A NECESSIDADE DE FAZER ESCOLHAS

Já Bela Guttman dizia em 1962: “senor, futbol português não ter cu para doiss cadeirras…”.
O mago húngaro falava a propósito da perda do título nacional para o Sporting, poucas semanas depois de a equipa de José Augusto, Eusébio, Águas, Coluna e Simões ter conquistado categoricamente em Amsterdão a sua segunda Taça dos Campeões Europeus, levando de vencida por 5-3 o poderoso Real Madrid de Di Stéfano, Puskas e Gento.
Os tempos foram mudando, mas há verdades que permanecem eternas. Não é muito frequente ainda hoje, uma equipa vencer uma prova europeia e sagrar-se no mesmo ano campeão nacional do seu país.
Nos últimos vinte anos disputaram-se 53 competições europeias (20 ligas dos campeões, 20 uefas e 13 taças das taças). Apenas 11 destas 53 provas foram ganhas por campeões nacionais dos respectivos países, ou seja, 42 vencedores de provas europeias, entre os quais vários campeões europeus, não conseguiram triunfar nas suas batalhas domésticas.
As razões para isto são fáceis de entender. A partir de um dado momento, na eventualidade de poder lutar por uma taça europeia com tudo o que isso acarreta de prestígio e dinheiro, os clubes acabam por aligeirar a sua atitude competitiva interna – quer por uma questão estratégica, quer por aspectos psicossomáticos relacionados com a motivação dos jogadores, que obviamente preferem sempre a competição capaz de lhes oferecer mais visibilidade.
Muitas vezes, fazendo jus ao ditado “quem tudo quer tudo perde”, clubes há que, apostando em vários cavalos ao mesmo tempo, acabam por se não sentar em nenhum deles, lançando o desânimo e a depressão entre os seus adeptos. Assim de repente vem-me à cabeça o sensacional Sporting de José Peseiro, que tudo perdeu na última semana da época, quando se a sua aposta se tivesse centrado apenas numa das provas em que estava envolvido, as hipóteses de êxito teriam sido seguramente bem maiores. Muitos outros exemplos haveria, tanto num como noutro sentido. A excepção tem sido mesmo o domínio simultâneo de frentes internas e externas, e quando isso acontece – lembremo-nos do F.C.Porto de José Mourinho – quase sempre se deve a um precoce adiantar na tabela classificativa nacional, capaz de permitir uma almofada pontual que resista ao desgaste físico e anímico das últimas semanas de prova, através, por exemplo, de uma bem calculada poupança de jogadores nucleares.
Tudo isto vem a propósito naturalmente do momento do Benfica, quando os seus adeptos sonham com a conquista do título e da Taça Uefa - ou pelo menos uma boa prestação, que passa por chegar, quem sabe, às meias-finais.
Sejamos realistas. O Benfica não tem plantel para as duas competições, nem está em condições de gerir seja o que for em termos nacionais – aquilo que podia gerir já geriu, e era a eliminação da Taça de Portugal.
Um onze com Quim, Nelson, Luisão, Anderson, Léo, Petit, Katsouranis, Rui Costa, Simão, Miccoli e Nuno Gomes é de grande categoria e é inquestionavelmente o melhor onze do nosso país, sendo capaz de se bater dignamente em qualquer competição internacional. Mas o Benfica, mais Derlei ou Karagounis, fica-se por aí. Todos os restantes jogadores do plantel estão em patamares qualitativos muito abaixo destes 13 elementos, pelo que é completamente impossível pensar em qualquer tipo de rotatividade – tomara antes que não existam mais lesões…
Assim sendo, os encarnados vão ter, mais cedo ou mais tarde, de fazer uma opção sobre aquilo que querem desta época: desafiar o F.C.Porto na luta pelo título nacional (4 pontos sempre são 4 pontos), ou apostar todas as fichas numa competição europeia que nunca venceram, onde vão aparecendo ainda adversários acessíveis, que atribui generosos e preciosos pontos para o ranking europeu - de países mas também de clubes, o que redobra significado na hora dos sorteios – e que em caso de vitória seria naturalmente capaz de fazer o mundo benfiquista reviver a gloriosa década de sessenta, algo que na Liga dos Campeões, a menos que todo o edifício estrutural do futebol europeu venha abaixo, dificilmente se repetirá nos anos (décadas ?) mais próximos.
A questão que se põe por agora é a de definir com exactidão o momento em que essa opção terá de ser feita.
Esperando obviamente que o Benfica consiga ultrapassar o PSG e não derrape no campeonato até lá, esse momento deverá ser o do jogo com o F.C.Porto. Se o Benfica, vencendo o F.C.Porto, passar nesse dia para a frente da classificação – única forma de depender de si próprio a sete jornadas do fim – julgo que não deverá desviar mais a atenção de um campeonato que nesse momento passará a ser um pássaro poisado na sua mão. Caso o Benfica nesse mesmo dia não esteja no comando da prova nacional e continue na batalha europeia, sabendo-se então já com exactidão que adversários poderá encontrar até à final – que Deus nos livre do Sevilha e do Werder Bremen…-, penso ser de voltar todas as agulhas para a Uefa, e procurar aí fazer tudo para poder escrever em Glasgow mais uma página dourada no seu brilhante historial europeu.
Lutar até ao fim nas duas frentes, com toda a franqueza (e frieza) não creio ser possível.
Para já importa chegar ao início de Abril em condições de efectuar essa opção. É portanto necessário ultrapassar o PSG e vencer os três jogos (Aves, Leiria na Luz e Reboleira) de campeonato que faltam até receber o F.C.Porto na Luz, esperando que este perca pelo menos dois pontinhos até lá (lembre-se que recebe Braga e Sporting e viaja até aos Barreiros).

ESPREITANDO O PSG

VEDETA DA BOLA observou com toda a atenção o Paris Saint Germain frente ao Saint Etienne da última jornada da Liga Francesa.
É óbvio que a televisão não permite analisar convenientemente os jogos e as equipas, mas como VEDETA ainda não tem correspondente em Paris, teve que ser mesmo através da transmissão da Sport Tv, pelo que a análise é necessariamente superficial.
Os parisienses perderam em casa (0-2) pondo assim termo a uma série vitoriosa que havia tido início pouco depois da chegada do conceituado Paul Le Guen ao comando da equipa. Perdeu e perdeu bem, diga-se.
De facto o Paris Saint Germain, a avaliar por este jogo - até agora apenas tivera oportunidade de ver a segunda parte do jogo da segunda mão com o AEK, já com a eliminatória mais que resolvida – parece uma equipa claramente ao alcance de um Benfica normal. Os homens da Luz não se precisarão de transcender para derrotar o PSG que eu vi frente ao Saint Etienne, onde demonstrou algumas fragilidades importantes.
Paul Le Guen começou o jogo em 4-3-3. Na baliza actuou o internacional Landreau que não teve qualquer culpa nos golos sofridos, mas os laterais Mendy e Drané, ambos de origem africana, jogam extremamente (demasiadamente ?) subidos. Mendy, lateral direito, aparece por vezes mesmo em zonas subidas de construção interior o que deixa o seu flanco à mercê dos adversários (por exemplo…Simão). Os centrais por sua vez pareceram-me algo duros de rins, sobretudo o bem constituído Armand. O outro, o checo Rozehnal, será teoricamente o responsável pela cobertura do flanco direito, também apresenta boa planta física. Seja como for foram batidos de cabeça no interior da área num dos golos dos visitantes.
O meio campo em duplo pivot foi constituído por Jeróme Rothen e Cissé. Aparentemente seria uma boa dupla, pois um deles é mais tecnicista e o outro mais físico, mas a verdade é que demonstraram muito pouca dinâmica, sobretudo no acompanhamento e lançamento de acções ofensivas. À sua frente jogou Chantôme, mas se a ideia era que ele funcionasse como um número dez pode-se dizer que não se notou muito. Este jogador não é habitualmente titular, sendo aquele lugar normalmente preenchido pelo argentino Gallardo, que se encontrava indisponível para esta partida.
No ataque talvez seja onde o Paris St-Germain melhores indicações deixou, ainda que não tenha marcado qualquer golo. Na verdade, conhecemos bem Pauleta e sabemos do que ele é capaz. Neste jogo não se viu, mas Luyindula e sobretudo Diane (viria a ser substituído pelo ponta-de-lança Frau já na fase mais desesperada), que caiu mais para o flanco direito, mostraram argumentos capazes de causar algumas preocupações a Nelson e Léo. Com um Pauleta dos grandes dias, esta pode ser uma linha ofensiva perigosa.
Na segunda parte entrou Kalou – irmão do jovem jogador do Chelsea -, e acabaram por ser dele as melhores oportunidades que o PSG teve para reduzir distâncias
O PSG tem tantos golos marcados fora como o terceiro classificado, o que talvez se deva à velocidade destes extremos, sendo por contrapartida a equipa que mais golos sofreu em casa em toda a 1ª divisão francesa, o que indicia algumas dificuldades na transição ataque-defesa, talvez fruto do desposicionamento constante e insuficientemente compensado dos laterais, sobretudo o do lado direito.
O jogo da primeira mão poderá decidir a eliminatória, e o Benfica não se deve de modo algum encolher no Parque dos Príncipes à espera da decisão na Luz. Em dia de inspiração das suas mais influentes unidades, o Benfica até pode resolver a eliminatória em Paris, o que seria de todo conveniente, pois o PSG parece ser vulnerável em casa e perigoso fora dela.
Há também que considerar a eventualidade de Paul Le Guen, à semelhança do que fez na eliminatória anterior, substituir metade da equipa titular nos jogos com o Benfica – o PSG está em luta pela manutenção no primeiro escalão e aposta tudo no seu campeonato, pelo que a Uefa estará em plano secundário na mente dos seus jogadores e responsáveis. Este será um factor que pode baralhar as contas de Fernando Santos, pois tanto será admissível essa hipótese, quanto a de, disputando uns oitavos-de-final, os parisienses tentarem o sucesso através da Europa.
Para já, vendo este jogo, fiquei mais optimista do que estava.

VEDETA DA JORNADA

SIMÃO SABROSA: Já poucas palavras restam para classificar a bitola exibicional que tem atingido ao longo de toda esta temporada, e a importância que assume semana a semana na equipa.
Simão, claramente e de longe, desde o início da época (e desde há vários anos...), a unidade de maior rendimento do Benfica, emerge agora também como goleador - mesmo sem jogar dentro da área -, liderando desde ontem a tabela do campeonato de parceria com o ponta-de-lança Postiga. Fernando Santos deu-lhe liberdade táctica, e ele tem correspondido com a sua melhor e mais consistente época de sempre - veremos se também com títulos.
Joga, faz jogar, marca, dá a marcar. Ao contrário de outros craques que nos brindam com pinceladas isoladas de grande beleza artística- estou-me a lembrar de Ricardo Quaresma -, as acções de Simão em campo são de uma objectividade notável, e raramente se perdem apenas pelos aplausos das bancadas. Ao invés, reforçam os mecanismos colectivos da equipa e incrementarem a sua força ofensiva, encontrando a sua beleza numa simplicidade de processos só ao alcance dos maiores. Além disso há as bolas paradas, os golos (até de cabeça como ontem), a liderança em campo, etc.
Uma estrela.
A estrela maior do nosso campeonato. Indiscutivelmente !

CLASSIFICAÇÃO "REAL"

Quanto a casos já ficou quase tudo dito nas crónicas dos jogos. Muitos erros, alguns graves (sobretudo em Aveiro), mas em termos de pontos nada a alterar.

F.C.PORTO 46
Benfica 44
Sporting 41

COM CHEIRINHO A PREMIER LEAGUE

Todo o país teve ontem oportunidade de assistir em sinal aberto a um grande espectáculo de futebol. Benfica e Paços de Ferreira demonstraram que por vezes em Portugal também se sabe jogar, e que quando os artistas estão inspirados e os técnicos são ambiciosos, o nosso futebol consegue elevar o seu nível para bem próximo daquilo que se joga nos principais campeonatos europeus. Ontem, ao longo do jogo, várias vezes me veio à cabeça a Premier League – um jogo destes em nada lá destoaria -, tal a rapidez, intensidade e beleza de muitos dos movimentos dos artistas em campo, qual bailado sobre a relva. Esplendor na Relva chamar-lhe-ia Elia Kazan.
Pena foi que se tratasse de uma segunda-feira, e como tal não pudessem estar mais do que 36 mil espectadores no estádio, pois este jogo merecia mais de 50 mil.
A primeira meia hora do Benfica foram os melhores trinta minutos de futebol que vi em toda esta temporada no nosso país. Rápida circulação de bola, pressão avassaladora – dois e três homens sobre o detentor da bola -, ritmo alucinante, perfeição de passe e drible, espontaneidade de remate. Dois golos eram magro pecúlio para a inspiração de Miccoli, Nuno Gomes, Katsouranis, Karagounis e sobretudo de um verdadeiramente genial Simão, que perfumou a Luz com toda a sua imensa classe.
Embora fosse de esperar, mais tarde ou mais cedo, algum abrandamento, pensou-se estar perante um jogo de sentido único e uma presumível goleada. Mas eis que emergiu o Paços de Ferreira, que com uma reacção notável empurrou o Benfica para longe do seu reduto defensivo e desatou a criar lances de perigo junto da baliza de Quim.
Geraldo com um pontapé fabuloso – daria o golo do ano…-obrigou o guardião benfiquista a puxar dos galões e a efectuar uma brilhante defesa para canto. Pouco depois, na sequência de uma falha defensiva do Benfica, o Paços, com muitos jogadores na área, reduzia a diferença, estávamos mesmo à beirinha do apito de Paulo Paraty para o intervalo.
Sabe-se quão poderoso efeito psicológico tem um golo naquele momento, pelo que Fernando Santos terá seguramente passado um intervalo muito pouco tranquilo.
Tinha motivos para isso pois o Paços entrou de rompante no segundo período, conquistando muitas segundas bolas e criando perigo – num dos lances esteve mesmo muito, muito perto de empatar -, perante um Benfica trabalhador, organizado mas distante do brilhantismo da primeira meia hora. Temeu-se que o natural cansaço acabasse por fazer ceder a equipa da Luz, que não aproveitara o seu período de maior fulgor para resolver o jogo e agora se via e desejava para deter a poderosa reacção dos comandados de José Mota.
Mas sabe-se lá aonde, os encarnados foram buscar a força e a energia de que necessitavam para afirmar de novo o seu domínio no jogo e manter de pé a sua candidatura ao título. Depois de ensaiar dois ou três lances de contra-ataque mal concluídos, o Benfica acabou por repor a diferença de dois golos na sequência de um golpe de talento de Fabrizio Miccoli concluído por Simão, que assim se colou a Hélder Postiga no topo da lista dos goleadores.
Mesmo assim o jogo não terminou aí, pois o Paços de Ferreira, num assomo de dignidade e ambição impressionante, foi para cima do Benfica, criando e desperdiçando mais duas excelentes ocasiões para marcar, o que a acontecer ainda iria causar muitos calafrios no Estádio da Luz. O Benfica continuou por sua vez a procurar a oportunidade de alargar a vantagem em contra-ataques, mas apesar de ambas as equipas o merecerem, mais nenhum golo subiu ao marcador da Luz.
Quando o jogo terminou tive a sensação ambivalente de, por um lado me sentir aliviado com uma vitória nada fácil, mas por outro me apetecer estar ali a noite toda a regalar-me com aquele magnífico espectáculo.
Individualmente os louros vão sobretudo, e como de resto vai sendo habitual, para Simão Sabrosa. A estrela do Benfica desenhou com letras brilhantes a vitória da sua equipa marcando dois golos, mas para além disso comandou toda a manobra ofensiva da equipa, fazendo a cabeça em água aos defensores pacenses. É este seguramente o melhor Simão de sempre, e muito dificilmente o Benfica o irá aguentar mais uma época.
Também Miccoli esteve muito bem, ainda que não marcasse (por manifesta infelicidade, diga-se), Nuno Gomes regressou aos golos, o que por si só é de saudar, e a dupla grega esteve ao seu melhor, quer na recuperação de bolas, quer no lançamento do ataque. Karagounis terá mesmo feito talvez uma das suas melhores exibições de águia ao peito.
Se o meio-campo e o ataque do Benfica estiveram imparáveis, já da defesa não se poderá dizer o mesmo. Luisão teve um dia um tanto estranho, perdendo vários lances de cabeça (o que não é nada habitual como sabemos), Anderson também teve alguns momentos de insegurança – a dupla de centrais divide aliás as responsabilidades no golo dos nortenhos -, e mesmo os laterais não realizaram exibições particularmente exuberantes. Quim alternou o óptimo (defesa a remate de Geraldo) com o assim-assim (numa saída mal calculada).
Paulo Paraty, infelizmente, não esteve ao nível da maioria dos jogadores. Só na primeira parte escamoteou ao Benfica dois cantos e dois livres perigosos, e perdoou a expulsão a Paulo Sousa, que incrivelmente sobreviveu a inúmeras e duras faltas completamente incólume. Os cartões mostrados a Katsouranis e a Edson (?) por pedirem amarelo a adversários são ridículos - até podem constar das leis do jogo, mas não constam seguramente das do bom senso.
Este árbitro, na sequência de um suposto jantar com José Veiga, ganhou fama de benfiquista, e tem mostrado nas suas últimas actuações como que uma necessidade de se demarcar desse “epíteto”. Penso que já o terá conseguido.
No terceiro golo do Benfica Simão parece estar em linha no momento do passe de Miccoli. Mas aqui os louros vão para o árbitro assistente, num lance rápido e difícil de avaliar.
Pontuações: Quim 3, Nelson 3, Luisão 2, Anderson 3, Léo 3, Petit 3, Katsouranis 4, Karagounis 4, Miccoli 4, Nuno Gomes 4, Simão 5 e Derlei 3.
Melhor em campo: obviamente Sabrosa, Simão Sabrosa !
O Paços de Ferreira também merece destaque. Foi - talvez um conjunto com o Belenenses - a melhor equipa que pisou a Luz para as competições domésticas nesta temporada. É uma equipa que não se limita ao defensivo e standardizado futebolzinho promovido pela maior parte dos treinadores da nossa Liga, mas antes promove o espectáculo e procura incessantemente o golo. Com um ou outro retoque, poderia (poderá ?) muito bem ser candidato às provas europeias.

GOLEADA COM MUITAS RETICÊNCIAS

Ainda que com (pelo menos) dois golos irregulares, o Dragão passou incólume por uma deslocação que se antevia difícil, quer pela subida de forma do Beira Mar nas últimas jornadas, quer pelo natural desgaste do jogo frente ao Chelsea.
Numa primeira parte morna de ambos os conjuntos, os portistas foram mais felizes ao marcar num lance estranho e que também levantou alguma polémica acerca do posicionamento, quer de Pepe, quer de Lisandro.
Na fase inicial da segunda parte a vantagem tangencial portista esteve em perigo, altura em que os aveirenses encostaram a equipa de Jesualdo às cordas. Foi na sequência desse período que emergiram as duas figuras maiores do encontro: Ricardo Quaresma e o árbitro assistente Paulo Ramos, quase se podendo aqui aplicar o lugar comum de “um a jogar e outro a…marcar”.
Ricardo Quaresma teve oportunidade de realizar alguns números do seu extenso repertório - ainda que sem grandes consequências práticas -, mas foi o árbitro assistente que deixou passar em claro um fora-de-jogo de metros de Lisandro Lopez no lance do segundo e decisivo golo – isto depois de na primeira parte ter sido tão zeloso a levantar a bandeira num limpíssimo lance de ataque aveirense. O momento do segundo golo acabou por marcar o jogo, pois deitou por terra a bonita reacção da equipa de Soler que saíra do intervalo decidida a fazer uma surpresa.
Já na ponta final do desafio, Bruno Paixão arredondou as contas ao assinalar uma grande penalidade que francamente não me pareceu existir. Pelo meio foi o guardião aveirense a ajudar à goleada, dando um monumental “frango” a remate de meia distância de Raul Meireles.
Contas finais, por portas e travessas, 0-5, com o Dragão a recuperar moral e a ver-se, à condição, com sete pontos de vantagem sobre os rivais de Lisboa.
Ele há com cada goleada…

QUO VADIS SPORTING !

Precocemente afastado de todas as provas europeias, contando quatro empates nas últimas cinco jornadas da liga e com alguns dos seus mais representativos jogadores envolvidos em problemas fora dos relvados, o Sporting caminha a passos largos para mais uma decepcionante temporada.
Se na Taça de Portugal a equipa de Paulo Bento mantém intactas todas as suas esperanças – não tendo todavia ainda defrontado uma única equipa do primeiro escalão -, na principal prova nacional, o empate caseiro de ontem frente ao "lanterna vermelha" Desportivo das Aves poderá muito bem significar o adeus ao título pela quinta época consecutiva. A menos que o F.C.Porto escorregue amanhã em Aveiro, não se vislumbra como os leões possam recuperar uma diferença de sete pontos com o duríssimo calendário que têm de enfrentar – recordemos que nas onze jornadas que faltam terão ainda de se deslocar à Luz, ao Dragão, a Braga, a Leiria e a Coimbra.
Ontem, com uma atitude competitiva displicente e incompreensível em quem já nem sequer tem de se preocupar com o calendário europeu, o Sporting ficou a dever a si próprio dois importantes pontos. A maior oportunidade de todo o jogo até terá pertencido aos visitantes, a qual, a concretizar-se, ainda adensaria mais o escândalo.
As palavras do presidente Soares Franco no final da partida são pertinentes – designadamente nos reparos que fez aos adeptos -, mas pecam ao não reconhecer que terão sido também os próprios responsáveis do Sporting a elevar demasiado a fasquia a uma equipa jovem e imatura, orientada por um técnico personalizado mas também ele inexperiente.
Na realidade este Sporting tem dois grandes jogadores (Liedson e João Moutinho), alguns bons jogadores (onde se incluem esperanças por confirmar, como Nani ou Veloso, e promessas eternamente adiadas como Martins), e demasiados jogadores banais. À excepção do levezinho e do jovem algarvio, a instabilidade de rendimento é a nota dominante, muitas das vezes originada fundamentalmente por problemas emocionais castradores de uma atitude competitiva aceitável - casos de Carlos Martins e Nani.
As aquisições para esta temporada representaram um fiasco total. Um medíocre Farnerud, um veterano e desmotivado Paredes, um inoperante Alecsandro e um episódico Bueno não foram de todo os reforços que os sportinguistas certamente esperariam. Jovens como Ronny, Yannick ou Pereirinha estão ainda muito longe de poder responder às necessidades de um candidato ao título, e que inclusivé se apresentou, há meses atrás, com algumas ambições europeias. A isto acresce a manifesta má forma de jogadores que na temporada passada se exibiram com uma consistência incomparavelmente maior - estou-me a lembrar por exemplo de Custódio, Abel, Tonel ou Caneira.
Para além dos jogadores, está ainda por provar a competência de Paulo Bento enquanto técnico de uma equipa de topo. O treinador do Sporting tem uma personalidade forte, um discurso disciplinador, e isso pode ter levado a disfarçar deficiências ao nível da leitura de jogo e, sobretudo, em termos de planificação da época. Tal como alguns dos seus orientados, a experiência limar-lhe-á muitas dessas limitações, mas no momento actual talvez o Sporting necessitasse menos de um treinador de futuro e mais de um técnico tarimbado, com passado e com curriculo.
Tudo isto tem contribuído para que o Sporting, partindo da importantíssima vantagem de - ao contrário dos seus adversários directos - ter mantido toda a sua estrutura da temporada passada, tenha desbaratado esse “património”, encontrando-se agora no limiar de mais um desfilar de frustrações e traumas antigos. Resta aos leões uma hecatombe de Porto e Benfica, envolvidos até ao pescoço nas competições internacionais, ou então contentar-se com uma Taça que ainda assim mantém em prova Braga, Belenenses e Boavista. Há também o segundo lugar e o acesso directo à Champions – mesmo que o Benfica ganhe ao Paços não ficará a uma distância inultrapassável, sobretudo, insisto, caso a sua aposta uefeira se vá sedimentando cada vez mais.
Mas para além desta temporada há uma questão de filosofia que o Sporting tem de debater e para a qual tem de encontrar um caminho: Quererão os adeptos do Sporting que este seja um clube eminentemente formador, com vários jovens na sua equipa principal, mas apenas episodicamente vencedor, à semelhança por exemplo de um Auxerre ? Ou pretendem disputar títulos época a época no mesmo patamar competitivo de F.C.Porto e Benfica ? É que cada vez mais me vou convencendo que uma e outra coisa são incompatíveis, e que ao manter este equívoco os leões apenas vão perdendo tempo e oportunidades.

O SENHOR QUE SE SEGUE

O adversário do Benfica nos oitavos-de-final será o Paris St.Germain.
Trata-se, como se sabe, de um clube com pergaminhos nas provas europeias, que conta com grandes jogadores como o “nosso” Pauleta, os internacionais franceses Landreau e Rothen, o argentino Gallardo, o uruguaio Rodriguez, o marfinense Kalou ou o checo Rozehnal, mas que tem estado a fazer uma época decepcionante em termos domésticos.
Desenganem-se contudo os que, olhando para a classificação da liga francesa (16º lugar com 5 derrotas em casa), esperem facilidades. A equipa parisiense, depois de um início de campeonato catastrófico, trocou há pouco tempo de treinador contratando nem mais nem menos que Paul Le Guen – campeão com o Lyon, e um dos melhores treinadores europeus da actualidade. Pois desde então leva 6 jogos sem perder e 4 vitórias consecutivas, estando claramente numa fase ascendente como prova a sua recente categórica vitória em Atenas, num estádio onde o Benfica perdeu 1-3 durante a pré-época.

A equipa de Fernando Santos, caso queira ter ambições de chegar à final, tem de ser considerado favorito para esta eliminatória. Mas isso não significa, nem de perto, que vá encontrar um adversário muito acessível. O P.S.G. é seguramente muito superior ao Dínamo, tem jogadores experientes, e só um grande Benfica conseguirá fazer prevalecer o seu favoritismo. Isto é também um alerta para os adeptos, para que encham a Luz no jogo que, esperemos, garanta a passagem pelo segundo ano consecutivo a uns quartos-de-final europeus.
A grande vantagem deste adversário será a possibilidade de enfrentar também o jogo de ida com muitos milhares de portugueses nas bancadas do Parque dos Príncipes, dada a enorme dimensão da comunidade lusa na capital francesa.

São estes os jogos dos oitavos-de-final da Taça Uefa:

PARIS SAINT-GERMAIN (França) - S.L.BENFICA (Portugal)

SP.BRAGA (Portugal) -TOTTENHAM H. (Inglaterra)

NEWCASTLE UTD. (Inglaterra) -AZ ALKMAAR (Holanda)

R.C.LENS (França) -BAYER LEVERKUSEN (Alemanha)

GLASGOW RANGERS (Escócia) - OSASUNA (Espanha)

CELTA DE VIGO (Espanha) - WERDER BREMEN (Alemanha)

MACCABI HAIFA (Israel) - R.C.D.ESPANHOL (Espanha)

SEVILHA F.C. (Espanha) - SHAKHTAR DONETSK (Ucrânia)

O CANTO DA ÁGUIA

Sem encher o olho, mas com uma exibição segura que deixou bem clara a sua superioridade, o Benfica conseguiu os dois objectivos que levava para a Roménia: o principal, passar a eliminatória, e o acessório, vencer o jogo dando assim preciosos pontos a Portugal no ranking europeu, que irão permitir a manutenção de três equipas na Champions League por mais duas épocas, pois quem nos ameaçava a posição era precisamente a Roménia, a partir de ontem sem qualquer equipa em prova.
Fernando Santos surpreendeu (ou talvez não…) colocando Nuno Gomes no banco. A aposta era na mobilidade e combatividade de Derlei, para um jogo em que, partindo em vantagem, era previsível dispor de espaços nas costas da defesa contrária – diga-se que o luso-brasileiro não foi brilhante mas trabalhou o suficiente para justificar a opção.
Já no final da primeira parte, quando o Benfica perdia por 1-0 e o medo começava a tomar conta dos adeptos, se tem que dizer que o resultado era injusto. Nesse primeiro período a equipa encarnada dispôs de três ou quatro ocasiões de golo, enquanto os romenos apenas criaram uma, na qual, com total eficácia, abriram o marcador – num lance onde é difícil apontar culpados na defesa encarnada, tal a rapidez da desmarcação de Munteanu. Para o segundo período o que fundamentalmente se temia era que a sorte virasse de vez as costas aos portugueses e as coisas se complicassem. Felizmente isso não sucedeu.
Sabia-se que caso marcasse o Benfica conquistaria uma vantagem praticamente decisiva na eliminatória. Com um golo logo nos primeiros instantes da segunda parte a equipa tranquilizou definitivamente – eis a importância das vitórias por 1-0 na primeira mão.
Para além da serenidade que a experiente equipa encarnada adquiriu, esse momento marcou também de forma irreversível a equipa romena, o jogo e a eliminatória. De facto daí em diante só os ruidosos adeptos romenos pareciam ainda acreditar num milagre para as suas cores. O golo de Katsouranis, também na sequência de um canto e quase a papel químico do de Anderson, foi a estocada final na equipa dos cárpatos
Viu-se então um Benfica com estofo, capaz de adormecer o jogo, deixá-lo morrer docemente, e de aproveitar os espaços concedidos na frente do seu ataque para construir mais alguns lances de perigo. A equipa da Luz esteve bem mais perto do 1-3 que os romenos do 2-2.
Nos momentos finais, com a eliminatória morta e enterrada mas mantendo-se a vantagem tangencial no jogo, o único motivo de interesse era a conquista dos pontos para efeito de ranking. Também isso correu bem.
Na equipa benfiquista o melhor voltou a ser Simão Sabrosa. Os golos resultaram de cantos apontados milimetricamente por si para entradas ao primeiro poste– lances que valeram já esta temporada golos em Alvalade e no Dragão -, e para além disso teve apontamentos de grande classe que deixaram bem evidenciada a sua preponderância na equipa. Léo, Petit, Luisão, Karagounis e Quim também estiveram em plano de destaque, além naturalmente dos autores dos golos: Anderson e Katsouranis.
Os avançados Miccoli (de quem muito se esperava) e Derlei trabalharam muito mas não se pode dizer que tenham brilhado muito.
O Dínamo decepcionou um pouco nestes dois jogos. Não esqueçamos que esta equipa comanda com larga vantagem a liga romena, tem vários internacionais nas suas fileiras e não perdia em casa há quase um ano. Talvez o facto de se encontrar sem competir há algumas semanas tenha sido decisivo no pouco que mostrou e no desfecho da eliminatória – por exemplo Nicolescu, o ainda melhor marcador da Taça Uefa, praticamente nem se viu, e apenas o guarda-redes Lobont, recrutado à Fiorentina no mercado de Inverno, se exibiu em elevado nível.
A arbitragem foi boa.
Uma palavra final também para o Sp.Braga que, em jogo que não tive possibilidade de acompanhar, venceu categoricamente o Parma em Itália, repetindo o triunfo da primeira mão.
O Parma está longe dos tempos em que venceu provas europeias e discutiu títulos italianos – lembro-me da equipa de Zola, Brolin e Asprilla e de umas meias finais da extinta Taça das Taças em Lisboa com o Benfica, ainda antes de Rui Costa viajar para Florença – mas não deixa de ser uma equipa italiana com jogadores muito experientes, pelo que o mérito do Sp.Braga não pode ser minimamente beliscado. Assim de repente julgo ser este o seu mais significativo momento internacional de sempre.
Com o Tottenham vai ser difícil, mas o Braga pode e deve sonhar mais alto.

VENCER, VENCER !

Um jogo de vida ou de morte.
É com essa mentalidade que o Benfica deve entrar esta noite no relvado para defrontar o Dínamo de Bucareste. A Taça Uefa é uma aposta forte, e uma eventual eliminação nesta fase iria seguramente lançar o universo benfiquista numa depressão de consequências imprevisíveis. Ao contrário da milionária Champions League onde os clubes portugueses se limitam a fazer o melhor que podem, na Uefa o Benfica tem obrigação de se assumir como uma das equipas mais fortes em prova, e assim sendo, como um óbvio candidato à final de Glasgow, tudo devendo fazer para tentar lá chegar.
O resultado da primeira-mão deixa algumas garantias mas é bom desconfiar deste Dínamo, que comanda destacadamente o seu campeonato, joga num ambiente frenético e também tem ambições numa competição onde as equipas romenas têm um passado recente de bastante sucesso.
Pelo que se viu na Luz o Benfica é favorito. Contudo, a onda de excessivo optimismo que pulula em redor da equipa pode ser traiçoeira, e jogadores e técnicos não podem de modo algum deixar-se embarcar nela. A eliminatória está em aberto e só um Benfica ao seu melhor nível garantirá a passagem.

Com Rui Costa de fora as dúvidas quanto à equipa inicial são poucas. O losango do meio-campo será constituído por Petit no vértice mais recuado, a dupla grega Katsouranis-Karagounis como interiores, e Simão livre mais adiante. Na frente Nuno Gomes e Miccoli terão a responsabilidade de marcar pelo menos um golo, que seria seguramente de extraordinária importância para o desenlace da eliminatória. Se o ponta-de-lança português enfrenta uma preocupante crise de golos - tenho um pressentimento de que vai ser hoje... -, já o italiano surge neste momento em grande forma e é nele que estão depositadas as maiores esperanças dos benfiquistas e preocupações dos romenos. Num jogo em que o Benfica parte em vantagem, ter um elemento rápido e talentoso como Miccoli, capaz de aproveitar de forma implacável os espaços que lhe concedam, é um factor que pode fazer desequilibrar os pratos da balança a favor da equipa portuguesa.
Mais cá atrás espera-se que Luisão esteja ao nível a que nos tem habituado. Assim sucedendo será meio caminho andado para uma segurança defensiva à prova de bala que os encarnados também necessitam. Se o melhor que pode suceder ao Benfica é a marcação de um golo, diria La Palisse que o pior seria sofrê-lo.
O Benfica terá neste momento 60 % de hipótese de seguir em frente. Que não as desaproveite é o que se pede.
Pode ser dado hoje, em Bucareste, o tiro de partida para mais uma caminhada europeia ao nível do historial do clube.
Força Benfica !

LONGE DOS QUARTOS

Se à partida para esta eliminatória as probabilidades de sucesso do F.C.Porto não iriam, realisticamente, além dos 20%, com o resultado de ontem no Dragão elas ter-se-ão reduzido para pouco mais que 5%.
É verdade que faltam noventa minutos e qualquer vitória serve. Mas o Chelsea é o Chelsea, joga em sua casa - onde poucas hipóteses costuma dar aos adversários que o visitam – e o F.C.Porto está longe, muito longe, da equipa que tinha como técnico justamente aquele que ontem se sentou no banco oposto.
Os Dragões até tiveram a sorte do jogo do seu lado quando viram o central e capitão John Terry sair lesionado ainda nos primeiros minutos, e aproveitaram a superioridade numérica daí resultante para chegar ao golo no primeiro remate que fizeram à baliza de Cech, depois de alguns minutos de grande nervosismo. Quando Meireles marcou já aquecia o médio Obi Mikel, mas de imediato Mourinho mandou entrar o extremo Robben, adoptando um sistema de jogo bem mais audaz e afirmativo do que o que tinha idealizado para esta partida. Do 4-4-2 inicial, o Chelsea passava agora a actuar num 4-3-3, com Shevchenko e Robben a cairem nas alas. Foram justamente esses dois homens que contruiram o golo que de pronto restabeleceu a hierarquia – em lance muito facilitado por Bosingwa e Bruno Alves - e que repôs uma igualdade que só aparentemente o era pois na verdade, a partir desse momento, não se voltava à estaca zero mas eram sim os ingleses a conquistar importante vantagem na eliminatória.
Pedia-se um super-Porto e ele até ameaçou aparecer. Sobretudo através de Ricardo Quaresma – que primeira parte! - que fez o que quis do pobre Diarra, médio adaptado a lateral, e por pouco não marcou o que seria um dos mais belos golos de toda a temporada europeia. Já antes Lisandro Lopez perdera uma excelente ocasião para marcar diante de Petr Cech.
A segunda parte foi totalmente diferente. Fazendo sair de novo o tocado Robben e entrar, então sim, o nigeriano Mikel, Mourinho repôs a estrutura inicial, recuou as suas linhas e tapou todo o espaço no seu meio campo, com especial incidência no flanco direito da defesa onde a Quaresma não mais foram permitidas quaisquer veleidades. A qualidade do espectáculo degradou-se.
As substituições de Jesualdo também em nada ajudaram, partindo totalmente a equipa em duas - algo que ele fazia frequentemente no Benfica, se bem nos recordarmos. Notou-se ainda na fase final do jogo algum desgaste físico e anímico do F.C.Porto, vindo ao de cima a maior experiência e valia dos britânicos, que nos instantes finais até acabaram por estar mais perto do segundo golo, deixando no ar a sensação de que o conseguiriam caso dele necessitassem.
No conjunto dos 90 minutos pode-se dizer que o resultado é justo pois se o Porto não merecia perder, também se tem de dizer que, se exceptuarmos o período da saída de John Terry e do golo, praticamente apenas jogou aquilo que o Chelsea deixou.
Em termos individuais o destaque vai claramente para Essien que encheu o campo e quase sozinho deu conta de todo o ataque do F.C.Porto. No F.C.Porto brilharam Quaresma - na primeira parte foi brilhante -, e Paulo Assunção. Pela negativa esperava-se mais de Drogba na equipa de Mourinho, enquanto que no F.C.Porto esteve estranhamente apagada a dupla argentina Lucho-Lisandro, que tão bem costuma aparecer nos jogos internacionais. Postiga não marca qualquer golo há 10 jogos consecutivos, o que juntando à crise de Nuno Gomes representa um grave problema para a selecção nacional.
O árbitro suíço esteve impecável e confirmou tratar-se de um dos melhores da actualidade.
O Chelsea conseguiu assim os seus objectivos, e o F.C.Porto fica bem mais longe do sonho dos quartos-de-final pois convenhamos que só um milagre o fará vencer em Stanford Bridge.

Nos outros jogos da jornada o destaque vai inteirinho para a derrota do campeão Barcelona em casa diante do Liverpool – as duas equipas que o Benfica defrontou nos quartos e oitavos da época transacta- , com a particularidade de os dois golos terem sido apontados justamente pelos jogadores que se envolveram em confrontos no estágio algarvio (Bellamy e Riise), o que indicia que Benitez terá talvez sabido reverter a situação a favor da equipa. Adensa-se assim a crise em Camp Nou, naquela que era há muito pouco tempo unanimemente considerada a melhor equipa europeia, e agora, praticamente com os mesmos jogadores, perdeu a Supertaça, a Intercontinental, e vai bem lançada para sair da Champions pela porta dos fundos.
O rico e opulento Inter, imparável no plano interno, comprometeu a passagem ao empatar a dois em casa diante do Valência, enquanto que o Lyon manteve o seu favoritismo intacto ao impor uma igualdade a zero no Olímpico de Roma.
Na véspera Real e Bayern deixaram tudo em aberto para Munique, enquanto o Manchester, com o empurrãozito que protege normalmente os fortes desta competição, conseguiu alinhavar a eliminatória frente ao Lille. Milan também empatou fora, enquanto que o PSV de Ronald Koeman provocou uma pequena surpresa ao triunfar por 1-0 diante do Arsenal, provando a especial apetência que o técnico holandês tem para lidar com os grandes confrontos internacionais – este resultado fez lembrar o 1-0 ao Liverpool conseguido pelo Benfica faz agora precisamente um ano, na mesmíssima fase da prova.

UM DIA NÃO SÃO (LARGOS) DIAS

O que amamos mais, o clube ou a pátria ? Serão os respectivos factores de identidade semelhantes ? Será moralmente lícito regozijarmo-nos com derrotas de rivais mesmo se compatriotas ?
Sempre que estamos perante importantes jornadas europeias de futebol todas estas questões me assaltam o espírito. Hoje estamos naturalmente perante uma dessas ocasiões, pois o F.C.Porto-Chelsea desta noite é sem dúvida um excelente elemento de análise, até porque do outro lado estarão igualmente, entre jogadores e técnicos, vários portugueses.
Se verificarmos o que se passa na maioria dos países da Europa onde o futebol se vive com idêntica paixão à que desperta por cá, é absolutamente natural ver adeptos de clubes a torcerem pelas derrotas dos seus rivais internos. Em Itália e Espanha há muito que assim é, e neste aspecto talvez apenas França e Alemanha possam revelar tendências ligeiramente diferentes, isto se nos cingirmos a países que dispõem de campeonatos de primeira linha. É absolutamente impensável ver um adepto “culé” a festejar uma vitória internacional dos “merengues” ou vice-versa, assim como se o Milan conquistar um título internacional os seus rivais do Inter serão os que certamente menos felizes se sentirão. Tive oportunidade de trocar impressões com adeptos do Celtic, aquando do jogo com o Benfica, e fiquei sem sombra de dúvida que sempre que o Rangers entre em campo, eles estarão do lado do adversário.
Sendo isto um fenómeno absolutamente natural em tantos países cultural e civilizacionalmente de robustez indesmentível, acaba por ser estranho que nestes casos em Portugal, país latino por excelência, se adopte invariavelmente um politicamente correcto patriotismo que acabando por se traduzir por vezes numa espécie de hipocrisia oficial da nação, não deixa de ocupar todo o espaço discursivo institucional e segregar aqueles que ousadamente o desprezam.
Um dos motivos para que isso suceda será seguramente a solidez etno-política da nossa antiga nacionalidade, que se comparada, por exemplo, com os nossos vizinhos espanhóis fará perceber algumas diferenças de, diria, atitude patriótica. Outra poderá ser a pequena dimensão do país e a sua frequente busca de afirmação junto das potências que habitam o mesmo espaço geográfico, designadamente a União Europeia. Mas de que vale tudo isto quando se fala de futebol e de paixão clubista ?
Parece-me líquido que o código genético da natureza humana a empurra para a afirmação de identidades de tendência preferencialmente mais restrita. Isto é, entre um fenómeno identitário de carácter nacional – o patriotismo – e um sub fenómeno mais limitado – o clubismo – tendencialmente será este a prevalecer, tal como entre o clubismo nacional e o local o segundo será, na maioria dos casos, privilegiado. Assim sendo, por muito que a retórica oficial aponte noutro sentido, parece ser humanamente legítimo e expectável que o clube seja mais sentido que a pátria, e consequentemente os seus efeitos marginais – como as rivalidades – se sobreponham ao mais magnânime sentimento nacional. O mesmo acontece de resto a outra escala se compararmos cidadania nacional e cidadania europeia – tomando em consideração o processo, agora um tanto arrefecido em virtude da não aprovação do tratado constitucional, de desnacionalização e regionalização da Europa comunitária.
Quer isto dizer que eu deseje uma derrota do F.C.Porto na partida desta noite? Não necessariamente.
Com efeito, desde há alguns anos surgiram elementos novos que interferem claramente nesta questão e têm uma força racional inegável. Se por um lado os rankings de pontuações assumiram uma importância crucial desde que os actuais modelos competitivos da Uefa foram implementados, por outro, a maior sobrecarga de jogos derivada desses mesmos modelos fez com que uma campanha europeia bem sucedida envolva inevitavelmente um desgaste físico e anímico capaz de se reflectir de forma decisiva nas provas nacionais. No cruzamento destes dois aspectos se poderão e deverão situar razões objectivas para um qualquer adepto de um qualquer clube Europeu se solidarizar com os bons resultados europeus dos rivais.

Posto isto restar-me-á, por uma questão de frontalidade, manifestar a minha posição pessoal face ao jogo de hoje.
Longe vão os tempos em que saltei do sofá com o calcanhar de Madjer em Viena. Os comportamentos de constante arrogância e cinismo de Pinto da Costa, e algumas manifestações, que não esqueço, na baixa portuense aquando de derrotas europeias do Benfica, foram-me tornando cada vez mais alheio à sorte internacional dos Dragões – ao contrário do que sucedia sempre que jogavam Boavista, Braga ou Sporting. Foi assim que vivi as epopeias portistas de 2003 e 2004, com distanciamento. Sem mágoa nem entusiasmo. Com uma pontinha de inveja, confesso. E vendo bem, representação nacional no futebol é tão só a Selecção, pois os clubes representam-se apenas a si mesmos.
Mas os pontos valem ouro, e valem, quem sabe, a presença de amanhã na Champions, a melhoria do ranking para os sorteios – e falo (também ou sobretudo) do Benfica. A par disso, e numa altura em que se disputa palmo a palmo a Liga Portuguesa, é de todo inconveniente para os encarnados que o F.C.Porto possa centrar todas as suas atenções na prova nacional, sobretudo se o Benfica, como espero, não o poder fazer. Como os ingleses também têm os seus “ses”, encontro assim os motivos suficientes para desejar uma vitória portista no jogo de hoje, sem necessitar de grandes exercícios de contorcionismo afectivo.
Deste modo, esquecendo o Apito Dourado, esquecendo Pinto da Costa, e sem ponta de hipocrisia, seguem em nome de VEDETA DA BOLA, votos da melhor sorte possível para a eliminatória com o Chelsea.
Por hoje, e só hoje, BIBA Ó PORTO !!

VEDETA DA JORNADA

MICCOLI: Na quarta-feira resolvera, ontem voltou a fazê-lo. Miccoli é decididamente um homem para os grandes momentos. O segundo golo é extraordinário e bem revelador da auto-confiança que o prodígio transalpino transporta consigo nesta altura. Será que foram as palavras de Fernando Santos a puxar pelo seu orgulho? É que ao vê-lo jogar como ontem, até parece mais magro…

CLASSIFICAÇÃO "REAL"

Na Mata Real, Pedro Proença não terá visto um corte com a mão de um jogador pacense dentro da área. Motivo para grande penalidade e para acrescentar dois pontos aos leões nesta tabela. Neste jogo ainda, há que referir que Liedson podia e devia ter visto cartão vermelho por uma entrada duríssima e sem bola ao tornozelo de um defesa contrário - veremos como são os critérios da Liga em termos de sumaríssimos...
No Dragão houve um lance discutível de penálti, mas obviamente sem influência no resultado.
Finalmente no jogo de ontem na Madeira nada de relevante há a assinalar, a não ser a violência de alguns jogadores da casa punida com amarelos quando, com algum rigor, a cor poderia ter sido outra. O segundo golo de Miccoli parece ser limpo - trata-se do tipo de contacto que só alguns árbitros portugueses insistem em assinalar como faltosos.
Na jornada passada, por lapso, não foi atribuído um ponto ao F.C.Porto por mão na área de um defesa estrelista durante a segunda parte do jogo que terminou com a escandalosa vitória do Estrela da Amadora no Dragão. A classificação agora apresentada reflecte essa correcção.

F.C.PORTO 43
Benfica 41
Sporting 40

No balanço temos portanto que os portistas estão em “casa” sem benefícios ou prejuízos (dois pontos com a Académica em casa compensaram um ponto em Leiria e outro com o Estrela), enquanto que Benfica (prejudicado em dois pontos na Figueira da Foz) e Sporting (prejudicado em cinco pontos em ambos os jogos com o Paços, e beneficiado na Choupana com dois pontos e no Bessa com um) foram cada um deles escamoteados num total líquido de dois pontos.
Mesmo com o Apito Dourado a prometer efeitos o panorama ainda é este, o que prova que as teorias que por aí andam de que o F.C.Porto estaria a ser prejudicado não passam de lágrimas de crocodilo de quem se habituara a um estatuto de excepção ao longo de décadas e agora se vê objecto de um tratamento mais idêntico aos restantes. Acredito que estes dois pontos sejam agora um mero acaso, algo que não acontecera com os muitos e muitos pontos que durante muitos e muitos anos os portistas foram acumulando fruto (que palavra esta...) de uma protecção especial de que beneficiavam a olhos vistos.

BENFICCOLI !

Diz-nos a experiência que jogos difíceis de campeonato entalados no meio de jornadas europeias acabam frequentemente em perdas de pontos. Sendo a deslocação à Choupana uma das duas com maior grau de dificuldade que o Benfica tem até ao fim da época (a outra é também à madeira mas para defrontar o Marítimo), tendo em conta o desgaste do jogo da passada quarta-feira e a longa viagem que se segue para um jogo de vida ou morte em Bucareste – e também o golpe infligido pela lesão de Rui Costa logo na aurora do jogo -, bem se pode dizer que os encarnados, saindo incólumes desta jornada, para além de terem recuperado a segunda posição, e mesmo sem conquistar pontos ao líder, reforçaram a sua candidatura ao título.
Tratou-se de uma vitória justíssima, pois ao longo de todos os noventa minutos de jogo o Benfica foi inequivocamente a melhor equipa em campo. O Nacional pareceu apostar no factor emocional para ir protelando a partida e o empate, nunca afirmando uma verdadeira vontade de assumir o domínio das operações.
Se durante os primeiros quarenta e cinco minutos os encarnados se deixaram de algum modo enlear no adormecimento induzido pelos insulares, à entrada para a segunda parte se viu, desde logo, quem queria de facto conquistar os três pontos.
Temeu-se que voltasse a aparecer o fantasma do Boavista. Mas desta vez havia Miccoli.
O Rato italiano, com peso a mais ou não, voltou a decidir uma importantíssima partida e emerge em altura crucial da temporada como a unidade de maior destaque da equipa do Benfica, garantindo golos e vitórias fundamentais. Revela-se também o único jogador do plantel encarnado com o instinto finalizador em alta. Ontem esteve perfeito nos dois golos, pleno de oportunidade no primeiro, forte e rápido no segundo. Bem lhe pode agradecer Fernando Santos por estes três pontos.
Outras unidades se destacaram na noite da Choupana. Foram os casos de Nelson (em clara subida de forma), Luisão (sempre ao seu nível) e como e normal e usual, o capitão Simão. Quim esteve seguríssimo, denotando enorme frieza nas poucas intervenções que foi obrigado a efectuar.
Pela negativa há que salientar a menor prestação de Katsouranis – um dos seus jogos mais tristonhos desde há meses a esta parte, sobretudo no plano das acções ofensivas -, e mais um jogo laborioso mas nulo de Nuno Gomes. É verdade que o ponta-de-lança está no lance do primeiro golo, mas só com muito boa vontade se pode chamar “assistência” à sua intervenção. Nos últimos dez jogos da Liga o avançado amarantino marcou apenas um golo. Dramático !
O árbitro Bruno Paixão esteve bem, embora o seu estilo de apitar por tudo e por nada enerve um pouco o espectador.
Pontuações: Quim 4, Nélson 4, Luisão 4, Anderson 3, Léo 3, Katsouranis 2, Petit 3, Rui Costa -, Simão 4, Miccoli 5, Nuno Gomes 2, Karagounis 3, Paulo Jorge 1, João Coimbra -.
Melhor em campo: Miccoli, claramente, e mais uma vez, o homem do jogo.

MARCHA ATRÁS

Paulo Bento muito falou da auto-dependência do Sporting conseguida na semana passada. Trata-se de facto de um factor psicológico extraordinariamente importante, mas que faz mais sentido quando se tem um calendário mais suave pela frente. O Sporting tem de ir, por exemplo, à Luz, ao Dragão, a Braga e a Leiria – que são nem mais que os cinco primeiros -, pelo que era, e continua a ser, altamente provável que venha a perder vários pontos até final da época. Estando agora em terceiro lugar, tendo recebido os outros dois “grandes”sem ter ganho a nenhum deles, a equipa de Alvalade ficou nestas últimas semanas mais distante do título, não aproveitando os pontos desperdiçados pelo F.C.Porto. O Sporting leva três empates nos últimos quatro jogos, e a goleada ao Nacional, até pela sua atipicidade – recorde-se que a treze minutos do fim o Sporting perdia em casa por 0-1-, não pode deixar de ser entendida como a excepção a uma clara quebra de rendimento desde que em Setembro os leões derrotaram com uma fabulosa exibição o poderoso Inter de Milão, e anunciavam ser “o” grande candidato ao ceptro nacional, com uma equipa recheada de talentosos jovens oriundos da sua inesgotável formação.
Em Paços de Ferreira, reduto onde ninguém ainda venceu, os leões tiveram uma jornada infeliz. Podem-se queixar a sorte – ai aquela bola ao poste de Liedson… - e da arbitragem pois ficou um penálti por assinalar por mão de um jogador pacense na área no início da segunda parte. Mas por outro lado, sofrer um golo em contra-ataque quando se está a ganhar é algo que está nos livros como exemplo de ingenuidade, e que remete para o nível etário do plantel sportinguista, abrindo a reflexão sobre se é verdadeiramente possível conquistar provas com jogadores tão jovens e inexperientes, alguns dos quais, diga-se, algo aquém da qualidade que lhes pretendem atribuir – as grandes excepções são apenas Moutinho e Nani, ainda que este esteja longe da regularidade exigida a um verdadeiro craque.
Sinal positivo para Paulo Bento é a recuperação de Liedson enquanto grande goleador. Nas duas competições que os leões ainda disputam Liedson anotou 9 golos nos últimos 8 jogos, alguns dos quais de grande recorte técnico.
Todavia, e a estatística tem destas coisas, parece que os golos do avançado leonino pouco têm ajudado a equipa pois têm coincidido com um período de grande perda de pontos – se nas primeiras onze jornadas o brasileiro marcou apenas 2 golos e mesmo assim o Sporting apenas cedeu 7 pontos, nas últimas seis, nem 6 golos de Liedson evitaram o desperdício de 6 pontos.

PONTAPÉ NA CRISE

Ninguém esperava evidentemente que o F.C.Porto fosse perder sempre até final do campeonato. Depois de duas derrotas, chegou uma natural vitória em casa perante um adversário em crise e a anunciar uma queda livre na classificação.
A exibição não foi tão brilhante como o resultado poderá fazer crer, mas esta vitória clara e robusta não deixa de ser um tranquilizante para o grupo de Jesualdo e um bom tónico para o grande embate de quarta-feira frente ao Chelsea.

GOLO DE OURO

Um Parma em crise, desmotivado e desfalcado permitiu ao Sp.Braga, mesmo sem jogar bem, uma vitória por 1-0, resultado que permite acalentar todas as esperanças de seguir em frente na Taça Uefa.
Os bracarenses fizeram uma primeira parte muito pobre e só no segundo tempo conseguiram levar algum perigo até perto da baliza do veterano Bucci. A equipa minhota acabou por ter a sorte do jogo do seu lado, e também o mérito do goleador Zé Carlos, para a poucos minutos do final da partida desferir um golpe que pode ser de transcendental importância dentro de uma semana no Ennio Tardini.
Palavra final para os apenas seis mil espectadores no estádio, que conforme o próprio presidente do Sp.Braga afirmou se trata de uma vergonha tendo em conta a fase da competição em causa, o nome do adversário e a qualidade de um estádio que os bracarenses, pelos vistos, não merecem. Ao que sei os bilhetes eram bastante caros e estava a chover intensamente, mas mesmo assim é de lamentar esta forma bem portuguesa de viver o fenómeno do futebol…de sofá. Voltarei em breve a este tema, que está a assassinar o desporto rei no nosso país.

DIZ QUE É UMA ESPÉCIE DE MATADOR

O Benfica conseguiu na noite de ontem os dois principais objectivos a que se propunha neste primeiro embate frente ao Dínamo de Bucareste: vencer e não sofrer golos. Terá falhado um terceiro que seria o de encaminhar desde já a eliminatória num sentido mais ou menos irreversível, mas tendo em conta o momento actual da equipa da Luz, e não esquecendo que o Dínamo comanda destacadamente a sua Liga e vem de um país em clara ascensão na Europa do futebol, não se pode deixar de considerar a vitória obtida como um resultado claramente positivo.
Não foi um grande jogo de futebol, sobretudo durante a enfadonha primeira parte. Os encarnados adoptaram uma postura cautelosa, bem distante de algumas das mais exuberantes exibições ofensivas da corrente temporada, enquanto que o seu adversário se remeteu a uma atitude quase exclusivamente defensiva, parecendo buscar claramente o zero a zero, o qual aliás esteve prestes a alcançar. Mas para além de um realismo compreensível em quem disputa uma primeira mão, o Benfica foi também uma equipa carecida de imaginação e profundamente intranquila no modo como circulou a bola e se procurou abeirar das imediações da baliza de Lobont. Fez-se sentir o efeito Póvoa, e diga-se que alguns assobios vindos da bancada também em nada ajudaram – e a propósito de bancada, diga-se que 35 mil espectadores num jogo internacional é muito pouco para um clube que tem mais de 150 mil sócios e que se diz ser o maior do mundo.
Fernando Santos arriscou ao substituir um fisicamente limitado e já amarelado Petit por um regressado Miccoli que se havia de tornar na figura cimeira da noite. Nos primeiros instantes do segundo tempo o efeito negativo da falta de um homem no meio campo fez-se sentir de forma mais evidente do que o reforço da capacidade ofensiva, mas pelo tempo fora, por acréscimo de vontade do Benfica ou por decréscimo físico dos romenos, a equipa da Luz foi tomando conta do jogo em todos os seus aspectos, fazendo adivinhar o golo que só o recente episódio vivido no jogo com o Boavista induzia os presentes a descrer que viesse a acontecer. Efectivamente, na meia hora final a equipa de Fernando Santos soltou-se mais, assumindo claramente o risco de jogar em casa, e foi então capaz de pressionar o Dínamo na sua zona mais recuada, acabando por ver os seus esforços recompensados quando no último minuto o “rato” italiano voltou a fazer vibrar a Luz com um golo pleno de oportunidade e amplamente festejado pelos adeptos, fazendo lembrar um outro marcado na estreia europeia do transalpino na temporada passada frente ao Lille para a Champions League, também no último minuto e também a valer uma importante vitória por 1-0.
Digamos que a vitória é justa e importante, mas um Benfica nos seus melhores dias teria sido capaz de deixar as coisas já ontem resolvidas. Este resultado não diminui em nada o favoritismo que a equipa portuguesa detinha à partida para o jogo de ontem, embora por outro lado permita aos romenos continuar a sonhar com o apuramento.
Estou curioso de ver como se comportará esta equipa em sua casa, tendo de arriscar no ataque e consequentemente de abrir alguns espaços no sector defensivo. Sabe-se como o Benfica (com elementos como Simão, Nuno Gomes, Miccoli, e agora também Derlei) se sente confortável a jogar em contra-ataque, pelo que a segunda mão tem forçosamente de ser encarada, com precaução é certo, mas com grande optimismo também.
Refira-se que esta eliminatória é de transcendente importância para o futebol português, pois é precisamente a Roménia que nos ameaça no ranking da Uefa. Se todos os portugueses (sportinguistas e portistas incluídos) querem continuar a dispor de três clubes na Liga dos Campeões, terão pois forçosamente que desejar a passagem do Benfica, de preferência com mais uma vitória em Bucareste.
Em termos individuais não houve ninguém que se destacasse particularmente. Para além de Miccoli, pelo golo salvador que acendeu a Luz, poucos saíram de uma mediana regularidade, pois o jogo não foi propício a grandes brilhantismos individuais. Ainda assim foram talvez os defesas Léo e Luisão os que se exibiram com maior regularidade ao longo dos noventa minutos. Simão, embora com dois ou três lances à sua altura, esteve longe das suas melhores noites – foi este também um dos motivos do menor brilho da equipa -, enquanto que Karagounis realizou uma primeira parte de nível muito positivo, decaindo depois para um plano mais modesto. Também Nelson bem se esforçou, correndo e cruzando com intensidade e frequência, mas a felicidade nunca o acompanhou nos seus intentos ofensivos. Quim esteve onde era necessário, correspondendo com uma grande defesa ao único lance em que teve de intervir durante todo o jogo. Rui Costa teve alguns momentos de arte, mas a sua articulação com o resto da equipa ainda não parece totalmente conseguida.
Pela negativa a nota vai claramente para Nuno Gomes, que revela uma angustiante falta de confiança, perdendo todos os lances individuais, chegando sempre tarde às bolas, nunca aparecendo no sítio exacto, e quando isso não acontece debate-se invariavelmente com uma teimosa infelicidade a negar-lhe os golos – como foi o caso daquele grande lance a meio da primeira parte em que, com um desvio perfeito, obrigou o experiente Lobont à defesa da noite. Nuno viria a ser assobiado no momento em que deu naturalmente lugar a Derlei, que por sua vez, diga-se, já mostrou um cheirinho das potencialidades que os benfiquistas esperam ver-lhe revelar, e que fizeram dele estrela cintilante numa das melhores equipas de sempre do futebol português: o F.C.Porto de Mourinho.
No Dínamo estiveram em evidência os centrais (de quem curiosamente se dizia ser o ponto fraco da equipa), bem como o guarda-redes.
O arbitro croata esteve bem o plano técnico, mas equivocou-se demasiado no aspecto disciplinar, poupando alguns amarelos aos jogadores romenos.
Pontuações: Quim 3, Nelson 3, Luisão 4, Anderson 3, Léo 4, Petit 2, Karagounis 3, Katsouranis 3, Rui Costa 3, Simão 3, Nuno Gomes 1, Miccoli 4, Derlei 3 e João Coimbra -.
Melhor benfiquista em campo: Miccoli, pelo golo decisivo.

O TROFÉU QUE O BENFICA NUNCA VENCEU

Em terceiro lugar e sem depender de si próprio no Campeonato, afastado da Liga dos Campeões e agora também da Taça de Portugal, o Benfica tem na Taça Uefa uma importante porta de salvação para a sua temporada.
Trata-se de uma prova algo ofuscada pelo brilho da milionária Champions, mas que não deixa de ter algum prestígio no futebol internacional, mais a mais sabendo-se que as suas pontuações em termos de ranking valem tanto quanto as da sua irmã mais rica.
O Benfica tem ainda o estímulo adicional de estar perante uma competição que nunca conseguiu vencer, pelo que esta se trata, como aqui já disse em Dezembro passado, de uma aposta para levar bastante a sério.
Importa neste momento fazer uma breve resenha do historial dos encarnados nesta competição, que embora distante dos pergaminhos alcançados na Taça/Liga dos Campeões não deixa de ter alguns momentos altos.
Esta é a 14ª participação do clube na Uefa e o melhor resultado foi obtido em 1983 quando uma fantástica equipa - que englobava nomes como Bento, Humberto, Veloso, Pietra, Álvaro, Alves, Stromberg, Sheu, Carlos Manuel, Chalana, Nene, Filipovic e Diamantino, e cujo treinador era Sven Goran Eriksson, talvez a melhor equipa do Benfica dos últimos 30 anos - chegou à final, perdendo então para o Anderlecht (0-1 em Bruxelas e 1-1- na Luz) após uma campanha notável e que incluiu, por exemplo, vitórias em Roma e em Sevilha, e durante a qual o jugoslavo Filipovic brilhou a grande altura sagrando-se o melhor marcador da prova com 8 golos.
À excepção desta campanha só em mais uma ocasião os encarnados passaram dos oitavos de final. Foi em 1992-93, quando depois de levarem de vencida Belvedur, Vac e Dínamo de Moscovo, caíram aos pés da poderosa Juventus de Baggio, Vialli e Ravanelli, mau grado a vitória tangencial obtida na Luz (2-1 com dois golos de Paneira) em jogo que este vosso amigo presenciou. Em Turim, um golo logo nos primeiros instantes, a lesão do guardião Silvino, e uma serei de azares ditaram uma pesada derrota (0-3) que pôs fim às ambições de uma super-equipa na qual alinhavam Rui Costa, Paulo Sousa, João Pinto, Futre, Mozer, Schwarz, Vítor Paneira, Isaías, Rui Águas, Veloso, Mostovoi, Yuran etc.
Por falar em derrotas pesadas, o momento mais negro do clube na Uefa e mesmo de toda a sua carreira internacional passou-se anos depois em Vigo, onde no dia em que fiz 30 anos (25 de Novembro de 1999) o Benfica foi copiosamente derrotado por 7-0. Foi uma jornada dramática, com os golos a sucederem-se na baliza de um desamparado Robert Enke, perante o desnorte completo de toda a restante equipa onde actuavam nomes como João Pinto, Nuno Gomes, Maniche ou o checo Poborsky.
Ao longo dos anos outras eliminatórias interessantes se disputaram, nomeadamente as que puseram os encarnados diante do Bayern de Munique nos oitavos de final de 1996 (na qual Jurgen Klinsmann arrasou com 4 golos lá e 3 cá), ou mais recentemente (2004) com o Inter de Milão, também nuns oitavos, nos quais após um empate a zero na Luz (em que também estive presente e que se disputou no dia do atentado de Madrid) o Benfica chegou a estar a vencer em San Ciro, acabando por perder por 4-3 depois de um jogo memorável.
Ao todo o Benfica disputou 68 jogos na Taça Uefa, contando 32 vitórias, 17 empates e 19 derrotas. Marcou 102 golos e sofreu 77. Curiosa é a lista dos goleadores benfiquistas na prova, que é comandada por…Nuno Gomes com 9 golos. Segue-se Filipovic com 8 (todos apontados na mesma época), Nené com 6, Eusébio com 5 (até 1978 o clube apenas tinha estado por uma vez na Uefa), tantos quantos conta Simão Sabrosa até ao momento. Outra curiosidade é a de este Dínamo de Bucareste ser o segundo clube que o Benfica repete na prova, depois de o ter eliminado em 1999/00, vencendo categoricamente em Bucareste por 2-0, após uma derrota na Luz (0-1) com um monumental frango de Enke numa noite de chuva diluviana – uma das maiores que apanhei em estádios de futebol.. A outra equipa a estar por duas vezes diante dos encarnados foi a Roma (1983 e 1991).
O último jogo do Benfica na Uefa teve lugar faz agora dois anos, quando o CSKA de Moscovo veio à Luz arrancar um empate a um que lhe valeu a passagem, vindo depois a sagrar-se campeão batendo o Sporting em Alvalade na final.

Amanhã o Benfica terá frente ao Dínamo a oportunidade de fazer as pazes com os seus associados, conseguindo uma exibição e sobretudo um resultado que lhe permitam encarar com optimismo a partida da Roménia. Esta equipa romena - onde figura por exemplo Nicolescu, o melhor marcador desta edição da Uefa - não sugere grandes facilidades, mas um Benfica ao seu melhor nível tem todas as condições de seguir em frente. Pede-se, exige-se, o Benfica das grandes noites europeias, o Benfica da Champions do ano transacto, pois se assim for não haverá Dínamo que resista.
Sem querer antecipar vitórias que estão ainda longe de se concretizarem, caso o Benfica ultrapassasse a equipa romena, e depois o Paris St.Germain ou o AEK Atenas, os quartos de final da prova poderiam, para além dos encarnados, conter nomes como Sevilha, Werder Bremen, CSKA Moscovo, Tottenham, Newcastle, Glasgow Rangers e Panathinaikos. Como se percebe, com um pouco da felicidade que faltou no ano passado no sorteio dos quartos (evitando os três primeiros nomes referidos), o Benfica até poderia fazer um brilharete europeu. Conquistar o troféu será bastante difícil, mas uma presença, por exemplo, nas meias-finais, já seria bastante positiva em termos financeiros, de prestígio e de ranking europeu.
Para já importa vencer e não sofrer golos. 2-0 seria perfeito.
Força Benfica !

UM APITO CADA VEZ MAIS DOURADO

Na véspera do U.Leiria-F.C.Porto escrevi o seguinte:
"Tenho para mim que um verdadeiro processo Apito Dourado teria de entrar em campos como a corrupção de técnicos e/ou jogadores (para além do doping), algo que já se falou em tempos por baixo de várias mesas, mas que nunca foi verdadeiramente explorado em termos públicos. O facilitismo de certos resultados, auto-golos, falhanços, e pressões sobre árbitros, para quem esteja atento, sugere uma suspeição a que se não consegue fugir. E a comunicação social, ao invés de se preocupar com os delírios de um qualquer afilhado do poder, deveria era interessar-se por aprofundar estas questões"
Já noutras ocasiões tinha aqui deixado a minha desconfiança face à forma como certos jogos decorriam, às facilidades que certas equipas encontravam diante de certos adversários aparentemente de seda, ao passo que outras tinham de combater perante autênticos exércitos armados para a conquista de pontos.
Eis que uma notícia do "Correio da Manhã" da passada sexta-feira aponta para investigações justamente a um U.Leiria-F.C.Porto da Supertaça de 2004, por alegado favorecimento de um jogador leiriense aos adversários a troco de alguns milhares de euros.
Maria José Morgado parece assim estar finalmente a entrar pela porta certa, e começa-se agora a abrir a cortina de todos os aspectos relacionados com a corrupção no futebol português das últimas décadas. Não será certamente caso isolado, muito menos será apenas em Leiria. Deverá ser difícil prová-lo, mas estou em crer que era prática generalizada há uma dezena de anos atrás.
As arbitragens dão, e deram, nas vistas. Um central batido num lance de cabeça, ou um guarda-redes que não chegou a uma bola é algo bem mais sofisticado. Tudo junto (e falta ainda chegar ao doping, o que será pouco menos que impossível) é mais do que suficiente para vencer títulos, garantir hegemonias e abrir crises na concorrência. Poderá estar ainda por re-escrever toda a história recente do futebol nacional. Um futebol que se começa a perceber ter andado mergulhado nas mais profundas águas da mentira e do crime.

TAÇA DERRAMADA NO MAR DA PÓVOA

Apesar do velho lugar comum segundo o qual em futebol tudo é possível, tenho para mim que quando uma equipa de topo se vê derrotada por uma outra de escalões secundários, isso acontece fundamentalmente porque não quis ganhar, ou pelo menos porque não se empenhou o suficiente na vitória.
É perfeitamente natural nas circunstâncias do futebol actual Benfica ou F.C.Porto perderem com Boavista, U.Leiria ou Naval. Não é compreensível que percam com o Varzim ou o Atlético.
Assim sendo, parece-me que o Benfica e os seus jogadores, bem mais empenhados na luta pelo título que há um mês atrás, e envolvidos na Taça Uefa onde lhes é lícito acalentar algumas aspirações – para além das participações nas selecções -, terão deitado fora a Taça de Portugal, evitando mais um ou dois jogos em alturas decerto inconvenientes para o seu exigente calendário. O mesmo terá acontecido com o F.C.Porto perante o Atlético, sem menosprezo pelo esforço destas equipas de escalões inferiores.
Significa isto que eu, enquanto adepto do futebol e do Benfica, poderei aceitar esta estratégia de carácter duvidoso ? De modo algum !
Se a Taça Uefa não passa para já de um sonho, no campeonato o Benfica permanece em terceiro lugar e sem depender de si próprio. A Taça de Portugal, já sem F.C.Porto, era até este sábado a competição na qual eu apostaria as minhas fichas, caso tivesse de acertar num troféu para o Benfica desta época. Além do mais, o facto de a final da Taça encerrar a época permite a quem a ganha realizar uma bonita festa nada desprezável para os adeptos.
O entendimento dos jogadores será diferente, e a verdade é que entraram em campo para jogar com o Varzim como se de um encontro particular se tratasse, mesmo sabendo que teriam pela frente uma equipa empenhada em realizar o jogo do ano. Como se não bastasse esta atitude desplicente dos encarnados, o árbitro Olegário Benquerença decidiu voltar a fazer história na Taça de Portugal, escamoteando um penálti claro sobre Simão Sabrosa que poderia ter alterado o rumo do jogo. Depois poupou a expulsão a Beto como que para compensar o erro anterior, mas um penálti é muito mais que meio golo. Nada disto todavia nos deve afastar da questão central. O Benfica jogou mal, muito mal, e mereceu a derrota. Uma derrota que pouco fez para evitar.
Para além deste dado que se me afigura evidente, ficou também demonstrado neste jogo que o Benfica está longe de ter um plantel equilibrado, e que a reabertura de mercado não foi devidamente aproveitada para o valorizar. Jogadores como Marco Ferreira, Beto, Karyaka ou o jovem João Coimbra, cada um deles por diferentes motivos, não estão à altura da titularidade. Isto sem falar em Mantorras. Por outro lado temo que a saída de alguns elementos importantes no sector defensivo tenha, para além da diminuição drástica do lote de opções, provocado também algum afrouxamento nos agora titulares mais do que indiscutíveis. Nelson é um caso paradigmático.
O jogo de quarta-feira assume assim uma importância ainda maior do que a que já tinha, sendo que uma eventual derrota que comprometa a passagem da eliminatória irá de certo voltar a lançar o anátema da instabilidade sobre jogadores e técnicos. O Benfica corre mesmo o risco de arruinar a época nesta semana, caso não ganhe a Dínamo e Nacional. Veremos.

VEDETA DA BOLA esteve na Taça no Barreiro, acompanhando o Pinhalnovense-Sporting.
Foi um jogo sem história, com os leões a marcarem muito cedo, deitando por terra a estratégia da equipa da margem sul. Viram-se bons golos (um mesmo “do outro mundo” anotado por Liedson), um estádio cheio com cerca de 20 mil espectadores famintos de futebol de alto nível, e nem a chuva inicial comprometeu a festa de um espectáculo a recordar os velhos tempos do futebol à tarde – assim se vê como a televisão, apesar da retórica oficial, retira gente dos estádios.
Haverá ainda a destacar que Paulo Bento aproveitou para testar um novo sistema táctico, em 3-4-3, que funcionou aparentemente muito bem. Ao longo do jogo, as substituições operadas devolveram a equipa ao seu tradicional 4-4-2. Veremos até que ponto será para repetir no campeonato ou se se tratou apenas de um enxerto para defrontar uma equipa manifestamente mais fraca. O que é certo é que os leões marcaram 11 golos nos últimos 105 minutos de futebol que jogaram.
Uma palavra final para o Pinhalnovense, que por acaso já tinha visto esta época em Évora numa das eliminatórias anteriores, e que mostrou uma equipa aguerrida e com bom toque de bola no plano ofensivo, desenhando alguns lances de bom recorte tendo em consideração o escalão onde alinha, mas cujo sector defensivo deixa algo a desejar, sobretudo pelos corredores laterais onde o Sporting se passeou conforme quis perante um mar de facilidades.
Caminho aberto tem o Sporting para vencer a Taça, onde a partir de agora é naturalmente o grande favorito, embora Boavista, Braga e Belenenses possam ter ainda uma palavra a dizer na competição.