ATÉ JÁ !

VEDETA DA BOLA vai parar para férias, regressando apenas no próximo dia 8 de Janeiro.
Até lá, ficam os votos de que os leitores passem um natal feliz, e entrem o melhor possível no novo ano de 2008.
Excepcionalmente não haverá "vedeta da jornada" esta semana, enquanto que a classificação "real" será actualizada após a 15ª ronda. Podem entretanto continuar a votar nos melhores do ano.
Como recordação de 2007, deixo duas fotos que representam para mim LF, respectivamente o momento mais infeliz e mais feliz de todo o ano desportivo. Sendo benfiquista, não poderiam naturalmente deixar de se tratar de jogos do clube da Luz, designadamente o empate em casa diante do Espanyol, que custou a eliminação europeia de 2006-07, e a vitória obtida nos últimos instantes do jogo com o Celtic, já na presente temporada.

ESTE É O F.C.NURNBERG

Está em penúltimo lugar do campeonato alemão, mas na Uefa tem conseguido bons resultados - em seis jogos apenas perdeu com o Everton.
O seu historial europeu é pobre. Esta é apenas a sua sétima presença nas provas europeias, e o melhor que conseguiu foi chegar às meias-finais da Taça das Taças em 1963, e aos quartos-de-final da Taça dos Campeões no ano anterior, quando foi eliminado pelo Benfica de Eusébio. Na Taça Uefa nunca havia passado da primeira eliminatória.
Joga num estádio de boa memória para a selecção nacional, que lá venceu a Holanda por 1-0 no último mundial, num jogo inesquecível.
Esta é a sua equipa tipo:

AS SORTES DA UEFA

Muito bom para o Sporting, bom para Benfica e azarado para Sp.Braga. É assim que defino a forma como decorreu o sorteio da Taça Uefa.
Os leões, depois da pouquíssima sorte que tiveram em dois grupos sucessivos da Champions League, viram agora sair-lhes o Basileia, juntamente com o Helsingborg, uma das mais desejadas equipas. Têm obrigação de passar aos oitavos-de-final, onde poderão enfrentar Atlético de Madrid ou Bolton, encontrando, aí sim, bastantes mais dificuldades.
O Benfica tem pela frente a equipa alemã do Nuremberga, que estando ao seu alcance, não é todavia, até pela tradição do futebol germânico, um adversário que se possa considerar fácil. Charisteas, o mal fadado avançado grego que marcou o golo da final do Euro 2004 voltará à Luz, esperemos que desta vez com menos sucesso. Se a história serve para alguma coisa, na única vez que se defrontaram o Benfica venceu na Luz por 6-0 (!!), depois de ter perdido na Alemanha por 3-1, jogava-se para a Taça dos Campeões Europeus em 1962, que os encarnados venceriam.
Os encarnados, caso passem, encontrarão AEK ou Getafe nos oitavos-de-final, e neste aspecto pode-se dizer que foram bastante felizes.
Já o Braga terá grandes dificuldades em ultrapassar o Werder Bremen de Diego e Hugo Almeida. Mas, como se costuma dizer, são onze de cada lado. Caso se consiga apurar, a equipa de Manuel Machado defrontará depois o Panathinaikos ou o Glasgow Rangers.
Eis o alinhamento dos jogos:
Anderlecht-G.Bordeus
Aberdeen-Bayern Munique
G.Rangers-Panathinaikos
Werder Bremen-Sp.Braga
Bolton-Atlético Madrid
Sporting-Basileia
Galatasaray-B.Leverkusen
F.C.Zurique-Hamburgo
AEK Atenas-Getafe
Benfica-Nuremberga
Rosenborg-Fiorentina
Brann-Everton
Slávia Praga-Tottenham
PSV Eindhoven-Helsingborg
O.Marselha-Spartak Moscovo
Zenit-Villarreal

A SORTE DA CHAMPIONS

Ao evitar Arsenal, Roma e Lyon, o F.C.Porto não se pode queixar da sorte. O Schalke não são favas contadas, mas é um adversário perfeitamente ao alcançe dos dragões, que têm tudo para chegar aos quartos-de-final.
Eis os jogos:
Celtic Glasgow-F.C.Barcelona
Olymp.Lyon-Manchester United
Schalke 04-F.C.Porto
Liverpool-Inter de Milão
A.S.Roma-Real Madrid
Arsenal-A.C.Milan
Olympiakos-Chelsea
Fenerbahce-Sevilha

DESEJOS

Eis a minha ordem de preferências para o sorteio dos dezasseis-avos de final da Uefa, quanto a Benfica e Sporting:
1º Helsingborg 2º Basileia 3º Nuremberga 4º Panathinaikos 5ºSpartak Moscovo 6º Tottenham 7º Fiorentina
Para o Sp.Braga:
1º Rosenborg 2º Slávia Praga 3º Marselha 4º Glasgow Rangers 5º PSV Eindhoven 6º Werder Bremen
E, já agora, para o F.C.Porto na Champions:
1º Fenerbahce 2º Olympiakos 3º Celtic 4º Schalke 5º Lyon 6º Roma 7º Arsenal

PAZES FEITAS, NATAL TRANQUILO

As duas derrotas consecutivas do Benfica na liga indiciavam uma noite de alguma insegurança e tensão. Sabe-se como a família benfiquista é exigente – por vezes irracional e exageradamente exigente -, e sabe-se também como a equipa é jovem e está ainda num periclitante estado de desenvolvimento colectivo, e mais vulnerável portanto, aos reveses da infelicidade. A primeira parte foi disso mesmo uma prova, com um Benfica nervoso, inquieto e com pouca lucidez na hora de lançar o ataque, pertencendo-lhe ainda assim as melhores oportunidades de golo, nomeadamente por intermédio de Rodriguez e Cardozo, em dois cabeceamentos perigosos.
Para a segunda parte os encarnados apareceram transfigurados. Não se sabe o que Camacho terá dito aos jogadores no balneário, mas a atitude da equipa – sem Rui Costa e Nelson, com Di Maria e Nuno Gomes em seus lugares – foi notoriamente diferente, e conduziu-a a uma vitória robusta, que não tem contestação possível quanto à sua justiça.
Não é justo relacionar a saída de Rui Costa com a melhoria do jogo encarnado. O “Maestro” tem sido, em grande parte dos jogos, o alfa e o ómega do futebol benfiquista, e ontem até nem estava a jogar mal.
Já a entrada de Nuno Gomes, e a sua utilização simultânea com Cardozo na frente de ataque, parece ter tido enorme peso na forma como a defesa do Estrela se acabou por desorganizar. Penso ser esta uma solução mais adequada a jogos desta natureza, em que o adversário, mais ou menos fechado – e o Estrela nem é dos piores… - vem jogar a pensar no pontinho do empate. Também Di Maria parece querer retomar o rumo que anunciava aquando das suas primeiras aparições na alvorada da época, o que oferece novas soluções ao ataque do Benfica.
Mas os maiores destaques individuais terão de ser para Cristian Rodriguez e Léo. O uruguaio voltou a jogar bem e a marcar, assumindo-se quase sempre como o principal condutor de jogo da equipa. O lateral brasileiro, cada vez mais próximo da sua despedida do clube, parece querer demonstrar o quanto a direcção está errada ao não satisfazer as suas pretensões salariais, e ontem, sobretudo na segunda parte, atingiu momentos de grande brilho, sempre sublinhados com muitos aplausos da massa associativa benfiquista, que manifestou assim de forma clara de que lado está neste braço de ferro.
Do árbitro pouco ou nada há que referir. O penálti foi claro, e sem ter visto imagens televisivas, acredito que tenha ajuizado bem uma queda de Adu sobre a linha da área.
Enfim, com uma vitória por 3-0 o Benfica consegue, pelo menos, passar um natal mais descansado.

BRAGA JUNTA-SE AOS GRANDES

Com uma exibição segura e convincente, o Sp.Braga alcançou o apuramento para os dezasseis-avos de final da Taça Uefa, juntando-se assim a Benfica e Sporting no sorteio de amanhã.
Mesmo sem João Pinto, a equipa de Manuel Machado contou com um Wender inspirado, e uma vez mais, com um Roland Linz goleador, para se desembaraçar com naturalidade de um Estrela Vermelha longe dos seus melhores tempos, que lhe chegaram, recorde-se, a valer um título europeu. 2-0 foi um resultado justíssimo, e foi aquele que os bracarenses necessitavam para não depender de mais ninguém, e seguir em frente.
O Sp.Braga irá ter agora de defrontar uma das equipas repescada da Liga dos Campeões, ou seja, uma das seguintes: Marselha, Werder Bremen, Slávia Praga, PSV Eindhoven, Rosenborg ou Glasgow Rangers. Suponho que não sejam ainda possiveis enfrentamentos entre clubes do mesmo país. Enquanto isso, Benfica e Sporting, dados os resultados de ontem, poderão apanhar Helsingborg, Tottenham ou Spartak de Moscovo, para além dos segundos classificados dos quatro grupos cujos jogos decorrem esta noite (Fiorentina, Villarreal e Atlético de Madrid são possíveis nomes).
Para já, fica a nota bem positiva de Portugal colocar quatro emblemas nas competições europeias após o inverno, o que é inédito, e pode ser de grande importância para o posicionamento do país no ranking para as próximas temporadas.

BOA SORTE BRAGA !

JOGOS PARA A ETERNIDADE (13) - Juventude de Évora - Estoril / 1981

Nem só de grandes jogos nacionais ou internacionais vive a memória dos adeptos. Por vezes foi mesmo na nossa região, na nossa terra, ou mesmo no nosso bairro que se disputou aquele ou aqueles jogos que mais fortemente nos marcaram, e que parecem querer viver para sempre na nossa lembrança. Um desses casos, que marcou profundamente a minha infância, foi sem sombra de dúvida um célebre Juventude de Évora-Estoril, disputado em Maio de 1981, e que, na última jornada do campeonato, perante um estádio a abarrotar, decidia a subida à primeira divisão. Creio que nenhum adepto do futebol em Évora alguma vez se esqueceu dessa soalheira tarde de domingo. Neste período, o clube eborense era uma das mais fortes formações da segunda divisão nacional e, ano após ano, era dado como crónico candidato à subida. Em 1977-78, classificara-se em segundo lugar atrás do Portimonense e, na liguilha subsequente – competição que na altura se disputava entre os três segundos classificados das três zonas, para apurar a quarta equipa a subir -, ficara a apenas um minuto da glória, ao perder em Viseu com um estranho golo marcado à beira do apito final. No ano seguinte, chegou novamente ao segundo lugar (atrás do Portimonense), e na liguilha disputou nova verdadeira final, desta vez em Vila do Conde, na qual nem um penálti falhado faltou, e onde uma vez mais não foi feliz, acabando por perder por 1-0.Depois de uma discreta temporada de 1979-80, o Juventude voltou a viver grandes momentos em 1980-81, ficando novamente, e pela terceira vez em quatro anos, a um pequeno passo de chegar ao escalão máximo do nosso futebol. E se nas épocas atrás referidas as hipóteses de subida se colocaram fundamentalmente na liguilha, e em jogos disputados a norte, nesta ocasião, a equipa azul e branca chegou à última jornada da fase regular com a subida nas suas mãos e a decidir em sua casa. Orientado pelo conhecido Dinis Vital – figura histórica do futebol alentejano -, e presidido pelo actual presidente Amadeu Martinho, o clube eborense conseguiu congregar uma equipa bastante jovem e combativa, como que fazendo jus ao seu lema “Força de Vontade”. Saíram nessa temporada do plantel Guerra, Fernando Sousa, Pedro Paulo, Pinto, Ferro, Arnaldo José, Artur, Santos e Galhofas. Foram contratados o guardião Peres (ex-Beira Mar), os centrais Sabú e José Carlos (ambos ex-V.Setúbal), os médios Quim (ex-V.Setúbal), Fernando e Carvalho (ambos ex-Lusitano) e o experiente avançado Coentro Faria (ex-Barreirense, V.Setúbal e Montijo). Mantinham-se no clube as referências Simplício, Ricardo, Modas, Lelo e Gomes (todos eles eborenses), e ainda o goleador Bolota e o avançado brasileiro Edvaldo, chegados ao clube na época anterior.
O princípio de temporada não foi bom, e à quarta jornada o Juventude estava abaixo da linha de água com três derrotas consecutivas. No final da primeira volta contudo, mesmo com o peso de cinco derrotas e quatro empates em quinze jogos, a equipa já fora capaz de recuperar até ao sétimo lugar. Na segunda volta, o Juventude explodiu então para uma das mais entusiasmantes temporadas da sua longa história. Com onze vitórias em treze jogos - série apenas interrompida por uma derrota no Campo Estrela diante do eterno rival por 1-0 e um empate em Beja -, triunfando em terrenos difíceis como Faro (0-1 ao Farense com golo de José Fernandes), Cova da Piedade, Oriental, Odivelas ou Montijo, quase sempre de forma tangencial (onze vitórias tangenciais no campeonato), a equipa azul e branca foi trepando lugares na classificação, e a quatro jornadas do fim era já segundo classificado a dois pontos do líder Estoril-Praia. Na antepenúltima jornada, os eborenses venceram em casa o Vasco da Gama de Sines por 3-2, enquanto o Estoril derrapava, perdendo o seu jogo e deixando-se igualar no topo da tabela. A equipa estorilista beneficiava contudo da vitória por 1-0 sobre o Juventude na última jornada da primeira volta, mas…ainda tinha de jogar em Évora. Na jornada seguinte o Estoril ganhou, mas o Juventude não foi capaz de pontuar no Estádio dos Barreiros diante do Nacional, perdendo por 2-0, num jogo que, com a equipa já envolvida até ao pescoço na luta pela subida, fez juntar uma pequena multidão junto da sede do clube para ouvir o relato. Mas nada estava perdido. Na última jornada, com dois pontos a separá-los, jogava-se na Cidade Museu um Juventude-Estoril ! Em caso de vitória por dois ou mais golos de diferença, o Juventude igualava o adversário e ganhava vantagem no confronto directo, subindo assim de forma directa, à primeira divisão. Qualquer outro resultado garantia a subida aos estorilistas, remetendo a equipa alentejana para a liguilha de promoção. Não me recordo de ver tão grande enchente no Sanches de Miranda, e só a presença da selecção em Évora, antes do último Mundial, terá trazido tanta gente ao futebol na cidade nos últimos quarenta anos. Foi erguida uma bancada suplementar, e foi precisamente nela que me sentei. Tinha onze anos, e as emoções eram muitas e muito fortes. Nessa tórrida tarde , o Juventude alinhou com Peres, Simplício, José Carlos, Ricardo, Modas, Lelo, Quim, Fernando, Edvaldo, Coentro Faria e Bolota. Viriam a entrar depois Carvalho e José Fernandes. O Estoril-Praia, orientado por Ruas (guarda-redes suplente), apresentava uma equipa tremendamente experiente e à base da que jogara a temporada anterior (e jogaria na seguinte) na primeira divisão: Manuel Abrantes, Teixeirinha (ex-F.C.Porto), Paris, Ernesto, José António (futuro internacional do Belenenses já falecido), Paris, Manaca (ex-Sporting e V.Guimarães), Salvado, Jerónimo (ex-juventudista), José Abrantes e Diamantino (ex-titular do Benfica, no início dos anos setenta). Na segunda parte entrou Fernando Santos (esse mesmo, o  actual treinador)

Depois de uma primeira parte equilibrada, e quando já se estava à beira do intervalo, Coentro Faria conseguiu uma recarga vitoriosa a um remate de meia distância, atirando para o fundo da baliza de Manuel Abrantes. Foi o delírio no estádio, com uma mini-invasão de adeptos eufóricos com um golo em tão importante momento. 

Durante o intervalo a esperança tomou conta do estádio e da cidade. Mas logo aos cinco minutos do segundo tempo, José Abrantes desviou ao primeiro poste um cruzamento de Diamantino, e bateu Peres, restabelecendo a igualdade, e complicando as contas da equipa juventudista. O Juventude sentiu muito este golo, e não mais voltou a ser a equipa acutilante que fora até então. Veio ao de cima a experiência do Estoril, e a dez minutos dos noventa, de novo José Abrantes, em lance individual, acabou com o jogo e com a ilusão dos da casa. 1-2 foi o resultado final, com a invasão final a ser agora dos muitos adeptos que acompanharam o Estoril, e no relvado fizeram a festa de uma subida que deixou Évora banhada em lágrimas. Embora não fosse a primeira vez que o clube eborense estava próximo da primeira divisão, o facto de o jogo se disputar em Évora, de ser uma última jornada, e até pela carreira crescente da equipa tornou esta partida verdadeiramente lendária. Foi sem dúvida um momento para a história do clube, seguramente um dos mais amargos, mas inegavelmente um dos que mais alto fez soar o nome do clube. 


Desse jogo ficou também a polémica em torno de Coentro Faria que, à data desta decisiva partida, estaria já comprometido com o Estoril, onde jogou no ano seguinte. O ponta-de-lança, que marcara quinze golos no campeonato (mais sete que Bolota, o segundo melhor marcador da equipa) foi então acusado de falta de zelo contra a sua futura equipa, contribuindo assim para a derrota. Acusações sem qualquer sentido, até porque, para além do golo do Juventude ter sido marcado justamente por Coentro Faria. Coentro Faria, anos mais tarde, em duas diferentes ocasiões, viria a treinar a equipa eborense, mas sócios houve que nunca se esqueceram dessa polémica. Ainda recordo a emissão de um resumo da partida, com reportagem da festa estorilista, no telejornal do dia seguinte. Dia de grande e profunda decepção, mas de renovado fervor clubista, como em mim as grandes derrotas sempre tiveram condão de fazer recrudescer. Na liguilha, duas derrotas em casa com Académico de Viseu e Nazarenos, deixaram o Juventude fora da corrida. Apesar de na época seguinte chegar a andar algumas jornadas no comando da classificação, nunca mais o clube voltaria a estar perto de disputar o principal campeonato do nosso país.

ESCOLHA AS VEDETAS DO ANO

À semelhança do que aconteceu no ano passado, VEDETA DA BOLA dá aos leitores a possibilidade de escolherem os melhores futebolistas do ano.
Está já há alguns dias aberta a votação para o melhor jogador da Liga Portuguesa, e a partir de hoje pode também escolher aquele que considera o melhor jogador mundial, entre os cinco pré-seleccionados pela casa
Podem votar até ao dia 3 de Janeiro, as vezes que quiserem, num ou vários jogadores. Nessa data será então fechada a escolha, e encontrados os vencedores.
Recordemos que no ano de 2006 os vencedores foram Cristiano Ronaldo e Simão Sabrosa.

A.C.MILAN CAMPEÃO DO MUNDO

O A.C.Milan juntou mais um título ao seu extenso palmarés, ao tornar-se neste domingo na primeira equipa europeia a sagrar-se campeã mundial de clubes. Os italianos, que ainda há menos de três semanas se viram e desejaram para sair do Estádio da Luz com um empate, bateram claramente o Boca Juniors por 4-2, depois de uma exibição muito bem conseguida, que os colocou inclusivamente às portas de uma histórica goleada.
Esta competição teve a sua primeira edição no ano 2000, tornando-se anual a partir de 2005. Os clubes brasileiros Corinthians (2000), São Paulo (2005) e Internacional de Porto Alegre (2006) foram os anteriores vencedores.

VEDETA DA JORNADA

VUKCEVIC – É um jogador intermitente, capaz do melhor e do pior. Já foi, segundo a ”A Bola”, em três ocasiões considerado o melhor em campo, mas possivelmente, outras tantas, terá sido o pior, ou dos piores.
Ontem esteve em dia sim, e resolveu para os leões a difícil partida dos Barreiros. Fez até esquecer a violenta discussão com Liedson, que quase os levou a vias de facto em pleno relvado.

CLASSIFICAÇÃO "REAL"

Dos três grandes, apenas vi o jogo completo do Benfica, e no estádio. Pelos resumos, não me parece haver motivo para grandes polémicas nesta jornada.
Mas quem pensa que os problemas da arbitragem se centram ou se esgotam no topo da hierarquia do futebol português, que atente ao que se passa nos escalões secundários. Ontem estive em Odivelas, para ver o jogo entre a equipa da casa e o Juventude de Évora para o campeonato da II divisão, e um anónimo árbitro setubalense conseguiu estragar-me uma tranquila e pacífica tarde de domingo, tal a forma reiterada e habilidosa como prejudicou a equipa alentejana, carregando-a de cartões, expulsando-lhe três elementos (todos, quanto a mim, de forma injustificada), e adulterando por completo o desenrolar de um jogo que, entre os jogadores até foi bastante correcto. Longe dos holofotes da comunicação social, na obscuridade de estádios quase vazios, existem arbitragens que, de forma totalmente impune, manipulam os jogos e os resultados a seu bel-prazer, satisfazendo sabe-se lá que caprichos, protegendo sabe-se lá que interesses. É este, lamentavelmente, o verdadeiro futebol português.
Classificação:
F.C.PORTO 32
Benfica 27
Sporting 23

COLAPSO

É de certo modo penoso para um benfiquista escrever sobre a partida de sábado passado no Restelo. Mais ainda tendo lá estado, exposto aos rigores de uma temperatura excepcionalmente baixa – num estádio onde isso se sente de forma quase dramática -, e com bilhetes a preço de ópera.
Sem tirar mérito à organizada equipa de Jorge Jesus, desta vez o Benfica não perdeu porque o adversário tenha sido particularmente brilhante – salvo um ou outro momento de jogo não o foi -, nem porque tenha tido o já habitual azar na concretização – só me recordo de uma oportunidade de golo em todo o jogo, desperdiçada por Cardozo. Nada há que dizer também acerca da equipa de arbitragem, que com um ou outro erro, não interferiu no resultado.
Nada serve de justificação. O Benfica deve a si próprio estes três pontos. Perdeu porque jogou mal, miseravelmente mal.
Pior que isso, jogou mal porque os seus jogadores não tiveram uma atitude competitiva compatível com um candidato ao título, e pareceram, sobretudo ao longo da primeira parte, ter decidido entrar de férias uns dias mais cedo.
Nada fazia prever que esta equipa, cuja força de há umas semanas atrás se situava precisamente na capacidade física e mental, e na forma séria com que encarava todos os adversários e todos os jogos, claudicasse num momento como este, e justamente por via da forma displicente como abordou a partida. À excepção de Rui Costa e Quim, ninguém mais se salvou no naufrágio do Restelo, e houve mesmo exibições individuais a roçar o caricato, tal a falta de empenho e concentração manifestadas.
Em duas jornadas apenas, o Benfica passa da possibilidade de ficar a um ponto da liderança, para uns distantes dez pontos que praticamente colocam ponto final nas suas aspirações ao título. É em momentos como este que se vê o estofo das equipas, e o Benfica deu no sábado uma clara demonstração de incapacidade e falta de categoria, que deveria preocupar bastante mais quem, como Pôncio Pilatos, escondido atrás do populismo e da demagogia, tem sistematicamente lavado as mãos das responsabilidades nos constantes e repetidos insucessos.
Este será mais um campeonato perdido - o 13º em 14 anos. Veremos se esta não será também, no meio do pão e do circo a que os benfiquistas se têm habituado, a terceira época consecutiva sem qualquer troféu. É que, parecendo que não, o valeeazevedismo morreu em Outubro de 2000 (!) e, às portas de 2008, já há muito deixou de ser justificação para os inêxitos.
De positivo para o Benfica, só mesmo o comportamento dos adeptos, em particular da claque “No Name Boys” – junto à qual assisti ao jogo -, que já em tempo de descontos, mesmo vendo aquilo que tinha pela frente, ainda encontrava forças para entoar o hino do clube.

PS: Já que falo em claques, os acontecimentos das últimas semanas na cidade do Porto, e as ligações dos seus autores aos Super Dragões, são mais uma demonstração daquilo que por mais de uma vez aqui defendi: as claques não são todas iguais, e a diferença entre outras e aquela em particular, é proporcional à diferença que vai de um puto reguila a um criminoso.

MISTIFICAÇÕES

O apuramento do F.C.Porto para os oitavos-de-final da Champions League foi justo e meritório, além de extremamente positivo para o futebol português. Quanto a isso estamos conversados.
Este facto tem contudo levado a generalidade dos analistas, sempre peremptórios e definitivos, mas nem sempre na mesma medida rigorosos, a incorrer numa mistificação de importa desmontar. Completar-se-ão em Maio próximo quatro anos desde que o F.C.Porto de Mourinho se sagrou campeão europeu em Gelsenkirchen, mas daí para cá, neste passado ainda mais recente, o Benfica tem tido melhor desempenho na Europa que os dragões, é a equipa portuguesa com melhor performance europeia, e é inclusivamente o Sporting, muito fruto da sua final de 2005, que surge na segunda posição desta pequena estatística comparativa. Pode parecer estranho – dado o foguetório mediático em torno das “crises” do Benfica e do Sporting, e dos “feitos” do F.C.Porto -, mas os números assim o demonstram.
Neste período de quatro temporadas (2004-2008) o F.C.Porto nunca passou dos oitavos-de-final. O Benfica não só esteve nos quartos-de-final da Champions de 2005-06 , como na época seguinte voltou a chegar a essa fase, mas na Taça Uefa, prova em que o Sporting foi finalista em 2004-05. Se olharmos aos pontos alcançados por uma e outra equipa nas provas europeias, a diferença é esmagadora: o Benfica fez quase o dobro da pontuação do F.C.Porto, ou seja 68 pontos para 37 respectivamente (44 do Sporting). Também em golos marcados ou em jogos jogados a superioridade é clara.

Naturalmente que isto se reflecte no próprio ranking oficial da UEFA. Para a época 2008-2009, no ranking previsional (falta obviamente terminar a presente temporada), o Benfica é o único dos clubes nacionais que figura no top-20, designadamente em 17º lugar. O F.C.Porto é 25º e o Sporting 28º.
Mas se a dúvida do leitor se prende com a qualidade dos adversários que Benfica e F.C.Porto enfrentaram neste período, diga-se que, se os portistas enfrentaram Chelsea (2), Liverpool, Inter (2) e Arsenal, o Benfica teve de se haver com Manchester (2), Liverpool, Barcelona e Milan, e o Sporting com Roma, Manchester, Inter e Bayern.
Aqui está a prova de como o mediatismo de certas ideias nem sempre resiste a uma análise factual e objectiva.

O LIVRO DE VEIGA

Constitui um hábito saudável, quem passa pelo desempenho de funções relevantes sob o ponto de vista político, social ou mediático, descrever a sua experiência quando as mesmas cessam. José Veiga, aproveitando também para fazer render a sua visibilidade, deixa neste “Como tornar o Benfica campeão” o testemunho, não só do tempo que passou no Benfica, mas de quase toda a sua vivência desportiva.
Quem espera um ajuste de contas, ou um livro recheado de polémicas, escusa de o ler. Veiga – em rigor o livro é escrito pelos jornalistas Camilo Lourenço e José Marinho - faz basicamente a defesa da sua posição e da sua carreira, enaltecendo os seus méritos, recolhendo os seus louros, e aproveitando também, aqui e ali, para deixar farpas a algumas pessoas, mas sem que isso se torne o elemento central do livro, e muito menos que seja Luís Filipe Vieira o objecto único, ou mesmo principal, dessas farpas - Rui Cunha, Rui Costa, Ronald Koeman, Paulo Sousa, mas sobretudo Domingos Soares de Oliveira, Álvaro Magalhães e Luís Figo, também não saem nada bem dos relatos do ex-director desportivo do Benfica.
As críticas que Veiga faz à gestão do futebol do Benfica são pertinentes, e já por diversas vezes aqui também expressei algumas delas. Mas ele esquece, ou omite, alguns pormenores que inevitavelmente beliscam a sua inocência no processo de destruição e convulsão do plantel, que se deu no clube nos últimos dois anos. Não foi afinal com Veiga ao leme que o Benfica contratou Marco Ferreira, Marcel, Manduca, Laurent Robert, Paulo Jorge, Kikin Fonseca entre outros, e não foi igualmente no seu tempo, ou até por causa de si mesmo, que saíram da Luz (quase todos em litígio) Tiago, Miguel, Manuel Fernandes, Ricardo Rocha e Geovanni ?
No mais, Veiga levanta a cortina sobre alguns aspectos de bastidores do Benfica, do futebol português e internacional, dando a sua visão sobre comportamentos e atitudes de alguns personagens centrais desse universo, fazendo a defesa das suas posições e das dos seus próximos, correspondendo ao natural voyeurismo dos adeptos sequiosos de saber o que se passa das paredes dos balneários, ou dos gabinetes dos dirigentes, para dentro. O ex-empresário fala da subida do Estoril, do título do Benfica, da casa do Porto no Luxemburgo, de Pinto da Costa, das transferências de Figo e João Pinto, de Jardel, e afirma um passado benfiquista, o que para mim constituiu total surpresa.
Trata-se de um livro interessante para todos os adeptos do futebol, e muito particularmente para os benfiquistas, desde que se tenha em consideração que o testemunho de Veiga não é neutro, e que se tenha em memória que muitos dos factos que ele refere carecem de uma interpretação menos parcelar.

CHAMPIONS LEAGUE: UM BALANÇO DA PRIMEIRA FASE

GRUPO A – A hierarquia natural deste grupo foi rompida com a desastrosa primeira volta do vice-campeão Liverpool, que dobrou primeira volta da desta fase com apenas 1 ponto, recuperando depois de forma sensacional com três imponentes goleadas. Todos os outros resultados foram de algum modo naturais, com o F.C.Porto a vencer na Turquia, posicionando-se desde logo de forma muito vantajosa face ao apuramento, vantagem essa que não desperdiçou, acabando por vencer o grupo.
GRUPO B – A grande surpresa deste grupo, pela negativa, foi a péssima prestação do Valência – apenas marcou dois golos nesta fase - que, ao perder ambos os jogos com o Rosenborg, complicou a sua vida e permitiu aos nórdicos disputarem o apuramento até ao último jogo. O Chelsea venceu naturalmente o grupo, e o Schalke, beneficiando do desastre valenciano, conseguiu um segundo lugar que acabou por se tornar mais fácil do que certamente havia suposto.
GRUPO C- Foi um dos grupos mais equilibrados, com todas as equipas a chegarem à última jornada a dependerem de si para se apurar. O Real Madrid marcou a sua posição vencendo, com alguma clareza, todos os jogos em casa, enquanto que o Olympiakos, com duas preciosas vitórias em Roma e em Bremen, acabou por de certo modo surpreender, deixando alemães e italianos de fora.
GRUPO D – O Milan esteve ao seu nível, perdendo apenas três pontos nesta fase, ganhando facilmente o grupo, e marcando bem cedo o seu lugar nos oitavos. O jogo que perdeu em Glasgow acabou por se revelar a chave da qualificação do Celtic. Já na época passada a equipa escocesa tinha vencido todos os jogos em casa, e desta vez voltou a fazê-lo, algo que o Benfica, uma vez mais, não conseguiu igualar, perdendo nesse particular o apuramento. A equipa encarnada, já depois de uma derrota muito comprometedora em casa diante do Shakhtar, acabou por ficar a apenas um golo (em Glasgow, ou diante do Milan na Luz) do segundo lugar, o que deixa um travo amargo a frustração.
GRUPO E – Se o Barcelona se impôs com naturalidade, já a qualificação do Lyon se revelou mais difícil do que eventualmente se esperaria. A equipa francesa foi goleada em casa pelo Glasgow Rangers, complicou aí muito a sua vida, e chegou à última jornada a necessitar de uma vitória na Escócia, o que acabou todavia por conseguir. Os escoceses tiveram o apuramento na mão, mas duas derrotas nos últimos dois jogos – a primeira delas, em Estugarda, depois de estarem em vantagem - remeteram-nos para a Taça Uefa.
GRUPO F – A hierarquia do grupo foi integralmente respeitada, com o Manchester a alcançar um apuramento fácil, a Roma o segundo lugar, depois de alguma sorte nos confrontos com o Sporting, e a equipa portuguesa a mostrar-se claramente mais forte que o Dínamo de Kiev na luta pela repescagem para a Taça Uefa.
GRUPO G – A par do Olympiakos, o Fenerbahce terá sido a maior surpresa desta fase, ao deixar pelo caminho PSV Eindhoven e CSKA de Moscovo. A equipa turca, impulsionada pelas excelentes exibições do brasileiro Alex, começou logo com uma vitória sobre o Inter, o que conjugado com os empates que conseguiu no terreno dos dois adversários directos, a catapultou para uma qualificação relativamente tranquila, ainda que apenas selada na derradeira jornada. O Inter, depois dessa entrada em falso, cumpriu o papel que dele se esperava.
GRUPO H – Foi talvez o grupo mais desequilibrado, onde desde muito cedo se percebeu quem seriam os dois apurados. Mesmo a luta pelo terceiro lugar, ficou definida a duas ronda do fim, após o duplo confronto entre Slávia e Steaua. Para o final ficou apenas a dúvida sobre quem venceria o grupo, e nesse particular, os dois pontos perdidos pelo Arsenal em Praga acabaram por se revelar decisivos.

ESTATÍSTICAS GERAIS:
TOTAL DE GOLOS:268 MÉDIA DE GOLOS POR JOGO: 2,79
GRUPO COM MAIS GOLOS: Grupo C - 41golos GRUPO COM MENOS GOLOS: Grupo B – 23 golos
MELHOR ATAQUE: Liverpool – 18 golos PIOR ATAQUE: Valência – 2 golos
MELHOR DEFESA: Chelsea - 2 golos PIOR DEFESA: Dinamo de Kiev – 19 golos
MAIS PONTOS: Manchester United -16 pts MENOS PONTOS: Dínamo de Kiev – 0 pts
APURADO COM MENOS PONTOS: Schalke – 8 pts ELIMINADO COM MAIS PONTOS: Benfica, Sporting, Rosenborg, Rangers, PSV e Marselha - 7 pts
APURADO COM MENOS GOLOS MARCADOS: Schalke e Celtic – 5 golos ELIMINADO COM MAIS GOLOS MARCADOS: Sporting - 9 golos
APURADO COM MAIS GOLOS SOFRIDOS: Lyon – 10 golos ELIMINADO COM MENOS GOLOS SOFRIDOS: Benfica e PSV – 6 golos
PONTOS POR PAISES: 1º INGLATERRA 51 pts ; 2º ESPANHA 45 pts; 3º ITÁLIA 43 pts ; 4º PORTUGAL 25 pts

ESTATÍSTICAS INDIVIDUAIS:
MELHORES MARCADORES: Cristiano Ronaldo (Manchester United) e Ibrahimovic (Inter) - 5 golos
MAIS ASSISTÊNCIAS PARA GOLO: Djordjevic (Olympiakos) e Pirlo (Milan) - 5
REMATES À BALIZA: Juninho (Lyon) -17 e Cardozo (Benfica) - 16
FALTAS COMETIDAS: Brown (Celtic) - 22 FALTAS SOFRIDAS: Diego (Bremen) - 28 e Quaresma (F.C.Porto) - 27

CURIOSIDADES:
- Todas as equipas do pote 1 ficaram apuradas. Do pote 2 apenas Benfica, PSV, Valencia e Bremen ficaram eliminados, sendo que os espanhóis nem para a Uefa se qualificaram. Fenerbahce foi o único clube saído do pote 4 que alcançou os oitavos-de-final.
- O Celtic conseguiu apurar-se com diferença de golos negativa (5-6)
- O F.C.Porto foi o primeiro classificado com menos golos marcados (8)
- Os dez primeiros do ranking da Uefa apuraram-se todos. O décimo primeiro (PSV) falhou o apuramento. O Fenerbahce é o clube com pior ranking entre os apurados (46º)

EQUIPAS PORTUGUESAS:
REMATES EFECTUADOS - Benfica 99, Sporting 90 e F.C.Porto 68
POSSE DE BOLA- Benfica 51,2 , F.C.Porto 51,0 e Sporting 50,2
REMATES CONSENTIDOS - F.C.Porto 54, Benfica 76 e Sporting 85
ASSISTÊNCIA MÉDIA – F.C.Porto 41.011, Benfica 39.731 e Sporting 31.062

ENCANTO NA DESPEDIDA

O Sporting conseguiu uma bela despedida da Champions, com uma vitória robusta e uma exibição agradável.
Com tudo decidido, a equipa de Paulo Bento libertou-se das angústias e, com toda a tranquilidade, mostrou que era claramente superior ao adversário, marcando três golos e ficando a dever a si própria ainda mais alguns.
Os pontos e o dinheiro são um bom prémio de consolação para uma equipa que, com uma pontinha de sorte – nomeadamente nos jogos com a Roma -, poderia ter ido um pouco mais além.

SORTEIO AGRIDOCE

O sorteio dos dezasseis-avos de final da Taça de Portugal, que favoreceu amplamente os três grandes do nosso futebol, não foi nada simpático para o Juventude de Évora. A equipa alentejana vai a Barcelos, medir forças com o Gil Vicente da Liga Vitalis, e logicamente fica com muito poucas hipóteses de prosseguir na prova. Nem isenção (a taluda saiu ao Valdevez), nem a visita de um grande, nem uma equipa acessível (Sertanense ?, Anadia ? Abrantes ?), nem mesmo jogar em casa. Tudo correu pelo pior.
O Benfica por sua vez tem motivos para sorrir. Recebe o Feirense, também da Liga Vitalis, e não deverá ter grandes dificuldades em se apurar para a eliminatória seguinte, à semelhança do F.C.Porto, que recebe o Desportivo das Aves, e do Sporting que joga também em casa com o Lagoa da 2ª divisão B.
Eis os jogos, a disputar dia 20 de Janeiro de 2008:
E.Amadora-Sp.Braga
V.Setúbal-U.Leiria
V.Guimarães-Nacional
Naval-Boavista
Benfica-Feirense
F.C.Porto-D.Aves
Sporting-Lagoa
Leixões-Anadia
Oliveirense-Marítimo
P.Ferreira-Abrantes
Rio Ave-Olhanense
Gil Vicente-Juventude de Évora
Beira Mar-Moreirense
Penafiel-Sertanense
Isento: Valdevez

MAIS UM CÁLICE DE PORTO EUROPEU

O F.C.Porto fez ontem aquilo que dele se esperava, e aquilo a que tem habituado os seus adeptos. No momento decisivo, gritou presente, e definiu com toda a naturalidade a sua qualificação para os oitavos-de-final da Champions League, alcançando ainda o importantíssimo primeiro lugar do grupo, o que lhe irá permitir evitar alguns “tubarões” no sorteio do próximo dia 21.
Logo no início da partida a equipa de Jesualdo Ferreira deu indicações claras de que queria resolver as coisas cedo, instalando-se no meio-campo contrário, subindo as suas linhas, e não permitindo grandes veleidades ofensivas aos turcos. O experiente guarda-redes Rustu (ex-Barcelona) foi então adiando o golo portista, brilhando a grande altura com intervenções de elevadíssimo nível. Lisandro até marcou um golo limpo, que todavia o árbitro assistente, erradamente, invalidou. Sensivelmente a meio da primeira parte o Besiktas reagiu um pouco, procurou adormecer o futebol portista, e ameaçou aqui e ali, de forma ténue, a baliza de Helton. Quando estávamos já muito próximo do intervalo, e na sequência de uma nova fase de alguma pressão portista, num lance esquisito, o Porto colocou-se em vantagem. Toda a defesa do Besiktas (guarda-redes incluído) parou à espera de um fora-de-jogo que não existia, e Lucho não se fez rogado atirando para o fundo da baliza turca. Paradoxalmente, depois de algumas oportunidades flagrantes, era assim num lance bastante estranho que o Porto chegava ao golo e à tranquilizadora vantagem no marcador. Sentiu-se que o mais difícil estava feito, e que já cheirava a apuramento no Dragão.
Na segunda parte o Besiktas arriscou mais um pouco – tinha obviamente que o fazer -, mas com isso abriu naturalmente espaços nas costas do seu meio-campo, que o F.C.Porto aproveitou para criar mais umas quantas oportunidades. Numa delas Quaresma não perdoou, fez o 2-0, e colocou um ponto final da contenda. Nos últimos minutos da partida, os portistas sentiram alguma dificuldade em trocar a bola e segurar o jogo, permitindo alguns lances de perigo ao Besiktas, sem que no entanto tivesse alguma vez estado em causa a vitória e o apuramento, que se revestem, diga-se, de uma justiça absolutamente cristalina.
Destaque individual para os autores dos golos, mas também para o trabalho de Lisandro, Tarik e Bosingwa.
Com possíveis adversários como o Schalke, o Fenerbahce, o Celtic, o Glasgow Rangers ou o Olympiakos, bem se pode dizer que o Porto tem toda a legitimidade para sonhar com uma grande prestação nesta edição da prova. A equipa está bem, mostra um grau de organização e mecanização incomum até mesmo a nível europeu, e tem artistas capazes de desequilibrar. Não é o Porto de Mourinho, mas será, neste momento, a melhor equipa portuguesa do pós-Mourinho.
Apenas uma nota a finalizar, bastante elucidativa da relação de forças do actual futebol português. Dos oito golos que os portistas conseguiram nesta primeira fase da Liga dos Campeões, cinco (ou seja, praticamente dois terços), foram apontados por dois jogadores apontados insistentemente como transferíveis no mercado do último verão: Lucho (pretendido pelo Valência) e Quaresma (alvo do interesse do Atlético de Madrid). Quem quiser que faça as contas ao que o F.C.Porto irá embolsar com esta presença europeia, ao que vai valorizar os seus activos, expostos que estão nesta grande montra internacional, aos valores que acrescentou aos salários dos referidos jogadores para os motivar a ficar, e ao que os outros (nomeadamente o Benfica) embolsaram com transferências precipitadas (designadamente Simão, Manuel Fernandes, Karagounis e Miccoli), e ao que os mesmos outros gastaram com contratações feitas para o banco de suplentes (por exemplo Bergessio, Di Maria, Zoro, Butt, Diaz, Edcarlos, Coentrão e Adu). Trata-se afinal da diferença entre uma gestão desportiva e económica capaz, e uma gestão amadora, incompetente, errática e irresponsável. Ou seja, da diferença entre verdadeiros campeões, e quem afirma constantemente querer sê-lo, mas entre tiros no pé, hesitações, erros e precipitações, acaba por se afastar cada vez mais desse objectivo.

UM GRANDE PORTO PARA ESTA NOITE !

VEDETA DA BOLA, ciente da importância dos pontos para o futebol português e seus clubes, e solidário com milhares e milhares de portistas merecedores das alegrias que o clube lhes tem dado, deseja ao F.C.Porto a melhor sorte para a decisiva partida desta noite frente ao Besiktas.

ÚLTIMA RONDA DA FASE DE GRUPOS

O F.C.Porto tem hoje diante de si a soberana possibilidade de seguir para os oitavos-de-final da Champions League, bastando-lhe para isso um empate em casa diante do último classificado do grupo.
Pode-se dizer que se trata de um daqueles momentos em que os portistas não costumam falhar, e certamente que, logo mais à noite, estarão a comemorar um apuramento que começou precisamente a ser alicerçado na Turquia, com uma vitória tão feliz quanto preciosa.
É verdade que o Besiktas virá ao Dragão determinado a fazer o jogo da sua vida, mas a diferença de argumentos entre um e outro conjunto é gritante, e aliada ao factor casa, será com certeza suficiente para permitir aos homens de Jesualdo Ferreira a vitória no jogo e no grupo. É isso que o país desportivo deles espera.
Recorde-se todavia que a equipa portista, caso perca, corre o risco, inclusivamente, de ficar fora de todas as provas europeias.
Equipas Prováveis:
F.C.PORTO – Helton, Bosingwa, Pedro Emanuel, Bruno Alves, Fucile, Paulo Assunção, Raul Meireles, Lucho Gonzalez, Tarik, Lisandro e Quaresma.
BESIKTAS – Rustu, Tandogan, Mercimek, Toroman, Uzulmez, Cissé, Avci, Ozkan, Rodrigo Tello, Delgado e Bobo.
PROBABILIDADES (1X2) - 60% ; 30% ; 10%

Em Alvalade, a última jornada jogar-se-á tão somente para cumprir calendário. Sporting e Dínamo de Kiev têm os respectivos destinos traçados, e quaisquer que seja o resultado, a classificação final não sairá alterada.
O que está em jogo nesta partida, para além dos pontos e do dinheiro a eles correspondente, é sobretudo a possibilidade de o Sporting se reconciliar consigo próprio e com a sua massa adepta. Uma clara vitória europeia poderá ser o tónico para o início de uma nova etapa, mais estável e tranquila, que evite comprometer precocemente as aspirações dos leões na presente temporada, e que - ao contrário do que possa parecer pelo folclore mediático que tem rodeado a equipa de Paulo Bento - ainda são bastantes.
O Dínamo virá a Lisboa desmotivado, e o Sporting pode aproveitar-se disso para realizar uma boa exibição e conseguir um resultado animador. A vitória é o mínimo que se exige.
Equipas Prováveis:
SPORTING – Rui Patrício, Abel, Anderson Polga, Tonel, Marian Had, Miguel Veloso, João Moutinho, Izmailov, Romagnoli, Liedson e Purovic.
DÍNAMO DE KIEV – Rybka, Dopilka, Nesmachniy, Vaschuk, Gavrancic, Ghioane, Rotan, Rincon, Gusev, Milevskiy e Bangoura.
PROBABILIDADES (1X2) - 50% ; 30% ; 20%
Confira os jogos decisivos da última jornada.
Hoje:
MARSELHA-LIVERPOOL: Aos franceses basta o empate, os ingleses terão de vencer.
SCHALKE-ROSENBORG: O Schalke tem de ganhar, enquanto aos nórdicos bastará uma igualdade.
REAL MADRID-LÁZIO: Ao Real basta o empate, os romanos necessitam de uma vitória, que ainda assim pode não ser suficiente.
OLYMPIAKOS- BREMEN: Os gregos precisam de um empate, o Bremen tem de vencer.
Amanhã:
RANGERS-LYON: Aos escoceses basta o empate, o Lyon necessita de uma vitória.
PSV-INTER: A equipa holandesa precisa de vencer e esperar que Fenerbahce não ganhe. O Inter está apurado.
FENERBAHCE-CSKA: Os da Turquia precisam de vencer para garantir a passagem, mas até podem perder desde que o PSV não ganhe ao Inter. O CSKA está eliminado.
Todas as restantes partidas são irrelevantes para as contas da liga milionária.

JUVENTUDE EM GRANDE NA TAÇA

Há já algumas semanas que andava com vontade de falar do Juventude de Évora, clube que, como sabem, ocupa um lugar muito especial no meu coração futebolístico.
Infelizmente, a carreira juventudista na 2ªdivisão nacional - à qual ascendeu esta temporada - não tem sido muito entusiasmante, e não tem dado grandes pretextos para sobre ela escrever. Mantendo (e bem) grande parte do plantel que disputava a 3ª divisão, o clube eborense tem evidenciado naturais dificuldades, as quais, agravadas por alguma falta de sorte, o têm remetido para a luta pela fuga aos últimos lugares. Está, na dobragem da primeira volta, em 12º lugar com 10 pontos em 13 jogos, e leva uma sequência de 7 derrotas nos últimos 8 jogos.
Tem sido todavia na Taça de Portugal que a equipa orientada por Miguel Ángelo tem dado que contar. Com três adversários ultrapassados (dois dos quais fora de casa e a norte do país), o Juventude está entre os 29 clubes apurados para a quinta eliminatória, aguardando agora o sorteio da próxima quarta-feira com grande expectativa. Neste domingo, um tanto surpreendentemente, foi vencer a São Mamede de Infesta por 1-2, resultado que conseguiu já depois de, a meio da segunda parte, se ter visto em desvantagem no marcador, encontrando então forças físicas e anímicas para, com golos de Beto e Sandro, dar a volta a situação e alcançar o apuramento para os dezasseis-avos de final da competição.
Já na temporada passada, então na 3ª divisão, o clube eborense havia feito uma carreira bastante positiva nesta prova, ultrapassando também três eliminatórias, caindo depois diante do Pinhalnovense nos 1/32 avos de final. Acontece que, nesta época, tendo subido de divisão, entrou na Taça de Portugal uma eliminatória mais tarde, o que faz com que, com as mesmas três vitórias, tenha já chegado um passo adiante.

Como acontece com todos os pequenos clubes pelo nosso país fora, o que o Juventude deseja da Taça, por motivos financeiros, mas também desportivos, é poder receber a visita de um clube grande. Naturalmente que o meu desejo seria que esse grande clube fosse o Benfica, até porque os dois emblemas nunca se defrontaram em jogos oficiais de futebol sénior. Seria certamente um dia de fortíssimas emoções para quem, como eu, nutre enorme paixão pelos dois, e há muitos, muitos anos aguarda a possibilidade de realizar o sonho de os ver frente a frente no relvado. Receber o Sertanense, único sobrevivente da 3ª divisão, ou até ficar isento, são naturalmente desfechos que também agradariam aos juventudistas.
Nos últimos 25 anos, esta é a terceira vez que os azuis e brancos de Évora conseguem chegar aos dezasseis-avos de final da Taça, tendo em ambas as ocasiões anteriores sido derrotados pelo também azul e branco F.C.Porto. A primeira foi em 1992-93 quando, depois de eliminar o primodivisionário Gil Vicente por 1-0 em Évora, a equipa juventudista foi às Antas perder por 4-0. A outra foi em 1997-98 quando, depois de uma também heróica vitória em Campo Maior, os eborenses voltaram a viajar até ao Estádio das Antas. O resultado foi desta vez esmagador: 9-1 para os portistas, com sete golos (!!) de Mário Jardel, seu record em Portugal.

As melhores prestações de sempre do clube na Taça foram duas presenças nos quartos-de-final: em 1951-52, derrotado pelo Barreirense; e em 1981-82 pelo Ginásio de Alcobaça. O Juventude é o único clube alentejano ainda em prova, fazendo jus ao estatuto que esta época detém de clube mais representativo da região em todos os campeonatos nacionais.

TAÇA SEM SURPRESAS

A quarta eliminatória da Taça de Portugal - primeira envolvendo clubes do escalão maior - não trouxe grandes surpresas. Não houve tomba-gigantes, e as únicas equipas da primeira divisão eliminadas, foram-no por adversários do mesmo escalão – Belenenses por Paços de Ferreira e Académica pelo Benfica. Sporting e F.C.Porto ultrapassaram sem dificuldade adversários modestos.
Na Luz, perante fraquíssima assistência, o Benfica realizou uma primeira parte de bom nível, e chegou ao intervalo com uma vantagem de dois golos, perfeitamente de acordo com a superioridade que tinha manifestado. Na segunda parte a Académica reagiu, conseguiu marcar um golo (com muitas culpas para Butt), e deu por alguns minutos a sensação de que poderia discutir o jogo e o resultado. Foi já nos minutos finais que Cardozo (quatro golos em seis dias) fechou a contagem e colocou definitivamente o Benfica na eliminatória seguinte.
Foi um jogo com pouca história, muito por mérito do Benfica que soube, desde o início, encará-lo com a atitude de quem quer vencer.

BOLA QUADRADA

Esta é a primeira selecção portuguesa de sempre a estar presente numa grande competição internacional. Quase quarenta anos antes dos "Magriços", esta equipa disputou os Jogos Olímpicos de 1928.
O guarda-redes julgo ser Roquette do Casa Pia. Reconhecem-se ainda Raul Figueiredo (o célebre "Tamanqueiro") e o inconfundível Carlos Alves, avô de João Alves, e do qual o actual técnico dos juniores do Benfica herdou o hábito de jogar sempre de luvas pretas. O pai do antigo primeiro-ministro Vasco Gonçalves também fazia parte desta equipa.
Curioso é ainda o equipamento, que parecia juntar a camisola da ainda jovem república, com os calções da deposta monarquia.

QUE SORTEIO ESPERA BENFICA E SPORTING

Quando falta apenas uma jornada para se concluir a fase de grupos da Taça Uefa, já é possível olhar para o panorama que espera Benfica e Sporting no sorteio dos dezasseis-avos de final da prova (esperemos que o Braga também lá esteja), a realizar de hoje a uma semana na Suiça.
Como é do regulamento, os clubes que transitam da fase de grupos da Liga dos Campeões terão de enfrentar equipas classificadas em segundo lugar nos grupos da Uefa. Olhando às equipas que ainda poderão ficar nesse segundo lugar em cada um dos grupos, chegamos aos seguintes possíveis adversários:

A- Zenith S.Petersburgo, AZ Alkmaar ou Nurenberga
B- Panathinaikos ou Atlético de Madrid
C- Villarreal, Fiorentina ou AEK Atenas (matematicamente também o Mlada Boleslav)
D- Hamburgo ou Basileia
E- Spartak de Moscovo, Zurique ou Bayer Leverkusen
F- Bolton ou Bayern de Munique (matematicamente também o Aris de Salónica)
G- Tottenham ou Getafe
H- Helsingborg (matematicamente também o Panionios)

É pois deste lote que sairão os adversários de Benfica e Sporting, o que, olhando a alguns dos casos - Bayern, Tottenham, A.Madrid ou Fiorentina-, não é muito animador. Por outro lado, Zurique, Basileia, Zenith ou Helsingborg seriam possibilidades a encarar com optimismo.
Se a lógica imperar na última ronda (por exemplo, Bayern, A.Madrid e Fiorentina vencerem em casa e ascenderem ao primeiro lugar dos respectivos grupos), poderemos ter um conjunto de possíveis adversários com a seguinte configuração: AZ Alkmaar, Panathinaikos, AEK, Basileia, Spartak Moscovo, Bolton, Tottenham e Helsingborg.

PASSO EM FRENTE

O Sp. Braga deu um importante passo rumo ao apuramento para os dezasseis-avos de final da Taça Uefa, ao empatar a um golo na difícil deslocação a Salónica.
A equipa de Manuel Machado nunca foi inferior ao seu adversário, e até teve oportunidades para trazer os três pontos, que praticamente selariam a qualificação.
Os bracarenses tem agora que vencer o Estrela Vermelha (último classificado) em casa, preferencialmente por dois ou mais golos de diferença, de modo a não dependerem de nenhum outro resultado. Dispõem pois de todas as condições para se juntar a Benfica e Sporting no sorteio do próximo dia 21.

O BENFICA NA TAÇA UEFA

1966/67
R2: Spartak Plovdid (BUL), 1-1* & 3-0
R3: VfB Leipzig (GER), 1-3* & 2-1
1978/79
R1: FC Nantes (FRA), 2-0* & 0-0
R2: Bor.M'gladbach (GER), 0-0 & 0-2*
1979/80
R1: Aris Thessaloniki (GRE), 1-3* & 2-1
1982/83
R1: Real Betis Sevilla (ESP), 2-1 & 2-1*
R2: Lokeren SN (BEL), 2-0 & 2-1*
R3: FC Zurich (SUI), 1-1* & 4-0
QF: AS Roma (ITA), 2-1* & 1-1
SF: Universitatea Craiova (ROM), 0-0 & 1-1*
FL: Anderlecht Brussels (BEL), 0-1* & 1-1

1988/89
R1: Montpellier HSC (FRA), 3-0* & 3-1
R2: RFC Liege (BEL), 1-2* & 1-1
1990/91
R1: AS Roma (ITA), 0-1* & 0-1
1992/93
R1: Belvedur Izola (SVN), 3-0 & 5-0*
R2: Izzo Vac (HUN), 5-1 & 1-0*
R3: Dynamo Moscow (RUS), 2-2* & 2-0
QF: Juventus Torino (ITA), 2-1 & 0-3*
1995/96
R1: SK Lierse (BEL), 3-1* & 2-1
R2: Roda (NED), 1-0 & 2-2*
R3: Bayern Munich (GER), 1-4* & 1-3
1997/98
R1: SEC Bastia (FRA), 0-1* & 0-0
1999/00
R1: Dynamo Bucharest (ROM), 0-1 & 2-0*
R2: PAOK Thessaloniki (GRE), 2-1* & 1-2 vp
R3: Celta Vigo (ESP), 0-7* & 1-1
2000/01
R1: Halmstads BK (SWE), 1-2* & 2-2
2003/04
R1: La Louviere (BEL), 1-1* & 1-0
R2: Molde FK (NOR), 3-1 & 2-0*
R3: Rosenborg (NOR), 1-0 & 1-2*
R4: Internazionale (ITA), 0-0 & 3-4*
2004/05
R1: Dukla Bystrica (SVK), 3-0* & 2-0
R2 (Grp G): SC Heerenveen (NED), 4-2
R2 (Grp G): VfB Stuttgart (GER), 0-3*
R2 (Grp G): Dynamo Zagreb (CRO), 2-0
R2 (Grp G): KSK Beveren (BEL), 3-0*
R3: CSKA Moscow (RUS), 0-2* & 1-1
2006/07
R3: Dynamo Bucharest (ROM), 1-0 & 2-1*
R4: Paris St. Germain (FRA), 1-2* & 3-1
QF: Espanyol (ESP), 2-3* & 0-0

RESUMO

REVIVA OS MELHORES MOMENTOS DO JOGO DE DONETSK



O GOLO: ESSE SENHOR QUE TUDO DECIDE

Podem-se elaborar grandes e complexas análises, podem-se estabelecer grandes teorias filosóficas, mas a verdade do futebol é que se trata de um jogo simples, onde a aleatoriedade tem um peso determinante, e onde os golos que entram ou não entram definem o vencedor, por muito que depois possamos arranjar toda uma panóplia de argumentações tácticas ou estratégicas que os justifiquem, como se encontrássemos explicação para o céu ser azul, o sol brilhante ou dois mais dois serem quatro.
Com base naquilo que foi, por exemplo, o Benfica-F.C.Porto do último sábado, seria um curioso exercício imaginar que a grande jogada de Quaresma tinha levado a bola a bater no poste, e que o remate de Freddy Adu tinha passado um centímetro ao lado da mão de Helton e a bola se tinha anichado na baliza portista. O Benfica, mesmo jogando tal e qual como jogou, teria ganho 1-0, o F.C.Porto, por muito boa exibição que tivesse feito, teria saído derrotado. Como seriam então as análises ao jogo ? Também falariam, com as mesmíssimas movimentações das equipas em campo, de uma grande superioridade portista ?
Nesta Liga dos Campeões ficou bem patente a razão de ser do discurso de Camacho, que tanto irrita alguns comentadores, mas ao qual cada vez mais me rendo, nele se encontrando afinal a simples e objectiva verdade suprema do futebol: ganha quem mete golos. Frente ao Milan, na sequência de uma grande exibição e de várias oportunidades desperdiçadas (o que em menor grau já havia acontecido em Glasgow), o Benfica não conseguiu alcançar o seu principal objectivo, vendo-se eliminado da Liga dos Campeões. Ontem, na Ucrânia, os encarnados marcaram dois golos quando pouco fizeram por os justificar, acabando por conquistar os três pontos e o bilhete para a consoladora Taça Uefa, algo que, diga-se, souberam depois guardar com grande capacidade de sofrimento, espírito de combate e sentido de entreajuda.
Fez o Benfica, sob o ponto de vista da plasticidade, e da qualidade técnico-táctica do seu jogo, uma boa exibição ? De modo algum. Durante a primeira parte – paradoxalmente o período em que construiu a sua vantagem – os encarnados raramente conseguiram sair das imediações da sua área, onde foram massacrados por um Shakhtar rápido, agressivo e imaginativo, capaz de criar um caudal de jogo ofensivo verdadeiramente asfixiante para a equipa de Camacho. Com grande felicidade os golos acabaram porém por entrar na outra baliza, na de Pyatov, sendo também legítimo, já agora, comparar a eficácia de Cardozo – ontem sem paralelo na equipa adversária - com os infantis erros defensivos dos jogadores ucranianos, e aí encontrar um factor de superioridade benfiquista e merecimento na vitória. Como se vê, tudo em futebol é relativo.
Ainda antes do intervalo, já depois de Kyros Vassaras ter assinalado uma grande penalidade por suposto derrube de David Luíz a Brandão – que honestamente não me parece ser possível avaliar pelas imagens televisivas -, e com ela a equipa ucraniana ter reduzido distâncias, Maxi Pereira teve nos pés a hipótese de matar definitivamente o jogo. Desperdiçando-a, anunciou uma segunda parte de grande sofrimento, pois um golo atiraria o Benfica para fora da Europa de futebol.
Contudo, no segundo período o jogo foi substancialmente diferente. O Shakhtar, desgastado física e animicamente, não mais foi capaz de manter a mesma pressão, e o Benfica consequentemente soltou-se, subiu o seu bloco no terreno, conseguindo trocar a bola no meio campo adversário com muito maior frequência e tranquilidade. Temia-se todavia que a qualquer instante o Shakhtar pudesse marcar e deitar por terra os objectivos do Benfica, mas a eficácia dos seus avançados foi nula, acabando por permitir a Quim e à defesa encarnada ir resolvendo as situações que se lhes foram colocando. Mas é claro que, a surgir o segundo golo do Shakhtar, estar-se-ia agora a questionar Camacho e os seus jogadores por tão desluzida prestação. Mais uma vez podemos ver como tudo isto é relativo.
O que não é relativo, a única coisa que não o é, é o resultado final de 1-2, que mantém o Benfica na rota da Europa - já não na competição rainha, mas numa prova onde poderá encontrar alguns adversários da sua igualha e, quem sabe, chegar mais longe do que os quartos-de-final onde esteve na época transacta. Mesmo em momento festivo, fica deste jogo, e da classificação final do grupo, um ligeiro travo a frustração por verificar o quanto tudo podia ter sido diferente. Como disse Mircea Lucescu (técnico da equipa ucraniana), se a Liga começasse agora, o Benfica seria provavelmente um dos apurados, pois à excepção do jogo de San Siro nunca se mostrou inferior aos adversários, acabando por, no confronto directo com os adversários, somente perder com o campeão europeu Milan, e por apenas um golo. Tal como no campeonato português, onde as duas primeiras jornadas representaram quatro pontos perdidos, também na Champions o Benfica pagou caro os desvarios da pré-temporada, entrando em falso, com uma equipa por construir e jogadores por integrar.
Era extremamente importante, depois da derrota com o F.C.Porto, e levando em conta a diferença cavada no campeonato, que o Benfica pudesse prosseguir na Europa. A Taça Uefa, como disse aqui ontem, conta para o ranking europeu na mesma ponderação da Liga dos Campeões, o que, podendo até ser discutível, permite a clubes como o Benfica, com uma boa prestação, para além do prestígio que ainda tem associado, trepar na escala que se reflecte, por exemplo, na hierarquização dos potes nos sorteios da Champions. As presenças do Bayern de Munique, Atlético de Madrid, Fiorentina, Villarreal, e possivelmente do PSV, Liverpool, Lyon ou Valência, faz desta edição da Uefa uma espécie de mini-Champions League, e desaconselha sonhos muito altos. Uma presença nos quartos-de-final, já será, julgo eu, de saudar.
Dia 21 será o sorteio. Em Fevereiro dsiputam-se então os dezasseis-avos de final.

OS ENCARNADOS INDIVIDUALMENTE

QUIM (4) Sempre que foi chamado a intervir esteve bem, negando um golo à equipa ucraniana na logo na fase inicial da partida. Quase ia defendendo o penálti.
NELSON (2) Regressou, curiosamente contra a equipa com que se tinha lesionado. Não esteve particularmente feliz, perdendo bolas em zonas proibidas, e raramente acompanhando as movimentações ofensivas da equipa. A excepção foi o lance do segundo golo.
LUISÃO (3) Mau grado alguns lances onde não foi tão expedito como devia, foi ele o elemento preponderante do acerto defensivo do Benfica em toda a segunda parte.
DAVID LUÍZ (3) Primeira parte muito pobre, talvez ainda marcada pelo golo de Quaresma no sábado, culminada com um penálti desnecessário. No segundo período melhorou, e atingiu um nível aceitável.
LÉO (2) Inegavelmente, os problemas em torno da renovação do seu contrato estão a afectar-lhe o rendimento. A presença do macio Di Maria à sua frente não aconselhava a subir muito no terreno, mas foi a defender que cometeu os seus principais pecados. Na segunda parte melhorou um pouco, mas ainda assim a sua exibição sai com uma imagem muito desfocada.
PETIT (3) Tarda em encontrar o ritmo perdido com a prolongada lesão. Não é rápido a afastar a bola das zonas de perigo, falha passes, desposiciona-se. Não é Petit. Foi assim com o F.C.Porto, e na primeira parte de ontem. Ainda assim, pela sua entrega, pela sua combatividade, merece nota positiva, até porque foram esses os argumentos da equipa para ultrapassar este desafio.
KATSOURANIS (3) Parece desgastado fisicamente e, tal como Petit, esconde-se muito nas imediações da linha mais recuada, abrindo um fosso enorme à sua frente que Rui Costa sozinho não consegue colmatar. Na segunda parte atingiu um nível suficiente para nota positiva, sendo importante na circulação de bola que a equipa soube impor.
RUI COSTA (3) É ele que pauta todos os movimentos ofensivos da equipa, é ele que marca o ritmo do jogo, mas não se lhe pode pedir que faça tudo. Nos últimos jogos tem-me parecido um pouco individualista na definição de alguns lances, o que poderá muito bem ser sinónimo de menor fulgor atlético, o que aliás não é de estranhar.
MAXI PEREIRA (3) Foi mais um dos operários da equipa, mas não conseguiu disfarçar o enorme desgaste. Nota positiva pelo cruzamento para o segundo golo, e pela forma como tacticamente se movimentou, procurando ser o "dois em um" que a equipa precisava.
DI MARIA (2) Dele se esperava que fosse a chave das transições ofensivas, sabendo-se como gosta de ter a bola no pé, e é forte num um contra um. Pouco ou nada se viu, confirmando a ideia de que tem muito que crescer até se tornar no jogador que o seu inato talento dá mostras de prometer.
LUÍS FILIPE (1) Mal entrou, perdeu uma bola infantilmente em zona perigosa. Parece bastante afectado pelo facto de não ter ainda sido capaz de convencer os benfiquistas, e neste jogo não fez nada que fizesse esquecer esse momento.
NUNO ASSIS (2) Foi útil no momento em que era preciso trocar a bola e congelar o jogo.
NUNO GOMES (-) Entrou para queimar tempo.

VEDETA DO JOGO

ÓSCAR CARDOZO (5) Se a um ponta-de-lança se pedem golos, que dizer da sua actuação ontem que, objectivamente, colocou o Benfica na Taça Uefa ?
Tem tardado em conseguir o consenso junto dos sócios, mas o que é certo é que dos sete pontos que o Benfica conseguiu na Liga dos Campeões, cinco deve-os directamente ao avançado paraguaio, que ainda teve a infelicidade de, ao longo dos seis jogos, ver a bola bater nos postes e nas barras diversas vezes. É de resto um dos mais rematadores da prova, e já terá amortizado uma parte importante do custo do seu passe.

O PRIMEIRO DIA DO RESTO DA TEMPORADA


Venha daí um Glorioso à altura da sua história !

O TUDO OU NADA EUROPEU

Afastado da Liga dos Campeões, longe do F.C.Porto na Liga Portuguesa, o Benfica tem hoje em Donetsk a derradeira hipótese de poder prosseguir nas competições europeias, e de manter de pé a esperança numa época bem conseguida. Este jogo tornou-se pois, dados os resultados desta semana, numa tábua de salvação para os encarnados, e deve portanto ser encarado com total disponibilidade física e mental, se tal for possível num contexto de jogos decisivos de três em três dias em que o Benfica tem estado mergulhado.
A Taça Uefa, sendo o parente pobre das competições europeias, tem, no reverso da medalha, o condão de permitir enfrentar adversários mais dóceis, e assim possibilitar chegar mais longe. Como pontua para o ranking da Uefa com a mesma ponderação da Champions, uma boa prestação não é, de modo algum, negligenciável. Creio mesmo que clubes como o Benfica e o Sporting, e mesmo o F.C.Porto (como se viu em 2003) têm aqui uma chave para o sucesso europeu que a milionária Champions manifestamente lhes proíbe e sistematicamente lhes nega. É assim extremamente importante que o Benfica consiga vencer na Ucrânia, e manter-se de pé na Europa futebolística.
Estará em condições de o fazer ? É uma incógnita.
Mais do que o rendimento do Benfica na ressaca de uma comprometedora derrota doméstica, desconheço em absoluto o que fez com que o Shakhtar, depois de um início de prova esmagador, em que se posicionou muito bem face ao apuramento, tenha depois somado três derrotas consecutivas, 2 golos marcados e 9 sofridos, parecendo afundar-se numa crise extensível também aos resultados internos, e que o fez inclusivamente perder a liderança do seu campeonato. Será que este Shakhtar está mais fraco do que o que venceu na Luz, onde de resto foi bastante feliz, perante um Benfica em situação desportiva bem mais frágil que a actual ? Se assim for, suponho que o Benfica tem fortes hipóteses de conseguir dar uma alegria aos seus apaniguados. Caso contrário, se a equipa ucraniana aparecer ao seu mais alto nível, não creio que seja possível ao Benfica encontrar forças para o derrotar, num estádio esgotado por um público entusiasta, num relvado cheio de neve, com 10 graus negativos, e levando em conta que o Shakhtar nem sequer jogou no fim-de-semana, dedicando naturalmente toda a atenção e energia a esta partida, ao contrário, como sabemos, da equipa de Camacho.
O facto de o Shakhtar alimentar ainda o sonho da continuação na prova máxima pode ser uma vantagem estratégica para o Benfica. Dificilmente os ucranianos jogarão para manter o empate, sobretudo se sentirem algum estímulo vindo de…Milão, onde o Celtic joga à mesma hora.
Por outro lado, a ausência de Rodriguez é um rude golpe na equipa benfiquista. O uruguaio tem feito uma época extraordinária, e dificilmente o jovem Di Maria – que muito prometeu, e tanto tem desiludido nas últimas semanas – o poderá fazer esquecer.
Veremos pois o que sucede, sabendo que um afastamento do Benfica vai seguramente gerar nova onda de desconfiança em redor da equipa, algo que parecia dissipado há poucos dias atrás. Por agora, há que dar lugar à esperança.
Equipas prováveis:
SHAKHTAR DONETSK – Paytov, Srna, Kucher, Chygrynskiy, Rat, Lewandowski, Ilsinho, Jadson, Fernandinho, Brandão e Lucarelli.
BENFICA – Quim, Luís Filipe, Luisão, David Luíz, Léo, Petit, Katsouranis, Rui Costa, Maxi Pereira, Nuno Gomes e Di Maria.
PROBABILIDADES (1X2) - 40% ; 20% ; 40%

UM SORTEIO SIMPÁTICO

Ao contrário do sorteio da fase de qualificação para o Mundial 2010, o da fase final do Euro 2008 foi, dadas as possibilidades, de certo modo tranquilizador para as cores lusas. Livrámo-nos da França, da Itália e da Holanda (que curiosamente calharam todas no mesmo grupo, juntamente com a infeliz Roménia), que era o que se podia fundamentalmente pedir. Para além disso, se a lógica imperar - nós ganharmos o grupo e a Alemanha vencer o seu -, teremos provavelmente Croácia ou Polónia para os quartos-de-final, o que também não é propriamente um cenário de aterrorizar.
É verdade que a Áustria seria mais acessivel que a Suiça, e que a Suécia pode eventualmente não ser tão forte como a República Checa. Todavia, como o bom é inimigo do óptimo, teremos que considerar este um sorteio bastante favorável, ainda que o seja apenas em face de males piores que nos poderiam ter acontecido, e não porque se esperem quaisquer facilidades de selecções como a anfitriã Suiça (com presenças interessantes nas grandes competições dos últimos anos), República Checa (antiga campeã e uma das melhores selecções do último europeu), ou Turquia (terceira classificada no Mundial da Coreia). Aliás, numa fase final de um Campeonato da Europa, não há equipas fáceis. Dinamarca em 1992 e Grécia em 2004 demonstraram-no cabalmente.
Veja aqui o calendário total da competição.