O CAPITÃO
A história do Benfica está recheada de grandes jogadores, e de grandes
capitães.
Homens que transportaram a mística pelos estádios de Portugal e da
Europa, homens que personificaram vitórias e ergueram troféus, homens que inscreveram
o seu nome, a letras de ouro, na memória colectiva do benfiquismo.
Lembro-me de Toni, de Humberto Coelho, de Manuel Bento. Já não vi
jogar Mário Coluna, mas qualquer benfiquista sabe bem o que ele representou
para o clube. Orgulho-me do simples facto de ainda o ter podido cumprimentar
pessoalmente.
Cada um na sua dimensão, cada um a seu tempo, estes nomes foram
símbolos do Benfica. Todos eles escreveram pedaços de história pelo seu próprio
punho.
No século XXI, creio que um só jogador atingiu semelhante nível de
simbolismo na nossa equipa de futebol. Esse jogador chama-se Anderson Luís da
Silva, vulgo Luisão.
Grandes craques passaram entretanto pelo clube. Mas a volatilidade do
mercado que caracteriza os tempos modernos não permitiu que se fixassem por muitos
anos entre nós. A dimensão superior de Luisão resistiu a tudo isso, e este
brasileiro (ou português, ou simplesmente benfiquista) entrou para a nossa
família, construiu doze anos de carreira de águia ao peito, e promete não ficar
por aqui.
Inevitavelmente, um dia Luisão deixará de jogar. A lei da vida não
permite excepções. Mas não tenho dúvidas de que esse dia ainda está demorado,
tal a forma como o nosso capitão se exibe, como comanda a equipa, como sua a
camisola que veste, como dá o exemplo aos mais novos.
Luisão já está na história. Já escreveu história. Mas o ponto final
ainda vem longe.