LÁGRIMAS E SUSPIROS

A final de Moscovo não decepcionou. Duas grandes equipas mostraram que a qualquer uma delas assentaria bem o título europeu, oferecendo a cerca de 150 milhões de pessoas um magnífico espectáculo de futebol.
Quando assim é, e tendo uma delas que vencer, o resultado teria naturalmente de ser acompanhado pelo drama. Como qualquer grande final que se preze, à euforia de uns corresponderam as lágrimas amargas de outros. É isto o futebol.
Antes da decisão final por penáltis, o jogo foi repartido, e disputado sempre a alta velocidade e com grande intensidade competitiva. Na primeira parte o Manchester dominou claramente, criando várias ocasiões para fazer o 2-0 e encaminhar desde logo o destino da Taça, acabando o golo do empate por surgir contra a corrente do jogo e de forma um tanto fortuita. No segundo período inverteu-se a tendência, com o Chelsea aparentemente mais fresco a assumir a partida, a empurrar durante largos minutos os “Red Devils” para o seu meio-campo, e a construir as melhores oportunidades. No prolongamento o jogo foi mais dividido, mas foram do Chelsea, ainda assim, os melhores momentos.
Chegou-se ao desempate final, e daí ficarão para a história os falhanços de Ronaldo – que injusto seria ser ele o réu – e sobretudo de John Terry, quando a conversão da sua penalidade daria a taça aos “Blues”. A defesa de Van der Sar a remate de Anelka decidiu tudo. O Manchester conquistou o título.

Independentemente daquilo que se passasse durante este jogo, terá de se admitir que ao longo da época o Manchester United foi efectivamente a melhor equipa da Europa. Aliás, já na temporada anterior tinha deslumbrado – lembram-se dos 7-1 ao Roma ? -, acabando por cair aos pés de um soberbo Kaká numas meias-finais surpreendentes. Esta equipa de Alex Ferguson é talvez o melhor Manchester de todos os tempos, e seguramente uma das melhores equipas da Europa dos últimos anos. Das poucas que alia a beleza do futebol praticado a uma capacidade competitiva notável. Este título europeu é pois um título justíssimo.
No seio de qualquer grande equipa da história do futebol, existe sempre um grande jogador. A estrela deste Manchester, a grande estrela do futebol europeu e mundial é efectivamente Cristiano Ronaldo, melhor marcador da liga inglesa, melhor marcador da Europa, melhor marcador da Champions, e o mais que se verá até final de um ano que leva já, inquestionavelmente, a sua assinatura a letras de ouro.
No mundo globalizado do futebol, onde os grandes jogadores rapidamente se tornam produtos de consumo mediático, acabando por vezes por se afastar daquilo que realmente sabem fazer – Ronaldo Lima, Ronaldinho Gaúcho, David Beckham, entre outros, são excelentes exemplos -, temo que Cristiano Ronaldo, agora com 23 anos, acabe mais dia menos dia por entrar pelo mesmo caminho. O dinheiro é muito, as formas de o ganhar também, as tentações estão atrás de cada porta, e verdade seja dita, ninguém é de ferro.
Se assim não for, se Ronaldo mantiver os pés assentes no chão, se mantiver bem viva a sua enorme paixão pelo futebol e a sua forte ambição, estou em crer que dentro de dois ou três anos estejamos perante um dos melhores jogadores do mundo, não apenas da actualidade, mas de todos os tempos, rivalizando com Pele, Maradona ou Cruyff. Caso contrário, poderemos ter apenas mais um rico e famoso membro do jet-set internacional. Que Cristiano Ronaldo decida bem.

2 comentários:

Anónimo disse...

"Cristiano ronaldo rivalizando com Pele Maradona e Cruyff", assim de repente recordo-me de uns 20 melhores que ele. O maradona fez o que fez com o pequenino Napoli..
Este ano é dele, mas não vamos ser nacionalistas ao ponto de comparar com esses soberbos.

Vasco

LF disse...

Para já não. Mas se continuar a evoluir como até aqui, pode perfeitamente apontar para isso.