VINICIUS BATE MARTINS

Em mais uma exibição descolorida do Benfica, naquele que é, segundo o próprio Lage, o pior período da equipa desde que assumiu o banco, foi o improvável (ou talvez não) Carlos Vinicius a decidir os pontos.
Ou muito me engano ou este acabará por ser o ponta-de-lança titular do Benfica. É forte, tem técnica e tem golo. Para já, eficácia total, em claro contraste com Seferovic, e, sobretudo, RDT.
O derrotado da noite foi Tiago Martins, que fez tudo o que estava ao seu alcance para impedir a vitória dos encarnados. A dualidade de critérios nos lances de Rafa e Taarabt é inexplicável, assim como o é o cartão amarelo exibido a Vlachodimos, entre outras decisões que irritaram as bancadas.
O rumo da arbitragem nesta temporada está a ser preocupante. Este foi apenas mais um episódio.
Enfim, mesmo com pouco futebol, mesmo com estas arbitragens, o Benfica leva 6 vitórias em 7 partidas, e se não vê o FC Porto mais longe é devido a factores externos ao que se passa nas quatro linhas.

POR ONDE ANDA O CAMPEÃO?

Mais um jogo miserável de uma equipa que, há poucos meses atrás, esmagava, goleava e encantava.
As ausências não explicam tudo. Há uma espécie de bloqueio que impede o colectivo de render. Contra todos os adversários.
Temo que o modelo de Bruno Lage, o que o levou ao título, esteja esgotado, e o técnico não parece estar a ser capaz de encontrar alternativas. 

SABOROSO, MAS...


Virar um resultado a partir dos 85 minutos de jogo deixa qualquer um eufórico.
Mas se os adeptos do Benfica têm razões para festejar a saborosa vitória em Moreira de Cónegos, Bruno Lage tem razões para reflexão, pois este foi, há que o admitir, um resultado caído do céu, depois de uma exibição preocupantemente débil.
Desde o jogo com o FC Porto que quase todos os adversários do Benfica têm tentado aplicar a receita de Sérgio Conceição para bloquear o futebol dos encarnados. O Leipzig conseguiu. O Gil Vicente tentou. O Moreirense ia conseguindo. Nos três casos (Braga foi um jogo atípico), o Benfica ficou sem ideias, sem fluidez, denotando a intranquilidade própria de quem está a ser surpreendido pelas circunstâncias, e não sabe como reagir.
A receita é simples: empurrar Rafa e Pizzi para as alas, bloqueando os seus movimentos interiores; pressionar a saída de bola desde os centrais, obrigando os médios a recuar para ir ao seu encontro; e fixar os avançados, deixando um oceano de relva entre eles e o resto da equipa. Sem um homem como Jonas, ou João Félix capaz de transportar jogo e ligar meio-campo e ataque, a equipa fica partida e sem outras ideias que não esperar que as individualidades possam fazer a diferença (ou a sorte possa aparecer, como foi o caso da partida de Moreira).
Já aqui deixei uma sugestão, que, na verdade, só poderá ser aplicada com a recuperação de Gabriel (a não ser que Gedson possa fazer esse papel). Mas este é outro dos problemas dos encarnados, que se confrontam com as ausências de quase uma dezena de jogadores, o que retira capacidade de procurar outras soluções durante os jogos, e de jogo para jogo.
Se Seferovic parece reencontrado com os golos, já RDT denota uma total ausência de inspiração, e uma ansiedade que o condiciona lance a lance. Creio que se trata de um bom jogador, mas totalmente inadaptado àquilo que dele se pretende nesta equipa. É um ponta-de-lança de último toque, um matador, e exige-se dele que seja um João Félix. Está a correr mal, e este é o terceiro problema do Benfica.
Venha a Taça da Liga para rodar e testar. E depois haverá uma sequência de jogos de campeonato mais ou menos tranquilos. Esperemos que sem surpresas, e com tempo para a equipa voltar a carburar em pleno, eventualmente com um modelo de jogo diferente deste – que parece estar demasiado bem estudado por todos os treinadores adversários.

SEMPRE A APRENDER

Com alguns anos de vivência, depois de leituras como Ramonet, Chomsky, Adorno, Barthes ou Benjamin, e até de um trabalho académico de investigação sobre o tema, a realidade dos media ainda continua a surpreender-me.
Da acusação a Rui Pinto, percebe-se que a EIC, plataforma europeia da qual fazem parte, entre outros, o alemão "Der Spiegel" e o português "Expresso", estava disposta a pagar uma renda mais ou menos vitalícia, e a arranjar emprego à namorada do criminoso, para obter exclusivos da correspondência por ele roubada às mais diversas entidades.
Depois de recentemente ter visto que as principais estações de televisão, como a SIC, não se envergonham de apresentar depoimentos forjados feitos por figurantes pagos para, com voz adulterada, e nome fictício, se apresentarem como testemunhas da "verdade" que mais convém ao circo das adiências, percebo agora que jornais outrora de referência, como o "Expresso", comparticipam no financiamento do crime internacional para incrementar o seu negócio.
Pobres daqueles que se deixam enganar...

TALVEZ ASSIM


SEM ESTOFO

Mais uma entrada em falso na Champions (4ª consecutiva, todas em casa), com derrota na Luz, absolutamente justa face ao que se passou em campo.
Uma de duas hipóteses explica um resultado, e uma exibição que chegou a ser confrangedora: ou este Benfica está formatado para vencer o Campeonato Nacional, com alas exclusivamente ofensivos, pontas-de-lança em cunha entre os centrais, e bastante permeabilidade nas transições defensivas - que não é posta à prova pelos Gil Vicentes ou Paços de Ferreira desta vida; ou a questão é mais preocupante, e o modelo de Bruno Lage começa a ser percebido, e bloqueado pelos treinadores adversários, algo quer foi evidente, tanto com o FC Porto, como agora com o RB Leipzig (e até, em parte, e tendo em conta as respectivas distâncias e limitações, por Vítor Oliveira, ao longo da primeira metade do jogo do último Sábado).
Olha-se para o desempenho do Benfica na Europa e em Portugal, compara-se com o do FC Porto (ultimamente mais irregular dentro de portas, sempre mais afirmativo além-fronteiras), e a diferença exprime-se numa palavra: defesa. 
É impossível abordar este tipo de competição com lacunas no processo defensivo e na transição atrás como as que o Benfica sistematicamente denota. Os adversários são fortes, cínicos e eficazes, e sabem explorar o espaço concedido, traduzindo-o em golos. Veja-se porque motivo uma das melhores performances internacionais do Benfica nas últimas décadas foi com Ronaldo Koeman. O holandês jogava com quatro centrais e dois trincos, e assim fez frente a colossos como Manchester United, Liverpool e Barcelona, mesmo com um plantel globalmente bastante mais débil que o actual.
Não é preciso jogar com quatro centrais e dois trincos. Mas, na Champions, é imperioso defender bem, e o Benfica, desde há muito, desde Jorge Jesus (para não ir mais atrás), não tem grande segurança no seu futebol quando perde a bola. É por vezes empolgante a procurar o golo, mas raramente rigoroso a evitar que os adversários cheguem perto da sua baliza. O que não se nota nas provas domésticas, mas fica claro como água quando se passa, ou alguém passa, de Badajoz.
Este é um problema estrutural, e até cultural do Benfica. Há também questões mais conjunturais, como a ausência de um verdadeiro elo de ligação entre o centro do meio-campo e o centro do ataque, que deixa o Benfica limitado ao aproveitamento das alas (leia-se Pizzi e Rafa), o que o torna mais previsível, e o que se torna mais fácil de anular. Uma coisa é certa: não há Jonas, nem há João Félix. E esse é um problema delicado, que tarda em ser resolvido. Jota viu-se que (ainda?) não é solução. Será Taarabt, com Gabriel nas suas costas? Veremos.
Hoje, durante muito tempo também não houve Rafa (lesionado? cansado? quando entrou não se notou nada disso...), e houve muito pouco Pizzi. Assim, é quase impossível.
Raul de Tomás começa, também ele a ser um problema. E vão sete jogos, sem golos, e com crescente ansiedade e falta de confiança. Talvez, ele sim, precise de descanso.

SERVIÇOS MÍNIMOS

Em vésperas de Champions já sabemos que é difícil pedir grandes exibições. É assim em todo o lado, e o Benfica não foge à regra.
Valeu a vitória, com mais um auto-golo, e mais um golo de Pizzi (até poderiam ter sido dois...).
Destaque para o regresso de Fejsa à titularidade, e para mais uma boa exibição de Taarabt - que, quem diria, é neste momento o jogador do Benfica em melhor forma.
Pela negativa, começa a ser preocupante a seca de golos dos dois pontas-de-lança. Seferovic, enfim, já se sabe o que vale, foi o melhor marcador na "Reconquista", e nesta nova época, ainda assim, já marcou ao Sporting e ao Paços. Já em RDT começa a sentir-se alguma ansiedade, e também alguma ansiedade dos adeptos em relação a ele. Vê-se que é bom jogador, mas parece não encaixar bem no onze, sendo muitas vezes um corpo estranho que perturba mais do que ajuda. Penso que se trata de um ponta-de-lança de último toque, e neste modelo de jogo está-se a exigir-lhe que seja uma espécie de Jonas ou João Félix. Bruno Lage saberá melhor do que ninguém o que pretende, mas a mim, a olho nu, parece-me que de entre De Tomás e Seferovic, só poderá jogar um de cada vez, em cunha, pedindo-se alguém que, em complemento do ponta-de-lança, faça a ligação ao meio-campo. Jota? Zivkovic? Cervi? Deslocar Rafa ou Pizzi? Chiquinho quando regressar? Lançar Tiago Dantas? Não sei. Assim é que a coisa parece não funcionar, com custos claros para a equipa e para a afirmação de um jogador que, não esquecer, custou 20 milhões de euros.

HOSPITAL DA LUZ







 
A questão não é nova. E até por isso se torna inaceitável. 
No Benfica, ano após ano, lesões mais ou menos graves, mas sucessivas e sempre muito prolongadas, condicionam seriamente os trabalhos.
Podíamos ir ao  histórico, lembrando Júlio César, Nélson Semedo, Luisão, Jardel, Fejsa, Krovinovic, Salvio ou Jonas a passarem meses e meses, por vezes de forma reincidente, no estaleiro. Mas muitos outros nomes poderiam ser aqui citados.
Agora são oito (!!). Quase uma equipa completa, e as recuperações duram, e duram, e duram, em alguns casos inexplicavelmente. Há gente da qual quase nos esquecemos (David Tavares, Conti ou Ebuehi, por exemplo)
Não sou médico. Mas vejo muito futebol, e muitas equipas, há muitos anos. E nunca vi nada como isto. Lembro sempre Luisão, que partiu um braço, saiu do campo em passo de corrida, e esteve quase uma época de baixa. Ouros quase acabaram a carreira. Um acabou mesmo: Mantorras. E Jonas foi o que se sabe.
Sobretudo desde os tempos de Rui Vitória, o problema acentuou-se.
Esta época prevalece. Com diferentes metodologias de treino, com substituições no departamento clínico, e os jogadores do Benfica continuam a parecer de cristal.
Pelo contrário, no FC Porto vejo Marega recuperar de uma rotura em pouco mais de uma semana. No Sporting quase não vejo lesões, pelo menos entre os principais jogadores. E na Luz é isto.
Não pode ser apenas uma questão de azar.

PONTO FINAL !

Acabou!
Para o Benfica acabou o E-Toupeira. Não há mais recursos, e a SAD ficou, como se esperava, e como se impunha, fora do julgamento.
Fica, sobretudo, a satisfação por ainda podermos confiar na nossa Justiça.
Um grande dia para o Glorioso, mas também um grande dia para a Justiça portuguesa e para o próprio país.
Agora, impõe-se que todos aqueles que idealizaram, criaram e alimentaram esta situação, paguem  bem caro pelo que fizeram. É o que falta para a Justiça terminar o seu trabalho, e, então sim, podermos orgulhar-nos de viver num verdadeiro Estado de Direito.

A SELECÇÃO DE QUEM?

Há quem me poupe trabalho, sobretudo em altura de selecções.
O Universo Benfiquista escreveu tudo aquilo que eu tinha para dizer sobre a selecção portuguesa e as opções de Fernando Santos.
Descontando uma certa antipatia pelo craque da Juventus, a qual não partilho, tudo o resto é exactamente aquilo que penso.
Um treinador que coloca José Fonte em vez de Ferro, que deixa João Félix no banco (por maior simpatia que tenha por Gonçalo Guedes, caramba!), que joga com dois trincos cerrados, como mais nenhuma grande equipa portuguesa ou europeia, que insiste em Moutinhos e companhia, não merece a felicidade que tem tido.
Seja como for, venha mais uma vitória. Nós não temos culpa, e eu gostaria de ver Portugal no Europeu, se possível para repetir 2016 - coisa em que, manifestamente, e infelizmente, não acredito.

NINGUÉM ENTRA, NINGUÉM SAI - Assim é que eu gosto.

Excelente abordagem ao mercado por parte do Benfica, ignorando-o.
O último dia foi ...apenas uma segunda-feira. E o plantel ficou fortíssimo, com as permanências de 10 dos 11 titulares da época passada (em relação a Félix não havia nada a fazer que não recolher os 126 milhões), de todas as restantes pérolas da formação, e de vários jogadores de qualidade confirmada que ainda podem vir a ser úteis, como por exemplo Fejsa, Zivkovic ou Cervi.
A única contratação por fazer creio que terá sido a de um segundo avançado, mas o jovem alemão equacionado tinha preço demasiado alto, e comprar por comprar também não valeria a pena.
Quando Seferovic começar a marcar, quando RDT mostrar o que vale, quando Jota se afirmar, quando Gedson, Gabriel e Chiquinho recuperarem das lesões, este Benfica, pelo menos no plano interno, poderá ser novamente imparável.
Entretanto, do outro lado da rua, viu-se uma autêntica feira, com múltiplas entradas e saídas aparentemente sem qualquer critério. Enfim, problema deles.

REGRESSO À NORMALIDADE

Mesmo com um Braga deveras cansado, vencer 0-4 na Pedreira não é para qualquer equipa.
O Benfica marcou quatro, como podia ter marcado sete ou oito (Oh Seferovic, Meu Deus??!?!?!). E a vitória jamais esteve em causa.
Foi um regresso à normalidade, depois de um "Clássico" que se espera ter sido um mero acidente.