LIGAR À TAÇA

Por mais que tente, nunca percebi porque motivo certos “adeptos do futebol” desvalorizam as próprias competições futebolísticas, chegando mesmo a defender que elas devam ser extintas (como foi o caso, recente, de Rui Moreira, nas páginas de A Bola – ainda mais estranho vindo de quem viveu em Inglaterra... -, como é o caso, reiterado, de Miguel Guedes na RTPN).
Obviamente que a Taça da Liga não é a Liga dos Campeões. É, porém, uma prova engraçada, difícil de conquistar, tratando-se de uma excelente ideia, que veio valorizar o calendário competitivo português. Se tem um modelo errado, isso é outra questão, que pode, e deve, ser debatida. Acabar com ela é que não me parece que faça qualquer sentido, pois, mal comparado, seria o mesmo do que querer matar o cão da família, só porque não é nosso filho. Aliás, pondo-lhe fim, também não haveria qualquer razão para manter a Supertaça, que tem muito menos graça, muito menores audiências, e, decidida num só jogo, muito menos interesse competitivo.

As razões para este tipo de opiniões, frequentes sobretudo a norte, são fundamentalmente duas: 1) a Taça da Liga ter sido criada por Hermínio Loureiro, a quem o FC Porto moveu uma violenta guerra a propósito do processo “Apito Final”; 2) mais tarde, o facto de o Benfica ter ganho três das quatro primeiras edições, performance que interessaria a muita gente desvalorizar. A tradicional carneirização dos adeptos portistas em torno da política central do seu presidente fez o resto, com vozes e mais vozes a criticar a prova, mesmo passados vários anos do seu nascimento, mesmo sem Hermínio Loureiro, nem Ricardo Costa, no mundo dos futebolisticamente vivos.
É preciso dizer que esta desvalorização portista da Taça da Liga tem estado muito mais no discurso do que propriamente na acção. À excepção de uma meia-final em Alvalade - num ano em que o FC Porto estava, como o Benfica agora, envolvido nos quartos-de-final da Champions -, não me recordo de mais nenhum jogo em que a equipa portista não tenha dado mostras de querer firmemente ganhar. Por vezes, a qualquer preço, como é bem demonstrativo o desempenho de Bruno Alves na final do Algarve, em 2010. Se o FC Porto ganhar a prova, e se, mais do que isso, a ganhar várias vezes, veremos como rapidamente a Taça da Liga se torna importante, como importantes eram para os portistas as Supertaças dos anos oitenta e noventa (por paradoxo com as Taças de Portugal, disputadas no “Estádio de Oeiras”, que foram desprezadas até o FC Porto as começar a ganhar). Uma das maiores alegrias da vida de Pinto da Costa até ocorreu, segundo o próprio, num jogo da Supertaça disputado na Luz, o que não deixa de ser sintomático.


Tendo em conta esta realidade, mais absurdo se torna quando são os próprios benfiquistas a achincalhar a prova, tal como sucedeu, por exemplo, aquando da final do ano passado. O adversário era o Paços de Ferreira, e os encarnados vinham de uma frustrante derrota em casa com o FC Porto. Se desta vez o Benfica aceder novamente à final, tendo para isso de vencer o grande rival, não creio que possa haver qualquer motivo honesto e razoável para, na Luz, se voltar a menosprezar a competição.


Por mim, gosto da Taça da Liga, e ficarei muito feliz se o Benfica concretizar o “Tetra”. Não tão feliz como se for campeão, é claro, mas essa comparação jamais deverá ser peso com que a Taça da Liga tenha de arcar. Custa-me, por isso, ouvir os treinadores repetir até à exaustão, em conferências de imprensa, que esta prova “não é uma prioridade”, coisa que, sendo uma verdade inequívoca, não dizem todavia sobre a Supertaça, a Taça de Portugal, ou a Liga Europa, todas elas competições de certo modo subalternas de Campeonato e Liga dos Campeões respectivamente.
Coisa diferente é eu entender que, a dado momento da temporada, não fazia sentido o Benfica desgastar muitas forças numa fase de grupos (essa sim) pouco exigente, em que uma equipa retocada chegaria para alcançar os objectivos. Coisa diferente é Jorge Jesus, neste momento, com o Benfica na luta directa pelo título, e apurado para os quartos-de-final da Champions, ter necessidade de rodar alguns jogadores fundamentais, o que teria de ser feito, de igual modo, caso o jogo fosse, por exemplo, da Taça de Portugal.
Nesta medida, também eu proponho o descanso a alguns titulares (Artur, Witsel, Gaitán e Cardozo), sem deixar de olhar para este jogo, e para esta competição, com forte e firme vontade de ganhar.

2 comentários:

Atento disse...

Todas as competições são para ganhar digam o que disserem e espero que o Benfica vença esta competição mais uma vez, e árbitro é que não me oferece confiança nenhuma.

Unknown disse...

E que tal conhecer todos os pormenores do grande estádio da Luz?

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