MARCOU MAIS QUE O POTE


 

INJUSTO

Podemos questionar porque não jogou Portugal na primeira parte como o fez na segunda, sobretudo na última meia hora. Mas uma coisa é óbvia: Portugal foi melhor do que a Bélgica, e merecia outro resultado.
Foi pena.
Haverá tempo para outras análises, para avaliar as opções de Fernando Santos, a demora em reagir, as insistências em alguns jogadores. Agora, a quente, não seria justo fazê-lo.
Apenas talvez constatar que a Bélgica é uma grande equipa, e teve a sorte do jogo. 


EM FRENTE

Tudo está bem quando acaba bem.
Neste caso, em rigor, ainda não acabou. Mas a qualificação para os oitavos-de-final, num grupo onde estava França e Alemanha, e onde Portugal teria de jogar duas partidas no terreno dos seus adversários, acaba por ser necessariamente positiva.
Foi pena não escaparmos ao quadro mais difícil. Podia ter acontecido, até mesmo sem interferência da nossa equipa, tal como acontecera em 2016, com os resultados que se conhecem. Desta vez o caminho para a final vai ser muito mais difícil, com Bélgica, e depois, eventualmente, Itália nos quartos e França ou Espanha nas meias. Vai ser duro, e tenho dúvidas de que, pelo que se tem visto, tenhamos forma de repetir o feito do último Europeu.
Quanto ao jogo em si, pode dizer-se que teve, não duas, mas três partes distintas. Primeiro com superioridade lusa, que justificaria vantagem ao intervalo, não fosse um penálti, quanto a mim inexistente, assinalado à beira do intervalo. Depois a reação francesa, que deu o segundo golo (continuo a não acreditar em linhas, e estas ainda me parecem mais toscas que as do campeonato nacional), contra a corrente da qual Portugal voltou a empatar. Mas a França manteve-se por cima, e na altura, com a Hungria a vencer em Munique, temi o pior. A terceira fase do jogo foi o quarto de hora final, em que uma espécie de pacto de cavalheiros deixou o empate encaminhar-se tranquilamente para o seu destino.
O onze escalado por Fernando Santos foi manifestamente mais coerente e compacto que o dos jogos anteriores. Bruno Fernandes não está no seu melhor, e William nunca foi jogador para a titularidade de uma selecção que tem melhores opções para o lugar. Renato Sanches, pelo contrário, está em grande momento, e no nosso melhor período foi o homem em maior destaque – pela força, pelo dinamismo e, agora, também pelo critério que dá ao sector central da equipa. Moutinho, pela experiência e sentido táctico, também esteve bem. Mas o principal destaque, além dos golos e dos recordes de Ronaldo, vai para Rui Patrício, que salvou Portugal em mais de uma ocasião.
Enfim, agora temos pela frente a Bélgica, de Lukaku e De Bruyne entre outros, primeira do ranking mundial de selecções. Um osso muito duro de roer, e que exigirá uma equipa portuguesa bem acima daquilo que tem mostrado até aqui.

O ONZE PARA A DECISÃO

Este seria o meu. O de Fernando Santos vai incluir William Carvalho, com o objectivo de perder exactamente por 2-0.
 

AS CONTAS DO APURAMENTO

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DERROCADA

Após o jogo com a Hungria, já aqui tinha expressado a minha dificuldade em compreender algumas das opções tácticas de Fernando Santos. Depois de levar quatro da Alemanha, essa incompreensão generalizou-se a todo o país desportivo. Ao menos não estou sozinho o que, neste caso, é parca consolação.
Não se entende, por exemplo, porque mantém o engenheiro duas estátuas em frente da defesa, quando as ditas não compensam os centrais, não compensam os laterais, nem participam no jogo ofensivo. E se Danilo ainda poderia ser útil em alguma dessas tarefas (nomeadamente na zona central da defesa, dado o seu jogo aéreo, permitindo alargar os laterais, coisa que ninguém lhe terá dito para fazer), já William não tem qualquer cabimento nesta equipa. Apenas ocupa espaço, e mal. Por algum motivo, todos os outros jogam em grandes clubes europeus enquanto ele aquece o banco do Bétis de Sevilha.
Tirar Bernardo Silva, que até estava a fazer um bom jogo, para fechar o corredor direito com...Renato Sanches, foi outro erro crasso, hipotecando duas posições com uma só alteração. Com Portugal a perder Bernardo tinha de continuar em campo. E Renato devia ter entrado, sim, mas para o corredor central. Entre Jota e Bruno Fernandes creio que só deve jogar um, pois se Bernardo e Ronaldo não defendem, o colectivo não suporta mais dois elementos nulos na hora de correr atrás dos adversários. Neste caso, Bruno Fernandes, pelo cansaço que denota e que o deixa muito longe do seu melhor, podia ficar no banco e ser lançado ao longo do jogo.
Os equívocos são muitos e a sorte não dura sempre. Espero estar enganado, mas temo o pior para o jogo com a França.
Não vou bater mais no ceguinho. Espero que Fernando Santos saiba interpretar o que correu mal, e à boa maneira de Scolari em 2004, tomar as opções óbvias ao arrepio da sua teimosia.

A ESTRELINHA CONTINUA A BRILHAR

Primeiro ponto: é quase emocionante voltarmos a ver um estádio completamente cheio, algo que não acontecia há mais de um ano. Que muito em breve tal se possa estender a todo o futebol mundial.

Quanto à partida, Portugal é muito melhor do que a Hungria, e demonstrou-o ao longo de quase todo o tempo de jogo. Mas aos 84 minutos, com insistente e preocupante 0-0 no marcador, confesso que maldizia Fernando Santos. Pela constituição inicial da equipa (a insistência em William tem sido um mistério, pese embora até nem ter estado mal nesta partida), e pelas substituições que, na altura, me pareceram algo despropositadas (tirar Bernardo Silva, enfim…).
Tenho este problema com Fernando Santos: acho-o uma pessoa estimável, mas não o compreendo como técnico. Será com certeza por ignorância minha, pois o homem é campeão da Europa, e eu sou um simples curioso que gosta de mandar bitaites.
A verdade é que, ou ele é mesmo genial e vê coisas que ninguém vê (afirmar que ia ganhar o Europeu em 2016 depois daquela primeira fase miserável…Santo Deus!…), ou tem uma sorte descumunal. E neste jogo com a Hungria foi uma vez mais bafejado (ou visionário…) pois as substituições que eu maldizia (inclusive o benfiquista Rafa, de quem tanto gosto), e que, para ser franco, tacticamente continuo sem perceber, acabaram por se revelar determinantes. Rafa foi mesmo o homem do jogo (para toda a gente menos para a UEFA), com duas assistências e um penálti conquistado.De destacar o terceiro golo, que foi um verdadeiro hino ao futebol.
Tudo está bem quando acaba bem. Foi assim em 2016, e foi assim neste jogo – que acabou em apoteose, com Ronaldo a bater mais recordes e as substituições de Fernando Santos louvadas por toda a gente.
Penso que bastará um empate num dos dois jogos que faltam para garantir o apuramento. Depois…é esperar que a estrelinha continue a brilhar.
Força Portugal!

A MINHA SELECÇÃO

 

O GUARDA REDES DOS 6-3


... e de muitas outras vitórias. Acima de tudo um grande ser humano, segundo todos os que o conheceram.

Descansa em Paz!