QUALQUER COISA COMO ISTO

Partindo do princípio que Witsel sai mesmo (Real Madrid), que Gaitán acabará por sair também (Liverpool?), e tendo em conta que, com o empréstimo de Nélson Oliveira, Cardozo permanecerá na Luz (agora não pode ser de outra forma), este parece ser o lote de opções com que Jorge Jesus irá iniciar a nova temporada. Fica a notar-se a falta de um bom lateral-esquerdo de raiz (não estou nada convencido do sucesso da adaptação de Melgarejo), de uma alternativa mais experiente a Maxi Pereira, e de...Witsel - pois o Benfica não tem 40 milhões de euros para comprar outro igual.

TABELA DE PREÇOS

Actualizada, segundo o andamento dos mercados:








30 MILHÕES














20 MILHÕES












20 MILHÕES















UMA "MANITA", COM DEDICATÓRIA A EUSÉBIO




O Real Madrid estava desfalcado? Estava!
Tem menos tempo de preparação? Tem!
Não foi um jogo da Liga dos Campeões? Não!
Ainda assim, dar “chapa cinco” a uma equipa orientada por José Mourinho, onde pontificavam, entre outros, Fábio Coentrão, Varane, Lass Diarra, Kaká, Granero, Di Maria, Higuain, Morata, Callejon e Benzema, não pode deixar de se considerar um grande resultado, sobretudo se alicerçado numa exibição bastante vistosa – coisa que aconteceu, mormente na segunda metade.
Na equipa do Benfica estiveram em destaque Witsel, Enzo Perez e Carlos Martins. Gostei de Melgarejo, mas apenas sob o ponto de vista ofensivo. Pela negativa, Ola John, que tarda em justificar o avultado investimento.
No final do jogo, Mourinho foi igual a si próprio, e ao seu proverbial mau perder. Sinal de que estava profundamente incomodado com o que os seus olhos acabavam de ver. Já o conhecemos há muito tempo. Não é de estranhar.
É interessante que, em seis partidas que os dois clubes disputaram no seu longo historial, o Benfica tenha goleado em três delas: 5-3 na final de Amesterdão, 5-1 nos quartos-de-final de 1965, e agora, salvaguardando as distâncias, neste ainda assim imponente 5-2.
É também curioso que em Portugal se tenha desvalorizado muito mais esta goleada do que no próprio país vizinho. Nem me refiro aos catalães “Mundo Deportivo” e “Sport”, naturalmente alinhados com o Barcelona. Na própria “Marca”, jornal conotado com o “madridismo”, fala-se de uma “dolorosa goleada”.

O HOMEM DA BRILHANTINA - A saga de um auto-intitulado "benfiquista"

"Parte I
Chegou de brilhantina, e dizia que era do Benfica - apesar de ter sido atleta do Sporting. Tão solene confissão terá enganado alguns incautos. Terá lançado a confusão, e conseguido o efeito que, na verdade, pretendia. Rapidamente, porém, o homem mostrou ao que vinha, o que se dispunha a fazer, e a quem servia. Hoje, já só é enganado quem quer. E ele, continua a rir-se de nós.
Uma história longa
Estávamos no longínquo mês de Janeiro de 2002, quando o protagonista desta história começou a dar nas vistas. Era Toni o nosso treinador, jogávamos no Bessa as últimas esperanças na corrida ao título, e na jornada anterior fôramos vítimas da pior arbitragem da carreira de Duarte Gomes. Em pleno Estádio da Luz, diante do Sporting, uma vantagem de dois a zero fora então totalmente subvertida pelo senhor do apito (também da Associação de Futebol de Lisboa), com uma dualidade de critérios que poupou duas expulsões a sportinguistas, colocando-nos, pelo contrário, em inferioridade numérica, oferecendo mais tarde uma grande penalidade totalmente absurda que Mário Jardel se encarregou de transformar no 2-1, para pouco tempo depois, o mesmo jogador, partindo de posição irregular, selar o escandaloso empate. Um pormenor: se o Benfica ganhasse, isolava-se no comando da classificação. Mas voltemos ao homem da brilhantina.
Nessa partida frente ao Boavista, que o Benfica perdeu (perdendo também as derradeiras hipóteses de ser campeão), foram ignorados dois penáltis, qual deles mais evidente: um por agarrão a Mantorras, e outro por rasteira a Simão Sabrosa (as imagens podem ser vistas em http://pluribusunum7.blogspot.pt/2012/06/hipocrisia-medo-servilismo-ou-corrupcao.html) A derrota, para além das consequências classificativas óbvias, originou a demissão de Toni. Era o primeiro assomo de alguém cujo protagonismo nunca mais deixaria de se fazer sentir no futebol português. Era o primeiro episódio de uma saga, que ainda perdura, e parece não ter fim. E, olhando ao detergente que tem sido usado ultimamente, deixo aqui a minha aposta em como o filme ainda não terminou.
Pontos altos
Precisamente dois anos mais tarde, o homem voltou a atacar. E logo num dérbi.
Não querendo ficar atrás do colega Duarte Gomes, fez questão de deixar claro que, na arte de apitar, e de condicionar jogos sempre com um sorriso nos lábios, ninguém o iria parar. Rapidamente assinalou um penálti fantasma num lance inócuo entre o sportinguista Silva e o guarda-redes Moreira, em que o primeiro simula uma queda. Depois expulsou Miguel, terminando com um outro penálti inexistente, desta vez após uma carga de ombro de Ricardo Rocha a Sá Pinto. O central também foi expulso, e terminamos com nove. Resultado: 1-3 para o Sporting. Mas o pior estava para vir.

Avancemos para Maio de 2005, altura em que o Benfica de Trappatoni, a três jornadas do fim, dispõe de três pontos de vantagem no comando do Campeonato Nacional, estando assim à beira de se sagrar campeão, onze anos depois do último título. Joga em Penafiel, e o que se passa nessa partida dava para todo um compêndio. Primeiro, o brasileiro Geovanni é pontapeado na área. Depois, Pedro Mantorras é agarrado e deitado ao chão aquando da marcação de um pontapé de canto. Mais tarde, Simão Sabrosa é empurrado pelas costas. E, pelo meio, há um corte com a mão de um defesa penafidelense, a cruzamento do mesmo Geovanni. Tudo isto fica impune. As imagens também estão na Internet. Balanço: quatro-penáltis-quatro (!!!!) escamoteados ao Benfica. Resultado: Penafiel, 1-Benfica, 0, e perda do primeiro lugar. Dúvida: cometendo tantas grandes penalidades no mesmo jogo, será que os jogadores da equipa nortenha sabiam de antemão aquilo que podiam fazer em campo? Certeza: um penálti, passa, dois já é mais estranho, mas quem não marca quatro, não quer mesmo marcar nenhum.


A história continuou meses mais tarde, já na temporada seguinte, numa partida entre Benfica e Belenenses, na qual ficou por sancionar falta clara sobre Nuno Assis. Os encarnados não foram além de um empate a zero, permitindo que o FC Porto de Co Adriaanse se afastasse na liderança da prova. O labor deste árbitro no sentido de prejudicar, sempre, o Benfica, era já digno de nota.
Faltava, todavia, um momento. Um momento de decisão. Penafiel fora um caso exemplar, mas inconsequente – o Benfica, duas semanas mais tarde, conquistaria o título. Faltava decidir um Campeonato, entregando-o de bandeja aos mesmos de quase sempre, e mostrando a quem de direito como um simples árbitro podia fabricar campeões. Esse momento chegaria em 2009.

Parte II
Enfim, decisivo!
Estávamos já em plena segunda volta do Campeonato de 2008-09, jogava-se um FC Porto-Benfica no Estádio do Dragão, e em caso de vitória os encarnados isolavam-se na liderança da prova. À época, o Benfica era orientado pelo espanhol Quique Flores. O seu futebol não impressionava, mas o do FC Porto de Jesualdo Ferreira, com 14 pontos perdidos nas primeiras 14 jornadas, também não convencia muita gente. As equipas equivaliam-se na mediania, e a diferença foi, uma vez mais, estabelecida por conta de outrem.


O “Clássico” até começou bem. Um golo de Yebda, na sequência de um canto, colocou o Benfica em vantagem pouco antes do intervalo. O tempo foi passando, e o resultado de 0-1 prevalecia no marcador. As campainhas de alarme terão então soado a alguns ouvidos mais sensíveis. Era preciso fazer alguma coisa, e havia que encontrar rapidamente um pretexto. Já perto do final, Lisandro Lopez mergulha para o relvado numa encenação mal esgalhada, que nem o próprio deverá ter achado convincente. Era a ocasião perfeita para o homem da brilhantina mostrar os seus dotes. Penálti! Apitou ele de pronto. O FC Porto empatou, e acabaria por ser campeão.
A marca do artista
Por esta altura, já o nome do personagem constava da lista de obséquios da UEFA. Essa mesma UEFA, na qual se movem e cruzam interesses obscuros, e onde a proximidade a algumas figuras influentes do futebol português é maior do que parece.
No ano seguinte, o Benfica conseguiu por fim chegar o ansiado título. Fê-lo com todo o mérito, sobrepondo-se às adversidades que lhe foram sendo colocadas no caminho - às quais respondeu com um futebol deslumbrante. Há campeões assim: grandes! Outros nem tanto. Nós, para sermos felizes, temos de ser muito melhores que todos os outros, e superiorizarmo-nos às forças que nos querem destruir. Temos de jogar sistematicamente contra catorze, e só as grandes equipas conseguem fazê-lo com sucesso. Esse Benfica (com Di Maria, David Luíz, Ramires e Fábio Coentrão, entre outros) era uma extraordinária equipa, e ninguém a conseguiu parar. Era muito melhor que as outras. Quando somos iguais, ou, apenas, ligeiramente melhores, normalmente perdemos, pois há sempre uma mão diligente que faz pender os pratos da balança para o outro lado. Em 2010, essas mãos não foram suficientes para nos fazer cair, e no meio dos festejos, poucos benfiquistas terão recordado com rigor as arbitragens de toda a temporada. Alguns, inebriados pela conquista, terão até acreditado que a obscuridade pertencia a tempos passados, e que o futebol português caminhava para a purificação. Nada mais errado. Basta lembrar aqui dois dos jogos que o artista da brilhantina nos apitou nessa época. Em Alvalade, permitiu que agressões de Adrien Silva e Anderson Polga ficassem impunes, e subtraiu-nos dois pontos, retirando-nos provisoriamente do primeiro lugar da tabela classificativa. Mais tarde, no chamado “jogo do título”, frente ao Sp.Braga na Luz, poupou a expulsão a Renteria (por agressão a Di Maria), e deixou passar um claríssimo corte com a mão do peruano Rodriguez, que poderia ter tido influência decisiva no jogo, e no título. Não me recordo se Domingos Paciência lhe terá dado o habitual e caloroso abraço no fim do jogo. Mas lá que o homem merecia, disso não restam dúvidas.
Novamente em acção
À partida para a temporada de 2010-11, o campeão Benfica era tido como o principal favorito ao título. Mantivera a base da equipa, e reforçara-se com nomes prometedores. Era o alvo a abater. Não entrou bem na época, em parte por culpas próprias, mas, sobretudo, por culpas de terceiros. Falou-se muito de Olegário Benquerença (outro árbitro de elite da UEFA), que nos matou as esperanças com uma arbitragem assassina em Guimarães. Falou-se de Cosme Machado, que abriu as hostilidades no jogo da Luz com a Académica, logo na ronda inaugural. Mais uma vez, o homem da brilhantina passou por entre os pingos da chuva.


A verdade, porém, é que também ele ficou ligado a esse triste começo de época, com uma arbitragem tão má quanto as piores, na Choupana, onde dois penáltis ficaram por assinalar a nosso favor - corte com a mão de um defensor madeirense; e rasteira a Fábio Coentrão-, e onde deixámos os três pontos. Nessas semanas desenhou-se o destino de mais um Campeonato. Em 2011-12, as coisas não seriam muito diferentes.

Parte III

É preciso dizer, antes de prosseguir a saga do homem que um dia afirmou ser benfiquista, que a sua acção não se circunscreveu ao Campeonato, nem a jogos do próprio Benfica. Recordemo-nos, por exemplo, da meia-final da Taça da Liga em 2010, e de um penálti evidente perdoado ao FC Porto, frente à Académica, no Estádio do Dragão. Nessa ocasião, acabou por fazer o favor de nos colocar o nosso maior rival por diante, na Final do Algarve, de onde saiu vergado a uma expressiva derrota (3-0).
Na mesma prova, apanhámos com o cavalheiro na Final seguinte. Foi em Coimbra, na Primavera de 2011, num jogo que - entalado entre derrotas com o FC Porto para a Taça da Portugal, e com o SC Braga para a Liga Europa – tinha enorme importância para a estabilidade da equipa e do Clube. Jogávamos com o Paços de Ferreira, e o homem fez uma vez mais questão de exibir os seus predicados. Assobiou para o ar a um penálti do tamanho do estádio a favor do Benfica, ao passo que, na outra área, foi lesto a assinalar uma grande penalidade, que todavia Moreira defendeu. Os encarnados venceram mas, uma vez mais, este árbitro cumpriu aquela que parece ser a sua grande missão: prejudicar o Benfica.
Dois jogos, dois escândalos


Chegamos então a 2011-12. Não será preciso puxar muito pela memória dos leitores, pois todos estarão lembrados daquele que foi o detalhe decisivo da temporada futebolística portuguesa: um golo marcado em duplo fora-de-jogo atribuiu o título nacional a uns (os mesmos de sempre), e retirou-o a outros (igualmente, os mesmos de sempre). Não é de estranhar que o árbitro dessa partida fosse, também ele, o mesmo que esteve em todos os momentos mencionados, desde há três semanas, nestas páginas, e que o seu ajudante tenha tido, também ele, direito a prémio, viajando de pendura até à final da Liga dos Campeões, depois ao Europeu, e depois, à final do Europeu. Quem tanto prejudica o Benfica, arrisca-se a tudo isto, e a sabe-se lá que mais.
Esse inesquecível lance (numa bola parada, sem ninguém a tapar a visão) não foi, porém, caso único na época. Aliás, o fulano apitou apenas dois jogos do Benfica no Campeonato, e em ambos fez questão de deixar o seu inconfundível dedo. O primeiro havia sido à 10ª jornada, em Braga (cidade de Arcebispos e de apagões), onde ele muito fez pela vida. Ainda com zero a zero, deixou passar um penálti claro, quando Luisão foi agarrado e derrubado dentro da área bracarense. Depois, um lance perfeitamente acidental originou um daqueles penáltis que só os predestinados, aqueles que chegam às finais dos Europeus, conseguem descortinar. Emerson estava de costas, não movimentou os braços nem viu a bola partir, mas o Benfica não podia ganhar. A um minuto do intervalo, ora aí estava mais um erro grosseiro de sua alteza árbitro da final do Euro.


Mais um erro grosseiro a prejudicar o Benfica. Mais um resultado subvertido. Como sempre. A apitar desde 2002.Em apenas dois jogos, três pontos retirados ao Benfica (dois em Braga, mais um no “Clássico”), e três pontos acrescentados ao FC Porto (dois na Luz, e um em Alvalade, onde um fora-de-jogo incrivelmente tirado a Wolfswinkel ajudou os portistas a evitar a derrota). A diferença entre primeiro e segundo classificados do Campeonato ficou pois, inteiramente, por sua conta. Outros ajudaram (lembro-me particularmente do novo internacional Hugo Miguel, em Coimbra, e também de João Capela, Soares Dias, para além do eterno Benquerença), mas ninguém como o juiz da Final do Europeu conseguiu ser tão decisivo.
Aplausos? Não!
Não me peçam pois para aplaudir. Ser português não é um valor em si mesmo, e até me choca ouvir ou ler benfiquistas a passar por cima de tudo o que aqui lembrei, concedendo-lhe os elogios que não merece, e ajudando a branquear uma realidade obscura. Não tenho qualquer orgulho na carreira internacional deste indivíduo. Pelo contrário, enquanto português, adepto do desporto e da seriedade, sinto-me envergonhado, e mesmo revoltado. Não consigo, por exemplo, explicar ao meu filho como pode alguém errar tanto, e ser tão bem sucedido na vida. É o mundo virado de pernas para o ar.


A escolha deste árbitro para tão importantes eventos deixa-me inquieto quanto ao futuro do futebol. Quando o vejo decidir campeonatos com erros grosseiros (sempre a penalizar os mesmos), e ser premiado desta forma, ninguém me impedirá de desconfiar que exista algo por detrás a ligar os factos. E, por isso mesmo, temo que daqui por um ano haja matéria para um quarto capítulo."


Texto publicado por LF no jornal "O Benfica", em capítulos, ao longo das últimas três semanas

UMA QUESTÃO...LATERAL

2000, Escalona e Diogo Luís; 2001, Pesaresi e Caneira (adaptação); 2002, Fyssas e Ricardo Rocha (adaptação); 2003, Ricardo Rocha (adaptação) e Cristiano; 2004, Fyssas e Dos Santos; 2005, Léo e Dos Santos; 2006, Léo e Miguelito; 2007, Léo e Sepsi; 2008, Jorge Ribeiro e David Luíz (adaptação); 2009, César Peixoto (adaptação) e Shaffer; 2010, Fábio Coentrão (adaptação) e César Peixoto (adaptação); 2011, Emerson e Capdevila; 2012, Luisinho e Melgarejo (adaptação).
É esta a chocante lista de laterais-esquerdos com que o Benfica iniciou cada uma das últimas treze temporadas. Se descontarmos as adaptações (devidamente sinalizadas, e de entre as quais somente Coentrão vingou) sobram Léo, e, vá lá, Fyssas. Capdevila teve um passado grandioso, mas chegou ao clube com 34 anos. O resto? Lixo ou quase!
Não faço ideia de quem seja a culpa (Jesus? Vieira? Rui Costa? Domingos Oliveira? Financiadores? Azar?), mas já começam a escassear justificações para tão gritante, e repetido, problema. Na verdade, o Benfica tem-se reforçado bem em todas as outras zonas do terreno (sobretudo desde 2008), mas, época após época, parece fazer gala em não contratar um lateral-esquerdo de qualidade. Ninguém de bom senso entende porquê.
Este capricho (é só como lhe posso chamar) tem custado muito caro. Se, por exemplo, verificarmos como em partidas fundamentais da temporada passada Emerson foi protagonista pela negativa (em Braga, e com o FC Porto e com o Chelsea na Luz), perceberemos mais cabalmente o quanto uma simples posição mal preenchida pode condenar toda uma equipa.
Tudo isto resulta agravado quando vemos que Mathieu, Álvaro Pereira, Ansaldi, Didac, Alex Sandro, Rojo, e mais alguns, acabaram noutras paragens, depois de dados como quase certos no Benfica. Os casos de Álvaro Pereira (comprado pelo FC Porto por 4,5 milhões, antes do Benfica declarar que sempre havia preferido… Shaffer) e Rojo (adquirido agora pelo Sporting por 4 milhões, quando os encarnados ofereciam 3,6 milhões) são particularmente chocantes, sendo que o primeiro teve, dois anos depois, uma oferta de 30 milhões, e ambos são internacionais “A”, por Uruguai e Argentina respectivamente. Neste período de tempo os encarnados deixaram também fugir nomes como Cissokho (que se exibia a apenas 40km de distância) e Ínsua (que o Sporting conseguiu trazer para Lisboa, em condições muito favoráveis).
A saga do lateral-esquerdo do Benfica é já um clássico de pré-época (contrata/não contrata), e…de toda a época (buraco, adaptações, golos sofridos, derrotas). Agora a história repete-se, cheirando-me que, depois de Escalona, Diogo Luís, Pesaresi, Miguelito, Sepsi, Jorge Ribeiro, Shaffer, César Peixoto e Emerson, os próximos crucificados serão Luisinho e Melgarejo (o primeiro um bom suplente, tal como, aliás, Emerson; o segundo um excelente extremo; nenhum dos dois um titular credível para o lugar em causa).
Depois de muito puxar pela cabeça, a única razão que encontro para este estranhíssimo caso é um eventual desfasamento entre aquilo que vale hoje um bom lateral-esquerdo no mercado, e aquilo que os responsáveis benfiquistas julgam valer – avaliando sistematicamente por baixo as suas propostas. Não se entende, por exemplo, como se dá 8 milhões por um jovem como Ola John (não estando em causa o seu talento, mas havendo Gaitán, Bruno César, Nolito, Enzo Perez, Melgarejo e Yannick no plantel), e se recusam apenas 400 mil euros mais para ganhar a corrida a um lateral-esquerdo internacional argentino, também ele bastante jovem.
Enfim. O mercado ainda está em aberto, e acredito que até ao dia 31 de Agosto seja encontrada uma solução. Espero que esta novela tenha fim, e o Benfica possa enfrentar a época com uma equipa compacta e equilibrada (tão forte quanto possível), e não com treze (!) avançados e nenhum lateral-esquerdo. Se acontecer o que temo, os custos pagar-se-ão em pontos, e provavelmente em títulos.

PRÉ-ÉPOCA? QUAL PRÉ-ÉPOCA?

É natural que alguns leitores estranhem a indolência que este espaço tem evidenciado nos últimos dias. Afinal de contas o Benfica voltou à acção, e por aqui…nada.
Na verdade não gosto de escrever sobre aquilo que não sei, e neste momento pouco ou nada sei sobre o apuro de forma dos encarnados, pois não vi nenhum dos seis jogos já realizados. Ou por outra, vi alguns minutos do jogo contra a fome (mais pela curiosidade de ver Figo, Rui Costa, e, sobretudo, Ricardo Araújo Pereira, Pedro Ribeiro e Fernando Mendes, do que por qualquer outra coisa), e com esta excepção, limitei-me a ver curtíssimos resumos, sendo que nalguns casos (como, por exemplo, nestes da Polónia), nem um golinho vi.
O futebol, para mim, começa dia 19 de Agosto – embora pense assistir ao Benfica-Real Madrid, pois perder um clássico desta natureza, na Luz, também seria demais. Até lá, é tempo para outras coisas, pois a vida de adepto (vivida com intensidade) também necessita de férias. Para além disso, outros motivos me afastam dos jogos de pré-época, a saber:
1) Não me entusiasmo mesmo nada com jogos amigáveis. Futebol sem competição não é futebol. É outra coisa qualquer, que me diz muito pouco. Há excepções, como esta Eusébio Cup, pois não é todos os dias que se vê um Real Madrid ao vivo.
2) O Europeu consumiu-me o mês de Junho, com overdoses diárias de Futebol, de comentários sobre Futebol, e de emoções fortes á volta a campanha portuguesa. Após o mesmo, uma sensação de descompressão, e uma necessidade de respirar, colocaram-me num planeta distante do mundo da bola. Ainda por lá estou.
3) Mal acabou o Euro, teve início o Tour de France, prova desportiva que vivo sempre com grande entusiasmo e carinho. Como também tenho de trabalhar, o tempo livre para ver televisão tem sido diariamente destinado às etapas diárias, em directo ou gravadas, conforme a disponibilidade. Agora seguem-se os Jogos Olímpicos, cuja carga horária ainda é maior. Em qualquer dos casos, privilegio, sem hesitar, este tipo de competições de importância global, e de intensidade extrema, a joguinhos de Futebol em relvados suíços, sem qualquer interesse, jogados a ritmo de férias, e com quinze substituições pelo meio.
4) Tudo o que acabo de escrever podia ser um pouco diferente, caso estivéssemos perante a nova e definitiva equipa do Benfica. Era assim no passado (na minha infância e juventude), quando os primeiros jogos particulares já mostravam o plantel fechado, quando o que estava em causa era definir o onze-base, e onde podíamos, a partir deles, perceber desde logo a correlação de forças face aos rivais. Acontece que não tenho certeza que Garay, Witsel, Javi Garcia, Gaitán ou Cardozo permaneçam na Luz, não sei quem será o lateral-esquerdo, nem o lateral-direito suplente, nem os substitutos daqueles que eventualmente saiam. Também não sei se Hulk, Moutinho, Fernando, Álvaro Pereira, Rolando ou James vão continuar no FC Porto. Entre estes nomes, de um e outro lado, as combinações possíveis são demasiado numerosas para qualquer avaliação prévia. Ou seja, em termos de ilações a tirar, isto ainda é muito pouco, para não dizer que não é quase nada.
5) Nos anos anteriores, as pré-eliminatórias europeias obrigaram a um antecipar de atenções. Nesta época, felizmente, elas não serão obstáculo. Em rigor estamos a 27 longos dias do primeiro jogo oficial. É tempo demasiado para abraçar desde já qualquer tipo de entusiasmo semelhante ao esperado para os principais momentos da temporada.
6) Elas não matam mas moem. Os últimos dois anos dos futebol benfiquista foram férteis em desilusões. Desde a mal fadada meia-final da Liga Europa, em Braga – ocasião que, pela angústia em que me deixou, marcou fortemente a minha devoção ao Futebol -, confesso que não mais recuperei na plenitude. Para o conseguir, precisava de um título, e ele não apareceu. A pedra continua no meu sapato, e quando olho para a equipa, para o seu desempenho, para os seus problemas, para as soluções que não aparecem (a questão do lateral-esquerdo é já um clássico, não só de pré-temporada, mas de…temporada), vejo mais semelhanças do que queria face aos momentos das duas maiores tristezas futebolísticas que vivi em mais de vinte anos: a de Braga, e a Taça com o FC Porto na Luz, derrotas que não consigo esquecer.
7) Não é que, em contexto de crise, defenda esse tipo de política. Mas o que é certo é que os anos em que chegavam à Luz Di Maria e Cardozo, depois Aimar e Reyes, depois Saviola e Ramires, traziam um colorido à pré-temporada que agora parece impossível de reviver. Desde o título de 2010, os principais movimentos têm sido de saída e de desinvestimento (Di Maria, Ramires, David Luíz, Coentrão, e o mais que brevemente se verá). E nenhuma das contratações efectuadas tem nome e força mediática para despertar a curiosidade do adepto mais adormecido.
8) Se nos jogos a doer entendo que a equipa merece e precisa do apoio dos adeptos (e nunca de cenas lamentáveis como as que ocorreram após a Taça da Liga), nesta fase quer-me parecer que talvez precise mais de tranquilidade em seu redor. Por mim, vou deixá-los trabalhar totalmente em paz.
Assim, vou permanecer a meio-gás, embora a minha atenção provavelmente vá caminhar em sentido ascendente, à medida que o dia 19 de Agosto se for aproximando.

COMEÇAR BEM...


...para acabar melhor.

O HOMEM DA BRILHANTINA

"Chegou de brilhantina, e dizia que era do Benfica - apesar de ter sido atleta do Sporting. Tão solene confissão terá enganado alguns incautos. Terá lançado a confusão, e conseguido o efeito que, na verdade, pretendia. Rapidamente, porém, o homem mostrou ao que vinha, o que se dispunha a fazer, e a quem servia. Hoje, já só é enganado quem quer. E ele, continua a rir-se de nós. (...)"

(1ª parte completa na próxima edição do Jornal "O Benfica"; 2ª parte na edição da semana seguinte)

UMA HISTÓRIA (Et Pluribus Unum)

"Estávamos a preparar a próxima época. No final da época 2011/2012 o Benfica tinha-se sagrado Campeão Nacional. Para além disso tinha vencido novamente a Taça da Liga, eliminando nas meias-finais o FC Porto. Na Liga dos Campeões tinha sido eliminado nos quartos-de-final demonstrando nos 2 jogos ser melhor que o Campeão Europeu.
Nas modalidades tínhamos ganho tudo no futsal, sido campeões no dragão caixa em basquetebol, campeões no hóquei 14 anos depois, destronando a hegemonia do Porto nos últimos 10 anos, campeões no atletismo, e mesmo no voleibol tínhamos ganho Taça e Supertaça. Apenas o Andebol tinha sido uma desilusão.
Estávamos em euforia depois de uma época excepcional e motivados para a próxima. Continuávamos com um grande plantel e quase 100% dele já estava no estágio. Apenas nos faltava 1 jogador para ser titular, um concorrente para outra posição e escolher os jogadores dispensáveis. Entravamos directamente na Liga dos Campeões e tínhamos ambição de ir um pouco mais longe do que os quartos-de-final.
Ainda não tínhamos renovado com a Olivedesportos e a coisa parecia encaminhada para definitivamente nos livrarmos de um dos tentáculos do polvo.
Tínhamos tido um ano com resultado positivo nas contas ao passo que os nossos concorrentes directos tinham tido prejuízos entre os 20 e 30 milhões de euros.
Luís Filipe Vieira chegava ao fim do seu mandato desportivo com 2 títulos nacionais, 3 taças da liga e sempre a chegar, no mínimo, aos quartos-de-final nas campanhas europeias. Nas modalidades tínhamos ganho vários campeonatos, várias taças e até 3 títulos internacionais. A contestação era pouca e não se vislumbrava nenhum candidato capaz de derrotar Vieira.
À volta da equipa não havia barulho nem pressão. As eleições de Outubro não iam afectar a nova época. Jorge Jesus continuava a ser o treinador. Em 3 anos tinha ganho 2 títulos. Todos o aclamavam.
Para os lados do Porto vivia-se uma depressão sem memória. Uma época apenas com a vitória na Supertaça. Tinham sido humilhados nas competições europeias não obtendo as receitas que esperavam obter. Ainda por cima tinham investido 50 milhões em novos jogadores ou percentagens de passes de outros que já cá estavam. Tinham existido vários erros na construção do plantel. Os mais visíveis tinham sido a falta de um ponta-de-lança e no não cumprimento dos requisitos da UEFA para a inscrição de jogadores podendo apenas inscrever 21. Nas modalidades apenas um titulo de Andebol.
A nível financeiro tinha ocorrido um prejuízo de mais de 20 milhões. O passivo nos últimos 2 anos tinha crescido à volta de 70 milhões.
A contestação a Vítor Pereira era grande. Continuava-se a questionar a contratação de Danilo por 20 milhões. Tinham existido ordenados em atraso na época anterior, e nesta pré-época tinham de vender vários jogadores para equilibrarem as contas. Para além disso jogadores como Álvaro Pereira estavam descontentes e não tinham ido para o estágio. Existiam muitas indefinições quanto ao plantel da época seguinte. A pressão para a próxima época era enorme.
Acabo aqui a minha história. O que leva a que não seja uma história mas sim a realidade são as 2 primeiras linhas deste texto. E essas 2 linhas não são uma realidade quase exclusivamente por causa
disto.
Espero que isto ajude a entender a força que um conjunto de árbitros pode ter no futebol. O que podiam ser hoje 2 títulos em 3 épocas e a recuperação da hegemonia em Portugal do Benfica, transformou-se em apenas 2 títulos em 10 épocas de Vieira. O que hoje podia ser um optimismo fundamentado, transformou-se em depressão e contestação. O que hoje podia ser um inicio de época tranquilo, transformou-se num inicio de época sobre pressão e vulneráveis aos homens do apito, pois até Outubro, vão passar para segundo plano em caso de derrotas ou empates do Benfica."

Texto retirado de Et Pluribus Unum

BREVES

SORTEIO DA LIGA: Há que jogar com todos, em casa e fora, pelo que, ao contrário do que sucede com outro tipo de competições, os sorteios do Campeonato dizem-me muito pouco. Trata-se de um simples enunciar de datas.

MERCADO: A cada ano que passa, cresce o meu alheamento face às notícias de transferências (autênticas novelas, criadas e alimentadas pela imprensa desportiva diária). Não sei, nem ninguém sabe, qual vai ser o plantel do Benfica para 2012-2013. Quando tiver uma pequena ideia, falarei sobre o assunto.

EMPRÉSTIMOS: Por muito que, conjunturalmente, possa prejudicar o Benfica, concordo em absoluto com o impedimento de empréstimos de jogadores a clubes da mesma competição. Há muito tempo, de resto, que aqui pedi legislação desse tipo, para colocar ponto final numa chaga de suspeição que ensombrava ainda mais alguns resultados do nosso Campeonato.

OUTROS MUNDOS: Terminado o Euro, as minhas atenções desportivas estarão agora centradas no Tour de França, e, depois, nos Jogos Olímpicos - competições que fazem parte integrante da minha cultura desportiva. Jogos amigáveis de começo de época futebolística, por princípio, não me interessam, e não sabendo quem entra ou quem sai dos plantéis, ainda menos. Por isso, e embora não deixando de falar dele, vou colocar o futebol de férias por algum tempo.

FUTEBOL OLÍMPICO: Já que falei nos JO, aproveito para dizer, uma vez mais, que o Futebol Olímpico é uma aberração sem sentido. Ou se disputava como as restantes modalidades - com as melhores equipas, e os melhores jogadores, qualificados por via dos Mundiais, Europeus e afins. Ou então mais valia dar lugar, por exemplo, ao Futsal, ou ao Futebol de Praia. Assim, mesmo com Rodrigos, Hulks ou Neymares, não me vai cativar particularmente.

TIMÃO

Após uma final entre campeão brasileiro e campeão argentino, a Copa Libertadores ficou nas mãos do Corinthians. Embora ainda mantenha o sonho de um dia poder assistir a um jogo ao vivo no mítico "La Bombonera" de Buenos Aires, o Corinthians é o meu clube favorito além-atlântico, pelo que o resultado foi do meu agrado. Fica assim pré-agendado um Corinthians-Chelsea para a final do Mundial de Clubes.

O ONZE DO EURO

Para concluir o dossier Euro 2012 (já tenho saudades...), aqui fica a minha selecção ideal da prova:

O EUROPEU de A a Z

A de Andrea Pirlo – Foi, talvez, a estrela-maior da competição. Encheu os campos, e carregou a sua equipa até à final, desmentindo os que o julgavam acabado.
B de Bento – Confirmou as indicações que o davam como um dos grandes treinadores portugueses da actualidade. O homem certo para o lugar.
C de Casillas – O melhor guarda-redes do mundo, e um dos responsáveis pela segurança defensiva exibida pela “Roja”.
D de Desilusões – Holanda, Polónia, Robben, Van Persie, Benzema, Quaresma, alguns relvados, e pouco mais.
E de Espanha – Gostemos ou não (e eu não morro de amores por aquilo), a eficácia do modelo é assinalável. Com opções de luxo, em quantidade e qualidade, está para durar.
F de Fernando Santos – Um bom Europeu para uma equipa sem grandes expectativas, que atingiu o seu limite ao chegar aos Quartos.
G de Grandes Penalidades – Já nos tinham favorecido no passado. Agora, o reverso da medalha, com uma derrota dramática que nos impediu de chegar a Kiev.
H de Histórico – A goleada espanhola na final foi o resultado mais desnivelado de sempre em finais de Europeus ou Mundiais. A equipa de Del Bosque escreveu história.
I de Itália – Chegando até a empolgar, a selecção de Prandelli não merecia sair de cena de forma tão estridente. Ficou um sopro de futebol ofensivo, coisa rara para lá dos Alpes.
J de Jovens revelações – Este J podia ficar para Jordi Alba, porventura a maior revelação do torneio. Outros? Para quem não os conhecia: Mandzukic, Cabaye, Pilar, Bonucci e Dzagoev.
K de Képler – É este o verdadeiro nome de Pepe, patrão da defesa nacional, e figura destacada da prova. Um dos melhores centrais do mundo.
L de Low – Com um plantel de luxo nas mãos, o técnico germânico não foi capaz de atingir a glória. Mexeu demais, e de forma inoportuna. E a Alemanha segue sem conquistas há 16 anos.
M de Mário Balotelli – A irreverência, a roçar a loucura, a par de uma capacidade técnica notável, fazem dele uma pop-star à moda antiga. O espectáculo futebolístico precisa de figuras que lhe dêem cor, dentro e fora dos campos. Sou fã.
N de Nélson Oliveira – Foi o toque de benfiquismo deste Europeu. Jogou quase sempre, deixando boas indicações para o futuro. Será titular em 2014.
O de Ozil – O médio alemão foi, à semelhança de quase todos os jogadores do Real Madrid, elemento em foco. Faltou-lhe uma selecção à imagem da sua frescura, para poder brilhar ainda mais.
P de Proença – Custa a acreditar, mas alguém o tem por melhor árbitro europeu. Na Final, teve a sorte de um erro gravíssimo penalizar a equipa amplamente vencedora.
Q de Qualidade – Em termos de futebol, este foi um dos melhores Euros de sempre. Bons espectáculos, equipas ofensivas, golos, e estrelas a brilhar.
R de Ronaldo – O nosso craque alternou o mediano com o deslumbrante. Dois jogos para esquecer. Dois para recordar. Por fim, um epílogo abaixo das expectativas criadas.
S de Surpresas – Os melhores foram vencendo. Surpresa, e das boas, teria sido Portugal ganhar à Espanha. Esteve quase…
T de Televisão – A cobertura televisiva foi notável, sobretudo na RTP e na Sport Tv. Nota negativa apenas para os comentários à distância, e para Domingos Paciência – bom treinador, mas fraco orador.
U de Uefa – Declarações de Platini à parte, é inegável que o nível de organização da Uefa, presente também na Champions, não encontra paralelo em quaisquer outros eventos desportivos.
V de Van Marwijk – Deixou desmoronar uma das principais favoritas ao título. E de aspectos como a indisciplina ou a desorganização, nenhum treinador pode ser ilibado.
W de Welbeck – Marcou um dos golos mais belos do Campeonato, num precioso toque de calcanhar. Momento para qualquer “best of”.
X de Xavi e Iniesta – Parecem siameses, tal a forma articulada e complementar como comandam o meio-campo espanhol. Não aprecio o estilo (com flores a mais), mas rendo-me à inegável classe dos protagonistas.
Y de Yarmolenko – A sua selecção (Ucrânia) não deu nas vistas, tal como a outra anfitriã (Polónia). Os organizadores ficaram-se novamente pelos grupos.
Z de Zlatan Ibrahimovic – Deixou a sua marca, ao fazer um golo espectacular. De pouco serviu. Porém, à semelhança de Welbeck, o momento fica gravado no que de melhor se viu na prova.

OLÉ!

Já aqui disse várias vezes que não aprecio o estilo.
Gosto de futebol atlético, jogado por gente alta e forte, gosto de profundidade nas alas, de velocidade, de cruzamentos, de jogo aéreo, de remates prontos, e de pontas-de-lança (de longe, a minha espécie preferida no mundo da bola). Não gosto de toques e retoques para o lado e para trás, de rodopios, de malabarismos circenses, nem de fintas em cabines telefónicas. Distingo teatro de desporto. Nos palcos gosto do primeiro. Nos relvados…do segundo.
Pese embora esta confissão de preferências estéticas, tenho de reconhecer a eficácia da coisa. Esta Espanha é, de facto, um fenómeno, sendo muito difícil pará-la. É também um case-study táctico, num futebol onde se julgava estar já tudo inventado.
Apesar de, como povo, preferir claramente espanhóis a italianos - uns acolhedores, afectuosos e hospitaleiros; outros, mau grado a beleza arquitectónica, monumental e paisagística onde se sentam, soberbos, vaidosos e antipáticos (pelo menos nas cidades que conheço) -, creio que seria bom para a modalidade que o conceito fresco e ofensivo de Prandelli triunfasse, trazendo a Itália para uma outra dimensão da sua tradicional cultura táctica. Quanto ao Tiki-Taka, já disse: queria vê-lo derrotado, o mais rapidamente possível. Saiu tudo ao contrário, com uma demonstração de força de Xavi, Iniesta e seus comparsas, e um provável regresso dos italianos às suas origens. O Tiki-Taka voltou a vencer categoricamente, cortando orelhas e rabos em catadupa. E a verdade é que, neste Europeu (e, se recuarmos no tempo, nos últimos quatro anos), só Portugal o conseguiu neutralizar.
Haverá tempo para uma análise global ao torneio (um dos melhores de sempre), e para mencionar as suas principais estrelas. Por agora, a minha vénia a esta Espanha, e a um homem com cara de avôzinho, que, sem assumir protagonismo, teve o mérito de saber aproveitar o melhor que o futebol espanhol produziu nestes anos: Vicente Del Bosque, que, a brincar a brincar, já ganhou um Mundial, um Europeu e duas Ligas dos Campeões.