FARTINHO DE MARTINEZ

O futebol de selecções perdeu algum do seu encanto. As grandes fases finais ainda se levam, mas estas paragens a meio da temporada são uma tortura para a maioria dos adeptos - os principais adeptos, os que pagam o futebol. 
Além de que há jogos a mais (até a Champions, com o excesso de equipas e de jornadas, começa a banalizar-se). Um dia, matam a galinha dos ovos de ouro. Quem dirige o futebol está-se nas tintas para o futuro. Quer viver o presente, à grande e à conta dele.
Dito isto, não deixo de ir espreitando os jogos de Portugal. E cada vez percebo menos o seleccionador Roberto Martinez.
A sensação que me dá é que um qualquer Professor Neca faria o mesmo. A ganhar muito menos dinheiro.
A primeira fase de qualificação até me iludiu. A fase final do Euro 2024 desiludiu-me. Agora? Acho que se pode concluir que esta contratação, de alguém com um palmarés curtíssimo, foi um tiro ao lado. 
O homem até é simpático. Até canta o hino. Mas a equipa joga pouco, os onzes, as tácticas e as substituições só ele entende, e as convocatórias são absurdas.
Florentino brilha na Champions, vem um tal Samu Costa, que só joga contra Valladolids e Osasunas (jogar na liga espanhola dá privilégios, pois também lá está o avançado so Las Palmas). Pote - por quem sou insuspeito de nutrir qualquer simpatia -, ou porque está lesionado, ou porque está bom, não vai (Nuno Santos, quando podia ir - idem -, idem). Quenda é chamado com apenas quatro jogos como profissional, e depois, podendo bater um simpático record de décadas, num jogo sem interesse competitivo, não é utilizado nem um minutinho (que motivador...). Tomás Araújo é titular no Benfica - na selecção joga preferencialmente António Silva. Vitinha faz um grande jogo, a seguir fica no banco.
Em campo, ninguém percebe as tácticas - que parecem obedecer apenas a dois critérios: 1) meter Ronaldo sempre que lhe apeteça jogar 2) meter as outras estrelas, mesmo que joguem sobrepostos - numa espécie de tudo ao molho e fé em Deus.
A segunda parte na Croácia foi penosa. Vimos Cancelo a médio, vimos Semedo a central, e uma confusão de todo o tamanho, que baralhou toda a gente menos os croatas.
Não esqueçamos que este homem, este seleccionador, para a Bola de Ouro de 2023 votou em...Brozovic. Enfim, um cromo que não fazia cá falta nenhuma.

Sem comentários: