A AMARELO
Concluído o Tour de France, aí está a Volta a Portugal. Na ausência de
futebol a sério, são as bicicletas que ocupam o seu lugar.
Paisagem, aventura, esforço, cores, dramas, mitos, povo, heróis e
alguns vilões, fazem do ciclismo um espectáculo maravilhoso. Parece feito de
encomenda para a televisão, proporcionando longas horas de transmissão directa,
conduzindo o espectador por montanhas e vales, como se ele próprio estivesse de
viagem. Doping? Existe em todo o desporto profissional, e esta é certamente a
modalidade mais controlada.
Enquanto amante de ciclismo, e enquanto benfiquista, não posso deixar
de me associar aos muitos que sonham com o regresso do clube às estradas, mesmo
sabendo quão difícil seria materializar tal sonho no imediato.
O ciclismo não vende bilhetes. Vive da publicidade, e custa dinheiro
(500 mil euros/ano, para uma equipa ganhadora a nível nacional). As empresas interessadas
em investir pretendem um nível de visibilidade que a marca Benfica – se a elas
associada – ofuscaria. A nossa última incursão neste mundo não correu nada bem.
Creio, porém, que o Benfica carrega esta dívida para com a sua
história. Ostenta uma roda no emblema, e deve grande parte da sua popularidade
a nomes como José Maria Nicolau, que levavam as camisolas vermelhas até aos
locais mais recônditos do país, quando nem sequer existia campeonato de
futebol.
Falta pouca coisa para que o nosso Benfica seja integralmente
devolvido àquilo que foi no passado. O regresso ao ciclismo poderia ser um
desafio para um dos próximos mandatos de Luís Filipe Vieira. Seria a cereja no
topo do bolo.