REAGIR!
Costuma dizer-se que ganhar e perder faz parte do desporto.
Poderá ser assim em muitos quadrantes onde existam provas desportivas,
por este país e por esse mundo. Em modalidades várias, na alta, média ou baixa
competição, em encontros de amigos ou de rivais, em quase tudo. Porém, quando
se fala de Benfica, quando falo de Benfica, apenas admito um resultado: a
vitória.
Um século de história gloriosa, e em particular o legado de Eusébio,
ensinou-nos a ser assim. As últimas temporadas, em que a dupla Vieira-Jesus
recolocou o Benfica no seu devido lugar, quer no panorama português, quer no panorama
europeu, devolveram-nos também esse grau de exigência, que na transição do
milénio quase havíamos hipotecado. Hoje, deixámos de conseguir encaixar uma
derrota. E a de Braga doeu.
Independentemente de podermos felicitar os vencedores, de lhes
devermos respeito dentro e fora dos campos, admitir uma derrota não pode jamais
constar da nossa matriz identitária. Temos de exigir de nós próprios, e de
todos no clube, uma espécie de revolta interior, que não permita olhar, nem por
um segundo, para as derrotas como coisa natural. Para o Benfica, perder não é normal.
Não pode ser normal.
Após uma pré-temporada complexa, e a meio de uma Liga dos Campeões
pouco entusiasmante, a vantagem pontual com que o Benfica liderava a
classificação do Campeonato (principal objectivo da época) era a almofada onde
a família benfiquista repousava a sua confiança. Perder em Braga, naquele que
era tido como o primeiro grande teste à equipa encarnada, representou um rude golpe
nesse sentimento de confiança.
Hoje, há nova partida do campeonato. E na terça-feira joga-se o futuro
europeu. O que se espera de todos é um grito de revolta face ao que aconteceu
no Minho. A mesma revolta que os adeptos sentiram ao ver fugir três pontos, ao
ver a vantagem classificativa reduzir-se à sua mínima expressão, ao ver os
rivais directos recuperarem ânimo e tranquilidade, numa luta que não permite
falhas, hiatos ou hesitações.