DESONRA

No baú das muitas memórias que o Futebol já me vai deixando, tinha da Taça de Honra da AFL uma ideia longínqua, de quando, ainda criança, vivia cada jogo como se fosse o único, e cada Dérbi como se fosse o último. Lembro-me da alegria proporcionada por uma vitória nos penáltis sobre o Sporting (1978?, 1979?), a que correspondeu um desses troféus. Aconteceu numa pré-temporada, quando as saudades do Futebol mais apertavam. Jogavam Bento, Humberto, Shéu, Chalana e Nené. Foram tempos que me ajudaram a crescer, e me ensinaram a ser benfiquista. Com o passar dos anos, entre dificuldades de calendarização, e rotatividades de plantel, a Taça de Honra foi perdendo importância e interesse, definhando progressivamente até à morte. A ideia de a recuperar pareceu-me excelente. Adoro (vencer) o Campeonato, mas também a Taça de Portugal, a Taça da Liga, e até a Supertaça. Para quem o Futebol significa festa, quanto mais competições se disputarem, melhor. E gosto de comemorar todas elas, independentemente da importância relativa de cada uma. Com transmissão televisiva em canal aberto, em estação pública e horário nobre, sem outros jogos a atrapalhar, esperava, no passado Sábado, um Dérbi mais ou menos a sério, e uma competição mais ou menos oficial, que definisse, mais ou menos, um Campeão de Lisboa. Nada disso aconteceu. A verdade é que esta Taça de Honra foi um fiasco absoluto, e envergonhou aqueles que, ingenuamente, nela depositavam alguma expectativa. Não fui ao Estoril porque não pude, e só depois me apercebi do logro em que poderia ter embarcado. Talvez a AFL não merecesse muito mais. Mas também me custa a entender porque jogámos com todos os titulares frente ao Etoile Carouge, e nos expusemos, entre suplentes e juniores, a uma desnecessária derrota perante o Sporting - no qual, francamente, já custo a distinguir a equipa B da equipa A. Gostava de reviver as tais Taças de Honra do passado. Mas, a ser assim, bem pode a prova regressar lá para 2033, que não lhe sentirei a falta.

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