BOAS FESTAS

VEDETA DA BOLA deseja a todos os leitores um bom Natal, e um 2012 melhor que 2011 - que para a maioria dos portugueses não deixará muitas saudades.

Desportivamente, faz agora um ano, desejei uma final europeia para o Benfica. Por um golo, esse desejo falhou.

Este ano dedico todas as doze passas ao Campeonato. E acredito que vá ter mais sorte.

Que 2012 reserve também uma boa Liga dos Campeões ao Benfica (quartos-de-final parece ser o limite), e um Euro bem sucedido à Selecção Portuguesa (se passar o grupo já não será mau).

Nesta época natalícia, aproveito também para recordar que há coisas muito mais importantes que o futebol, e as rivalidades que nele se estabelecem. É bom não perdermos a noção de que isto é apenas um divertimento, que nos ajuda a passar o tempo livre com entusiasmo, mas que não nos condiciona a vida de todos os dias (por vezes bem mais difícil, e quase sempre bem mais complexa). Podemos viver o desporto com paixão, com fervor, com alegria, com tristeza, com alguma picardia, mas não faz qualquer sentido vivê-lo com ódio. As verdadeiras derrotas da vida não acontecem nos relvados. Aí, são outros que jogam, e nós, adeptos, ganhamos sempre alguma coisa, mesmo quando o nosso clube perde.

Este espaço estará de regresso dia 4 de Janeiro, para falar da Taça da Liga e da evolução do mercado de transferências.

UMA TAÇA NO SAPATINHO

Vencendo uma vez mais em casa, e uma vez mais contra dez jogadores (a décima !!! nos últimos três meses), o Sporting ficou muito perto de, sem saber muito bem como, conquistar a Taça de Portugal.

A sorte do clube de Alvalade nesta competição não tem paralelo. Em 35 anos, este será, mais do que provavelmente, o sexto triunfo, e à excepção de 2008 (quando, com ajuda de Jorge Sousa eliminou o Benfica a uma só mão em Alvalade, e ganhou no Jamor ao FC Porto), as restantes foram...de borla.

Nem em 1982, nem em 1995, nem em 2002, nem em 2006, nem agora em 2012, o Sporting teve de defrontar qualquer outro dos "grandes", metade dos jogos que realizou foram contra equipas dos escalões secundários (até em meias-finais), beneficiou de isenções, jogou quase sempre em casa ou lá por perto, não jogou uma única meia-final fora de casa, e no total dessas cinco taças, as únicas deslocações que efectuou foram para defrontar Boavista (vá lá, uma excepção nas facilidades), Olivais e Moscavide, Alverca, Vila Real, Pinhalnovense, União da Madeira e Famalicão.

Pode dizer-se que não têm culpa. Mas também não creio que tenham muito mérito.

A Taça permite estas aleatoriedades, e é justamente por isso que é a segunda competição, e não a primeira. No Campeonato, em trinta anos, os "leões", "lagartos" ou "osgas", conforme a preferência do leitor, apenas ganharam duas vezes.

ENTRADAS DE JESUS

Desde que Jorge Jesus chegou ao Benfica, os meses de Janeiro e Fevereiro têm sido particularmente felizes. Em 2010, dez vitórias e três empates (dois deles positivos). Em 2011, um pleno de quinze vitórias, entre as quais duas internacionais, uma no Dragão e outra em Alvalade. No total destes dois meses do ano, um registo notável de 25 vitórias, 3 empates e 0 derrotas.


A manter-se a tendência, teremos pois, lá para final de Fevereiro, um Benfica isolado na liderança do Campeonato, apurado para as meias-finais da Taça da Liga, e em boa posição para, no início de Março, carimbar na Luz a passagem aos quartos-de-final da Champions.

O MEU JANEIRO

Não concordo minimamente com esta abertura de mercado a meio da época, com as competiçóes a decorrer. Todavia ela existe. E move-se.

Para o Benfica, é a oportunidade de resolver o seu problema do lado esquerdo da defesa, trocando Capdevila por alguém que se firme como titular indiscutível (Ansaldi? Rojo?), equilibrando a equipa. É também a altura para libertar, sob empréstimo, aqueles que têm tido menos oportunidades, como David Simão, Luís Martins ou Rodrigo Mora. Também a Eduardo (sobretudo a ele próprio) faria bem mudar de ares, até para que o Euro 2012 não lhe escape das mãos.

O meu plantel ficaria bastante reduzido (apenas 22 jogadores), pois a crise obriga a poupar nos salários. Ei-lo:

GUARDA-REDES: Artur e Mika

DEFESAS: Maxi Pereira, Luisão, Garay, Ansaldi, Ruben Amorim, Jardel, Miguel Vítor e Emerson

MÉDIOS: Javi Garcia, Witsel, Aimar, Gaitán, Bruno César, Nolito, Enzo Perez e Matic

AVANÇADOS: Cardozo, Saviola, Rodrigo e Nélson Oliveira


A próxima época deve ser, também, e desde já, preparada, apontando para as inevitáveis saídas de Gaitán (com bastante mercado) e Saviola (alto salário e fim de contrato), e para os regressos de alguns emprestados - eventualmente Sidnei, Carlos Martins, Urreta ou Franco Jara. Não creio que exista dinheiro para novas contratações, nem me parece, honestamente, que façam muita falta. Até porque a concorrência terá igualmente de desinvestir.

DO QUE ELES NÃO FALAM

1ª JORNADA, V.Guimarães-FC Porto, 0-1 (Olegário Benquerença)

Penálti muito duvidoso deu o único golo do jogo; mão de Rolando na área, não sancionada, nos instantes finais


2ª JORNADA, FC Porto-Gil Vicente, 3-1 (Rui Silva)

Expulsão poupada a Otamendi logo aos 2 min; penálti inexistente deu o empate; penálti por marcar, cometido por Sapunaru, já na segunda parte


3ª JORNADA, U.Leiria-FC Porto, 2-5 (João Capela)

No lance do terceiro golo, James parte em fora-de-jogo


4ª JORNADA, FC Porto-V.Setúbal, 3-0 (Marco Ferreira)

Primeiro golo precedido de falta de Belluschi sobre Nuno Amaro; fora-de-jogo mal tirado a João Silva


5ª JORNADA, Feirense-FC Porto, 0-0 (Bruno Esteves)

Penálti por assinalar por rasteira de Belluschi; amarelo por mostrar a Fucile



8ª JORNADA, FC Porto-Nacional, 5-0 (Cosme Machado)

Dois golos fora-de-jogo (2º e 5º), outro precedido de livre marcado ao contrário (3º); penálti por assinalar por falta de Álvaro Pereira sobre Mateus mesmo no final da primeira parte; fora-de-jogo mal tirado a Rondon



9ª JORNADA, FC Porto-P.Ferreira, 3-0 (Hugo Miguel)

Cartão amarelo poupado a Sapunaru


11ª JORNADA, FC Porto-Sp.Braga, 3-2 (Soares Dias)

Expulsão poupada a Álvaro Pereira logo nos primeiros minutos; fora-de-jogo mal tirado a Lima


12ª JORNADA, Beira Mar-FC Porto, 1-2 (Carlos Xistra)


Primeiro golo do FC Porto irregular, com Hulk, em fora-de-jogo, com influência no lance; segundo amarelo poupado a Hulk por simulação na área; fora-de-jogo mal tirado a Balboa







Em nove das treze jornadas, o FC Porto beneficiou de erros de arbitragem mais ou menos graves. É tão habitual que nem se nota. Mas não deixa que ser um cadastro a justificar, no mínimo, algum recato dos seus responsáveis - que há poucas semanas chamavam "heróis" aos simpáticos juízes.

CLASSIFICAÇÃO REAL

BENFICA-RIO AVE


O único caso a justificar análise nesta partida é o do suposto fora-de-jogo de Nolito no lance do seu primeiro golo.


Não creio que, estando os pés do jogador em linha, a cintura do jogador em linha, e porventura apenas um ombro em situação de fora-de-jogo (os braços não contam), e estando ele no lado oposto do campo ao do fiscal-de-linha, encoberto por três ou quatro jogadores do Rio Ave, possamos considerar estar perante um erro. Não é humanamente possível ter qualquer certeza sobre um lance daqueles em movimento rápido, e a regra deve ser beneficiar quem ataca. Até porque, se despirmos as camisolas, e virmos a coisa no abstracto, torna-se absurdo imaginar que exista qualquer vantagem adicional para o atacante que parte de um fora-de-jogo de milímetros. E o espírito da lei é justamente impedir essa vantagem.


Isto é válido aqui, como, por exemplo, também em Barcelos, onde o mesmo jogador teve uma situação semelhante, na altura muito criticada. Desta vez, o resultado não deixa margem a grande polémica, mas o princípio é o mesmo. Foras-de-jogo? Só quando existe certeza absoluta, e em lances como este tal não acontece.


Resultado real: 5-1 (mas quem quiser 4-1, que se sirva à vontade)



FC PORTO-MARÍTIMO


Apenas vi os últimos 15 minutos de jogo, e quando ouvi falar num penálti escandaloso sobre Belluschi, pensei tratar-se de uma rasteira violenta, um empurrão flagrante pelas costas, pensei, enfim, que tivesse acontecido algo parecido com uma dupla falta de Álvaro Pereira, no ano passado, em Vila do Conde, com um dos vários cortes com a mão de Rolando, em toda essa mesma temporada, ou com uma falta do mesmo Belluschi, não sancionada, no jogo com o Feirense.


Afinal, trata-se de um lance que só a repetição televisiva esclarece. Há um choque entre um jogador forte e um jogador frágil, e este cai espalhafatosamente. Aceito que seja penálti, mas erros daqueles têm existido às dúzias, muitos deles favorecendo o FC Porto, ou penalizando o Benfica. Erro? Sim. Escândalo? Nem pensar!


O mais curioso é que este tipo de situações ocorre quase sempre em vitórias do FC Porto. É muito, mas mesmo muito raro, vermos aquele clube perder pontos por via de erros de arbitragem, ao contrário do que acontece frequentemente com os seus rivais.


E Pinto da Costa, que há poucos anos recebia árbitros em casa nas vésperas dos jogos, e que pagava prostitutas aos mesmos após os jogos, devia, em nome do pudor, calar-se sobre o tema para o resto da sua vida. Vergonha, já sabemos que não tem. Mas não queira fazer-nos de idiotas.
Até porque o primeiro cartão amarelo a Roberge deixa também algumas dúvidas.


Resultado real: 3-0



ACADÉMICA-SPORTING


Daquilo que vi, dois lances justificam referência: uma alegada falta sobre Insua na área, e uma entrada violenta do mesmo jogador que justificaria expulsão.


No primeiro caso, não creio que haja motivo para penálti. É um lance dividido, o argentino cai, sem me parecer que exista intenção deliberada de o derrubar. Eu não marcaria, embora aceitasse decisão contrária.


A carga violenta do mesmo jogador não deixa dúvidas, e seria razão para explusão. Aqui sim, trata-se de um erro incompreensível do juiz da partida.


Sobre a expulsão de Elias, nada há a dizer. E também não creio que devamos embarcar em preciosismos no caso do lançamento que origina o golo do Sporting (efectuado cerca de vinte metros antes do local indicado) - ainda que se trate de uma situação irregular, que a passar-se com o Benfica teria sido certamente objecto de grande polémica.


Resultado real: 1-1



CLASSIFICAÇÃO REAL


BENFICA 35 (prejudicado em Braga)


FC Porto 33 (sem prejuízo ou benefício líquido)


Sporting 31 (prejudicado nas primeiras jornadas)

O MELHOR EM VINTE ANOS



Nunca, nos últimos 20 anos, o Benfica tivera tantos pontos à 13ª jornada. Mesmo considerando sempre três pontos por vitória, seria preciso recuar até 1990, com Eriksson (na segunda passagem por Portugal), para encontrar uma entrada mais triufante no campeonato, então com apenas 5 pontos perdidos em 13 jogos.

Essa marca será também ultrapassada caso o Benfica ganhe os próximos dois jogos (U.Leiria e V.Setúbal), pois em 1990-91 empatou com o FC Porto à 15ª ronda. Então, só na primeira passagem do treinador sueco, designadamente em 1983-84, poderíamos encontrarmos melhor: apenas 2 pontos perdidos em 15 jogos.

Já se sabe que o recorde é de Jimmy Hagan, em 1972-73, com 23 vitórias em 23 jornadas.

Diga-se também, como curiosidade, que as três temporadas de Jorge Jesus (inclusivamente a de 2010-11), são, a esta jornada, precisamente as três melhores dos últimos quinze anos.

O problema de tudo isto é que o FC Porto, mesmo em crise, não perde para o campeonato desde Fevereiro de 2010, e mantém um impressionante registo de 45 vitórias e 6 empates nos últimos 51 jogos.

BOAS SENSAÇÕES

Uma boa exibição, uma goleada, a liderança no campeonato. A noite de sexta-feira fez lembrar a gloriosa saga de 2009-2010, quando Coentrão, Di Maria, Ramires e alguns dos que ainda cá estão, atropelavam adversários, sucessivamente, a caminho do título. Até o adversário trazia boas recordações a esse nível.

Há alguns jogos que o Benfica, mesmo vencendo, não convencia. Também por isso, a partida com o Rio Ave, sendo a última antes da paragem natalícia, trouxe um conforto acrescido aos adeptos, renovando a confiança num grande campeonato. E se olharmos apenas para os pontos, este é já o melhor em duas décadas.

É preciso dizer que a postura do Rio Ave contribuiu para o espectáculo solto e entretido a que se assistiu. A equipa vilacondense nunca se fechou demasiado, nem mesmo quando se viu em vantagem, após uma primeira meia-hora de grande afirmação futebolística. Ficou a ideia de se tratar de um conjunto com excelentes avançados, sentindo, porém, dificuldades no sector mais recuado, sobretudo perante opositores velozes e criativos.

O Benfica reagiu bem ao golo sofrido, e teve também uma pontinha de sorte na forma como rapidamente, e ainda antes do intervalo, se colocou com dois golos à maior, fechando uma primeira parte de elevadíssimo nível. Ao fazer o 4-1 num dos primeiros lances do segundo período, os encarnados resolveram definitivamente a contenda, ficando apenas a dúvida acerca dos números finais da vitória. Marcariam mais um, já num período de alguma descompressão, acabando com o jogo, e levando a festa do relvado para as bancadas.

Na noite da Luz, há que destacar Nolito, claramente o melhor em campo. Não é um jogador para grandes adornos técnicos, tem um estilo por vezes demasiado voluntarista, mas não há dúvida de constituir um precioso reforço neste Benfica 2011-2012. Há algum tempo que justificava a titularidade – até pela notória quebra de forma de Bruno César -, e tendo-a, aproveitou-a muito bem, marcando posição para o futuro próximo.

Também Aimar (é já recorrente), e Saviola (este não tanto), se destacaram, dupla que igualmente marcou a temporada do último título. Cardozo marcou pelo terceiro jogo consecutivo, e pode dizer-se que, desta vez, ninguém destoou na orquestra de Jesus.

Quase não dei pelo árbitro, excepto quando, muito bem, assinalou a óbvia grande penalidade.

O Benfica lá segue, com 33 pontos em 13 jogos, realizando uma campanha impressionante, pelo menos em termos de eficácia. O problema é que o FC Porto, o tão criticado FC Porto, vai fazendo o mesmo, tendo apenas menos dois pontos que na época passada (embora aí com grandes ajudas da arbitragem), mais quatro que na anterior, e mais seis que no ano do último título de Jesualdo Ferreira. Mas na próxima jornada pode haver novidades.

É O ZENIT



Preferia o CSKA, mas como o bom é inimigo do óptimo...


EQUIPA TIPO: Malafeev, Anyukov, Criscito, Lombaerts, Hubocan, Shyrokov, Zyryanov, Denisov, Fayzulin, Danny e Lazovic TR: Luciano Spalletti

O SENHOR QUE SE SEGUE

Estes são os possíveis adversários do Benfica. A ordem é inversa à das minhas preferências.














AC MILAN (Itália)




ranking UEFA: 11º




campeonato 2010-11:




campeonato 2011-12:




estrelas: Ibrahimovic, Pato, Robinho




----------------------------------------------
































NÁPOLES (Itália)




ranking uefa: 57º




campeonato 2010-11:




campeonato 2011-12:




estrelas: Cavani, Lavezzi, Hamsik








---------------------------------------------


























OLYMPIQUE DE LYON (França)




ranking uefa:




campeonato 2010-11:




campeonato 2011-12:




estrelas: Michel Bastos, Lisandro, Gomis










---------------------------------------------














OLYMPIQUE DE MARSELHA (França)




ranking uefa: 14º




campeonato 2010-11:




campeonato 2011-12:




estrelas: Lucho, Valbuena, Ayew





---------------------------------------------



















BAYER LEVERKUSEN (Alemanha)




ranking uefa: 31º




campeonato 2010-11:




campeonato 2011-12:




estrelas: Ballack, Derdiyok, Schurrle






---------------------------------------------



















ZENIT DE SÃO PETERSBURGO (Rússia)




ranking uefa: 17º




campeonato 2010-11:




campeonato 2011-12:




estrelas: Malafeev, Bruno Alves, Danny





--------------------------------------------































CSKA DE MOSCOVO (Rússia)




ranking uefa: 15º




campeonato 2010-11:




campeonato 2011-12:




estrelas: Dzagoev, Doumbia, Vagner Love

CLASSIFICAÇÃO REAL

BEIRA MAR-FC PORTO

Não me custa a admitir que o FC Porto foi prejudicado em dois lances: um penálti cometido sobre Djalma, e um livre frontal em falta sobre Hulk.

É raro, mas acontece. Quase sempre sem consequências nos resultados. E Carlos Xistra tem amplo crédito na casa.

Há também a considerar um fora-de-jogo mal assinalado ao Beira Mar, que inviabilizou uma jogada de perigo já na segunda parte.

Resultado Real: 1-3


SPORTING-NACIONAL

Nuno Santos (P.Ferreira), Sony (Rio Ave), Nogueira (Feirense), Ivo Pinto (U.Leiria), Cardozo (Benfica) e Stojanovic (Nacional). Seis jogos do Sporting para o Campeonato (metade da prova, e últimos quatro sucessivamente)), seis expulsões de adversários, seis situações de superioridade numérica.

Jorginho e Talocha (Famalicão) e Elderson (Sp.Braga). Dois jogos da Taça de Portugal, três expulsões de adversários, duas situações de superioridade numérica.

Wesley (Vaslui). Um jogo da Liga Europa (no qual se decidiu o apuramento), uma expulsão de um adversário, uma situação de superioridade numérica.

O Sporting de Domingos já se habituou a jogar contra dez, e parece estar a gostar. Dos nove jogos referidos, ganhou oito, e só perdeu na Luz. Nos restantes onze jogos que disputou (sem a tal vantagem numérica), os números são um pouco mais modestos, incluindo duas derrotas e três empates.

Isto é grave, sobretudo se atendermos ao facto de grande parte das expulsões terem sido injustas. Voltou a ser assim, com um dos amarelos mostrados ao jogador do Nacional, que contrasta, aliás, com a impunidade que se tem visto (e mais uma vez se viu) para com João Pereira.

Não me lembro de outros casos deste jogo (só vi o resumo), mas o grande caso deste Sporting é mesmo esta estranha sucessão de expulsões.

Resultado Real: 1-0


MARÍTIMO-BENFICA

Por falar em expulsões, desta vez também o Benfica foi contemplado.

A origem esteve no excesso de cartões amarelos mostrados por Jorge Sousa, que foi penalizando ambas as equipas, e, além da própria expulsão, deixou o Marítimo sem meio-campo para a próxima jornada (curiosamente no Dragão).

Seguindo tão rigorosos critérios, aceita-se o segundo amarelo a Olberdan. A única dúvida reside em saber se o jogador madeirense toca efectivamente em Maxi Pereira, mas em movimento rápido seria impossível termos outra decisão que não aquela.

No lance que antecede um lançamento, que antecede o cabeceamento de Jardel, que antecede a grande defesa de Peçanha, que antecede o cruzamente de Nolito, que antecede o ressalto nas pernas do defesa do Marítimo, que antecede o remate final de Cardozo, há uma possível falta de Aimar sobre o guarda-redes. A acontecer, seria fora da área, pelo que o critério a considerar terá de ser mais lato. Mas dizer-se que o golo foi irregular por causa dessa possível falta soa a ridículo.

Resultado Real: 0-1


CLASSIFICAÇÃO REAL


BENFICA 32

FC Porto 30

Sporting 30

GOLO DE OURO

Perante um adversário que ocupava o quarto lugar da Liga, e que o havia derrotado poucos dias antes na Taça de Portugal, o Benfica tinha um importante desafio às suas capacidades, com a pressão acrescida das vitórias dos rivais na véspera.

Sem brilho, com sofrimento, e necessariamente impulsionado pela expulsão de um jogador madeirense na alvorada da segunda parte, o conjunto de Jesus acabou por se sair bem, triunfando onde certamente poucos o irão fazer, e partindo para uma fase do calendário aparentemente mais dócil – que, a imperar a lógica, o pode guindar à liderança isolada numa das próximas jornadas.

Foi o homem do costume, Óscar Cardozo, a resolver, quando o empate já ameaçava seriamente o horizonte encarnado. O paraguaio, depois de falhar uma oportunidade clamorosa ainda na primeira parte, acabou por se redimir, marcando pela segunda vez consecutiva, e garantindo três preciosos pontos.

Nessa primeira parte, o jogo fora extremamente equilibrado, com as duas equipas numa batalha constante pela posse da bola, procurando inventar espaços que as levassem às balizas adversárias. O Benfica teve quase sempre sinal mais, mas sem ideias suficientes para encostar o Marítimo à sua área, e impor a sua natural superioridade no jogo. O nulo aceitava-se ao intervalo.
Como disse, a expulsão ajudou bastante a equipa benfiquista. Embora o Marítimo não tenha aberto a porta à sua zona defensiva, nem desistido de lançar perigosos contra-ataques, o meio-campo passou a ser território exclusivamente encarnado. Javi Garcia impunha de tal forma a sua presença que Jesus até pôde prescindir de Witsel, incorporando mais uma unidade ofensiva.


Faltava abrir a lata, e foi preciso esperar até aos 85 minutos para que o domínio territorial se transformasse em vantagem no marcador.


O resultado acaba por premiar esse maior domínio, ajustando-se àquilo que foi o jogo.


Cardozo, pelo golo, e Javi Garcia foram os homens em maior destaque no Benfica, ao passo que Rodrigo, adaptado às alas, e Aimar estiveram abaixo das suas performances mais recentes.


Jorge Sousa exagerou nos cartões, penalizando indiscriminadamente ambas as equipas. O golo é absolutamente legal, pelo que não houve interferência no resultado.

MISSÃO CUMPRIDA



Num jogo sem história - entretido na primeira parte, tristonho na segunda -, o Benfica cumpriu o seu dever, e venceu a equipa mais modesta do grupo, alcançando com isso a desejada primeira posição.

Ganhar um grupo onde estava o Manchester United, não deixa de ser um feito. Mas também não podemos esconder que o grupo era, à partida, considerado acessível, e por muito brilhante que tenha sido a carreira do Basileia, creio que o Benfica e o Manchester teriam sempre obrigação de passar. Um cumpriu, outro falhou.

Nesta última partida o Benfica mostrou alguns dos pecados que têm marcado as suas últimas exibições. Poucas ideias, muitos erros. É uma equipa "tacticamente de nariz no ar, parecendo não ter noção dos perigos que corre". As palavras são de Luís Freitas Lobo, e definem, na perfeição, aquilo que tem sido este Benfica ultimamente.

Enfim, como a hora é de festa, vou tentar olhar apenas para o copo meio cheio, esperando, com fé, que a qualquer momento esta equipa solte a qualidade que tem, e me convença que a época irá acabar bem.

Individualmente gostaria de destacar Aimar e Witsel, bem como, uma vez mais, Artur. Quanto a Cardozo, fez aquilo que lhe competia, e deu mais uma vitória ao Benfica. Em sinal oposto está Bruno César, que está claramente em má forma, não justificando a titularidade.

Um conjunto de circunstancias estranhas, tanto em Amesterdão, como em Zagreb, atirou para a Liga Europa o meu adversário preferencial - o Ajax. Dos que restam, talvez escolhesse o CSKA, ou, em alternativa, o Marselha. A evitar, é claramente o Milan.

COM (QUASE) TUDO

Artur tem cartão amarelo e não deve fazer falta. Aimar, também amarelado, pode entrar na segunda parte se se tornar necessário. Sem Luisão, Garay, o terceiro da lista, não pode ser poupado. Maxi Pereira está suspenso. De resto...em força para ganhar o jogo, o dinheiro e o grupo.

A CHAMPIONS AINDA MAIS BELA

Há umas semanas atrás escrevi isto, no jornal "O Benfica":




"O início da temporada europeia trouxe de novo uma questão recorrente: devem ou não os adeptos de um clube apoiar os rivais do mesmo país, quando em provas internacionais?
Não será certamente o debate mais importante do mundo, mas não deixa de ter algum interesse, até para percebermos o que é efectivamente o futebol, e como viver da melhor forma esta paixão que, afinal de contas, nos une a todos.
A minha posição sobre o assunto nem sempre foi a mesma. Cresci com a ideia bem vincada de que, entre portugueses e estrangeiros, devia apoiar os portugueses, quaisquer que fossem as camisolas que vestissem, quaisquer que fossem as circunstâncias que rodeassem a ocasião. Tanto quanto me lembro, vivi assim as primeiras epopeias internacionais do FC Porto, nomeadamente a derrota na final da Taça das Taças, em 1984 (tinha eu 14 anos), e a vitória, três anos mais tarde, na Taça dos Campeões Europeus. Não chorei a primeira, nem festejei a segunda, mas recordo-me de, durante esses jogos, ceder às emoções manifestadas pelos narradores e comentadores televisivos, embarcando no apoio à equipa portuguesa.
Hoje não penso da mesma forma.
Embora entre um estrangeiro honesto e um português corrupto, não hesite em escolher o primeiro, nem sequer estão em causa os métodos - entretanto expostos - que levaram o FC Porto ao seu crescimento competitivo dentro e fora de portas. O que sinto não se limita ao FC Porto, estendendo-se a Sporting, e, mais recentemente, a Sp.Braga.
Creio que a representação nacional por excelência, aquela que une os portugueses em torno das bandeiras do seu patriotismo, é a Selecção Nacional, pela qual torço incondicionalmente. Os clubes representam-se a si próprios, e apesar de compreender a posição politicamente correcta de jornalistas que se querem isentos, não me parece que aos adeptos deva ser exigida tamanha magnanimidade.
Não sou nacionalista, mas sou patriota. Sou do Benfica, e, enquanto português, da Selecção Nacional. Em termos de futebol, ninguém mais me representa."









Em coerência, e sem complexos, não posso deixar de exprimir a alegria que senti com a passagem do Zenit (onde actuam quase tantos portugueses como no FC Porto), e do Apoel (onde actuam mais portugueses do que no FC Porto), pelo que deixo aqui o meu agradecimento a Danny, a Bruno Alves, a Hélio Pinto, a Paulo Jorge e a Nuno Morais, compatriotas nossos que prestigiam o futebol luso além fronteiras.




O Benfica é o único clube português na Champions. É também o que tem o mais rico palmarés na prova. É o passado, é o presente, e espero que possa ser também o futuro, até porque com esta eliminação, a fome (que alguns já vão sentindo, e confessando) tende a acentuar-se para os lados do Dragão.

AS CONTAS DA CHAMPIONS



Clique na imagem para a aumentar

A MINHA HOMENAGEM

Como mais vale tarde do que nunca, não queria deixar passar em claro a morte de um craque da minha infância.


Sócrates, com Zico e Falcão, formavam o meio-campo do célebre Brasil de 1982, que marcou toda uma geração de adeptos. Não terá sido a mais consistente equipa da história do futebol, mas foi decerto uma das mais belas, ou até a mais bela. Não me recordo de ver outra a praticar tão bonito futebol - recheado de toques de calcanhar, simulações, dribles estonteantes e passes sumptuosos, num festival de técnica digno de outro mundo.


Chorei a dor da derrota com a Itália de Paolo Rossi (outra grande equipa, embora nos antípodas daquele Brasil), que determinou o rumo de um dos melhores Campeonatos do Mundo de sempre. Talvez se possa até dizer que existiu um Futebol até ao dia desse jogo, e outro Futebol de então para cá. Terminou aí um certo romantismo da bola, uma certa poesia futebolística, para dar lugar ao realismo táctico e científico que hoje temos. Recordei essa partida aqui.


Sócrates era o capitão, e, talvez com a excepção de Zico, a mais brilhante estrela daquela constelação. Tinha, para além do futebol, uma intervenção cívica de relevo.


Fica a minha homenagem.


PS: Quis o destino que o desaparecimento de Sócrates coincidisse com o triunfo do seu clube, o Corinthians, no campeonato brasileiro. O “Timão” é também a equipa pela qual eu torço no futebol canarinho, pelo que a jornada foi duplamente emotiva.

CULPAS PRÓPRIAS

Uma grande equipa pode perder alguns jogos não decisivos. Uma grande equipa pode perder jogos decisivos contra adversários de nível igual ou superior. Uma grande equipa NÃO PODE perder jogos decisivos contra adversários inferiores.

O Benfica perdera a 5 de Maio, em Braga, um jogo que não podia perder. O Benfica voltou a perder, a 2 de Dezembro, no Funchal, outro jogo que não podia perder, ficando em ambos os casos arredado de competições importantes. Salvaguardando a dimensão histórica de cada uma das derrotas (a outra, obviamente, mais profunda e dolorosa), há uma certa similitude entre elas, nomeadamente quanto a questões de mentalidade competitiva, e é isso, continua a ser isso, que me incomoda enquanto benfiquista.

Neste caso porém, há um aspecto paralelo que não posso deixar de condenar. Jorge Jesus sempre disse que a Taça de Portugal era uma das prioridades. Também eu a considerava como tal. Não entendo pois como, numa eliminatória disputada fora de casa, perante o quarto classificado do campeonato, o Benfica se apresenta sem vários titulares. Por motivos diferentes, não alinharam de início, Artur, Maxi Pereira, Luisão, Javi Garcia, Aimar, Bruno César e Cardozo (sete titulares!), mas só o central e o ponta-de-lança estavam impedidos de o fazer. Porquê tanta poupança, quando nem sequer se jogara a meio da semana? Não sei, e, pelo que diz a imprensa, o presidente do Benfica também não sabe.

Admito que a Champions League, pelo prestígio e pelo dinheiro, seja, em tese, mais importante que a Taça de Portugal (ainda que esta valha um troféu). Já não entendo porque motivo ficar em primeiro lugar do grupo - com toda a relevância que já aqui destaquei, mas que o próprio Jesus desmentiu na flash interview de Manchester - pode ser razão para deitar fora a segunda prova do calendário nacional. Percebia a poupança perante um adversário de segundo escalão. Percebia a poupança se ainda estivesse em causa o apuramento na Liga dos Campeões. Poupar apenas porque é Taça, sendo Taça, parece-me um absurdo. O que é certo é que, sem todos aqueles jogadores em simultâneo, o Benfica não é, nem podia ser o mesmo.

Foi-se a Taça de Portugal (provavelmente oferecida ao Sporting), e com ela a possibilidade de terminar a época em festa. Como o Benfica não vai ser, seguramente, campeão europeu, e como a Taça da Liga não tem peso suficiente para salvar uma temporada, resta o Campeonato como barómetro do sucesso ou fracasso encarnado. Ou o Benfica é campeão, e tudo estará bem, ou perde o título e teremos um remake agravado da época passada, com consequências imprevisíveis. É esta situação de risco em que o clube ficou após a aventura (só posso chamar-lhe assim) madeirense.

Não me apetece falar muito mais do jogo. Acrescentarei apenas que a eliminação nem sequer me surpreendeu. Se Eduardo tivesse vestido a pele de Artur e salvo aquele chapéu, se o espantoso remate de Roberto Sousa tivesse batido na barra, teríamos uma sofrida vitória do Benfica, idêntica às de Aveiro, da Figueira da Foz, de Manchester e à da Luz com o Olhanense e com o Sporting. A sorte não dura sempre, e desta vez não havia Artur para fazer milagres. Previ, num comentário aqui feito após Old Trafford, que o Benfica chegaria ao Natal arredado da Taça e em terceiro lugar no Campeonato. Lamentavelmente, a primeira parte da profecia está cumprida. Quanto à segunda, veremos o que sucede no próximo domingo, no mesmo local.