O PUZZLE SIMÃO

Apesar da sua presença no Centro de Estágios do Seixal, não é crível que Simão Sabrosa venha a acabar por permanecer no Benfica.
A entrega da braçadeira de capitão a Nuno Gomes, a sua não inscrição na pré-eliminatória da Champions, a sua não apresentação frente ao Bordéus, são indícios mais do que suficientes para termos a certeza que, no dia 1 de Setembro próximo, Simão já não estará na Luz.
O que aconteceu foi tão somente um adiar do processo de transferência para Valência ou outro lugar qualquer - o Chelsea libertou Damien Duff, pelo que não admiraria que voltasse à carga, e como sabemos, dinheiro por lá não é problema – com vinte milhões ou um pouquinho menos, com ou sem jogadores em troca (porque não insistir em Hugo Viana ?).
A verdade é que, basicamente, tanto Benfica como jogador desejam a saída.
Simão pretende, legitimamente, tentar a sua sorte num campeonato mais competitivo, e demonstrar que a experiência de Barcelona ficou para trás das costas, sabendo que esta é a idade ideal para dar o salto, e que se desperdiçar agora a oportunidade ela poderá não voltar a surgir.
O Benfica, por seu turno, necessita avidamente do dinheiro da transferência, até porque já contratou jogadores a contar com ele (para além das exigências bancárias, que obrigam a realizar regularmente mais valias).
Em termos meramente desportivos, se ele acabasse por ficar, Fernando Santos teria ainda um terrível dilema táctico para resolver, pois esta equipa está a ser edificada sem Simão, e integrá-lo nela não seria tarefa fácil.
Uma das hipóteses, mantendo o 4-4-2, seria Simão ocupar uma das posições de ataque, o que poderia ser uma boa solução na Champions, mas para a Liga Portuguesa não parece muito adequada (ainda assim seria a hipótese menos má). Outra seria o seu recuo para o meio campo, para o lugar de interior esquerdo, perdendo certamente grande parte da sua capacidade ofensiva, algo que ele seguramente não veria com muito bons olhos, pois o seu papel na equipa diminuiria de forma drástica. Restaria a hipótese de alterar de novo o esquema, voltar ao 4-2-3-1, desperdiçar todo o trabalho táctico da pré-época, ficando neste caso ainda a faltar um extremo direito. Penso ser de evitar em absoluto esta última possibilidade.
Assim sendo, neste momento é melhor para o Benfica que Simão saia, até porque, tal como o jogador, os responsáveis encarnados têm a noção que, com 26 anos, e após uma época em que realizou uma boa Liga dos Campeões e um bom Mundial, não será lícito esperar que de futuro venham a surgir muitas oportunidades de o transferir por valores da ordem de grandeza dos que têm estado à mesa das negociações.
Assim sendo, poderá não restar outra hipótese ao Benfica que baixar ligeiramente o valor pedido, a não ser que, por exemplo, Roman Abramovich possa ainda entrar neste jogo, e atirar os vinte milhões para cima da mesa. Seria o final feliz para todos, com juras de amor eterno de parte a parte.
Resta aguardar pelos próximos capítulos desta novela, a prosseguir possivelmente até final do mês da Agosto.
Apenas se lamenta é que tudo isto não tenha ficado em segredo, com o jogador a treinar normalmente com a equipa, nem que para tal fosse necessário "inventar" uma lesãozinha que o protegesse dos jogos da Liga dos Campeões. Neste aspecto jogador e direcção encarnada repartem responsabilidades.

11 comentários:

Rakal D'Addio disse...

Eu não tenho conhecimento de pelo menos metade do que vocês portugueses sabem sobre este assunto, basicamente porque são raras as notícias sobre futebol português aqui no Brasil.

Em função disso posso estar dizendo uma gigantesca bobagem, porém acredito que Simão ficará no Benfica por mais 6 meses, no mínimo, não vejo no mercado europeu um comprador, seja por interesse ou por inviabilidade financeira.

A única hipótese ao meu ver é uma nova negociação com o Valencia.

Abraços

Anónimo disse...

O Simão vai sair, isso parece-me claro, mas o que eu quero referir-me é á nova tactica que o engenheiro quer implementar: alguém acha que no futebol moderno, uma equipa pode-se dar ao luxo de ter 4 jogadores que practicamente não defendem (Micoli, Nuno Gomes, Rui Costa e Karagonis)??!!!!!!!!!!!!!!!!

Anónimo disse...

Rakal,
O Simão quer sair do Benfica, e o Benfica quer vender o Simão.
Assim sendo, é apenas uma questão de tempo e de...preço.
Os principais clubes portugueses estão muito dependentes dos "project finance" bancários, com que construiram os seus estádios para o Euro 2004. À luz desse contratos, têm várias imposições em termos de gestão, uma das quais é realizar receitas extraordinárias anualmente com a venda de jogadores.
O Benfica tem sido intransigente em pedir 20 milhões de euros, e já recusou 18 milhões do Liverpool em Janeiro passado, e agora 15 milhões + Di Vaio do Valencia.
O mais provável é ter de aceitar uma proposta um pouquinho mais baixa do que os 20 milhões, que de facto é difícil alguém dar da forma como o mercado está retraido.
O prazo de inscrições na Europa termina a 31 de Agosto, e até lá vai certamente haver novidades. Ou de Valencia, ou de Inglaterra.
A possibilidade de ele ficar mais seis meses existe, mas não parece, neste momento, provável.

Anónimo disse...

Brytto,

Penso que tens razão.

Todavia, para ser franco, apenas vi o jogo com o Sporting, pelo que não estou ainda em grandes condições para avaliar o desempenho individual dos jogadores.

Pelo que conheço deles, Rui Costa, não sendo um jogador de marcação, posiciona-se muito bem em processo defensivo, e nos seus melhores tempos recuperava bastantes bolas na saida do adversário para o ataque (é claro que agora, com a sua idade, já não vai tendo o mesmo fulgor). Quanto a Karagounis, também me parece um jogador com alguma cultura tactica, embora o pouco tempo que jogou na temporada passada nem sempre deixasse perceber as suas qualidades. Não é muito agressivo, mas sabe movimentar-se.
Penso no entanto, que faz falta mais um médio ao Benfica (tendo em conta a saida de Manuel Fernandes), que faça o lugar de interior esquerdo com maior agressividade e liberte mais Rui Costa.

Os avançados vão ter de aprender a jogar de outra forma.

É esse o trabalho que demora tempo, pelo que não se podem exigir resultados imediatos.
Ninguém me ouvirá uma crítica a Fernando Santos antes do mês de Outubro, altura em que eu espero já haver condições para as novas rotinas de jogo começarem a render frutos.

Continuo a pensar que este modelo é o que melhor se adapta ao plantel. Resta o plantel adaptar-se a ele.
Parece um paradoxo mas não é.

Anónimo disse...

Estou em total desacordo... Este sistema não se adapta ao plantel, aliás, a este plantel, não há sistema que se adapte... Mas o 4-2-3-1 ainda é o melhor sistema (pelo menos não é tão permissivo defensivamente). Este novo sistema, é o sistema do Porto de Mourinho, só que as pessoas esquecem-se que Deco, Costinha e Maniche nada têm em comum com Rui Costa (o actual e não o de Itália), Karagonis e Petit!...

Anónimo disse...

BRYTTO, estou em total desacordo, o Benfica com este plantel, pode jogar em varios sistemas tácticos, o guarda redes será o Moreira

4-4-2
Nelson,Luisão,Anderson,Léo
Katsouranis, Petit, Diego, Rui Costa
Micolli, Nuno Gomes

4-3-3
Nelson,Luisão,Anderson,Léo
Katsouranis,Petit,Karagounis
Rui Costa, Kikin, Nuno Gomes

4-2-3-1
Nelson,Luisão,Anderson,Léo
Katsouranis,Petit
Manu,Rui Costa,Paulo Jorge
Nuno Gomes

No meu ponto de vista, o que faz falta ao Benfica é dinamica, pois as tácticas e os nomes dos jogadores são segundarios, por esta razão é que os clubes ditos de pequenos fazem frente aos grandes, é na ocupação dos espaços a grande força do futebol actual, os jogadores têm de ter grande forma fisica, logo os clubes que tenham os niveis fisicos altos e jogadores com técnica acima da média, fazem as boas ou más equipas
Uma das diferenças é tambem a parte psicologica dos clubes e em particular dos grupos de trabalho,é a força de vontade em vencer,que transforma os clubes

Anónimo disse...

Concordo em absoluto com a segunda parte do comentário do Catn (quanto à questão da dinâmica de jogo).
Relativamente à primeira parte, acho que está a ser bastante optimista (Manu e Paulo Jorge são boas opções de banco mas não me parecem ainda em condições de entrar nas contas da titularidade, o que inviabiliza uma aposta forte em sistemas com extremos).

Ao contrário, o Brytto está a ser bastante pessimista.
O plantel do Benfica tem, já sem contar com Simão e Manuel Fernandes, 14 internacionais A de vários países !!!!
Se isto não é um plantel de qualidade, o que será então ?
O Porto de Mourinho foi uma das melhores equipas portuguesas de todos os tempos, pelo que não é comparável.
Mas por exemplo o Sporting de Paulo Bento, jogando neste sistema fez uma excelente época passada, e só não foi campeão devido aos pontos perdidos com José Peseiro.



Um sistema de 4-4-2 é adequado a um plantel que:

1- tenha pontas de lança móveis, capazes de criar perigo pelas alas (o Benfica tem Miccoli, Nuno Gomes, Mantorras e agora Fonseca).

2- tenha bons médios tipo "box to box" capazes de ocupar posições interiores, fazerem compensações defensivas e fecharem os flancos quando for caso disso (e o Benfica tem Katsouranis, Petit, e faltará um para substituir Manuel Fernandes - podia ser Hugo Viana, caso não estivesse incompatibilizado com Veiga -, para além de Karagounis, cuja condição física é uma incógnita, mas que é nessa posição que é mais forte).

3- não tenha extremos de profundidade (sairam Geovanni, Robert, Carlitos e em princípio também Simão)

4- tenha laterais ofensivos, capazes de sustentar o processo defensivo da equipa pelos corredores (o Benfica tem Nelson e Leo)

5- Tenha criativo em termos de construção, o chamado "numero dez", que assuma o vértice mais adiantado do losango (o Benfica tem Rui Costa que, não sendo o de há uns anos, não deixa de ser um jogador acima da média para a Liga Portuguesa)

Portanto acho que Fernando Santos viu muito bem, e há que lhe dar tempo para a equipa se ambientar a esta nova tipologia de jogo, nomeadamente ao nível das movimentações dos interiores e dos pontas de lança, tarefa na qual Petit, Nuno Gomes e talvez Fonseca, possam dar um incremento significativo.

Estou mentalizado para ter o Benfica a jogar bem apenas lá para Outubro, ainda a tempo de ser campeão.
Há que ser frio e realista, e não deitar fora o bebé junto com a água do banho.

Anónimo disse...

LF, penso que a ideia que faz passar, é que o Manu, o Paulo Jorge, o Diego e outros jogadores novos do plantel, não devem ser opção a titulares, o que discordo profundamente, os jogadores devem ser titulares independentemente da sua idade, mas sim da sua qualidade fisica, técnica, táctica e acima de tudo psicologica e dou um exemplo, no jogo contra o Deportivo da Corunha, via-se a vontade de jogar do Manu, a sua vontade de fazer mexer com o jogo e imprimir velocidade, via-se a vontade de nunca virar a cara á luta por parte do Paulo Jorge, quando entrou o Diego o Benfica passou a jogar mais perto da baliza adversária e criar uma instabilidade na defesa do Depor, para não fazerem faltas junto da área, pois o Diego é um grande marcador de livres

Eu penso que o Benfica necessita de ter em campo jogadores, que nunca virem a cara a bola e que lutem pelos resultados do inicio até ao fim dos jogos, estes sim irão fazer a diferença e serão o futuro da grande equipa que o Presidente fala

A juventude, a irreverência, a disponibilidade fisica e a mentalidade vencedora, fará do Benfica aquela equipa que todos queremos, pois eles sabem jogar á bola

Anónimo disse...

Nada tenho, como é óbvio, contra esses jogadores. Pelo contrário, desejo que se afirmem e façam uma grande carreira no Benfica.
Simplesmente parece-me que ainda terão de mostrar muita coisa (o que espero possam fazer) até os considerar, sem hesitar, opções para a titularidade.
Não os integro num lote onde ponho Luisão, Petit, Leo, Nuno Gomes etc, que são internacionais de créditos firmados, e deles sabemos já com o que contar.
É essa a diferença.
Para mim Diego, Manu e Paulo Jorge, são apenas esperanças, jogadores ainda pouco habituados à pressão de um grande clube e de grandes competições durante toda uma época, provavelmente com algumas deficiências de posicionamento e movimentação ainda por limar, e com muito a aprender.
Veremos se se transformam em realidades.
Assim o espero !

Anónimo disse...

Estou a escrever no intervalo do AEK-Benfica e já estamos a perder por 3-1, com o golo do Paulo Jorge e centro do Manú

Esta 1º parte foi jogada a 10 kilometros á hora e mesmo assim jogadores como Luisão, Ricardo Rocha não tiveram arte para deter o jogo ofensivo da AEK, o nosso ataque foi inofensivo e sem criar perigo, penso que nossa táctica não é 4-4-2, mas qualquer coisa como 4-1-2-2-1, pois o Manú está muito recuado, porque as suas caracteristicas, são para correr de trás para a frente com a bola controlada ir á linha e centrar

Estou triste e revoltado, pois não se ve empenho, caracter e personalidade da equipa

Do Karagounis nem falo.

Vejamos como será a 2º parte

Anónimo disse...

Foi pouco melhor...