Mais uma entrada em falso na Champions (4ª consecutiva, todas em casa), com derrota na Luz, absolutamente justa face ao que se passou em campo.
Uma de duas hipóteses explica um resultado, e uma exibição que chegou a ser confrangedora: ou este Benfica está formatado para vencer o Campeonato Nacional, com alas exclusivamente ofensivos, pontas-de-lança em cunha entre os centrais, e bastante permeabilidade nas transições defensivas - que não é posta à prova pelos Gil Vicentes ou Paços de Ferreira desta vida; ou a questão é mais preocupante, e o modelo de Bruno Lage começa a ser percebido, e bloqueado pelos treinadores adversários, algo quer foi evidente, tanto com o FC Porto, como agora com o RB Leipzig (e até, em parte, e tendo em conta as respectivas distâncias e limitações, por Vítor Oliveira, ao longo da primeira metade do jogo do último Sábado).
Olha-se para o desempenho do Benfica na Europa e em Portugal, compara-se com o do FC Porto (ultimamente mais irregular dentro de portas, sempre mais afirmativo além-fronteiras), e a diferença exprime-se numa palavra: defesa.
É impossível abordar este tipo de competição com lacunas no processo defensivo e na transição atrás como as que o Benfica sistematicamente denota. Os adversários são fortes, cínicos e eficazes, e sabem explorar o espaço concedido, traduzindo-o em golos. Veja-se porque motivo uma das melhores performances internacionais do Benfica nas últimas décadas foi com Ronaldo Koeman. O holandês jogava com quatro centrais e dois trincos, e assim fez frente a colossos como Manchester United, Liverpool e Barcelona, mesmo com um plantel globalmente bastante mais débil que o actual.
Não é preciso jogar com quatro centrais e dois trincos. Mas, na Champions, é imperioso defender bem, e o Benfica, desde há muito, desde Jorge Jesus (para não ir mais atrás), não tem grande segurança no seu futebol quando perde a bola. É por vezes empolgante a procurar o golo, mas raramente rigoroso a evitar que os adversários cheguem perto da sua baliza. O que não se nota nas provas domésticas, mas fica claro como água quando se passa, ou alguém passa, de Badajoz.
Este é um problema estrutural, e até cultural do Benfica. Há também questões mais conjunturais, como a ausência de um verdadeiro elo de ligação entre o centro do meio-campo e o centro do ataque, que deixa o Benfica limitado ao aproveitamento das alas (leia-se Pizzi e Rafa), o que o torna mais previsível, e o que se torna mais fácil de anular. Uma coisa é certa: não há Jonas, nem há João Félix. E esse é um problema delicado, que tarda em ser resolvido. Jota viu-se que (ainda?) não é solução. Será Taarabt, com Gabriel nas suas costas? Veremos.
Hoje, durante muito tempo também não houve Rafa (lesionado? cansado? quando entrou não se notou nada disso...), e houve muito pouco Pizzi. Assim, é quase impossível.
Raul de Tomás começa, também ele a ser um problema. E vão sete jogos, sem golos, e com crescente ansiedade e falta de confiança. Talvez, ele sim, precise de descanso.