SEM SENTIDO
Para além de patriota, sou também adepto da selecção nacional, em
particular, e do futebol de selecções, em geral. E é por sê-lo, que há muito
defendo uma reconfiguração dos calendários competitivos a este nível. A lesão
do nosso Nélson Semedo apenas vem reforçar esta minha convicção.
Não creio que faça sentido interromper a temporada clubista para
realizar jogos de qualificação, seja para Europeus, seja para Mundiais. Seria
muito mais interessante para os adeptos, e menos penalizador para os clubes,
que as fases de qualificação fossem integralmente realizadas no final de cada
época – no mês de Junho.
Estas paragens a meio de campeonatos e de provas europeias são uma
espécie de anti-climax no entusiasmo do adepto, forçando-o a um contorcionismo afectivo
para lhes permitir apoiar figuras que, nas semanas anteriores, e nas semanas
seguintes, estiveram e estarão noutros lados da barricada das emoções. Iniciado
o defeso clubista, então sim, haveria todo o espaço para o afecto patriótico, e
para um entusiasmo muito maior com o futebol de selecções – à semelhança do que
geralmente acontece aquando das fases finais das grandes provas.
Para os clubes, estas pausas são um calvário. Os jogadores são
forçados a viagens longas, a diferentes métodos de trabalho, a cargas físicas
que por vezes rompem com o planeamento feito pelos seus treinadores, e estão
sujeitos a lesões que os prejudicam a si, e prejudicam seriamente quem lhes
paga os salários. Ou seja, se as selecções têm pouco ou nada a ganhar, os
clubes têm tudo a perder.
Não tenho dúvidas que isto um dia mudará. Só não sei quando.
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