos, dos Kings, dos Jorges Soares, El Hadrioui, Taument, Pesaresis etc, não cumpria os mínimos. E com a lucidez que a distancia temporal já permite, algumas dessas equipas terminarem no 2º, ou mesmo no 3º lugar, foi acto de heroísmo.
Assim de repente, em sem grande pesquisa, diria que 89-90 e 92-93 foram os campeonatos mais manipulados pelo apito. Muito mais tarde, tivemos também o de 2012 (Maicon). De resto, não me parece que os outros se devam exclusivamente à arbitragem. Embora não pondere aqui outros assuntos, como doping, ou eventual suborno, directo ou indirecto, a adversários.
Isso. Agora não tem desculpa. Mas por outro lado desresponsabiliza (mal) o árbitro em campo.
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