THRILLER, COM FINAL FELIZ

Ponto prévio: na Champions League, qualquer vitória de qualquer equipa portuguesa fora de casa, é sempre um grande resultado. E neste caso, o Benfica estava no reduto do vice-campeão francês (dos chamados “Big-Five”, e com um orçamento muito superior ao dos encarnados), que ainda não tinha perdido qualquer jogo na competição. Haverá sempre quem desvalorize. Não é o meu caso. Esta foi uma grande vitória.
Dito isto, devo dizer também que o jogo foi estranho, teve momentos distintos e alguns deles pouco coerentes com o que o marcador reflectia.
Ao intervalo o Benfica perdia, mas o resultado era uma mentira. Já aí, as melhores ocasiões tinham sido desperdiçadas pelos encarnados – algumas delas flagrantes, como por exemplo a de Di Maria, sozinho, diante do guarda-redes, após oferta de um defesa do Mónaco.
Os primeiros instantes da segunda parte foram alucinantes. Em apenas dez minutos, houve uma bola no poste, um golo anulado para cada equipa, o golo benfiquista aproveitando mais uma oferta clamorosa, e a expulsão de um monegasco. Nessa roleta russa de emoções, o Benfica alcançara o empate e via-se com um homem a mais para procurar o triunfo. Lage agiu em consonância, trocou de ponta-de-lança, e tirou um médio (Florentino já amarelado) para colocar mais um avançado (Amdouni).
Quando se esperava uma avalanche em busca do 1-2, viu-se o contrário. O Benfica, sem Florentino, perdeu o meio-campo, e o Mónaco, mesmo com dez jogadores, assumiu o controlo da partida. Chegou ao golo num lance que Kokçu terá de rever vinte vezes como penitência – não tem 36 anos nem resolve jogos como Di Maria, não é sequer avançado, e tem obrigatoriamente de cortar uma bola que, dentro da sua área, lhe passa a um metro dos pés. Naquele momento, era o mundo virado de pernas para o ar, e temia-se o pior.
Eis que apareceu Di Maria, que já bem dentro dos dez minutos finais (altura em que muitos talvez já o achassem a mais em campo), tira dois coelhos da cartola, e com assistências primorosas mete a bola nas cabeças de Arthur Cabral e Amdouni, virando o resultado.
Ficam os três pontos (a única coisa que verdadeiramente interessa), mas nesta prova não podem desperdiçar-se tantas oportunidades, nem mostrar a fragilidade defensiva que se viu em alguns momentos da partida.
No fim de tantas voltas e reviravoltas, o Benfica ganhou. E esta vitória pode ser determinante no apuramento. Creio que novo triunfo diante do Bolonha poderá ser suficiente para garantir o play-off, sendo que o apuramento directo é, e seria sempre, uma miragem.
O árbitro, tal como o jogo, teve uma prestação estranha e incoerente, com faltinhas assinaladas de pronto, e faltas graves ignoradas. Carreras podia ter sido expulso, mas as linhas do golo anulado a Bah também não me convenceram – embora aí a responsabilidade seja do VAR.

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