NO TOP 16 DA EUROPA

Saí do Estádio da Luz feliz com o resultado e com a passagem, tendo a exibição sido a possível face às muitas condicionantes que envolviam este jogo. Ao chegar ao carro e ligar o rádio, não queria acreditar no que ouvi: os comentadores da TSF começaram por elencar as “enormes” fragilidades do Mónaco, depois passaram aos onze golos sofridos pelo Benfica na Luz, lembraram que o Benfica cumpriu “os mínimos” na prova, e, preparando o futuro próximo, foram já adiantando que o Liverpool está na pior fase da temporada, e o Barcelona é uma equipa muito inconstante. E Lage, claro, não explicou os motivos de mais uma exibição tão pouco conseguida.
Isto está a atingir o absurdo. Desde a saída de Ruben Amorim, e dos sustos proporcionados pelas goleadas ao Atlético de Madrid e ao FC Porto, há uma campanha que visa descredibilizar a equipa do Benfica e o seu treinador. Sabendo-se que o Sporting tem um peso desproporcionado na comunicação social, com o qual acaba por impor narrativas, por vezes, bastante imaginativas, isto acaba também por influenciar os benfiquistas menos prevenidos.
A verdade é que o Benfica passou a fase regular, passou o playoff e está nos oitavos-de-final da Champions, já venceu a taça da liga, se ganhar o próximo jogo dorme, pelo menos, na liderança do campeonato, e se ganhar o seguinte estará no Jamor. Não querendo ser brejeiro, apetece-me citar Diego Maradona: “que la sigan chupando”. Já agora, quantas vezes na história foi o Sporting aos oitavos da Champions?
Vamos então ao jogo, ao verdadeiro.
Foi mais uma noite de emoções fortes, de incerteza no resultado até ao último segundo, com muitas falhas individuais pelo meio – como acontece sempre em qualquer partida que tenha seis golos.  No meio de erros e virtudes, acabou por ser um excelente espectáculo de futebol.
O Benfica entrou algo passivo, o que se compreende dado o contexto físico do plantel - quer pelos muitos ausentes, quer pelos vários presentes a meio-gás. Além do mais estava em vantagem, e cabia aos franceses tomar a iniciativa do jogo. Ainda assim foram os encarnados a abrir o marcador, após uma excelente recuperação de Barreiro (gosto cada vez mais deste rapaz), seguida de um excelente lance de Pavlidis finalizado por Akturkoglu (que assim regressou aos golos). António Silva podia ter dobrado a vantagem, mas o seu cabeceamento saiu ao lado.  A segunda metade da primeira parte foi do Mónaco, que chegou ao empate num lance com culpas repartidas entre Otamendi e Trubin (não seria último), e podia ter voltado a marcar em mais do que uma ocasião, sempre liderado pelo extraordinário Akliouche (que, ou me engano muito, ou não tarda estará no PSG).
Na segunda parte os monegascos estraram com tudo, determinados a virar o resultado e a eliminatória. Mais uma vez, Akliouche e as suas movimentações interiores levaram pânico à área do Benfica, e o segundo golo surgiu com alguma naturalidade. Temeu-se o pior.
Desta vez as substituições foram certeiras, e graças à frescura física de quem entrou (Dahl está a sair melhor que a encomenda), equilibraram o Benfica. O penálti devolveu a vantagem na eliminatória.
Novamente Otamendi, novamente Trubin, comprometeram, e o Mónaco aproveitou. Mas tudo acabaria em bem com o golo de Kokçu.
É verdade que o Benfica tem sofrido muitos golos. Mas também é verdade que marcou quatro ao Atlético, outros tantos ao Barça, e agora três ao Mónaco. Pavlidis é já um dos melhores marcadores da Champions. Houve alguma sorte neste jogo, como houve algum azar para não sair da primeira mão com um 0-2, ou um 0-3.
Parece-me extremamente difícil que a caminhada do Benfica vá além da próxima eliminatória. Mas a obrigação já foi cumprida.  Não os “os mínimos”, como dizem na TSF. Sim, uma prestação ao nível do Benfica europeu nas suas circunstancias actuais – que ainda assim se situam num plano bem superior ao de outros clubes portugueses.
Esta é a 28ª vez que o Benfica chega aos oitavos-de-final da competição. O FC Porto chegou 24 vezes. O Sporting 5.

7 comentários:

dezazucr disse...

A boa notícia é que Akturkoglu marcou. Que tenha quebrado o enguiço e também recupere a confiança e os golos, como sucedeu com Pavlidis, que a meu ver foi o melhor do Benfica, segurando muitas vezes a bola e entregando-a com critério.
O jogador mais importante desta equipa é Florentino. E nota-se a cada vez que não joga ou tem um jogo menos conseguido.
Do meu ponto de vista isso tem a ver com o mindset dos restantes jogadores que são todos de tracção à frente, tendo muito pouca postura defensiva ou de controlo. Todos jogam sempre em vertigem. E quando assim é, ter um jogador superlativo como Florentino que não só recupera um absurdo de bolas, como a entrega muito bem (ao contrário do que apregoam, o Florentino é dos que tem melhor percentagem de acerto no passe), consegue estabilizar um pouco o jogo de vertigem e deixar por exemplo Kokçu mais à vontade para construir jogo com espaço e os restantes jogadores sem receio de perderem a bola.

paasa disse...

O nível de exigência aplicado ao Benfica pelos "jornalistas" é sempre superior ao desempenho conseguido. Se passarmos aos quartos, será sempre um feito menor e nada menos do que a obrigação. Já no caso dos rivais, um está em recuperação, portanto tudo é destacado como feitos positivos e nada é exigido; o outro, está a pensar na liga nacional e se entrar com os juniores em campo, será fruto de um planeamento só ao alcance dos melhores.

Anónimo disse...

Os fulanos da TSF são tontos e não vale a pena a gente ligar-lhes. Mas não só esses, a maioria dos jornaleiros/comentadeiros tendem a desvalorizar o Benfica e o seu treinador, mas penso que é apenas por medo e respeito ao Benfica. Porém ainda há quem não seja hipócrita e apesar até de ser rival, Tiago Silva, (cmtv) em resposta à pergunta de quem achava melhor dos tres grandes não teve dúvidas em apontar o Benfica como o principal candidato a campeão.

Anónimo disse...

O relato da TSF foi inacreditável. A pouco mais de 5 minutos do fim dizem esta pérola: está um ambiente esquisito no estádio . As pessoas abandonam as bancadas.
Mas quem saiu das bancadas foram algumas pessoas, por vezes pessoas de longe que sabem que se ficarem mesmo até ao fim demoram muito tempo a sair e apanham engarrafamentos.

Mark Trencher disse...

Não foi só na TSF, mas talvez tenha sido mais aí, sim. Por motivos de trabalho não pude visualizar a primeira parte e tive que recorrer ao relato, em quase todas as estações fiquei com a percepção que havia lá gente que nem sequer sabia os países dos dois contendores, tal a imparcialidade alternada com entusiasmo pelo Mónaco mostrada pelos comentadores. Dói muito a muito boa gente sermos o clube português com mais pontos nos rankings da UEFA a 5 e 10 anos, e isto mesmo com aquela época 17/18 em que terminámos com 0 pontos mas fomos gamados de todas as formas e feitios.

RN disse...

E a SIC notícias é outro festival.

joão carlos disse...

mais uma vez quem eu vejo a acusar os adeptos de serem influenciados pelos outros são aqueles que ouvem comentários dos outros e serem influenciados por eles.
em vez de ouvirem comentários dos outros, eu não oiço, comessem a olhar para aquilo que foi o jogo.

o nosso jogo até às substituições e até perdermos a vantagem, pelos vistos só ai alguém acho que é que era preciso mudar, fizemos um jogo patético e nada teve a ver com as condicionantes porque eles também as tinham.
e não teve muito pouco a ver com frescura queres ver que um miúdo de vinte anos esta cansado com meia dúzia de jogos mas sim com o reforço do meio campo que muitos meros adeptos já tinham visto desde o inicio do jogo mas que o treinador parece que só viu quando ficou sem a vantagem.


a serio que acham que os maiores erros do otamendi foram no primeiro e no terceiro, se sim isso explica muita coisa, o maior erro do otamendi foi no segundo esse sim em que foi o maior culpado.
no primeiro veja quem é que fez o remate final e veja qual foi o central se se deixou ultrapassar por um jogador que estava muito atrás de si.
já no terceiro faça a pergunta porque é que o otamendi que joga à esquerda teve a necessidade de vir à esquerda disputar uma bola, mas grande jogo fez mesmo o senhor silva.

azar na primeira mão mas enviamos bolas aos poste tivemos defesas do guarda redes de enorme classe, dominamos muito, dominamos, tivemos oportunidades, nenhuma, essa foi a realidade.

sofremos muito porque o processo defensivo da equipa é patético basta ver como nasceu o primeiro deles.

se marcamos muito então alguém que explique a necessidade de ir buscar mais um ponta de lança para mais para aquecer o banco quando disso já nos tínhamos quando, como se viu agora, o nosso maior problema esta na baliza e para ai nem sequer se arranjou, no mínimo alguém que fosse alternativa, e concorrência, ao trubin.