A MINHA HOMENAGEM

Como mais vale tarde do que nunca, não queria deixar passar em claro a morte de um craque da minha infância.


Sócrates, com Zico e Falcão, formavam o meio-campo do célebre Brasil de 1982, que marcou toda uma geração de adeptos. Não terá sido a mais consistente equipa da história do futebol, mas foi decerto uma das mais belas, ou até a mais bela. Não me recordo de ver outra a praticar tão bonito futebol - recheado de toques de calcanhar, simulações, dribles estonteantes e passes sumptuosos, num festival de técnica digno de outro mundo.


Chorei a dor da derrota com a Itália de Paolo Rossi (outra grande equipa, embora nos antípodas daquele Brasil), que determinou o rumo de um dos melhores Campeonatos do Mundo de sempre. Talvez se possa até dizer que existiu um Futebol até ao dia desse jogo, e outro Futebol de então para cá. Terminou aí um certo romantismo da bola, uma certa poesia futebolística, para dar lugar ao realismo táctico e científico que hoje temos. Recordei essa partida aqui.


Sócrates era o capitão, e, talvez com a excepção de Zico, a mais brilhante estrela daquela constelação. Tinha, para além do futebol, uma intervenção cívica de relevo.


Fica a minha homenagem.


PS: Quis o destino que o desaparecimento de Sócrates coincidisse com o triunfo do seu clube, o Corinthians, no campeonato brasileiro. O “Timão” é também a equipa pela qual eu torço no futebol canarinho, pelo que a jornada foi duplamente emotiva.

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