...E O PENÁLTI SOBRE ZIVKOVIC?

Não é por se gritar muito que se passa a ter razão.
A barulheira que se ouviu nesta jornada da Taça da Liga assume contornos surrealistas, e não pode ficar sem resposta. O silêncio seria cúmplice. 
Percebe-se o objectivo: condicionar as próximas arbitragens do Campeonato, nomeadamente a do V.Guimarães-Benfica.
Mas os factos são o que são. Vamos por partes:

BENFICA-VIZELA
Ficou um penálti claro por marcar, na primeira parte, numa falta sobre Zivkovic que o árbitro transformou em livre fora da área.
Os encarnados meteram quatro golos. Ninguém se queixou.

MOREIRENSE-FC PORTO
Lances de possível penálti como o de André André e Pedro Rebocho existem às dezenas, em todos os estádios europeus, e raramente são marcados. Houve um igual no Marítimo-Benfica, sobre Salvio, de que pouco se falou. Por acaso, no FC Porto-SC Braga, foi assinalado um sobre André Silva, em lance semelhante (que também deixou muitas dúvidas). 
São decisões extremamente difíceis de tomar para um árbitro no campo, por vezes longe, por vezes coberto, e levantam incerteza mesmo depois de várias repetições televisivas. Podia ser, podia não ser. Está longe de se tratar de um erro grosseiro, e nem sei mesmo se terá sido um erro. Concedo.
A expulsão de Danilo compreende-se perfeitamente, e só por má fé se poderá ridicularizar algo que, numa análise mais serena, se torna óbvio. Em primeiro lugar, o cartão foi amarelo (só resulta em expulsão porque o jogador já tinha visto outro). Em segundo lugar, o encosto começa efectivamente no movimento do árbitro, mas a forma como o médio portista reage ao mesmo tem muito pouco de inocente. Não se ouvem as palavras, mas percebe-se que elas existem, e o gesto também é claro (um "chega para lá" ostensivo, muito pouco desportivo, e nada respeitador), agravado pela reacção após a exibição do cartão. Recordemos que, nesse mesmo instante, toda a equipa portista estava a reclamar um atraso ao guarda-redes adversário (reclamação, também ela, sem fundamento, mas que ajuda a perceber o contexto do caso).
O FC Porto ficou em último lugar do grupo, e só marcou um golo em três jogos (dois deles em casa). Terá sido por causa das arbitragens que não se apurou?

V.SETÚBAL-SPORTING
Ninguém fala do penálti por assinalar aos 71 minutos, cometido por Coates na área sportinguista (conforme documenta a imagem acima). Porquê? Não sei.
Quanto ao último lance da partida, também ele é muito difícil de analisar em campo. Em tempo real não parece, de facto, haver falta. Mas pelas repetições televisivas nota-se um duplo contacto (perna direita e braço nas costas). Edinho aproveitou para forçar a queda? Claro. Quem não o faria?
Seja como for, o contacto existe, e aceita-se perfeitamente a decisão do árbitro.
Custa perder aos 92 minutos? Os benfiquistas que o digam.
Mas com avançados como Castaignos e André Felipe fica-se à mercê de qualquer circunstância de jogo menos favorável.
A Jorge Jesus interessa desresponsabilizar-se por mais um fracasso (o segundo nesta temporada, o oitavo desde que está em Alvalade: campeonato, taça, taça da liga, champions e liga europa em 2015-16, mais champions, liga europa e taça da liga em 2016-17), e manter a aura que lhe permite auferir vários milhões de euros todos os anos. Percebo-o.
A Bruno Carvalho interessa desviar atenções, e unir as tropas face a um inimigo imaginado, em ambiente pré-eleitoral. Também o entendo bem.
O universo sportinguista já nos habituou a este tipo de encenações, exorbitando situações de possível prejuízo, e ignorando as de possível benefício. Pela mesma bitola, todos os clubes, da Liga dos Campeões aos Distritais, teriam vastos motivos para se sentir perseguidos, pois os erros acontecem sempre, e fazem parte do futebol. Se apenas contabilizarmos o que nos interessa...
Ainda assim, confesso que ver Beto a reclamar de arbitragens e de penáltis me provoca algumas náuseas.
E temo é que toda esta gritaria venha a ter as consequências que pretendem aqueles que a promovem.

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