O CANTO DA ÁGUIA
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Fernando Santos surpreendeu (ou talvez não…) colocando Nuno Gomes no banco. A aposta era na mobilidade e combatividade de Derlei, para um jogo em que, partindo em vantagem, era previsível dispor de espaços nas costas da defesa contrária – diga-se que o luso-brasileiro não foi brilhante mas trabalhou o suficiente para justificar a opção.
Já no final da primeira parte, quando o Benfica perdia por 1-0 e o medo começava a tomar conta dos adeptos, se tem que dizer que o resultado era injusto. Nesse primeiro período a equipa encarnada dispôs de três ou quatro ocasiões de golo, enquanto os romenos apenas criaram uma, na qual, com total eficácia, abriram o marcador – num lance onde é difícil apontar culpados na defesa encarnada, tal a rapidez da desmarcação de Munteanu. Para o segundo período o que fundamentalmente se temia era que a sorte virasse de vez as costas aos portugueses e as coisas se complicassem. Felizmente isso não sucedeu.
Sabia-se que caso marcasse o Benfica conquistaria uma vantagem praticamente decisiva na eliminatória. Com um golo logo nos primeiros instantes da segunda parte a equipa tranquilizou definitivamente – eis a importância das vitórias por 1-0 na primeira mão.
Para além da serenidade que a experiente equipa encarnada adquiriu,
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Viu-se então um Benfica com estofo, capaz de adormecer o jogo, deixá-lo morrer docemente, e de aproveitar os espaços concedidos na frente do seu ataque para construir mais alguns lances de perigo. A equipa da Luz esteve bem mais perto do 1-3 que os romenos do 2-2.
Nos momentos finais, com a eliminatória morta e enterrada mas mantendo-se a vantagem tangencial no jogo, o único motivo de interesse era a conquista dos pontos para efeito de ranking. Também isso correu bem.
Na equipa benfiquista o melhor voltou a ser Simão Sabrosa. Os golos resultaram de cantos apontados milimetricamente por si para entradas ao primeiro poste– lances que valeram já esta temporada golos em Alvalade e no Dragão -, e para além disso teve apontamentos de grande
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Os avançados Miccoli (de quem muito se esperava) e Derlei trabalharam muito mas não se pode dizer que tenham brilhado muito.
O Dínamo decepcionou um pouco nestes dois jogos. Não esqueçamos que esta equipa comanda com larga vantagem a liga romena, tem vários internacionais nas suas fileiras e não perdia em casa há quase um ano. Talvez o facto de se encontrar sem competir há algumas semanas tenha sido decisivo no pouco que mostrou e no desfecho da eliminatória – por exemplo Nicolescu, o ainda melhor marcador da Taça Uefa, praticamente nem se viu, e apenas o guarda-redes Lobont, recrutado à Fiorentina no mercado de Inverno, se exibiu em elevado nível.
A arbitragem foi boa.
Uma palavra final também para o Sp.Braga que, em jogo que não tive possibilidade de acompanhar, venceu categoricamente o Parma em Itália, repetindo o triunfo da primeira mão.
O Parma está longe dos tempos em que venceu provas europeias e discutiu títulos italianos – lembro-me da equipa de Zola, Brolin e Asprilla e de umas meias finais da extinta Taça das Taças em Lisboa com o Benfica, ainda antes de Rui Costa viajar para Florença – mas não deixa de ser uma equipa italiana com jogadores muito experientes, pelo que o mérito do Sp.Braga não pode ser minimamente beliscado. Assim de repente julgo ser este o seu mais significativo momento internacional de sempre.
Com o Tottenham vai ser difícil, mas o Braga pode e deve sonhar mais alto.
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