O FUTEBOL DE ATAQUE QUE SE LIXE

Estou com Bruno Lage. Mais: estou farto de ver o Benfica perder jogos, e sobretudo campeonatos, por insistir em futebóis aveludados de pendor demasiadamente exposto aos adversários.
Enquanto o Benfica tinha Aimares, o Porto tinha Guarins - e era campeão. Aliás, os melhores e mais dominantes Portos de que me lembro, tinham sempre uma defesa férrea, um meio-campo de combate, e um ou dois jogadores mais tecnicistas para fazer a diferença. Não ganhavam 6-1 ao Rio Ave (ganhavam 1-0), mas nos "Clássicos" e na Europa apresentavam muito mais solidez e consistência. E normalmente, melhores resultados.
Gosto de ver futebol de ataque, com as equipas abertas, quando assisto...à Premier League. No Benfica? Quero "apenas" GANHAR!
É um erro pensar-se que a matriz cultural do clube assenta no futebol ofensivo. O Benfica foi campeão europeu em 1961, sem Eusébio nem Simões, mas com Mário João, Neto, Cruz e homens de coragem e de combate. Ganhou a Taça Latina na raça no tempo em que, do outro lado, se ouviam "violinos". É um clube do povo, de gente pobre, e veste as cores do sangue, da luta e da gente.
Os anos de Eusébio - irrepetíveis em qualquer clube português no contexto do futebol moderno - são uma excepção. Aí, de facto, o Benfica, com um dos melhores jogadores do mundo de todos os tempos, tornou-se dominador e imperativo. Eram também os anos do futebol bonito, que morreu no Brasil-Itália de 1982.
Depois disso, o que vi foi o Benfica gastar rios de dinheiro em artistas, e perder para pedreiros de sangue nos olhos e faca nos dentes. E insistir no erro até aos limites do absurdo.
Em Munique, o Benfica foi quase sempre goleado e toureado. Desta vez tentou jogar para o 0-0. A meio da segunda parte parecia a caminho de o conseguir. Não deu. Mas o contraditório diz-me que a jogar de outra forma seria muito provável acontecer aquilo que quase sempre aconteceu naquele estádio. Lembro também que já nesta Champions houve quem lá levasse... 9-0.


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