NOVO CICLO
A questão divide opiniões: pode
um simples título, ou uma só temporada, determinar o início de um novo ciclo no
futebol português? A resposta não é fácil. E, na verdade, a pergunta também não
pode ser formulada deste modo.
Olhando de relance para as oito
décadas de história que leva o campeonato nacional, podemos identificar alguns
ciclos bem definidos, a par de algumas fases híbridas, de domínio repartido
entre dois ou mais clubes. É fácil associar o final da década de quarenta, e o
início dos anos cinquenta, ao Sporting dos “Cinco Violinos”. É igualmente
linear o amplo domínio do Benfica de Eusébio, entre 1961 e 1975. De 1995 até 2009,
foi o FC Porto a manter a hegemonia, não cabendo aqui dissecar os métodos pelos
quais a atingiu.
Porém, para o espaço de tempo decorrido
entre esses períodos, ninguém poderá cantar superioridade absoluta. Por
exemplo, entre 1975 e 1995, Benfica e FC Porto venceram nove campeonatos cada
um (o Sporting conseguiu dois títulos). Nesses vinte anos, tivemos um ciclo repartido,
que sucedeu a um domínio benfiquista, e antecedeu a hegemonia portista.
Ora, o que as últimas cinco
temporadas têm demonstrado – não somente pelos títulos, mas também pela força
relativa das equipas – é precisamente um reequilibrar dos pratos de uma balança
que há pouco tempo atrás pendia claramente para um dos lados. Em cinco épocas,
o Benfica venceu dois campeonatos e ficou três vezes em segundo lugar, ao passo
que o FC Porto venceu três campeonatos, quedando-se em duas ocasiões pelo
terceiro posto da tabela. Em número total de pontos, a diferença é escassa, a
favor do FC Porto. Em número de jornadas na liderança, a vantagem, também
escassa, é benfiquista. Pode, assim, falar-se de equilíbrio.
É prematuro afirmar que estamos
perante a alvorada de um ciclo de domínio encarnado (só um segundo título
consecutivo poderia apontar nesse sentido), mas é um dado insofismável que o domínio
absoluto do FC Porto já não existe.
Estamos pois num novo ciclo. Por
agora…de equilíbrio.
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