LIGA DA MENTIRA

Não gosto de arbitragem, não gosto de falar de arbitragem, nem gosto que me falem de arbitragem. Nutro por isso o maior apreço de princípio pela posição do Benfica e do seu presidente, ao impor o silêncio do clube e de todos os seus profissionais sobre o tema.
Acontece que a negra realidade se está a sobrepor a essas louváveis intenções, e tenho muitas dúvidas de que o silêncio continue a ser, neste momento, a melhor forma de abordar a questão, pois nas suas asas está a cozinhar-se um campeonato amarrotado por uma gritante parcialidade - a fazer lembrar tristes tempos passados, quando as escutas ainda não tinham denunciado as práticas obscuras que levaram o FC Porto a tornar-se um clube ganhador.
Desde 2004 que não se via nada assim. Em apenas três jornadas, o FC Porto puxado para o topo com erros clamorosos cometidos pelos árbitros em todos os seus jogos, e sempre a seu favor, e o Benfica empurrado para baixo, com duas zelosas arbitragens logo nas duas primeiras jornadas. Resultado: a classificação completamente subvertida, instabilidade e cepticismo na Luz, e confiança renovada no Dragão. Já era assim nos tempos de Calheiros e Guimaro, foi assim que o monstro do norte cresceu e se tornou naquilo que é hoje.
Não era difícil adivinhar que o campeonato ganho pelo Benfica, as subsequentes mudanças na liga, e a vergonhosa impunidade da justiça no caso Apito Dourado originassem isto. As figuras são as mesmas, e só esperavam uma conjuntura mais favorável para voltarem a actuar em prol daqueles que, mafiosamente, as protegem. Como se percebe, desde as decisões do Conselho de Justiça até às convocatórias para a Selecção, o polvo “pintodacostista” está por todo o lado, apodrecendo o edifício do futebol português. À mínima folga, lá está ele a roer, a corromper, a sujar, como um cancro que espalha as suas metástases pelo corpo do paciente, levando-o à morte. Quando os crimes ficam impunes sabe-se o resultado, e estamos assim perante algo que se vai repetir enquanto Pinto da Costa se mantiver no futebol. Tal exige um combate feroz e incessante, e o silêncio não será, com certeza, a melhor arma.
Eu, pelo menos, não me calarei. Podem vir cá com Robertos que ninguém me tira a convicção de que o Benfica está em 11º lugar, e o FC Porto na liderança, em razão directa dos gravíssimos erros de arbitragem que ocorreram nestes jogos. E apelo à Benfica TV, ao departamento de comunicação do Benfica, ao site oficial do clube, para que façam os possíveis por manter uma memória viva de todos os casos que vão adulterando a classificação da Liga, pois cada uma dessas imagens valerá bem mais do que as mil palavras que eu, ou outro qualquer, possa escrever.
1ª JORNADA:
-Penálti arranjado por Paulo Baptista a 7 minutos do fim, dando a vitória ao FC Porto na Figueira.
-Lance idêntico na Luz, sem que fosse assinalada qualquer falta (e, neste caso, bem).
-Penálti óbvio sobre Javi Garcia (empurrão), a poucos minutos do fim, com o resultado em 1-1.
2ª JORNADA:
-Segundo e importante golo do FC Porto, à beira do intervalo, obtido num livre inacreditavelmente mal assinalado.
-Na Choupana, golo do Nacional após livre também mal assinalado.
-Livre à entrada da área madeirense que ficou por assinalar, após obstrução a Saviola.
-Penálti por marcar sobre Fábio Coentrão que daria o empate.
-Corte com a mão de um defesa do Nacional, dentro da sua área, sem que Pedro Proença tomasse a decisão que lhe competia.
- 12 (!!!!) cartões amarelos mostrados a jogadores do Benfica nos primeiros dois jogos.
3ª JORNADA:
-Duas irregularidades consecutivas no lance do primeiro golo do FC Porto, não sancionadas pelo mesmo árbitro (ex membro dos Super Dragões) que anulou um golo a Luisão, em Braga, no ano passado, por um ligeiríssimo toque na camisola de um adversário.
- Penálti claríssimo (o mais claro de todo o campeonato até agora) não assinalado na área portista, já perto do intervalo, com o resultado em 0-1.

Resultados reais:
Naval-FC Porto, 0-0
Benfica-Académica, 2-2
FC Porto-Beira Mar, 2-0
Nacional-Benfica, 1-3
Benfica-V.Setúbal, 3-0
Rio Ave-FC Porto, 1-1

Se considerarmos também o penálti por assinalar sobre Baba, no SP.Braga-Marítimo, o golo fora-de-jogo de Liedson na Figueira, e o penálti mal assinalado sobre o mesmo Liedson também nesse jogo, chegamos à seguinte classificação real:

BENFICA 7 pontos
FC Porto 5 pontos
Sp.Braga 5 pontos
Sporting 4 pontos

O Roberto tem pois as costas muito largas.

PRIMEIRO O ÓSCAR, DEPOIS O FILME E O INESPERADO HAPPY-END

Só o mais criativo dos argumentistas poderia imaginar uma situação como a que sucedeu ao minuto 22 do jogo de sábado na Luz. Roberto, o maldito, o proscrito, aquele que todos queriam ver pelas costas, voltava à baliza do Benfica, num momento delicado, como se um qualquer deus das coisas menores dissesse lá do alto, com um sorriso de gozo no canto do lábio: “Ai não o querem? Pois aí o têm!”.
Jorge Jesus remetera o espanhol para o banco, numa atitude óbvia de quem tem o dever de proteger a equipa e o próprio atleta. Novo erro comprometedor, e seria o treinador, ele mesmo, o alvo das críticas. A teimosia nunca é boa conselheira, e foi sem surpresa que Júlio César tomou conta da baliza.
Antes do filme já houvera um Óscar. Não de Hollywood, mas do Paraguai, pois logo aos três minutos de jogo o Benfica adiantou-se no marcador na sequência de um belo cruzamento de Gaitán (boa exibição), e de uma cabeçada certeira de “Tacuara”. Golo de Cardozo, o Benfica a vencer, tudo parecia indicar um regresso á tranquila normalidade das noites da época passada. Mal se sabia o que estava para acontecer.
Se fui um dos muitos que colocaram as mãos na cabeça ao ver o árbitro a puxar do cartão vermelho (não porque não se justificasse, mas pelas consequências que ele trazia), também fui dos que, alguns segundos decorridos, engrossaram a enorme onda de aplausos que acompanhou a entrada de Roberto em campo. Independentemente da opinião que se tenha sobre o jogador, naquele momento não era o nome A ou B que estava em causa, mas sim o Benfica e a sua baliza. Creio que foi com essa bela reacção do público da Luz (surpreendente para o próprio jogador) que o penálti começou a ser defendido.Falei do azar para explicar os resultados anteriores. Penálti à parte, terei de falar da sorte para comentar este. Um golo a abrir o jogo, e outro a fechar a primeira parte - após alguns minutos de demasiada ansiedade – foram estocadas muito duras num Vitória de Setúbal que, a partir de então, e em todo o segundo período, não conseguiu esconder o sentimento de que aquela não seria a sua noite.
O terceiro golo acabou com o jogo, e aí o Benfica, reduzido a dez, tinha duas alternativas: ou abria o campo e procurava uma improvável goleada, correndo riscos de sofrer um golo que recolocasse o Vitória na discussão da partida, ou trancava a sua zona intermediária, deixando o espectáculo morrer juntamente com o adversário, mas garantindo desde logo os imprescindíveis três pontos. Jesus optou, e bem, pela segunda hipótese.
Emoções fortes, vitória gorda, reabilitação de Roberto, regresso aos golos de Cardozo, boas indicações de Gaitán (e também, no curto período que esteve em campo, de Sálvio), e exibições de bom nível de Luisão e Aimar. Poucos benfiquistas esperariam tanto, ainda que, em termos colectivos, as coisas não atingissem (longe disso) o patamar de referência de quase toda a temporada anterior. O campeonato vai parar, e no dia 11, em Guimarães, então sim, os encarnados terão um verdadeiro teste de fogo. Nova vitória, uma boa exibição, e teremos o Benfica lançado na corrida ao Bi-campeonato. Com ou sem Roberto na baliza.
PS: Hleb já não vem para o Benfica. A parcela do (altíssimo) salário que teria de ficar a cargo dos encarnados saía fora do orçamento do clube, e o negócio gorou-se. É pena, mas olhando para o plantel do Benfica não me parece que Hleb fosse um reforço imprescindível.

ACTUALIDADES

AINDA O SORTEIO
Escrevendo a quente, a minha primeira reacção ao sorteio do Mónaco foi, como perceberam, de alguma felicidade. Talvez influenciado pelo factor Lyon – única equipa do pote 1 que abria algumas possibilidades de pontuar -, olhei para o grupo, e pareceu-me que as coisas podiam ter sido bem piores.
De facto podiam, mas mais a frio, e melhor documentado, tenho de confessar alguma preocupação com o equilíbrio que este grupo traz - o que para quem estava no pote 2 não é, necessariamente, uma boa notícia.
O Schalke 04 era, à excepção do Tottenham, o pior adversário que podia ter saído do terceiro lote de equipas. É vice-campeão alemão, tem o guarda-redes titular da selecção germânica (e um dos melhores, senão o melhor, do último Mundial), tem elementos capazes de desequilibrar no meio-campo e no ataque, contratou Raul (o melhor goleador de sempre da história da Champions, e ainda com muito para dar ao futebol), e eliminou o FC Porto há relativamente pouco tempo. Não é o Bayern de Munique, mas também não anda lá muito longe. Aqui, no pote 3, o Benfica não foi nada feliz.
O Hapoel é menos conhecido, mas nem por isso deixará de ser uma equipa difícil. Além do mais, obriga a uma viagem longa, e a jogar num estádio pequeno e de ambiente tremendamente hostil. O pior que o Benfica poderá fazer será desvalorizar este adversário, que até nem é propriamente um novato nas competições europeias. O primeiro jogo, com esta equipa israelita na Luz, deverá assim ser encarado como uma final, pois qualquer perspectiva de apuramento passa por essa indispensável vitória.

LIGA EUROPA
O Sporting está de parabéns pelo seu triunfo na Dinamarca. Mas de épica, esta jornada apenas tem os números.
O que se passou foi a simples manifestação de uma anunciada superioridade sobre um adversário de terceira linha, e o cumprimento, in-extremis, da obrigação de entrar na fase de grupos da Liga Europa. Esse apuramento foi concretizado com dificuldades que ninguém ousaria prever, fruto precisamente das insuficiências manifestadas pelo Sporting no jogo de Lisboa.
Mesmo nesta partida da Dinamarca, a exibição leonina foi tudo menos convincente. O conjunto de Paulo Sérgio viu-se bafejado pela sorte suprema de um golo obtido no último minuto da primeira parte, outro no último minuto da segunda, beneficiando pelo meio de um enorme frango do guarda-redes adversário, depois de sofrer longos minutos de total sufoco junto da baliza de Rui Patrício (mais uma vez o melhor em campo).
É claro que duas vitórias consecutivas ao minuto noventa dão moral a qualquer equipa. Isso mesmo vai ser explorado por responsáveis e adeptos do clube de Alvalade. Mas querer comparar este triunfo com (por exemplo) o do Braga em Sevilha, é comparar a beira da estrada com a estrada da beira.

HLEB
É dado como próximo do Benfica, e creio tratar-se de uma boa solução.
Lembro-me dele no Arsenal, onde mostrou um enorme talento. O sistema de jogo do Barcelona não o favorecia, e acabou emprestado ao Estugarda.
Se puder voltar a apresentar o nível que o notabilizou em Londres, estamos perante um grande reforço.

ROBERTO
Independentemente do valor que possa ter (que eu ainda lhe não vi, e do qual, como sabem, sempre desconfiei), não existe margem para arriscar mais na sua utilização.
O jogo com o V.Setúbal é crucial para a temporada do Benfica, e nova falha do guarda-redes espanhol poderá comprometer, inclusivamente, a própria imagem do treinador (até agora, salvo um artigo de Fernando Guerra, quase intacta), o que seria dramático para a equipa e para o clube. Mesmo que injustamente, novo erro de Roberto já não será atirado para cima dele, mas sim para cima de…Jorge Jesus, ou até para andares superiores. Isto é, sabendo-se como o mundo do futebol é volátil, e como o coração dos adeptos fervilha de emotividades pouco ponderadas, o risco que está sobre a mesa é o de deitar fora a criança juntamente com a água do banho.
Feche-se, portanto, desde já a torneira, e salvaguarde-se a tranquilidade do atleta e o investimento nele efectuado (um empréstimo para o mercado espanhol seria o ideal) retirando-o da baliza do Benfica. Neste momento, ou o Benfica 2010-2011 “mata” rapidamente Roberto, ou corre o risco de por ele ser “morto”. Não vejo aqui terceiras vias.

V.SETÚBAL
Para além de Roberto, também Javi Garcia, Ruben Amorim têm estado francamente mal. Para este jogo, seriam eles, quanto a mim, os sacrificados.
Cardozo e David Luíz não têm alternativas à altura, pelo que, apesar do fraco rendimento que têm apresentado, terão de continuar no onze titular.
Eis a minha equipa:

NÃO ÓPTIMO, MAS BOM

Só o Schalke 04 não seria convidado, mas tanto no pote 1, como no pote 4, as coisas correram bem. Tal não significa que os jogos sejam fáceis, pois qualquer um deles vai exigir o melhor Benfica.
Também o Sp.Braga tem boas hipóteses de passar à fase seguinte.

A RODA DA SORTE

Se fosse eu a escolher seria assim: Lyon, Benfica, Basileia e Cluj.
A evitar: Tottenham, Schalke (no pote 3) e Rubin Kazan (no pote 4).
No pote 1, se não puder sair o Lyon, que venham Arsenal ou Milan.

OLHE QUE NÃO!

Fernando Guerra é um dos mais prestigiados jornalistas desportivos nacionais, e é alguém que desde há muito me habituei a ler com total atenção e interesse, ou não se tratasse de uma referência para todos os que, como eu, mesmo que de forma totalmente amadora e desinteressada, gostam de escrever sobre futebol.
Recentemente tive a oportunidade de o conhecer pessoalmente, e à mesa comum de um almoço pudemos trocar impressões sobre variados assuntos relacionados com o mundo da bola. Reforcei a convicção de se tratar de uma pessoa bastante esclarecida e rigorosa no seu pensamento e nas suas análises.
Infelizmente, tenho de dizer que, no meu modesto ponto de vista, o seu último artigo n’A Bola (terça-feira) não corresponde à poderosa imagem que a sua carreira construiu. Para além da inegável qualidade formal que Fernando Guerra sempre coloca naquilo que escreve, tudo o resto neste artigo é um equívoco: desde o timing (criticar um treinador campeão após três derrotas parece-me muito pouco criterioso) ao conteúdo, passando pela estranha veemência e até por alguma falta de rigor. É verdade que cada um tem direito à sua opinião, mas, do mesmo modo, também me sinto no direito de me confessar desiludido com aquilo que li.
Deixando de lado a questão dos truques e das manhas (e Mourinho não as usa? e Pedroto não as usava também? e Alex Ferguson?), passemos então aos cinco pecados que Fernando Guerra aponta ao técnico encarnado:

1- Devo dizer que também não gostei de ver Jorge Jesus aos abraços com Pinto da Costa. Tratou-se, é certo, de um lapso de comunicação, fruto da simples e genuína forma de estar do treinador. Mas olhar para esse episódio como algo de grave, e capaz de pôr em causa o fantástico trabalho técnico realizado ao longo de um ano, parece-me, francamente, um absurdo. É óbvio que para um jornalista, a comunicação é um aspecto determinante. Para mim, enquanto adepto, devo dizer que me estou nas tintas para quem são os amigos pessoais de Jorge Jesus, se ele fala bem, se cospe no chão, se pinta o cabelo de amarelo ou de violeta, desde que o seu trabalho, enquanto profissional, me satisfaça. E não tenho dúvidas que a esmagadora maioria dos milhões de adeptos do Benfica está comigo.
2- Diz Fernando Guerra que Jorge Jesus fez constar o desejo de melhorar o contrato, antes ainda da conquista do título, entendendo isso como algo de muito reprovável. Não sei se efectivamente o fez ou não, mas se fez, fê-lo no pleno direito de um profissional ambicioso que, tendo consciência da quase perfeição do trabalho desenvolvido, achou que podia ser melhor remunerado. Jorge Jesus (que veio para o Benfica ganhar menos de metade do que auferia o seu antecessor) não tem obrigação de ser benfiquista, nem se espera que esteja no Benfica por paixão clubista. É um profissional que está a fazer pela vida, como qualquer outro treinador, de qualquer outro clube. Mourinho (o tal que é incomparável), por exemplo, exigiu a renovação do seu vínculo só por ter ganho um jogo ao Sporting. Como criticar Jesus por ter pedido (se é que pediu) aumento de vencimento quando estava à beira de dar um tão ansiado título ao clube onde trabalha?
3- Sou insuspeito para falar do caso Quim. Quem frequenta este espaço sabe que sempre tive admiração pelo guarda-redes, e nunca concordei com a sua dispensa, até porque me parecia que a questão da baliza benfiquista era, até ao início desta temporada, um falso problema (agora, infelizmente, tornado real). Aceito também que não tivesse sido elegante tratar o tema num programa televisivo, mas aí Jorge Jesus foi uma vez mais traído pela sua fraca oralidade, caindo na armadilha que, legitimamente, o jornalista lhe colocou. Mas, à semelhança do caso Pinto da Costa, também não creio que uma entrevista mal conseguida, um erro de comunicação, um momento de infelicidade, possa construir, ou destruir, a capacidade de um treinador. Mais do que saber comunicar com os jornalistas, a mim interessa-me que Jesus saiba comunicar com os jogadores. E isso, inquestionavelmente, ele sabe fazer. De qualquer forma, se a dispensa de Quim, e a insistência na contratação de Roberto, foram da exclusiva responsabilidade do técnico, terei de admitir aqui uma falha técnica. Em todo o caso, apenas uma falha, no meio de muitos acertos.
4- Interpretar um sorriso, em resposta a uma questão que não se quer abordar, como um acto de deselegância para com a entidade patronal, é algo que não lembra a ninguém. A versão que me contaram - e não foi Jorge Jesus - é a de que o FC Porto tentou mesmo contratá-lo, coisa que, olhando às práticas habituais de Pinto da Costa (veja-se Cristian Rodriguez, veja-se João Moutinho, veja-se Maniche, veja-se Jankauskas, e por aí fora), não custará muito a acreditar. Ter sido eventualmente o próprio técnico a sugerir que isso aconteceu (o que não deixa de ser uma interpretação abusiva) e, tacitamente, confessar não ter aceite o convite, não só não desrespeitaria o Benfica, como, pelo contrário, até, de certa forma, o valorizava. Só com uma grande ginástica mental se poderá, pois, ver nesta questão algum tipo de deslealdade.
5- É verdade que estive uns dias fora do país, mas desde o início do campeonato não ouvi, não li, nem me contaram que Jorge Jesus tivesse tornado público qualquer tipo de lamento pelas perdas de Di Maria e Ramires. Pelo contrário, ouvi-o dizer que se sentia orgulhoso pelas transferências, e admitir que fazia parte das suas funções valorizar os jogadores de forma a permitir ao clube a realização das mais-valias necessárias ao seu equilíbrio financeiro. Já ouvi, isso sim, críticas de benfiquistas em sentido contrário, apontando alguma passividade ao técnico quanto a esses dossiers.

Não acredito que Fernando Guerra se mova por critérios de simpatia ou antipatia pessoal quando escreve os seus artigos. Aceito, todavia, que a isenção total é uma abstracção, e que todos nós acabamos influenciados por este ou aquele facto, por este ou aquele episódio, do presente ou do passado, e tal acaba por se reflectir quando expressamos as nossas opiniões.
Neste caso, estou perfeitamente à vontade para defender Jorge Jesus. Não só não fui particularmente entusiasta da sua contratação (embora me tenha rendido totalmente ao fim de pouco tempo), como os meus contactos pessoais com ele se resumiram até agora a um simples e circunstancial aperto de mão.
Ao contrário de Fernando Guerra, acho que Jorge Jesus é um fantástico treinador, e enquanto benfiquista, espero e desejo que fique no clube por muitos e bons anos. E, convertido que estou ao seu valor, não serão duas ou três derrotas, nem mesmo a eventual perda de um campeonato, que me farão mudar de opinião. Como, de resto, também não é um mau artigo que arrasa um grande jornalista.

SORTEIO DA CHAMPIONS: ponto de situação

BENFICA TERÁ COMPANHIA

Um par de horas após a vitória bracarense em Sevilha, uma estação de televisão acompanhava os festejos na cidade dos arcebispos. O som era elucidativo: no momento mais alto do historial do clube gritava-se “slb, slb, filhos da p…, slb”.
Enquanto benfiquista, até podia entender aquele grito como uma homenagem à grandiosidade do clube da Luz. Afinal de contas é normal que os mais pequenos se coloquem em bicos de pés para desafiar os grandes. É natural que se lembrem deles quando se aproximam - ainda que ao de leve - da sua dimensão, do seu espaço natural. É assim em Braga, é assim noutras cidades também.
Justamente por prever que tal fosse acontecer, ninguém me poderá levar a mal que desejasse a vitória do Sevilha. Lá, ao menos, na Andaluzia, deixariam o Benfica em paz.
Mas não é só o lamentável comportamento da claque que me afasta do Braga. Na verdade, não suporto o treinador, não suporto o presidente, e ainda suporto menos o presidente da câmara e da assembleia-geral do clube. Alguns jogadores também não devem nada ao desportivismo, e, à excepção dos equipamentos vermelhos, tudo aquilo cheira mal, tudo aquilo cheira a Porto.
É interessante a questão do “politicamente correcto” patriótico. Será lícito exigir (ainda que moralmente) a um português que torça por uma equipa composta por 7 brasileiros, 1 uruguaio, 1 nigeriano, 1 peruano e apenas um, só um, compatriota? Não creio, e cada vez entendo este tema de forma mais liberal. A representação nacional para mim é a Selecção, e como tal (por muito que aprecie o Minho e o seu fantástico vinho verde), não tenho, nem quero ter nada a ver com este sucesso bracarense, assim como não estarei disposto a repartir com não benfiquistas as eventuais vitórias internacionais do meu clube – embora esteja absolutamente seguro de que não me passará pela cabeça, nesses doces momentos, lembrar-me de qualquer paróquia portuguesa, nem ouvir, no Estádio da Luz, cânticos acerca de qualquer outro clube que não esteja em campo naquele momento.
À margem de tudo isto, tenho de reconhecer a grande exibição do conjunto minhoto. Ganhou de forma categórica, mereceu o triunfo, e fez história. É uma equipa que já não me surpreende, tal como disse aqui antes da partida. Domingos Paciência, independentemente das questões de carácter, é um extraordinário treinador, e jogadores como Alan (pasmo como o FC Porto o perdeu), Matheus, Paulo César, Luís Aguiar ou Moisés são claramente de equipa grande, de equipa campeã. Creio que este Sp.Braga é manifestamente superior ao Boavista do título, que na sua altura teve a felicidade de aproveitar as quebras simultâneas de Benfica (a pior época da sua história), FC Porto (uma das piores dos tempos de Pinto da Costa) e Sporting (em fase de transição), para assim chegar à glória suprema. Além de que o Sp.Braga carrega em si uma cidade, coisa que não sucedia com a equipa do Bessa. É verdade que, nestas pré-eliminatórias, teve a sorte de encontrar Celtic e Sevilha em gritantes crises de forma, mas teve também o mérito de saber aproveitar as fragilidades alheias, coisa que a equipa andaluza – dando as favas como contadas – não parece ter-se preocupado em tentar fazer.
Agora segue-se a fase de grupos. O Sp.Braga tem assegurada presença no pote 3 do sorteio, o que, com alguma sorte, lhe pode proporcionar um grupo ultrapassável (por exemplo: Lyon, Shakhtar Donetsk e Zilina). Francamente, mesmo não me satisfazendo particularmente com isso, depois do que vi no ano passado, e pelo que se voltou agora a ver no Sanchez Pizjuan, já acredito em tudo. Até que o Sp.Braga conquiste o título nacional, e chegue aos oitavos-de-final da Champions.

PS: Não faço ideia se Jorge Jesus estará ou não feliz com este sucesso da antiga equipa. Mas factos são factos: os principais craques deste Sp.Braga chegaram ao clube pela mão do actual treinador do Benfica.

ESCRITA EM DIA

Saí para férias acabava o Benfica de conquistar o Torneio Guadiana, com duas goleadas, prometendo uma reedição da fantástica temporada 2009-10.
Desde então, na minha ausência, quatro jogos (incluindo a Eusébio Cup), quatro derrotas, perda da Supertaça, e pior início de campeonato dos últimos os 50 anos. Até custa a acreditar…
Vejamos então, jogo por jogo, assunto por assunto, tudo o que ficou pendente:

SUPERTAÇA: Soube do resultado quando, em final de tarde, seguia pela interminável auto-estrada que liga a Florida a Nova Iorque, deliciando-me com a música de Lou Reed, Leonard Cohen, Elliott Smith e outros produtos típicos da região. Uma pausa, um telemóvel, uma ligação à Internet, e a má notícia.
Dadas as circunstâncias, devo dizer que a frustração não resistiu a mais do que algumas milhas. À passagem pelo túnel de Lincoln (que abre as portas de Manhattan), já nem me lembrava do jogo, e só pensava em continuar as minhas – perdoem-me a imodéstia – estrondosas férias americanas. Até porque uma Supertaça não é mais do que…uma Supertaça.
Só muitos dias mais tarde, já em Portugal, num momento de ócio, me dei ao trabalho de ver os golos através do You Tube. Não vi mais nada, não li mais nada.
Disseram-me que o FC Porto mereceu ganhar, e é tudo quanto sei sobre aquele pobre evento.

ACADÉMICA: Foi já em terras algarvias que vi, pela televisão, num bar, a derrota frente à equipa de Jorge Costa. Tinha pensado deslocar-me a Lisboa para ver o jogo in loco, mas uma estranha e prenunciadora letargia impeliu-me a permanecer estendido por aqueles bandas.
Depois de uma primeira parte confrangedora, devo dizer que até nem desgostei dos segundos 45 minutos do Benfica, ao longo dos quais a equipa fez tudo o que podia para chegar ao golo. A derrota acabou por ser injusta, cruel e imerecida, e - tem de dizer-se - teve a mãozinha do árbitro.

NACIONAL: Vi o jogo com toda a atenção, e pelo que se passou na primeira parte fiquei convencido que seria apenas uma questão de tempo até o Benfica chegar ao golo. Se Gaitán ou Saviola tivessem marcado em duas ocasiões claríssimas então criadas, tudo poderia ter sido diferente.
Lamentavelmente, Cardozo e Roberto ofereceram a vantagem à equipa madeirense, e a partir daí as coisas complicaram-se. Sentiu-se a ansiedade das derrotas anteriores, e perante um adversário forte e organizado, num terreno difícil, não foi possível dar a volta.
Em três jogos oficiais o Benfica ainda não conseguiu ver-se um minuto que fosse em vantagem, como tanto gosta, e, tendo de perfurar defesas fechadíssimas, notam-se bastante as ausências dos flanqueadores da época passada.
Mais uma vez o árbitro teve influência no resultado, prejudicando claramente o Benfica, que assim acabou vergado a mais uma derrota francamente injusta.

ROBERTO: Parece-me um caso perdido, e ao insistir nele, Jesus corre o risco de perder também a equipa e a temporada.
Como sabem, nunca fui um entusiasta da contratação de um novo guarda-redes, muito menos por aquele preço, e tratando-se de um nome quase desconhecido e sem quaisquer referências abonatórias. Infelizmente tinha razão, e as falhas sucessivas mostram que alguém (Jesus? Rui Costa? a direcção? olheiros?) se equivocou totalmente ao supor que Roberto poderia valer 8,5 milhões de euros.
O empréstimo para o mercado espanhol seria, quanto a mim, a melhor saída para o caso, pois tranquilizaria o atleta, permitindo, quem sabe, recuperar mais tarde uma parte do investimento. Júlio César e Moreira não são foras-de-série, mas quer um, quer outro, têm condições para assegurar a baliza enquanto não for encontrada (provavelmente só em Dezembro) uma solução mais consistente.
Qualquer outra decisão raiará os limites da teimosia – a qual, como se sabe, nunca foi boa conselheira.

FUTURO: 6 pontos são 6 pontos, mas o futebol jogado nalgumas fases destes dois jogos, e a qualidade do plantel benfiquista, levam-me a pensar que nada está perdido. Há atenuantes (efeitos do mundial, arbitragens, adaptação dos reforços, falta de sorte, Roberto, etc) que explicam as derrotas, e o pior que se pode fazer é confundir a aleatoriedade de um desporto em que a bola por vezes não entra, com o trabalho que está a ser feito, com as opções que têm sido tomadas (ainda que nem todas correctas, como se vê no caso do guarda-redes), e com a competência das pessoas - precisamente as mesmas que levaram o Benfica ao título há poucos meses atrás.
Tenho chamado a atenção, aqui e em todo o lado onde posso fazer ouvir a minha voz, para os perigos das vendas mal calculadas de jogadores, para os consequentes efeitos no decréscimo de qualidade das equipas, e, por essa via, numa segunda fase, na própria capacidade de gerar receitas. Sempre disse que o Benfica não devia vender mais de dois jogadores, sob pena de, retirando demasiadas peças, desmantelar a máquina de futebol que deslumbrou na época passada. As saídas de Di Maria e Ramires, e os problemas sentidos para os substituir, já dão uma ideia daquilo que quis mostrar.
Mas o mundo é como é, e não como gostaríamos que fosse. O enorme investimento dos últimos anos obrigava à realização de algumas mais-valias, e assim sendo entendo como legítima a opção tomada (no caso de Ramires o clube nem terá tido escolha), e saúdo o esforço que foi feito para manter David Luíz, Cardozo, Coentrão e Luisão.
Talvez este Benfica, sem os seus alas (titulares da selecção brasileira e argentina) não possa ser igual ao do ano passado. Talvez tenha de procurar outras soluções tácticas, que levam tempo a consolidar. No entanto creio que continua, mesmo assim, a ter o melhor plantel do futebol português, e acredito que seja apenas uma questão de tempo até os resultados o evidenciarem.
O Benfica tem também tido azar. Muito azar. E esse azar não irá durar sempre.

FC PORTO: Ainda não vi nem um minuto de qualquer jogo dos dragões esta época, mas não é difícil perceber que, com a incorporação de Moutinho, e sobretudo com os regressos de Hulk, Ruben Micael, Varela, e a super-forma de Falcão e Belluschi, o conjunto de André Villas-Boas, tal como eu previra, aparecesse mais forte do que no ano passado. Decorridas as duas primeiras jornadas, e com os percalços do Benfica, parece ser óbvio considerar o FC Porto como o mais sério candidato ao título.
Isto não invalida que se diga que a vitória na Figueira da Foz foi manchada por um erro grave de arbitragem.

SPORTING: Sinceramente já lhe ligo tão pouca importância que nem sequer me satisfaço com as suas derrotas.
Vi o jogo com o Marítimo, e não me parece que os leões tenham jogado metade do que o Benfica jogou com a Académica ou com o Nacional. Tiveram a sorte do jogo, e venceram-no, recuperando algum ânimo, ao contrário do Benfica, que teve azar e perdeu. Mas uma equipa cujo dinamismo é alicerçado em jogadores como Maniche, Zapater ou Valdés, não é, não pode ser, candidato a coisa nenhuma.
É uma carta fora do baralho.

SP.BRAGA: Pelo contrário, a equipa bracarense tem mostrado argumentos para fazer uma temporada igual, ou até melhor, que a anterior.
É dos conjuntos mais cínicos de que me recordo, fazendo lembrar o FC Porto dos anos noventa, que mesmo aparentemente dominado, ganhava jogos em contra-ataques concluídos por Kostadinov e…Domingos. É terrivelmente eficaz, e dentro do estilo é do melhor que se vê por aí. Não fossem dois laterais pouco brilhantes, e diria estarmos perante uma super-equipa, fortíssima candidata ao título.
Não me admiro que resista ao Sevilha, e arrecade os milhões da Champions. Será o passo que lhe falta (além de um título) para ultrapassar definitivamente o Sporting como terceiro grande, e colocar-se no patamar de Benfica e FC Porto na disputa pelo trono do futebol português.
Em sentido inverso ao que sucede com o Sporting, cada vez me agasto mais com os jogos e as vitórias do Sp.Braga. Não esqueço alguns episódios da temporada passada, e ao lembrá-los não posso deixar de desejar, para esta terça-feira, boa sorte…ao Sevilha (cidade onde, curiosamente, estive faz amanhã precisamente uma semana). Até porque o Benfica, uma vez sozinho na Liga dos Campeões, encaixará a totalidade da verba relativa aos direitos televisivos para Portugal. Ou seja, até existe um poderoso álibi para, neste caso, colocar o patriotismo de lado…

CASO QUEIROZ: Faço parte do imenso grupo de portugueses que não aprecia o trabalho de Carlos Queiroz, e que o deseja ver rapidamente pelas costas.
Estou assim à vontade para dizer que a estratégia seguida pela FPF para evitar pagar-lhe a indemnização a que tem direito é absolutamente lamentável, e envergonha o futebol português e o próprio país.
Quando faltam 11 dias para o primeiro jogo do Europeu, “conseguimos” ficar sem seleccionador nacional. Espantoso!
Despeça-se o homem, mas pague-se aquilo que está no contrato, sem golpes, sem subterfúgios, sem “chitos”. E, de caminho, demitam-se todos também.

ARBITRAGEM: Fala-se de Roberto, de Jesus, da falta de Di Maria e Ramires, mas nada disto teria sentido se Cosme Machado tivesse assinalado o penálti sobre Javi Garcia frente à Académica (que faria o 2-1), Pedro Proença tivesse assinalado o penálti sobre Fábio Coentrão na Choupana (e há ainda uma mão suspeita, sem falar na falta inexistente de onde resulta o primeiro golo madeirense), ou se Paulo Baptista não tivesse inventado uma grande penalidade para dar a vitória ao FC Porto na Figueira da Foz a poucos minutos do fim, e João Capela não tivesse oferecido um livre à medida para Belluschi resolver o jogo com o Beira-Mar ainda antes do intervalo.
Contas feitas, e temos o campeonato completamente subvertido, já à segunda jornada, o que não pode deixar de preocupar os amantes da verdade desportiva. Será que a presidência portista na Liga já se está a fazer sentir?
Classificação Real: FC Porto 4 pts, Sp.Braga 4 pts, Benfica 4 pts e Sporting 3 pts.

VOLTO JÁ!

Chegou a minha hora.
Depois de uma última passagem pelo Estádio da Luz, partirei na quarta-feira para um período de férias, que se estenderá por cerca de 3 semanas.
Conto estar de volta por alturas da segunda jornada da Liga, e do sorteio da Champions. Para já, não posso prometer data certa.
Durante este período, espero naturalmente receber boas notícias: uma vitória na Supertaça (jogo que, infelizmente, é mais do que provável que não consiga sequer ver pela TV), um triunfo sobre a Académica (aí já poderei ver, pelo menos na TV), e nenhuma saída de jogadores.
Saudações a todos, e votos de um excelente Agosto, em particular aos benfiquistas.

A OPÇÃO 4-3-3

À CAMPEÃO!

Ora aí está o Campeão, mostrando a classe que o fez subir ao trono.
A primeira hora do jogo com o Aston Villa podia pedir meças aos melhores momentos do Benfica na temporada passada, tal a fluência do seu jogo ofensivo, tal a qualidade das acções individuais e colectivas. Foram os melhores minutos da pré-época, e revelaram uma considerável melhoria face às exibições de há um par de semanas atrás. Já o jogo com o Feyenoord nos oferecera uma segunda parte de alto nível, e esta final do Torneio Guadiana confirmou plenamente essas boas indicações.
Este não é um Benfica igual ao de 2009-10. Para além da mudança de guarda-redes, da aparente troca de pivot defensivo, e da integração progressiva dos jogadores presentes no Mundial, o sistema táctico destes últimos (e melhores) jogos tem sido um 4-3-3 que, salvo numa ou noutra situação pontual, não foi utilizado na época passada. Consequentemente, o modelo em que se alicerçam as principais acções ofensivas também regista diferenças.
Além do propósito de Jorge Jesus dotar a equipa de uma maior versatilidade táctica, concorreu para esta alteração também a perda de Di Maria, acrescida da ausência (definitiva?) de Ramires, e ainda da lesão de Nico Gaitán, factos que amputaram o conjunto das asas que lhe permitiam voar pelos flancos. Rapidamente o técnico encarnado descobriu outras soluções, e a incorporação de Jara (excelente jogador) na linha ofensiva, lado a lado com Cardozo e Saviola, permitiu, não só manter, como porventura aumentar, a capacidade do Benfica criar situações de perigo junto das balizas contrárias, como se viu nestes jogos diante de adversários bastante respeitáveis – ambos vergados ao peso de goleadas.
Aparentemente trata-se pois de uma variante com pernas para andar, ficando apenas por saber qual a composição definitiva do trio de meio-campo. É que se com Ramires todos os equilíbrios serão relativamente fáceis de manter, já sem o internacional brasileiro se levantam muitas dúvidas acerca da fiabilidade deste sistema, dado que quer Carlos Martins, quer Aimar não são muito dados a tarefas defensivas, deixando o pivot (Airton ou Javi) e toda a linha defensiva demasiado exposta.
Veremos então como evolui este Benfica nas próximas partidas, e sobretudo como se apresenta em Aveiro, para a Supertaça, já dentro de uma semana, encontro no qual não pode deixar de assumir algum (ainda que ligeiro) favoritismo. Para já, vão três troféus particulares na bagagem, podendo juntar-se-lhe um quarto já esta terça-feira.
Mas, devo dizer, tenho grande dificuldade em entusiasmar-me com esta equipa enquanto o mercado não tiver fechado as suas portas. Não adianta estarmos para aqui a dizer que este ou aquele aspecto está melhor, que a solução pode ser assim ou assado, e depois depararmo-nos com constantes notícias acerca de possíveis saídas de jogadores fundamentais. A perda de qualquer dos titulares da época passada representará um rombo na qualidade e nas aspirações do Benfica para 2010-11, e enquanto essa nuvem não estiver totalmente dissipada, nem sequer terei muita vontade de ir à Luz.