DESLUMBRANTE!

Entre Real e Barca, as minhas simpatias sempre penderam para os da capital. Ainda mais agora que contam com os serviços de vários portugueses, para além de um ex-benfiquista.
Essas simpatias são, no entanto, apenas isso mesmo: meras e indolores simpatias. Assim sendo, não deixei pois de me regalar com o magnífico espectáculo proporcionado pelo conjunto de Guardiola, que realizou uma das melhores exibições que me recordo de ver a uma qualquer equipa no mundo. Foram cinco, poderiam ter sido oito ou nove, tal a superioridade esmagadora evidenciada pelos catalães, que tiveram quase 70% de posse de bola, e criaram onze ocasiões de golo.
Um jogo não são jogos, pelo que o Real de Mourinho continua a ser um sério candidato ao título. Não esqueçamos que se trata de uma equipa praticamente nova, ao contrário do Barcelona, cuja maioria dos jogadores actuam juntos há já várias temporadas. Logo, a tendência será para as coisas se reequilibrarem.
O Real perdeu com o grande rival por 5-0. O Benfica perdeu com o grande rival por 5-0. O Real está a dois pontos da liderança. O Benfica está a oito pontos da liderança. Tivesse o Real Madrid sido prejudicado pelas arbitragens em seis pontos no início da temporada, e teríamos uma curiosa similitude entre as duas Ligas.

ESTE CLÁSSICO É QUE EU NÃO PERCO!

20.00h, Sport Tv

CLASSIFICAÇÃO REAL

Pela primeira vez, em doze jornadas, o FC Porto foi prejudicado num lance capital. É caso para gritar “aleluia!”.

FC PORTO-SPORTING
Como já sabem, não vi o jogo. O golo do Sporting, como já disse, é irregular (responsabilidade do fiscal-de-linha). Maicon parece-me bem expulso. No resumo a que tive acesso não foi mostrada mais nenhuma situação polémica.
Resultado Real: 0-1

BEIRA MAR-BENFICA
Um penálti claríssimo por assinalar, com o resultado ainda em branco, contrasta com o festival de apito que Bruno Paixão voltou a protagonizar – à semelhança daquilo que, desde há muito, nos vem habituando. A grande penalidade sancionada é, também ela, evidente.
Resultado Real: 1-4

SP.BRAGA-NACIONAL
O penálti que abriu caminho à equipa de Domingos é absolutamente ridículo. A sua conversão é ilegal, pois quando é feito o primeiro remate, já o jogador que faz a recarga está uns bons metros dentro da área. Lance duplamente irregular, a manchar o trabalho do árbitro, e a empurrar os bracarenses para a vitória.
Resultado Real: 1-0 (mas sem aquele primeiro golo…)

CLASSIFICAÇÃO REAL
BENFICA 31
FC Porto 28
V.Guimarães 20
Sp.Braga 16
Sporting 15

TOP-ERRO
1º SPORTING-V.GUIMARÃES (11ª jornada) Golo fantasma concedido pelo árbitro auxiliar, num lance em que a bola bate apenas na trave, e em que o guarda-redes vimaranense é empurrado, ele sim, para dentro da baliza. Resultado na altura: 1-0 Resultado final: 2-3
2º RIO-AVE-FC PORTO (3ª jornada) Rasteira clara de Álvaro Pereira a um avançado do Rio Ave dentro da área, a que Jorge Sousa fez vista grossa. Resultado na altura: 0-1 Resultado final: 0-2
3º NACIONAL-FC PORTO (5ª jornada) Murro de Rolando na bola dentro da área, que Bruno Paixão não quis ver. Resultado na altura: 0-1 Resultado final: 0-2

VIVOS!

Se a derrota sofrida em Israel havia deixado algumas interrogações no ar, e lançado muita inquietação para cima da família benfiquista, ter-se-á também de dizer, em nome da verdade, que a vitória de Aveiro forneceu abundantes e agradáveis respostas a quase todas essas dúvidas.
Desde logo acerca da união da equipa, e da sua vontade de ultrapassar o momento menos bom pelo qual tem passado. Percebeu-se isso na efusiva e emocionada comemoração dos golos, nos abraços finais de alguns jogadores ao técnico Jorge Jesus (como foi, por exemplo, o caso de David Luíz), mas, sobretudo, no sentido de solidariedade que se foi observando ao longo dos noventa minutos, em cada disputa de bola, em cada centímetro do relvado, e que contribuiu de forma determinante para que o Benfica tenha conseguido uma das melhores exibições da temporada - senão no sentido plástico do termo, certamente quanto à raça com que se decidiu a abordar o jogo, e a vencê-lo.
Não podemos desligar esta vitória de dois nomes que, por razões imponderáveis, haviam estado afastados da equipa ao longo de várias semanas. Olhando para a ficha do jogo, Óscar Cardozo será uma referência óbvia. Mas também Ruben Amorim teve papel fundamental na tarde-noite aveirense.
O paraguaio, com um penálti sofrido e superiormente convertido a fechar a primeira parte, com um golo de bandeira ainda na fase inicial da segunda, e uma assistência primorosa para Saviola marcar pouco depois (para além de mais um ou dois lances definidores da sua capacidade enquanto jogador de área), mostrou que é absolutamente imprescindível no ataque benfiquista, não dispondo de substitutos à altura – nem no plantel, nem, provavelmente, no mercado, ou pelo menos nos mercados onde o Benfica tem condições de se movimentar.
O médio português não fez uma exibição de encher o olho, mas a sua simples presença permitiu, por um lado, libertar Maxi Pereira para uma maior interacção nos lances ofensivos, e, por outro, resguardar Javi Garcia, dotando o meio-campo encarnado de uma consistência e de uma capacidade de pressão que nos últimos tempos pareciam perdidas. Preenchendo o flanco direito, possibilitou ainda o deslocamento de Carlos Martins para a sua verdadeira posição, onde, sobretudo durante a primeira parte, foi dos elementos mais em foco. Tratando-se do substituto natural de Ramires durante a época do título, Ruben Amorim era pois a peça que faltava para cumprir o papel anteriormente destinado ao internacional brasileiro (que chegou até, nalgumas ocasiões, a remeter para o banco de suplentes), coisa que, desafortunadamente, ainda não tinha sido possível comprovar de forma tão clara.
Com estes dois importantes regressos – Ruben não ocupava o seu lugar no meio-campo desde Agosto, e Tacuára não era titular desde Setembro – o Benfica mostrou, enfim, muito maiores semelhanças com aquilo que era a sua fisionomia normal na temporada passada. Só agora foi assim possível reproduzir tacticamente alguns dos aspectos colectivos que definiram a equipa campeã, o que, aliado a uma atitude competitiva feroz e determinada, foi suficiente para ultrapassar as circunstâncias adversas do jogo, entre as quais um penálti claro que ficou por assinalar quando o resultado estava ainda em branco. A equipa funcionou como um bloco, e mostrou capacidade física, táctica e mental para dar a volta aos receios que naturalmente sentiria, depois da amargura de uma derrota concludente e inesperada. E quando o colectivo funciona como tal, as estrelas emergem, resgatando o seu brilho natural. Foi o caso de Saviola, que finalmente se aproximou do altíssimo nível a que nos havia habituado durante a época anterior, mostrando uma vontade férrea de pôr fim ao cinzentismo que, inegavelmente, marcara as suas últimas prestações.
Com um colectivo mais equilibrado, e com muita vontade de vencer, não houve ansiedade que impedisse o Benfica de somar a sua sétima vitória em oito jogos do campeonato, e aproveitar o empate do FC Porto em Alvalade para se reaproximar do topo da tabela classificativa. Tendo o nosso adversário de se deslocar ainda à Luz, bem como, por exemplo, a Braga e ao Funchal, ainda resta algum espaço para o sonho. Sobretudo se, semana a semana, formos vendo a atitude competitiva que o Benfica demonstrou em Aveiro, com a qual não será fácil perder mais jogos nesta edição da Liga.
PS: A imbecilidade do repórter da TVI na flash-interview teve de Jorge Jesus uma resposta à altura. Já a entrevista a Saviola tinha sido recheada de tentativas de - talvez aproveitando o fraco domínio da língua portuguesa do argentino - causar dano no balneário encarnado. Depois seguiu-se a insistência perante o técnico. Mas o pior ainda estava para vir, com uma alusão disparatada às conferências de imprensa da Benfica TV, que fez cair a máscara ao personagem.

FUTSAL EM GRANDE

Sendo este um espaço sobre futebol, não deixo todavia de notar o feito que Benfica (detentor do título europeu) e Sporting (campeão nacional) conseguiram no Futsal internacional, qualificando-se ambos para a “final four” da principal competição europeia de clubes. Montesilvano, da Itália, e Kairat Almaty, do Azerbaijão, são os restantes apurados.
Espera-se que este duplo apuramento luso permita trazer de novo essa mesma “final-four”para o nosso país (Pavilhão Atlântico) e assim proporcionar ao público português mais um evento verdadeiramente espectacular – e sei do que falo, pois estive lá em Abril passado.
Esta modalidade, com equipas deste calibre, com pavilhões constantemente cheios de entusiasmo e vibração, começa a ser claramente a segunda nas preferências dos portugueses. E estranho bastante que o FC Porto continue a ignorá-la, não percebendo a força que tem, e adiando uma participação que, mais tarde ou mais cedo, terá certamente de equacionar.

CLÁSSICO EMPATADO

Por motivos pessoais não pude ver praticamente nada do Sporting-FC Porto. Vi um resumo com os golos, e li algumas coisas sobre o jogo, o que não é suficiente para manifestar uma opinião clara sobre o que se passou em campo.
Direi apenas que o resultado me agradou, e não me surpreendeu, sobretudo sabendo que o FC Porto jogou largos minutos com menos um elemento.
O golo do Sporting foi irregular, mas isso ficará para a rubrica habitual sobre arbitragem.

ONZE PARA LAMBER FERIDAS

UMA ANEDOTA, UM DESTINO

Confesso que me é extremamente difícil escrever sobre o que se passou esta noite em Israel.
Em primeiro lugar porque a dor é muito profunda. Mais profunda que a causada pela goleada do Dragão – ainda assim frente a um opositor forte e inspirado, e numa prova com trinta jornadas - ou por qualquer outra das muitas derrotas já sofridas nesta época.
Em segundo lugar porque, sinceramente, não tenho conhecimento concreto do que se passa com a equipa, nem dos motivos que levaram ao total destroçar físico, táctico e anímico do grande Benfica da temporada passada. Sem fazer parte do grupo de trabalho, sem assistir a treinos, sem conhecer o balneário por dentro, tudo o que pudesse dizer não passaria pois de mera especulação, e o meu benfiquismo, tal como o respeito pelos leitores, impedem-me de entrar por aí.
Os factos estão à vista: saída da Liga dos Campeões sem um único golo marcado fora, com dez golos sofridos em cinco jogos, e com o próprio terceiro lugar fortemente posto em causa. Enfim, uma vergonhosa realidade, sobretudo para um clube que - certamente no entusiasmo de um título nacional muito esperado - se anunciava como candidato a chegar longe na competição europeia onde escreveu as mais belas páginas do seu historial.
No momento em que não podia falhar, o Benfica tombou estrondosamente, quase anedoticamente, soltando uma atmosfera de dúvidas e inquietação a seu respeito, da qual será difícil ver-se livre a breve trecho. Na Liga dos Campeões não houve arbitragens hostis, nem frangos de Roberto. Houve sim uma equipa sem estofo, que, por tudo o que não fez, não merecia outro desfecho que não esta eliminação sumária e implacável.
Pode parecer presunção, mas decorriam os primeiros dez minutos de jogo, e, mesmo com os comentadores da Sport Tv a cantarem loas à atitude inicial do Benfica, percebi que as coisas iriam, provavelmente, correr mal. O Benfica mostrava então que jogava ao ataque, e fá-lo-ia durante todo o jogo (como atestam os mais de vinte cantos conquistados). Acontece que atacar não é, por si só, sinónimo de jogar bem, e o Benfica atacou sempre, mas atacou sempre mal, sem rasgo, sem velocidade, sem agressividade, sem inspiração, sem eficácia. Criou algumas ocasiões, mas mais por via das fragilidades do adversário, do que pelos méritos de um futebol bem arquitectado. Na verdade, a atitude da equipa foi, desde o primeiro instante, e independentemente dos espaços que percorreu no relvado (mais ou menos próximos da baliza adversária), marcada por uma estranha passividade, cuja origem desconheço (sobranceria? esgotamento físico? factores anímicos?), mas que não foi, infelizmente, caso virgem. Muitos dos problemas evidenciados nesta partida já tinham sido patentes em Gelsenkirchen, em Lyon, e até no Dragão, pois em todas essas ocasiões havíamos visto um onze demasiado aberto, demasiado macio, a querer mostrar uma arrogância que a sua condição actual não lhe permite, acabando invariavelmente perdido nos seus próprios equívocos.
Não sendo episódica, esta noite merece pois uma reflexão profunda, até porque não pode ser normal o Benfica perder 3-0 perante um adversário que nunca havia ganho qualquer jogo na Champions League. Importa perceber, por exemplo, porque razão Saviola – uma das principais figuras da época passada – quase deixou de jogar, arrastando-se penosamente em campo, sem lhe sair um passe, um drible, um remate. Importa também entender a quebra de Javi Garcia, sistematicamente desposicionado e displicente, ou a total indolência de David Luíz, que parecia, uma vez mais, estar a divertir-se uma partidinha de praia entre amigos.
Há muito pois para analisar internamente, mas importa perceber, neste difícil momento, que a época não acabou aqui. O Benfica tem de encontrar rapidamente motivação e arreganho para ganhar ao Schalke, e seguir para a Liga Europa, pois caso contrário a situação passará a ser trágica. E por muito optimismo que me possa esforçar por manter, creio bem que – a avaliar pelo que se tem visto - existem razões para temer o pior dos cenários.
Cumprem-se hoje precisamente onze anos sobre os 7-0 de Vigo. Isso faz-me também pensar que nos últimos 15 anos, só por uma vez (com uma dramática vitória sobre o Manchester United) o Benfica passou da fase de grupos da Liga dos Campeões. Eis outro tema para reflexão.

UMA NOITE À BENFICA!

Não há como vacilar. O jogo é mesmo para ganhar, sendo também a oportunidade, quem sabe derradeira, para ainda fazer desta uma temporada de sucesso.
Espero um grande Benfica. Um Benfica como aquele que encantava há poucos meses atrás. Um Benfica ganhador. Um Benfica campeão.
A hora é de campeões, e é para campeões. É a hora do Benfica.

O DITO POR NÃO DITO

Não estou muito interessado no Sporting-FC Porto, que provavelmente, por imperativos pessoais, nem sequer poderei ver.
Mas não deixo ainda assim de notar a espantosa declaração de José Bettencourt acerca de João Moutinho, que deita por terra a não menos espantosa teoria da "maçã podre", justamente nas vésperas de receber o FC Porto.
Além de revelar um sentido de oportunidade verdadeiramente canhestro, o presidente do Sporting volta a evidenciar um rumo zigzagueante, sem critério nem visão, que cola bem com o percurso da equipa de futebol em quase toda a sua vigência.
Não acredito que o Benfica chegue ao título. Mas também não acredito que o Sporting chegue ao segundo lugar. Assim, sem grandes preocupações classificativas, desejo, por uma questão de princípio, que o FC Porto perca o jogo (este, e todos). Só que, com este Sporting, com os exemplos que partem de cima, não acredito minimamente que tal aconteça.

PONTO DE SITUAÇÃO - Grupos E, F, G e H

CARA LAVADA

Na época passada estranhei muitas vezes o facto de Matheus não ser titular indiscutível no Sp.Braga. Os seis golos que leva já na Liga dos Campeões (incluindo as pré-eliminatórias) estão a dar-me razão: o brasileiro é, simplesmente, o melhor jogador da equipa de Domingos, e não creio que se mantenha lá por muito tempo.
Foi ele o rosto da surpreendente, mas justa, vitória bracarense sobre o Arsenal. É verdade que a equipa londrina se apresentou bastante desfalcada, e que, durante o jogo, ainda se viu privada de mais duas peças importantes por lesão. Ainda assim, esta vitória (a terceira consecutiva) não deixa de constituir um feito para a história do emblema minhoto, pois não é todos os dias que se bate um nome tão sonante no futebol internacional.
O apuramento é ainda matematicamente possível, mas só por milagre poderá concretizar-se. Resumindo: seria necessário que o Braga vencesse por quatro golos na Ucrânia (situação altamente improvável), ou que, em alternativa, o Arsenal perdesse pontos em casa com o modesto Partizan (o que também não é previsível).
Depois das goleadas iniciais, estas vitórias deixam o Sp.Braga de cara lavada na Europa, e ajudam Portugal a manter uma posição no ranking - que, em princípio, permitirá, dentro de duas épocas, voltar a apurar três equipas para a Champions.

PONTO DE VIRAGEM?

É em Israel, terra prometida a muita gente, que o Benfica vai decidir grande parte do seu futuro europeu na presente temporada.
É imprescindível ganhar, pois se o Schalke vencer o Lyon, só uma vitória permitirá ao Benfica acalentar fundadas esperanças para a última jornada. Há combinações de resultados que abrem espaço a um empate, ou mesmo a uma derrota, mas sendo ambas as partidas disputadas em simultâneo, não se conhecendo de antemão o desfecho de Gelsenkirchen, a atitude da equipa não pode apontar em mais nenhum sentido que não o do triunfo.
Não será fácil. Trata-se de um adversário aguerrido, que joga num ambiente extremamente adverso para quem o visita. Mas é justamente esta a oportunidade para o Benfica mostrar a sua força, força essa amplamente exibida na temporada passada, e ultimamente escondida atrás de muita intranquilidade. Este pode pois ser o ponto de viragem, não só neste grupo de apuramento, como em toda a época encarnada.
Equipa provável: Roberto, Maxi Pereira, Luisão, David Luíz, Fábio Coentrão, Javi Garcia, Ruben Amorim, Aimar, Carlos Martins, Saviola e Cardozo
Recordemos o ponto de situação face ao apuramento, olhando para os dois jogos que faltam disputar ao Benfica:

A SORTE PROTEGE OS...GRANDES

Enquanto se aguarda o sorteio da Taça de Portugal (quinta-feira), decorreu hoje o relativo à fase de grupos da Taça da Liga.
Com o alinhamento dos cabeças-de-série e dos restantes potes conhecido de antemão, a margem para surpresas era pouca. Benfica e FC Porto foram, ainda assim, bafejados com a sorte de jogar as meias-finais em casa.
São estes os grupos:

SEM SURPRESAS

Numa eliminatória sem surpresas, o destaque aqui da casa vai, com merecimento, para o grande Juventude da minha terra, que ultrapassou mais uma eliminatória (a quarta), com um dos resultados mais expressivos da ronda.
O clube eborense está assim entre os 16 melhores da competição, o que representa, para já, a sua terceira melhor carreira de sempre (chegou, por duas vezes, aos quartos-de-final, a última das quais em 1982). Nesta edição leva 4 jogos, 4 vitórias, e um impressionante 8-0 em golos. E agora que se siga um Juventude-Benfica, jogo que habita os meus sonhos desde a infância (as duas equipas nunca se encontraram em jogos oficiais de futebol sénior).
Nos outros jogos, há que mencionar a forma canhestra como o FC Porto ultrapassou o Moreirense, num jogo em que houve dois golos quase iguais (um para cada lado), mas só um deles contou.
Para já, estão apuradas as seguintes equipas: FC Porto, Sporting, V.Guimarães, V.Setúbal, Académica, Olhanense, Rio Ave, Leixões, Atlético, Torreense, Juventude de Évora, Pinhalnovense e Merelinense.
Faltam disputar três jogos, entre os quais o Benfica-Sp.Braga.

PREPARAR O FUTURO

A pouco mais de um mês da reabertura do mercado, a SAD encarnada tem o dever de olhar para o que resta da época, mas também, e desde já, para 2001-2012 - onde certamente não irá contar com David Luíz e Fábio Coentrão.
Deste modo, torna-se pertinente contratar, no imediato, um defesa-central e um lateral-esquerdo, esperando que o regresso de Urreta, e um devidamente adaptado Gaitán, possam, dentro de um ano, garantir a fluência do lado canhoto do ataque (esta temporada ainda resguardado pelo internacional vila-condense). Falta também um médio-direito capaz de fazer esquecer Ramires, cuja substituição não foi ainda, manifestamente, conseguida.
No que diz respeito a saídas, os jovens Roderick e Felipe Menezes necessitam jogar com mais frequência, pelo que a sua cedência já peca por tardia. A Luís Filipe e Weldon resta pouco espaço no plantel, podendo, também eles, ser emprestados até fim da época.
Quanto aos nomes a contratar, creio que o Benfica não deve ter grandes pruridos em investir (embora as escolhas tenham de ser certeiras). David Luíz e Fábio Coentrão valerão sempre, em conjunto, mais de 40 milhões de euros, e é na base dessas receitas previsionais que o Benfica pode, e deve, preparar atempadamente o seu futuro próximo. Isto se quiser mesmo voltar a suplantar o super FC Porto que se tem visto no presente campeonato.
No fundo trata-se de preparar o plantel com antecedência, de modo a que as inevitáveis vendas não destapem a competitividade da equipa. Afinal, aquilo que o FC Porto fez relativamente a Meireles e Bruno Alves (e não só), com os resultados que estão à vista.

A UTILIDADE DA NATO

Afinal a NATO ainda serve para alguma coisa: em vésperas de um jogo de vida ou de morte em pleno médio-oriente, tudo o que o Benfica não precisava era de uma eliminatória da Taça, contra um adversário difícil e hostil. Aliás, o Sp.Braga também não deve estar muito preocupado com o adiamento do jogo, pois espera a visita do outro Arsenal (o verdadeiro) já na próxima terça-feira.
Esta é assim uma jornada de Taça que fica manca do seu principal aliciante. Para mim, pessoalmente, as atenções estarão focadas no Juventude de Évora-Santa Maria, que, espero, represente o consumar da oportunidade para o clube eborense chegar ainda mais longe na prova, alimentando o meu sonho de o ver defrontar o Benfica.
De resto, poderemos também entreter-nos com as ligas estrangeiras (sobretudo a espanhola e a inglesa), onde as coisas andam cada vez mais quentes. Só este sábado, veremos desfilar pelos canais da Sport Tv: Arsenal, Manchester, Chelsea, Liverpool, Bayern, Real Madrid, Barcelona, Roma e Milan. Uma verdadeira parada de estrelas, numa longa maratona televisiva, mesmo a calhar com os constrangimentos da cimeira.

FALSAS QUESTÕES, FALSAS INTENÇÕES

Kardec marca um golo, e é criticado numa estação de rádio por não comemorar efusivamente.
No mesmo jogo, Nuno Gomes marca um golo, que aproveita para dedicar ao falecido pai, e mesmo assim estala a polémica pela forma efusiva como comemorou.
Em que ficamos?
Quando se pretende atingir a estabilidade de uma equipa, vale tudo. Desde a sobrancelha de Jorge Jesus, ao abraço entre dois ou três jogadores. Até parece anedota.
A verdade é que, desde há vários anos, não existe um único problema no balneário benfiquista. E se existe, é resolvido lá dentro, sem escapar um cabelo para a praça pública – e aqui reside o maior dos méritos do director-desportivo Rui Costa.
Nuno Gomes é um profissional exemplar, que mesmo remetido para uma menor utilização, nem por um momento expressou publicamente qualquer tipo de descontentamento – a menos que marcar golos, e festejá-los, possa ser entendido como tal.
Jorge Jesus é um técnico que não se perde em privilégios, amiguismos ou emotividades na hora de escolher a equipa, e tal como fez em relação a Mantorras, também não hesita em deixar o capitão de fora se entende que há jogadores em melhor condição física. Ainda bem que assim é.
Qual o problema então?
É simples: trata-se de aproveitar a ressaca da goleada do Dragão, para tentar minar o ambiente da Luz com insinuações rasteiras. Apenas isso.

FESTIVAL

Tinha aqui alertado para a dificuldade dos jogos de selecção motivarem o público, quando entalados no meio da acesa competição clubista. As 30 mil cadeiras vazias do Estádio da Luz deram-me razão.
Foi pena, pois esses 30 mil, entre os quais penitentemente me incluo, acabaram certamente arrependidos pela sua ausência ante um espectáculo que ficará para a história do futebol luso. Portugal cilindrou a campeã europeia e mundial, realizando a sua mais espantosa exibição dos últimos ano, e pincelando-a com momentos de arte só ao nível dos grandes intérpretes. Nem nos seus melhores sonhos Paulo Bento imaginaria coisa igual.
Não fosse a gula de Nani, e a desatenção de um fiscal-de-linha, e o resultado ainda podia ter sido mais amplo, não deixando de espelhar na perfeição aquilo que se viu no relvado, onde onze portugueses endiabrados fizeram gato-sapato da um conjunto espanhol a passear em cima da cadeira da sua consagração internacional.
A aposta no ex-técnico do Sporting está a ser um êxito total. Não esperava outra coisa de alguém que fez milagres com plantéis eivados de mediocridade, e agora tem à sua disposição grandes estrelas do futebol mundial. Bastou escolher os melhores, e, sem inventar, colocá-los nas suas posições. Até parece simples, mas não é para todos. A alegria desta selecção é incomparável com a equipa tristonha de Carlos Queiroz, sendo interessante observar que seis dos titulares desta noite nem sequer estiveram na África do Sul.
João Moutinho, Carlos Martins, Hélder Postiga (três dos que ficaram de fora do Mundial) e Cristiano Ronaldo foram as figuras em maior evidência, mas todos os que estiveram em campo foram brilhantes.
A produzir um futebol deste quilate, a equipa das quinas voltará rapidamente a aquecer o país, regressando às boas memórias de um passado recente que nos levou a uma final de um Europeu, e a umas meias-finais de um Mundial. As contas do Euro 2012 ainda estão complicadas, mas esta exibição escancara as portas da esperança.

FORA DE TEMPO

Gosto muito da Selecção Nacional, vibro desde criança com os Mundiais e os Europeus, e reconheço que uma larga fatia da história do futebol se escreve com as provas entre nações. Percebo também que os seleccionadores procurem utilizar as poucas datas de que dispõem para criar rotinas e cimentar os grupos de trabalho, e que as federações aproveitem para arrecadar algumas receitas extra.
Mas, honestamente, custa-me imenso a encontrar motivação para seguir com entusiasmo este tipo de jogos particulares, entalados no meio do fervor da competição clubista. Surgem invariavelmente como uma espécie de anti-climax face às fortes emoções do campeonato e das provas europeias de clubes. Creio mesmo que as próprias fases de qualificação deveriam decorrer em períodos específicos – por exemplo em Junho, ou na época natalícia -, para os quais as selecções pudessem estagiar e preparar-se cuidadamente, cativando as atenções generalizadas à semelhança do que acontece aquando das fases finais, e deixando a época corrente exclusivamente para os clubes. A proposta de Blatter (de dois jogos internacionais por mês) é, a este respeito, absolutamente inacreditável, indo precisamente no sentido contrário àquilo que é conveniente ao próprio futebol, e àquilo que, estou em crer, a maioria dos adeptos pretende.
Irei ver o Portugal-Espanha pela televisão… se não me esquecer.

CRAQUE À VISTA

Se lhe derem tempo, tenho poucas dúvidas de que está aqui um craque. E já andava com vontade de o dizer, mesmo antes destes dois golos, e da exibição extraordinária que protagonizou ante a Naval.
Tem um pé esquerdo genial, tem visão de jogo, velocidade, capacidade de drible em espaços reduzidos, e, como agora ficou demonstrado, também sentido de golo.
Falta-lhe rigor nas movimentações (sobretudo defensivas), alguma capacidade de choque, e um nível de confiança capaz de o fazer perder o medo de errar - aspectos que o tempo, o treino, e a sua vontade de aprender (tem apenas 22 anos), se irão encarregar de colmatar.
No meu ponto de vista é superior ao Di Maria de 2007-2008, e merece todo o cuidado da estrutura benfiquista, pois, tendo custado 8,5 milhões, é jogador para, dentro de dois ou três anos, valer o dobro ou o triplo.

CLASSIFICAÇÃO REAL

Não foi possível actualizar a classificação real na jornada anterior, pelo que, sucintamente, apresento agora o resumo de ambas as jornadas em conjunto:

SP.BRAGA-BEIRA-MAR
A grande penalidade pareceu-me forçada, não havendo mais casos a registar
Resultado Real: 1-3
FC PORTO-BENFICA
Ficou um penálti por marcar contra o Benfica, por mão de Sílvio. A expulsão de Luisão é justa pela intenção, mas o central brasileiro nem chegou a tocar em Guarin. No penálti assinalado, também não consegui perceber de que forma Coentrão derrubou Hulk, mas aceito que a falta possa ter mesmo existido.
Resultado Real: 6-0
SPORTING-V.GUIMARÃES
Inqualificável arbitragem (sobretudo de um dos fiscais-de-linha), que validou um golo irregular, inventou um outro em que a bola nem entra na baliza (para além de existir falta sobre Nilson), e só por sorte não subverteu totalmente o resultado final. Um caso que merecia atenção.
Resultado real: 0-3
V.GUIMARÃES-SP.BRAGA
A expulsão de Alan pareceu-me exagerada, mas o golo bracarense é precedido de fora-de-jogo.
Resultado Real: 2-0
ACADÉMICA-SPORTING
Péssima arbitragem de Soares Dias, não influenciando directamente o resultado, mas estragando, com um festival de apito à portuguesa, um jogo que até poderia ter sido bonito. Depois de tantas faltas, faltinhas e faltelas (apitou sempre que alguém caía), dar apenas 3 minutos de compensação roçou o absurdo.
Resultado Real: 1-2
BENFICA-NAVAL
Também com apito demasiado fácil (como quase todos os árbitros portugueses), Vasco Santos não teve, ainda assim, qualquer influência no resultado.
Resultado Real: 4-0
FC PORTO-PORTIMONENSE
Só vi um curtíssimo resumo. O Pénalti foi bem assinalado, e não conheço mais qualquer caso digno de nota.
Resultado Real: 2-0

CLASSIFICAÇÃO REAL
BENFICA 28 (eis a importância das primeiras jornadas...)
FC Porto 25
V.Guimarães 20
Sporting 15
Sp.Braga 13

TOP-ERRO
Nesta rubrica temos uma entrada directa para o primeiro lugar, fruto naturalmente do Sporting-V.Guimarães da passada jornada, e daquele misterioso lance que deu o 2-0.
1º SPORTING-V.GUIMARÃES (11ª jornada) Golo fantasma concedido pelo árbitro auxiliar, num lance em que a bola bate apenas na trave, e em que o guarda-redes vimaranense é empurrado, ele sim, para dentro da baliza. Resultado na altura: 1-0 Resultado final: 2-3
2º RIO-AVE-FC PORTO (3ª jornada) Rasteira clara de Álvaro Pereira a um avançado do Rio Ave dentro da área, a que Jorge Sousa fez vista grossa. Resultado na altura: 0-1 Resultado final: 0-2
3º NACIONAL-FC PORTO (5ª jornada) Murro de Rolando na bola dentro da área, que Bruno Paixão não quis ver. Resultado na altura: 0-1 Resultado final: 0-2

TERAPIA EFICAZ

Desfalcado de Maxi Pereira, Luisão, Javi Garcia, Carlos Martins e Cardozo, e na ressaca de uma derrota dolorosa, dificilmente se poderia esperar mais da exibição (e do resultado) do Benfica frente ao último classificado do campeonato.
Não creio que a primeira parte dos encarnados tenha sido tão pouco conseguida como se tem ouvido e lido por aí. Foram de Aimar as duas maiores oportunidades de golo nesse período, e se as juntarmos ao golo de Kardec, e a mais alguns lances de ataque bem gizados, teríamos matéria suficiente para que, à saída para as cabines, o resultado apresentasse números bem mais expressivos. É verdade que a Naval também podia ter marcado, mas no deve e no haver das ocasiões de perigo, o Benfica tinha já, no final dos primeiros 45 minutos, mais motivos para se queixar da sorte. Talvez uns 3-2, ou mesmo uns 4-2, fossem, nessa altura, as contas que melhor espelhavam o bonito jogo a que se assistia, com duas equipas à procura da baliza adversária, e empenhadas em proporcionar um bom espectáculo – cabendo aqui uma palavra de simpatia para a atitude positiva da Naval nesta sua visita à Luz.
Um golo logo no início da segunda parte foi o bálsamo tranquilizante de que a equipa de Jorge Jesus precisava para se soltar, para afastar fantasmas, e partir para uma goleada, que só não tomou maior amplitude porque o poste, e o guarda-redes adversário, não o permitiram. Depois de um “bis” de Gaitán – naquela que foi seguramente uma das suas melhores prestações desde que chegou a Portugal – houve ainda tempo para vermos o capitão Nuno Gomes regressar aos golos, marcando logo ao primeiro toque na bola, e mostrando que ainda está aí para o que for preciso.
O resultado de 4-0 não apaga totalmente os ecos da goleada sofrida no Dragão, mas contribui inegavelmente para o desinfectar de uma ferida que só um triunfo em Israel deverá cicatrizar em definitivo.
Há ainda que destacar a presença de mais de 31 mil pessoas na Luz, o que, dadas as circunstâncias, não deixa de ser assinalável.

ONZE PARA DOMINGO

UMA QUESTÃO DE HONRA

Escusam de vir com capas do Saviola.
A minha decisão está tomada, e não volto atrás.
Não voltarei a comprar um único exemplar enquanto a situação não for reposta: ou regressam os “gatos”, ou sai o Miguel Sousa Tavares, ou acabou-se “A Bola”.
E desafio todos os benfiquistas, sportinguistas, e defensores da liberdade de expressão, a fazerem o mesmo.

O FIM DE UMA LENDA

Hoje é um dia negro para o jornalismo desportivo português.
“A Bola”, que eu tinha como referência desde os meus 8 anos, que me habituei a ver como o jornal desportivo, que devotamente comprava dia após dia, deitou por terra anos e anos de história, tomando uma atitude que só pode envergonhar quem a dirige, e quem lá trabalha.
Sinceramente, tenho vontade de remeter para a casa de banho as páginas sobre os jogos do centenário (que fui guardando), repletas de magníficos textos sobre a democracia, sobre a liberdade e sobre a luta anti-fascista no desporto. Tudo aquilo deixou de fazer sentido num jornal que, 36 anos após o 25 de Abril, não resistiu à mais reles censura. Pior que uma censura política, uma censura de amigalhaços, uma censura saloia, uma censura que desrespeita milhares de leitores e o legado que homens como Ribeiro dos Reis, Cândido de Oliveira ou Vítor Santos edificaram na Travessa da Queimada.
Ricardo Araújo Pereira (que eu tenho o prazer de conhecer pessoalmente, e por quem tenho a mais profunda admiração enquanto humorista, cronista desportivo e cidadão português), e José Diogo Quintela (com quem nunca falei, mas, embora sportinguista, sempre respeitei, porque também ele, mesmo defendendo o seu clube, e atacando por vezes o meu, sempre se soube dar ao respeito), foram afastados do jornal. Sim, foram afastados, pois quando se corta o texto de alguém, está-se a apontar-lhe a porta da saída.
Tanto um como outro desmontaram perspicazmente, nos últimos meses, a colecção de incoerências, disparates e superficialidades que Miguel Sousa Tavares se entretém a escrever às terças-feiras nas mesmas páginas, e a reacção deste (que não sabe fazer mais nada na vida além de ser polémico e arvorar-se em dono de uma razão que quase sempre desconhece, vivendo, provavelmente bem, destas suas intervenções mediáticas, e dos medíocres romances que vai escrevendo) passou rapidamente da resposta para a calúnia, da reacção para o insulto, da discussão para a má educação (chegando a chamar-lhes cães rafeiros, entre outros vitupérios), nada ao nível daquilo que a sua mãe, e também o seu pai, nos habituaram enquanto pertenceram ao mundo dos vivos.
Esperava que, mais dia, menos dia, o próprio MST, em coerência com as ameaças que foi fazendo, ou pelo menos envergonhado com a forma como não soube encaixar as suas próprias insuficiências, abandonasse o jornal – afinal de contas o que fez Rui Moreira, num programa de televisão que também não lhe agradou. Mas esperava em vão, pois, ao contrário deste último, MST vive daquilo, e obviamente nunca iria largar o osso.
O que nunca me passou pela cabeça é que fosse “A Bola” a dirimir este conflito, e a fazê-lo da forma mais canhestra possível, premiando a má educação rasteira , em nome sabe-se lá de quê – amizades pessoais? vendas da terça-feira? outra coisa qualquer?
Envio um forte abraço de solidariedade para com a dupla de comentadores atingida por este acto censório, na certeza de que não demorarão muito tempo a encontrar um espaço mais merecedor do seu talento e da sua criatividade, onde, de imediato, estarei pronto para os voltar a ler. E lanço o desafio a Sílvio Cervan, Fernando Seara, Bagão Félix e Leonor Pinhão, para que reflictam sobre a sua presença num jornal que se prostitui desta forma, tornando-se assim, ele próprio, num jornal rafeiro, ao nível daqueles que protege.
Lamento, mas não vou voltar a comprar “A Bola”. Para Vítor Serpa (ou lá quem foi a alma que tomou esta estúpida decisão) não será importante perder um leitor. Mas para mim, é importante deixar de o ser.
Fica o texto censurado, de Quintela, no qual, diga-se, ele não chama "rafeiro" a ninguém:
"Na 3ª feira, Miguel Sousa Tavares insinuou que eu e o Ricardo Araújo Pereira costumamos corrigi-lo por ele ter sido o único convidado, além do Presidente da República, a não ter vindo ao “Gato Fedorento Esmiúça os Sufrágios”. O Ricardo desmentiu ontem essa tese de vendetta e julgo não ser necessário voltar a referir as inúmeras pessoas que também não aceitaram o nosso convite, pessoas que não costumamos corrigir. Talvez porque não tenham por hábito defender teses absurdas e incoerentes sobre o Apito Dourado. Por outro lado, há muita gente sobre quem costumo escrever e que foi ao programa. José Sócrates e Passos Coelho, por exemplo. Deve ser para lhes pagar o favor de terem aceite o convite. Acha MST que hoje diremos que o convite foi um erro e que não sabemos porque o convidámos. Acha também que sabe bem porque é que não aceitou. Engana-se.
Para já, não foi erro nenhum, sabemos bem porque o convidámos: para ele fazer o que faz aqui, mas na televisão, que é mais espectacular. Depois, palpita-me que ele já não sabe porque recusou: aquilo passou-se há um ano, tempo mais que suficiente para MST entretanto ter mudado a sua convicção.
Entretanto, pela segunda vez num ano, MST tenta intimidar-me por causa do que escrevo nestas crónicas. Em Janeiro pediu a Pinto da Costa para que me processasse. Desta vez, vitimiza-se e ameaça abandonar a sua crónica n’A BOLA, pretendendo que o Ricardo e eu sejamos responsabilizados pela sua saída. Depois das queixinhas, uma ameaça de amuo. Que birra se seguirá? Suster a respiração? Que outras traquinices tem MST em carteira para me sensibilizar?
Não gostava que MST deixasse de escrever aqui. Gosto de o ler. Quero que, entre outras coisas, continue a dizer que, quando Porto lhe pagou uma viagem, Calheiros estava reformado (a sério, não sei mais o que faça para desmentir isto. Trazer cá o homem? Se lhe pagar a viagem, de certeza que vem…). r isso, deixo-lhe um pedido. Faça às nossas crónicas o mesmo que faz com as fontes que cita: não as leia. Ignore-as. Finja que não existem, não responda. É um direito que o assiste. Olhe, até vem consagrado na 5ª emenda (que faz mesmo parte da Constituição, não é como a Declaração de independência). MST pode invocá-la. Evitará auto-incriminar-se.”

BOM SENSO

Dez pontos de diferença para um super-FC Porto são, efectivamente, demasiados pontos (e demasiado FC Porto) para se pensar a sério numa recuperação.
O Benfica não poderá nunca atirar qualquer toalha para o chão, mas terá sempre de manter uma apurada noção da realidade. E a realidade obriga a definir novos objectivos para a temporada, objectivos cuja busca possa andar de braço dado com a esperança.
Concordo por isso em absoluto com o Presidente da Assembleia-Geral, Luís Nazaré (que no plano desportivo, como noutros, mantém uma lucidez cada vez menos comum), quando defende que o Benfica deve olhar agora fundamentalmente para o segundo lugar. Não se trata de desaproveitar uma eventual oportunidade que surja para o milagre, mas sim de concentrar energias naquilo que pode realisticamente alcançar. Caso contrário, correria o risco de, perante um aumento da diferença pontual de 10, para 12 ou 14 pontos (algo que pode acontecer), se assistir a nova sessão de desestabilização, caça às bruxas e desmobilização geral.

APROVEITAR A OCASIÃO

Se a viagem a Angola, nesta altura da época, me fez, numa fase inicial, torcer o nariz, a verdade é que a goleada sofrida no Dragão acabou por fazer dela uma óptima oportunidade para serenar os ânimos.
Para além de todos os aspectos institucionais de que o Benfica não se pode demitir - e tanto Manchester United, como Real Madrid, se vêm também frequentemente forçados a submeter o seu plano de trabalhos aos interesses económicos de estágios na Ásia ou nos Estados Unidos -, esta viagem, longa e sem pressão competitiva, pode servir para unir o grupo, para reflectir tranquilamente sobre o que se passou, e recuperar a confiança perdida. Além de que, com vários jogadores castigados, este jogo irá permitir, por um lado, apresentar um onze digno e à altura da ocasião, sem desgastar demasiado a equipa; e por outro, dar ritmo a elementos que dele precisam, como Sidnei ou Ruben Amorim.
Assim, creio que, em Angola, o Benfica pode cumprir o seu dever de cooperação, ganhar dinheiro, ganhar moral, e também preparar o regresso ao campeonato.
Eis a equipa que eu apresentaria em Luanda: Roberto, Maxi Pereira, Luisão, Sidnei, Fábio Faria, Airton, Ruben Amorim, Carlos Martins, César Peixoto, Mantorras e Nuno Gomes. Substitutos: Moreira, Luís Filipe, Roderick, Felipe Menezes, Jara e Weldon.

RADIOGRAFIA À CRISE

Seria preciso recuar uma década para encontrar um início de campeonato benfiquista mais desacertado que o de 2010-11. Foi curiosamente com José Mourinho ao leme que, à 10ª jornada de 2000-01, os encarnados somavam 15 pontos perdidos, mais três do que no momento actual. De então para cá, não há época pior que esta.
As razões são muitas, e grande parte delas salta à vista. Por isso, o resultado do Dragão apenas surpreende pela gordura dos números, pois, na verdade, ninguém esperava outra coisa que não uma derrota, o que não deixa de ser estranho tratando-se de um, ainda, campeão nacional.

Não creio que Jorge Jesus seja o único culpado. Nem me parece justo esquecer que há exactamente seis meses era ele o grande herói da nação encarnada. As responsabilidades devem ser divididas, pois não só o desempenho individual de alguns jogadores roça o grotesco, como a preparação da época não foi devidamente cuidada.
Vejamos, ponto por ponto, o que correu mal ao Benfica:

1) CONSTRUÇÃO DO PLANTEL – Chamei várias vezes a atenção para os buracos que se poderiam abrir na equipa com as saídas de jogadores nucleares (necessariamente aqueles que tinham mercado). Acabaram por sair apenas dois (o limite máximo que sempre defendi), mas a verdade é que essas perdas não foram acauteladas com a entrada de novos jogadores. Se Gaitán era o anunciado substituto de Di Maria (até agora não mostrou sê-lo, e Urreta foi, estranhamente, emprestado), para o lugar de Ramires (vendido já sobre o início da competição) não chegou ninguém, o que acabou por ser um rombo nos mecanismos colectivos da equipa. Em futebol não há milagres, e quando se vendem os dois melhores jogadores não se pode esperar que uma equipa mantenha o mesmo nível. O FC Porto vendeu aqueles de que já não necessitava, e para os quais dispunha de alternativa. O Benfica vendeu os de maior influência, e destapou o onze. Eis a diferença.
2) FC PORTO SUBESTIMADO – Depois de uma época menos conseguida, mas onde a questão do túnel foi transformada em argumento único, era de esperar um FC Porto com o orgulho ferido, e disposto a tudo para voltar a vencer. Acresce que Hulk e Varela eram dois reforços de peso, que praticamente não haviam jogado na segunda volta da temporada anterior. Mas tudo isto foi menosprezado na Luz, onde talvez se tenha pensado que novo título cairia automaticamente do céu.
3) EFEITOS DO MUNDIAL – O Benfica foi a equipa portuguesa mais representada na África do Sul, e é inegável que jogadores como Óscar Cardozo, Maxi Pereira, Ruben Amorim e, na fase inicial, também Luisão, sentiram sobremaneira a falta de uma pré-época normal. Também os mecanismos colectivos da equipa sofreram com a ausência de elementos determinantes no trabalho quotidiano. Não é desculpa para a fase actual do Benfica, mas terá sido um problema real nas primeiras jornadas.
4) EXPECTATIVAS INDIVIDUAIS – Vendidos Di Maria e Ramires, também David Luiz, alvo de propostas milionárias, terá pensado que tinha chegado a sua hora. Ficou, e a avaliar pelo que se tem observado em campo, mais valia não ter ficado. Compreende-se que este seja um aspecto difícil de gerir pela SAD, mas talvez com uma renovação mais célere do contrato do jogador fosse possível fazê-lo encontrar a motivação perdida. Cardozo poderá ter sido outro caso idêntico, pois mesmo antes de se lesionar, já o seu rendimento nada tinha a ver com o da época anterior.
5) EXPECTATIVAS COLECTIVAS – A forma avassaladora como o Benfica passou pelo último campeonato terá criado no estado de espírito de todos - a começar pelo próprio grupo - um sentimento de triunfalismo e de dever cumprido que não ajudou nada a enfrentar uma época em que os desafios seriam necessariamente mais difíceis. Em vez de se preparar uma guerra, preparou-se uma festa de consagração, e o resultado está à vista. Aqui o Benfica tem muito a aprender com o FC Porto - que, seja em que circunstância for, consegue sempre encontrar motivação e força mental para reagir da forma mais adequada. O hábito de vencer também ajuda.
6) ADAPTAÇÃO DOS REFORÇOS – Roberto foi um caso gritante, mas também Jara (com boas indicações na pré-época) e o próprio Gaitán, deram mostras de maior dificuldade de integração do que aquilo que porventura se esperaria. O guarda-redes é um jovem e vinha de uma equipa pequena. Os avançados, igualmente jovens, chegavam oriundos de um futebol totalmente diferente. Os primeiros resultados ressentiram-se destas dificuldades de adaptação, sobretudo as sentidas por Roberto, responsabilizado pela derrota ante o Nacional.
7) ARBITRAGEM – Na goleada do Dragão nada há a dizer do árbitro. Mas enquanto este campeonato durar não me irei esquecer dos jogos com a Académica, com o Nacional e com o V.Guimarães, que significaram nove dos doze pontos perdidos pela equipa da Luz. Desses nove, pelo menos quatro tiveram assinatura directa dos juízes, o que deu à classificação uma tonalidade totalmente subvertida, sobretudo se conjugada com as arbitragens verificadas nalguns jogos do FC Porto (Figueira da Foz, Vila do Conde, Choupana, etc). Os níveis de confiança de Benfica (e FC Porto) poderiam ter tido uma evolução substancialmente diferente, e a história podia ser outra.
8) FALTA DE SORTE – Depois de uma exibição fantasmagórica quase parece uma heresia falar em sorte ou azar. Mas se nos lembrarmos da segunda parte do jogo com a Académica, ou da primeira parte da Choupana (Guimarães foi um caso diferente), verificamos que aquele início comprometedor podia ter sido bem mais tranquilo com uma pontinha de felicidade.
9) LESÕES – Durante toda a época passada o Benfica praticamente não foi afectado por lesões, e pôde sempre apresentar-se na sua máxima força. Nesta temporada, as lesões de Cardozo e Ruben Amorim revelaram-se golpes duríssimos para a equipa, sobretudo se tivermos em conta que o médio português seria, à partida, quem melhores condições tinha para disfarçar a ausência de Ramires. Também Cardozo - Kardec que me perdoe - não tem alternativa à sua altura no plantel...nem no mercado.
10) MÁ FORMA DE ELEMENTOS CHAVE – Saviola foi uma das armas principais em quase toda a temporada anterior. Javi Garcia foi o pêndulo do meio-campo, que permitia a liberdade de que os criativos necessitavam para explodirem. David Luíz era a alma da defesa. Estes três jogadores, por motivos que desconheço (sobretudo no caso dos dois primeiros, pois do central já aqui se falou) têm passado totalmente ao lado da temporada. Sem Ramires, nem Di Maria, com Cardozo e Ruben Amorim lesionados, e este trio ainda “de férias”, qualquer semelhança com o Benfica 2009-10 seria pura coincidência. Restam Coentrão, Luisão, Aimar e Carlos Martins, aqueles que, ainda assim, têm conseguido limitar os danos.
11) RIGIDEZ TÁCTICA – Mais do que a aposta neste ou naquele jogador, para esta ou aquela posição (e no Dragão houve demasiados erros de casting), creio que as culpas de Jorge Jesus no cartório da temporada se centram na incapacidade para desenvolver uma alternativa de jogo que levasse em conta os jogadores saídos e os jogadores entrados. Com Ramires e Di Maria o técnico encontrou rapidamente o modelo ideal. Sem eles, passados 16 jogos oficiais, não foi capaz de o fazer. O Benfica tem, ainda assim, um excelente plantel, e com alguma maleabilidade creio que será possível traduzi-lo numa grande equipa, versão dois. Mas até agora, neste aspecto, Jesus falhou.

Este é o diagnóstico do problema. Penso que a solução passa ainda - é claro - por Jorge Jesus, pela definição de novas metas (2º lugar, Taça de Portugal, Oitavos da Champions e Taça da Liga), pela pacificação em torno da equipa, pela recuperação de Cardozo e Amorim, e eventualmente por um ou outro ajustamento no plantel em Janeiro, de acordo com as perspectivas da corrente temporada, e pensando também já na próxima (empréstimos de Felipe Menezes e Roderick, regresso de Urreta e contratação de um lateral-esquerdo e de um médio-direito). O Benfica não pode, sobretudo, desmobilizar, e, com o título a fugir, deixar cair todas as suas outras ambições. A Champions é a maior competição do mundo, e para além da aposta no apuramento para a fase seguinte desta edição, é imprescindível marcar presença também na próxima. A Taça de Portugal é uma prova bonita, e que pode permitir terminar a temporada em festa. E a Taça da Liga também não é para desprezar.
Obviamente que toda esta análise se resume àquilo que se vê do lado de fora. Se existem outros problemas do lado de dentro, então terão de ser esses a ser resolvidos em primeiro lugar.

FANFARRÃO OU FALA-BARATO?

Normalmente, não choro, nem rio, com os resultados do Sporting. Mas as declarações de Rogério Alves (um homem que faz das câmaras e dos microfones um objectivo de vida, mesmo que seja para dizer sempre o mesmo ou quase nada), bem como aquilo que fui lendo nalguns blogues ligados ao Sporting na sequência FC Porto-Benfica, fizeram-me sentir bastante reconfortado com o desfecho do jogo de Alvalade, ainda que o mesmo tenha significado a perda momentânea do segundo lugar para o meu clube. Deus não dorme.

NÃO É UMA DESCULPA: É UM FACTO, E DOS GRAVES.

O FC Porto ganhou de forma inteiramente justa (já aqui o escrevi), e como tal, Hulk, Belluschi, Falcão e companhia não mereciam que a vitória ficasse manchada por um grupo de criminosos que insiste em fazer do futebol uma violenta guerra civil. Eu gostaria de saber o que se diria se Helton fosse atingido na Luz por uma bola de golfe nas costas.
Após uma derrota que se deve exclusivamente àquilo que as equipas fizeram em campo, não irei arranjar desculpas externas. Mas fica o registo de algo de muito grave, que num país de brandos costumes vai, uma vez mais, ficar impune.

NAUFRÁGIO

Decorriam os primeiros dez minutos da partida, estava o resultado ainda em branco, e já eu confessava aos meus botões o temor de uma goleada. Curiosamente, sentira exactamente o mesmo nos instantes iniciais do jogo de Lyon, ao longo do qual só uma soberba exibição de Roberto foi evitando semelhante desfecho.
Se na altura acusei Jorge Jesus de assumir uma estratégia demasiado audaciosa perante um adversário superior, não seria coerente criticá-lo agora por ter feito precisamente o contrário. Analisar jogos depois de resultados consumados é como fazer o totobola à segunda-feira, pelo que se o leitor espera ver aqui mais um capítulo da crucificação do técnico benfiquista, o melhor será parar imediatamente de ler. Obviamente que o deslocamento de David Luiz (que parece continuar de férias) para o lado esquerdo veio a revelar-se um erro, tal como, a meu ver, a saída de Saviola terá constituído outro erro. Mas olhando friamente para o que se passou, não creio que as razões da copiosa derrota se esgotem nesse tipo de argumentos.
Começando pelo adversário, há que tirar o chapéu a este FC Porto. É verdade que foi ajudado no início do campeonato, é verdade que tanta energia com apenas dois dias de descanso após um jogo europeu causa alguma perplexidade num observador atento, mas, para além de tudo isso, há que admitir que a equipa de Villas-Boas joga um extraordinário futebol. O FC Porto apresenta uma coesão impressionante, defende e ataca em bloco, luta bravamente por cada posse de bola, tem jogadores em super-forma, é eficaz na frente de ataque, e vai com toda a certeza passear-se por este campeonato rumo ao título. E a continuar assim, há que admitir, será um campeão justo. Neste jogo, a sua superioridade foi tão clara, tão evidente, que não deixa espaço para qualquer argumento. Provavelmente nenhuma equipa do mundo ganharia a um FC Porto num dia assim tão fulgurante. E quando o adversário ganha bem, quando o faz com enorme brilhantismo, fica a mágoa, fica a tristeza, mas não pode haver lugar a qualquer tipo de revolta – o que, aliás, até acaba por atenuar a dor.
Teria este FC Porto, com todo o seu poderio, sido capaz de golear o Benfica da época passada? Claro que não. Poderia até vencer o jogo (como em Maio também venceu), mas um resultado de 5-0, entre candidatos ao título, remete necessariamente para a fragilidade de quem perde, e este Benfica tem, de facto, gritantes fragilidades. Como comecei por dizer, não foi a primeira vez que nesta época se colocou a jeito de ser goleado, e mesmo a série de cinco vitórias consecutivas para o campeonato lançou muitas reticências quanto à qualidade do futebol exibido. Prefiro deixar para mais tarde a análise profunda e detalhada aos problemas da equipa da Luz. Não quero fazê-lo a quente, sobre os destroços de uma humilhante derrota.
Importa dizer contudo que, embora o bi-campeonato seja agora uma miragem, ainda há muita coisa para o Benfica poder conquistar em 2010-11: desde uma campanha prestigiante na Champions, à Taça de Portugal, passando pela Taça da Liga, e, sobretudo, pela garantia do segundo lugar na Liga, e consequente acesso à próxima edição da principal prova europeia.
O pior que os benfiquistas poderão fazer neste momento é contribuir para que os efeitos desta derrota acabem por desagregar a equipa e o clube. Este treinador, e grande parte deste plantel, foram campeões há precisamente seis meses atrás. É preciso saber manter a serenidade, e não contaminar o esforço que seguramente todos eles irão fazer para encontrar as causas da derrota, e a melhor forma de reagir a ela. Muita gente quererá aproveitar a escorregadela do Benfica para o tentar atirar ao chão. Que não sejam os benfiquistas, na sua ingenuidade, a ajudar a isso.

DE PÉ!

Um jogo não apaga a história. O Benfica foi, é, e, mesmo depois de uma noite infeliz, continuará a ser, o maior clube português.
Em breve será publicada a crónica sobre o jogo.

UMA PROPOSTA

EQUILIBRAR AS CONTAS

Eis o quadro de resultados dos jogos entre Benfica e FC Porto nos últimos cinco anos: Extra campeonato jogaram-se neste período ainda mais dois clássicos: uma vitória benfiquista (Taça da Liga 2009-10) e uma derrota (Supertaça 2010-11).

JOGOS PARA A ETERNIDADE (3) - F.C.Porto-Benfica / 1991 (reedição)

Abril de 1991 – Estádio das Antas.
Por várias vezes os campeonatos nacionais ficaram marcados ou decididos por apenas um jogo, como se de uma final se tratasse. Foi assim nos célebres 6-3 em Alvalade, assim foi também aquando do famoso golo de Luisão na Luz, só para falar dos últimos anos. Poucas foram porém as ocasiões em que esse decisivo momento assumiu proporções tão quentes, dentro e fora do campo, como no F.C.Porto-Benfica de 1990-91.
Esse campeonato começou com um Sporting extremamente afirmativo, alcançando onze vitórias consecutivas e deixando para trás Benfica e F.C.Porto, que com um empate entre ambos na Luz, e mais alguns pontos perdidos, se foram atrasando. Por volta do Natal, como era frequente na altura, o Sporting quebrou, perdendo jogos e pontos em série – entre os quais derrota caseira com o rival Benfica – deixando águias e dragões sozinhos na luta pela liderança. Deu-se então uma impressionante sequência de vitórias destas duas equipas, o que fez com que se encontrassem a quatro jornadas do fim da prova, uma semana depois da vitória portista em Alvalade, precisamente com os mesmos pontos (apenas uma derrota e quatro empates) - a prova terminaria com uma das mais altas pontuações de sempre dos dois primeiros classificados.
O jogo das Antas era assim uma verdadeira final. Mas mais do que um simples campeonato era a própria hegemonia do futebol nacional que, na altura, estava em causa. Se há jogos de vida ou de morte, pois este foi seguramente um deles, e quem tem memória da ocasião sabe bem do que estou a falar.Nos oito anos anteriores Benfica e F.C.Porto tinham dividido irmãmente entre si os títulos nacionais (quatro para cada), e no mesmo período o Benfica tinha estado presente em três finais europeias (era à data vice-campeão europeu) e o F.C.Porto em duas, conseguindo a vitória na Taça dos Campeões Europeus de 1987. Depois de décadas de declarada superioridade benfiquista, os anos oitenta haviam confirmado o F.C.Porto como potência nacional e internacional, que, antes de cimentar o seu domínio- o que sucederia na década seguinte – passou por esta fase transitória durante a qual, ano a ano, discutia os títulos com o Benfica. Estava-se por isso numa época em que a luta pelo poder transbordava em muito aquilo que se passava nos relvados, e a guerra de bastidores era cada vez mais uma realidade a que nos teríamos que habituar. Este jogo foi emblemático a esse respeito, até porque dois anos antes estes clubes haviam cortado relações, na sequência das transferências de Ademir para a Luz e Rui Águas para as Antas.
De tudo se passou nesse dia, desde agressões em pleno túnel - inclusivamente ao presidente benfiquista João Santos e ao árbitro Carlos Valente - ameaças de morte, apedrejamento do autocarro encarnado, até ao estranho caso do cheiro tóxico no balneário do Benfica, que obrigou os jogadores a equiparem-se no corredor. O relvado foi encharcado nas faixas laterais para complicar o estilo de jogo dos encarnados, muito assente na exploração das alas. Eram os tempos em que, nas Antas, se viam com frequência armas de fogo junto aos balneários dos adversários e dos árbitros. Emergiu nesta altura como figura nacional o famigerado Guarda Abel, um agente da polícia que, além de fazer a guarda pessoal aos dirigentes do F.C.Porto, era o responsável pela “segurança” do estádio. Dizia-se que era ele operacionalizar todo aquele clima de terror que visava amedrontar quem lá se deslocava. Não era fácil a qualquer equipa suportar ambiente tão hostil, mas o Benfica de Eriksson era uma equipa de grande personalidade, e seria capaz de resistir a tudo.A equipa lisboeta partia para este duelo com vantagem no goal-average, o que significava que, tendo empatado a dois na Luz, lhe bastaria novo empate para manter a liderança.
De forma surpreendente, o técnico sueco do Benfica apostou numa alteração táctica com a entrada de Paulo Madeira para falso lateral direito, deslocando-se para central quando a equipa perdesse a bola, de forma a criar superioridade numérica perante a dupla de ataque portista, constituída por Domingos e Kostadinov. Saia da equipa o ofensivo lateral José Carlos, ficando Vítor Paneira com responsabilidades acrescidas no flanco direito, à semelhança do que viria a suceder na campanha europeia do ano seguinte (por exemplo, no célebre jogo frente ao Arsenal em Londres).
Nesta decisiva e dramática partida das Antas, jogada numa tarde de céu carregado, Eriksson fez assim alinhar o seguinte onze: Neno, Paulo Madeira, Ricardo Gomes, William, Veloso, Jonas Thern, Paulo Sousa, Vítor Paneira, Valdo, Pacheco e Rui Águas (regressado à Luz depois de duas épocas de azul e branco). Uma equipa de luxo, sem dúvida.Pelo F.C.Porto, orientado por Artur Jorge, jogavam: Vítor Baía, João Pinto, Fernando Couto, Aloísio, Paulo Pereira André, Semedo, Jorge Couto, Vlk, Domingos e Kostadinov.
Os portistas, a jogar em casa e a necessitar da vitória, entraram mais fortes, empurrando o Benfica para a linha defensiva, e construindo alguns lances de grande perigo junto da baliza de Neno. O Benfica, por seu turno, tentava em contra-ataque um golo que lhe desse maior tranquilidade na partida. O intervalo chegou com 0-0.
Na segunda parte a tónica do jogo alterou-se ligeiramente, passando o Benfica a controlar mais a partida, embora sem causar grandes problemas ao então muito jovem Vítor Baía. Até que chegámos aos últimos dez minutos.
Num assomo de grande coragem, Eriksson, mesmo bastando-lhe o empate, colocou em campo o avançado César Brito no lugar de Pacheco. Mal sabia o jogador serrano que lhe estava reservada a tarde de maior glória de toda a sua carreira.
A nove minutos do fim do jogo Vítor Paneira consegue esquivar-se, e ganha a linha para cruzar. A bola encontra a cabeça de César Brito que, ao primeiro poste, supera nos ares Fernando Couto e bate Baía fazendo o 0-1. Foi o delírio entre os benfiquistas pelo país fora. Era o título ali mesmo ao pé.
Cinco minutos depois, Valdo é lançado na esquerda por Veloso, com um pequeno toque isola o mesmo César Brito que, à saída de Vítor Baía, lhe faz um bonito chapéu para a baliza fixando o resultado em 0-2.Estava consumada a vitória, e poucas semanas depois seria festejado o anunciado título.
Depois do jogo a polémica continuou, com os portistas inconformados com uma derrota que não estava nos seus planos, num jogo que prepararam cuidadosamente dentro e fora do relvado. Viraram-se então para o árbitro Carlos Valente, o melhor juiz português da altura, contestação que durou ainda vários anos - apesar de nesse jogo ter deixado passar em claro uma grande penalidade a favor do Benfica. O setubalense foi inclusivamente acusado de ter viajado com o Benfica, o que não passou de uma calúnia de modo a aquecer o ambiente, e a colocar-lhe ainda maior pressão.
Tratou-se de uma vitória heróica, catorze anos depois do anterior triunfo nas Antas, coisa que apenas se repetiria, ironias do destino, catorze anos depois, desta feita com Nuno Gomes como protagonista. Só então, em 2005-06, o Benfica voltou a triunfar no reduto do seu principal adversário, agora já não no velho Estádio das Antas, mas sim no novo Dragão. Mas aquela, a de 1991, foi, porventura, a mais saborosa vitória de sempre do Benfica sobre o F.C.Porto.
Veja aqui o video do jogo.

ROUBOS NA IGREJA DAS ANTAS

Veja aqui alguns deles.

DISPARAR AO LADO

...ou, dizendo de outra forma, fingir que se faz, não fazendo, ou fazendo no local errado.

... e tanto que eu gostava de ver uma análise ao sangue do Hulk (sim, ao sangue, e não a fantochada das urinas)...

O HOMEM QUE SABE SEMPRE O QUE QUER

As opções para arbitrar o FC Porto-Benfica não eram muitas. Na verdade, creio que seriam apenas duas, e entre Pedro Proença e Jorge Sousa que venha o diabo e escolha. O diabo escolheu Proença, e o que tenho a dizer poderia ser traduzido nas imagens que oportunamente os meus amigos do Debate das quartas-feiras na Benfica TV colocaram no ar, refrescando à nossa memória colectiva.
Quem não viu, que veja aqui. É impressionante o desfile de decisões obtusas do homem da brilhantina ao longo da sua carreira, sempre em desfavor do clube da Luz. Falei de todos aqueles lances neste espaço, em várias ocasiões. Mas a força das imagens é avassaladora – os quatro penáltis de Penafiel (em 2004-05), o penálti do Silva na Luz (em 2003-04), os penáltis do Bessa (em 2001-02), terminando com o célebre lance entre Yebda e Lisandro (2008-09).
Pedro Proença é aquilo. E é aquilo que me preocupa.
Poderia acrescentar um penálti claríssimo sobre Nuno Assis num jogo com o Belenenses (em 2005-06); o Benfica-Marítimo de 2007-08; o “atraso” de Polga a Stojkovic no FC Porto-Sporting da mesma época; um penálti que faria o 2-0 no Benfica-Sp.Braga da época passada; ou o lance entre Belluschi e Paulo César, no FC Porto-Sp.Braga já desta temporada; para além, claro, dos dois penáltis que ficaram por assinalar a favor do Benfica, também já esta época, na Choupana, e do livre mal assinalado de onde resultou um dos golos do Nacional nesse mesmo jogo.
Muito honestamente, não me recordo de qualquer lapso deste árbitro, em quase 10 anos de carreira, a favor dos encarnados ou em prejuízo do FC Porto, o que, dado o inusitado peso do outro lado da balança, não pode deixar de indiciar um comportamento pré-determinado, tendencioso e manipulador.
As expectativas são pois as piores. Das duas uma: ou não há casos (aquilo que mais desejo), ou, se os houver, estou absolutamente certo do lado para o qual vai pender a decisão.

A VER ESTRELAS

Pode um apaixonado pelo futebol imaginar melhor noite televisiva do que um fantástico jogo, transmitido em HD, a contar para a Liga dos Campeões, pondo frente a frente dois dos principais colossos europeus? Não. Não pode.
Foi de facto um regalo. Um misto de deslumbramento, e também nostalgia, sobretudo por olhar para Angel Di Maria, e perceber que se irá tornar, a muito breve trecho, num dos cinco ou seis melhores jogadores do mundo.
O Real dominou quase sempre, e só o aparecimento do eterno Pipo Inzaghi (saído do banco) permitiu ao Milan levantar a cabeça, e virar o resultado totalmente contra a corrente do jogo. Seria o improvável Leon a recolocar relativa justiça no marcador, já em tempo de descontos. Terminou 2-2, mas, por mim, estaria ali mais uma hora ou duas a ver todas aquelas estrelas desfilar no relvado de San Siro.
Simpatizo com ambos os clubes (e torço por eles nos respectivos campeonatos). Mas o Real de Mourinho começa a encher-me as medidas. Com Di Maria, Ozil e, sobretudo, um super Cristiano Ronaldo (de regresso aos melhores tempos de Manchester), duvido que alguém pare esta equipa. Até porque, mesmo não morrendo de amores por ele, reconheço no treinador setubalense uma capacidade técnica absolutamente genial.

A MATEMÁTICA DA CHAMPIONS

Como se percebe, o Schalke-Lyon e o Benfica-Schalke são os jogos chave do apuramento. Se alemães venceram franceses, praticamente obrigam o Benfica a ganhar os dois jogos. Se isso não acontecer, 4 pontos chegarão aos encarnados - ou mesmo apenas 3, desde que conseguidos frente ao Schalke.
A manutenção nas competições europeias ficou ontem praticamente garantida, pois só no caso do Hapoel ir vencer a Lyon, o Benfica poderia cair (com a combinação DE ou DD) para o último lugar.

À BEIRA DO PARAÍSO

As últimas imagens são normalmente as que perduram. Só assim se compreende a relativa azia de muitos dos adeptos do Benfica à saída do Estádio da Luz, após uma importantíssima vitória, diante de um poderoso adversário, na mais importante competição de clubes do mundo.
Na verdade, não só os resultados da jornada significaram um verdadeiro "Jackpot" para as pretensões encarnadas, como a exibição dos comandados de Jesus foi, durante 75 minutos, provavelmente a melhor e a mais conseguida de toda a temporada, bem ao nível do que de mais brilhante o Benfica fez em 2009-2010.
Durante esse período o Lyon foi vulgarizado, ante um futebol rápido, incisivo e eficaz, que foi elevando, com naturalidade, o resultado para números que, a dada altura, pareciam capazes de fazer a Europa do futebol abrir a boca de espanto. Era de uma goleada que se tratava, com um exuberante 4-0 a ameaçar tornar-se ainda mais pesado para os homens de Claude Puel - que já via os adeptos do seu clube a exibir uma tarja pedindo a sua demissão.
Para o Benfica tudo corria pelo melhor. A vitória estava assegurada, o estádio em apoteose, e o adversário rendido, restando esperar que o Schalke não se lembrasse entretanto de fazer um golo em Israel – o que, de facto, não iria chegar a acontecer.
Com um mar de rosas diante do seu nariz, Jorge Jesus terá então pensado (e bem) que era altura de poupar esforços, e preparar o importante jogo de domingo. Saíram Saviola, Kardec e Carlos Martins, e a componente ofensiva da equipa ficou entregue a Felipe Menezes, Jara, Weldon, César Peixoto e Sálvio, nenhum deles habitual titular, alguns deles sem qualquer ritmo competitivo. Entende-se a ideia, o único problema foi que o Lyon, puxando dos galões de grande equipa europeia, continuou a jogar.
Desconcentrações sucessivas, perdas de bola, passes errados, e faltas desnecessárias, foram oferecendo aos franceses a oportunidade para reduzir os danos, e evitar a humilhação. A cinco minutos do fim o placar assinalava ainda assim um pomposo 4-1, que espelhava, com nitidez, o que se havia passado no campo. Dois golos mais haviam, porém, de descaracterizar os números da partida, irritando a plateia, e retirando brilho à noite de gala que se vivera até então.
O que ganhou o Benfica nesta jornada de campeões? Muitíssimo! Desde logo os pontos, o dinheiro, e o resgate de uma boa posição classificativa com vista aos oitavos-de-final.
O que perdeu com aqueles três golos? Em termos de Liga dos Campeões, pouco (apenas uma hipótese de poder vencer o Schalke por 2-0 na última ronda, e, em eventual igualdade pontual, beneficiar da vantagem nos golos – enquanto agora, nesse hipotético caso, teria de ganhar por 3-0). Mas em vésperas de um jogo decisivo diante do FC Porto, uma goleada europeia seria um forte e precioso estímulo, ao passo que aquele último quarto-de-hora (em que até Roberto voltou aos erros) não deixará de limitar o entusiasmo, e danificar os níveis de confiança individuais e colectivos.
De qualquer modo, seria tremendamente injusto olhar para a noite do Benfica a partir desses últimos minutos. Afinal de contas, enquanto a equipa esteve verdadeiramente em campo, enquanto pôs os olhos no jogo e no adversário que tinha por diante, foi capaz de empolgar, foi capaz de seduzir, foi capaz de golear. É esse, e não outro, o Benfica que vai tentar ganhar no Dragão, e que vai lutar até ao fim pelo apuramento na Champions League. É esse, pois, que merece o aplauso e a admiração dos adeptos.
Quem merece, igualmente, admiração e aplausos é Carlos Martins. Terá realizado uma das melhores exibições da sua carreira, à qual só faltou um golo. Quatro assistências, vários passes de ruptura, muitas recuperações de bola, e todo um manancial de arte para mais tarde recordar, elevam-no claramente a homem do jogo.
Também Fábio Coentrão merece destaque, não só pelos golos, mas também por uma exibição ao nível das que têm colocado o seu nome nas mais requintadas prateleiras dos mercados internacionais.
Uma palavra ainda para César Peixoto, que não é um craque (nada a ver com os dois anteriormente citados), mas também não é tão mau jogador como muitos benfiquistas o pintam. Nesta partida, exceptuando um remate incrivelmente falhado, esteve globalmente bem, procurando jogar simples, fechando o corredor, e dando indicações de que, em determinadas situações, tem também a sua utilidade.
Não dei por qualquer erro grave do árbitro. No entanto, não vi ainda qualquer lance na televisão.
Com seis pontos alcançados, e dois jogos “ganháveis” para disputar, o Benfica tem nas suas mãos o apuramento para os oitavos-de-final. Um Benfica ao nível dos primeiros 75 minutos desta partida será mais do que suficiente para o conseguir.