DOMINGOS SOARES OLIVEIRA
Por falta de oportunidade e tempo, não pude escrever na altura própria sobre a saída de Domingos Soares de Oliveira da SAD benfiquista. Faço-o agora.
Antes de mais, há que dizer que os casos que colocaram o gestor na alçada da Justiça, independentemente daquilo que vierem a determinar no futuro, tornaram inviável a sua permanência no Benfica. Para bem do clube, e também do próprio, era preciso virar a página, e colocar um ponto final numa relação que durou décadas. Aceito que tal não tivesse ocorrido mais cedo (quando Rui Costa assumiu a presidência), pois percebo que nessa altura era preciso assegurar uma transição tão tranquila quanto possível, e o próprio "Maestro" necessitava de apoio na gestão de setores que não dominava.
Dito isto, há que lembrar que DSO fez um trabalho notável na Luz, o qual nem sempre foi devidamente valorizado pela frequente confusão que se fez com áreas (nomeadamente a desportiva) que não eram da sua responsabilidade. Ganhando ou perdendo dentro do campo, é de reconhecer que o universo comercial, financeiro e estrutural do Benfica cresceu e solidificou-se, mudando para (muito) melhor, com DSO (obviamente não só mérito dele, mas também mérito dele). E quando a equipa perdeu, a SAD manteve-se forte, dinâmica, e com pujança comercial e financeira. Não concordei com tudo, queixei-me de muita coisa (bilhética, por exemplo), mas globalmente tenho de valorizar o que foi feito.
Como disse, muitos atribuem a DSO responsabilidades que, na verdade, não eram dele (construção de plantéis, política de contratações e mesmo vendas de atletas). E confundem o personagem com todo o contexto do futebol moderno, onde é preciso garantir receitas para fazer face a custos galopantes. A SAD é uma empresa, e DSO geriu-a bem. Eu também não gosto de olhar para o Benfica como uma empresa, nem sou fã do futebol moderno (ou do que o termo genericamente significa), mas disso DSO não tem culpa.
DSO pagou também, junto dos adeptos, o preço de um dia se ter confessado sportinguista. Seria preferível ver sempre adeptos do clube nos cargos de decisão. Devo dizer, porém, que jamais esse "sportinguismo" do gestor se fez notar. Foi acima de tudo um profissional da gestão, que fez bem o seu trabalho. Segundo se dizia, até gostava mais de golfe do que de futebol (gostos não se discutem).
Não tenho, nem alguma vez tive, qualquer relação pessoal com Domingos Soares de Oliveira - com quem me cruzei e a quem cumprimentei circunstancialmente não mais do que duas ou três vezes. Estou, por isso, à vontade para falar dele apenas enquanto benfiquista observador.
Acabou a sua história no Benfica. Que tenha saúde e sorte pela vida fora.
Se os próximos vinte anos forem comercial e financeiramente tão estáveis e sólidos como os anteriores, estarão criadas as condições para, com uma boa gestão desportiva, fazer do Benfica um clube ainda mais ganhador.
8 comentários:
Concordo no essencial com o seu post.
O SLB nao e nem nunca foi um clube de uma so opiniao, pelo contrario, sempre foi um clube livre e democratico.
Nao agradou a todos nem em todo o tempo. A mim tambem nao. Completamente normal.
Mas penso que foi na maior parte do tempo mais uma solucao do que um problema.
Estes elogios são tipo os que eu faço ao meu amigo que trabalha na junta e que me faz uns favores....Com tanto dinheiro que entrou, devíamos estar 10 anos a frente da concorrência e onde estamos?, o penta onde está? O passivo baixou? Os direitos televisivos beneficiou o maior clube português? Onde estás um canal Benfica aberto para os nosso miúdos conhecerem os nossos atletas das modalidades e para ganhar mais adeptos. Etc
Gerir com dinheiro é muito fácil.
...e porque é que entrou tanto dinheiro?
Anónimo, não estamos 10 anos à frente da concorrência porque a concorrência beneficia de perdões fiscais, arbitragens amigas, corrupção desportiva, centro de treinos e tv paga pelos contribuintes... Mas mesmo assim, quando o estoiro deles vier, não vai sobrar nada...
Foi o dso que os descobriu, treinou, lançou e os projetos....
E não me falem do centro de estágio e de estádio pois se os outros arrebentados também tem e não importa como têm, nos a maior instituição portuguesa ainda íamos estar a treinar no antigo campo de treino ao lado da antiga luz e a jogar em campo emprestado. Era inevitável nos também ter. Ou num universo tão grande de adeptos só á meia dúzia de inteligentes.
sobre o gestor já disse varias vezes o que tinha a dizer, e no caso acabou por sair tarde de mais e esteve tempo de mais num cargo que é sempre propenso a abuso do cargo como os que aconteceram.
acho no entanto muita piada a certas correntes que é para jogadores de futebol, ou outra qualquer modalidade, bons são aqueles que são do clube e que o são desde pequenos porque dão tudo em vez de ter os melhores profissionais de qualquer modalidade sejam jogadores ou treinadores.
mas depois para dirigentes bons são os profissionais em vez daqueles que são do clube, ou com tanto sócio e adepto não se arranja um dirigente com qualidades excecionais de gestão.
Que o diga o sócio na assembleia a quem o presidente apertou o pescoço....
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