EQUIPA DE AUTOR
Estávamos em Agosto, às portas das competições oficiais, e o Benfica
levava 6 derrotas em 8 jogos de pré-temporada - a última das quais por 5-1
diante do Arsenal. Apenas Sion e Estoril haviam sido ultrapassados por uma
equipa encarnada que se dizia estar em decomposição.
Oblak, Garay, Siqueira, André Gomes, Markovic, Rodrigo e Cardozo,
peças importantes no “Triplete”, haviam partido. Antes já partira Matic. Mais
tarde partiria também Enzo Perez. Até jovens promessas como Cancelo, Bernardo Silva
ou Cavaleiro nos deixavam. Fejsa, Amorim, Sílvio e Sulejmani apresentavam
lesões graves e demoradas. Do “melhor plantel dos últimos trinta anos” pouco
mais restava do que cinzas.
Confesso que fui dos muitos a desconfiar das potencialidades de um
conjunto do qual os presumíveis titulares eram outrora suplentes, no qual o
banco estava agora ocupado por ex-renegados, e para o qual as novas contratações
estavam longe de entusiasmar. Até porque nos quadros do principal adversário
entravam “estrelas” em catadupa. Muita gente terá então suposto que o novo
campeão estava encontrado, restando-nos lutar pelo segundo lugar.
Estamos em Janeiro, e nada está ganho. Mas ver este Benfica comandar
categoricamente a classificação, com vantagem pontual significativa, e agora
também com nota artística elevada, é reconfortante, e diz bem da qualidade do
trabalho realizado por um treinador de excepção.
Jorge Jesus já mostrara capacidade para fazer equipas de luxo a partir
de grandes plantéis. Nos últimos meses tem demonstrado que também as faz a
partir de escombros. Ou melhor, a partir daquilo que pareciam escombros, mas
que ele soube potenciar e transformar em ourivesaria fina.
É oficial: temos de novo uma grande equipa, jogamos de novo um
belíssimo futebol, e somos os mais fortes candidatos ao título. Podemos não o
conquistar, mas a performance até agora alcançada, nas circunstâncias acima
referidas, não está ao alcance do comum mortal.
Este Benfica é pois uma obra de autor. Diria mesmo, uma obra de
mestre.
1 comentário:
Pois claro!
RMC
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