MAIS MUNDIAL
No momento em que escrevo estas
linhas, as hipóteses de Portugal prosseguir a sua caminhada no Campeonato do
Mundo são mais ou menos iguais às das Honduras.
O saudoso José Torres, em
situação semelhante, pediu um dia que o deixassem sonhar. É o que nos resta.
Porém, quando esta edição chegar às mãos do estimado leitor, o mais provável é
que todo o país já tenha acordado para uma realidade amarga – embora não de
todo inesperada.
Mas há mais Mundial para além de
Ronaldo, Paulo Bento e lesões musculares. Grandes jogos, golos espectaculares,
defesas impossíveis, futebol de ataque, e tudo aquilo que gostamos de ver, tem acontecido
quase diariamente no certame brasileiro. Até agora, poderia mesmo qualificar
este campeonato como o de maior qualidade das últimas décadas. Porventura,
desde os tempos em que o romantismo mágico de Zico, Sócrates e Falcão cedeu a
vez ao cinismo calculista de Rossi, Conti e Gentile, num Brasil-Itália que
marcou um antes e um depois na história do desporto-rei. Estávamos em 1982.
Se quanto à qualidade de futebol
as coisas têm corrido bem, já quanto às arbitragens não podemos dizer o mesmo.
Nunca defendi a introdução de
meios tecnológicos que pudessem perturbar o ritmo dos jogos com pausas
indesejáveis. Depois do que tenho visto nestas semanas, talvez não mantenha a
mesma opinião. Rara tem sido a partida sem erros grosseiros de arbitragem. Juízes
da Nova Zelândia, Gambia, Guatemala, Uzbequistão, Tahiti ou El Salvador – sem
experiência recomendável para uma competição desta natureza –, e sem falar de
outros que infelizmente conhecemos mais de perto, têm desvirtuado, e em alguns
casos arruinado, aquilo que os jogadores tanto se vão esforçando por fazer em
campo. Há selecções eliminadas por erros de arbitragem. Há selecções
qualificadas com erros de arbitragem. Com optimismo, esperemos que na fase
eliminatória o panorama melhore substancialmente, pois o futebol praticado tem
feito por merecer. Caso contrário, a FIFA não poderá continuar a assobiar para
o ar.
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