CLASSIFICAÇÃO "REAL"

Os casos que existiram nesta jornada (penálti contra o Boavista, e não expulsão de Caneira) não são passíveis de correcção classificativa. Se mesmo favorecido com uma grande penalidade duvidosa o F.C.Porto perdeu, e se ninguém sabe o que teria acontecido caso o Sporting se visse a jogar com dez grande parte do jogo, não há pontos a retirar aos dragões, nem forma de calcular com objectividade o benefício dado aos leões.
Fica assim a classificação:

F.C.PORTO 64
Sporting 63
Benfica 59

VEDETA DA JORNADA

MIGUEL VELOSO: Em jornada de clássico o critério seguido costuma ser privilegiar o melhor em campo nesse jogo. Neste caso particular as exibições de Miccoli e Veloso equivaleram-se. Uma vez que o resultado do jogo acaba por favorecer mais o Sporting que o Benfica, optei por escolher o jovem médio leonino, até por ser um estreante neste quadro de honra.

EMPATAS...

Benfica e Sporting afastaram-se ontem mutuamente da hipótese de aproximação ao F.C.Porto proporcionada pelo desaire deste na véspera. O empate da Luz deixa o Benfica praticamente fora da corrida pelo primeiro lugar, e o Sporting com uma muito ténue esperança de lá chegar, pelo que o grande vencedor do derby foi o.. F.C.Porto.
Ainda assim diga-se que, jogando em casa, e estando atrás do adversário na classificação, o empate é claramente mais amargo para a equipa da Luz, que fica agora dependente de terceiros para alcançar o seu objectivo residual desta temporada: o segundo lugar.
O jogo ficou marcado desde logo pela ausência de Simão Sabrosa que, confirmada a algumas horas da partida se iniciar, não terá deixado de fazer sentir as suas marcas no estado anímico do grupo. Refira-se que o Benfica entrou nesta partida desfalcado dos seus dois melhores jogadores (Simão e Luisão), o que, sem diminuir as suas responsabilidades, é sem dúvida um rude encontrão à capacidade competitiva de uma equipa que não dispõe de uma quantidade de soluções capaz de disfarçar tão importantes ausências. Aliás, se exceptuarmos a liga inglesa, e algumas equipas de Espanha e Itália, poucos planteis no mundo conseguem ter alternativas válidas para as principais estrelas das respectivas equipas - apetece perguntar até como jogaria o Sporting se aparecesse na Luz privado de Liedson e João Moutinho, um dos quais à última hora.
Talvez marcada por esta infelicidade, a equipa encarnada entrou com um passo em falso nesta partida, sofrendo um golo logo no primeiro minuto (terá sido um dos mais rápidos golos da história dos derbys), golo esse que, por outro lado, catapultou o Sporting para vinte minutos de grande classe, durante os quais ameaçou resolver desde logo a contenda.
Impulsionada por um meio campo extremamente móvel e com grande disponibilidade e frescura física, o Sporting empurrou o Benfica para a sua zona defensiva, fazendo circular a bola em preciosas triangulações, e chegando com elas até perto da baliza de Quim. O Benfica parecia amedrontado e surpreendido por tamanha demonstração de confiança leonina, enquanto à equipa de Paulo Bento apenas faltava uma maior precisão no último passe para aumentar a vantagem e, quiçá de forma definitiva, partir para uma vitória esmagadora. Foi a isso que cheiraram os primeiros minutos.
Eis que pouco depois dos vinte minutos, num dos seus primeiros lances de ataque (Petit já obrigara todavia Ricardo a uma boa intervenção), Miccoli consegue num remate pleno de convicção, espontaneidade e colocação, o golo de um empate que até então, diga-se em abono da verdade, o Benfica não justificava. Os dados estavam de novo lançados, e o jogo não mais seria o mesmo.
Os encarnados sentiram o seu golo de forma muito positiva e sacudiram a pressão sportinguista. Para além dos números, também em futebol jogado a partida se equilibrou a partir desse momento.
Como já vem sendo habitual, foi na segunda parte que o Benfica mais fez por vencer.
Depois de alguns minutos no pós intervalo em que a toada dominante foi de equilibrio – sempre com razoável qualidade, pois é preciso dizer que se tratou de um bom espectáculo -, o Benfica partiu para cima do seu adversário, conquistando grande parte das segundas bolas, e servindo, com outro estilo é certo, a mesma receita com que o Sporting o tinha brindado nos primeiros instantes do jogo.
Nesta fase Petit era um verdadeiro herói no combate da intermediária, Léo uma seta apontada do lado esquerdo, e Miccoli – a mais conseguida exibição de todos os que pisaram o relvado – um perigo constante, quer pela sua vivacidade, quer pela forma simples e espontânea com que procurava visar a baliza de Ricardo, mas vislumbrava uma pequena aberta para o fazer.
Faltou então ao Benfica um Simão capaz de gerar desequilíbrios, um Luisão capaz de impor respeito nas bolas paradas e no jogo aéreo, e um Nuno Gomes muito diferente daquele que se tem arrastado pelos relvados quase toda esta temporada.
Com as armas de que dispunha o Benfica fez o que podia. Os jogadores lutaram até à exaustão, procuraram sempre a vitória (o que nem sempre pareceu suceder com o Sporting), e com um pouco de sorte até a podiam ter alcançado. Todavia, pelo que os leões fizeram nos momentos iniciais, tem de se admitir este empate como o resultado que melhor corresponde àquilo que se passou em campo. Ambas as equipas poderiam ter ganho, mas a verdade é que nenhuma delas merecia perder.
É de estranhar contudo a atitude algo passiva do Sporting no último quarto de hora de jogo, quando o Benfica dava mostras de quebrar em termos físicos, e de sentir alguma oscilação resultante das substituições – leia-se sobretudo a saída forçada de Petit. Os leões, ao invés de procurarem fazer valer a sua maior frescura, e partir para um segundo golo que lhes garantiria de imediato o segundo lugar e os deixaria com fortes e legítimas ambições em termos de conquista do título, optaram por um jogo cauteloso, pausado, com temporizações constantes, sem qualquer tipo de risco (é sintomática a entrada de Tonel), como que a admitir que o propósito que ali os levava passava fundamentalmente pelo empate. Talvez com este empate o Sporting possa vir a festejar o segundo lugar, mas só as próximas semanas poderão dizer até que ponto esta atitude não terá custado a Paulo Bento o título de campeão nacional.
Em termos individuais já ficou dito o essencial: no Sporting brilhou todo o meio campo (sobretudo na primeira parte), com destaque para o jovem Miguel Veloso, mas também Ricardo e Polga estiveram em bom plano. No Benfica Miccoli foi o melhor, mas Petit acompanhou-o de perto. Anderson mostrou bastante segurança, o que não tem sido frequente nos últimos tempos.
Fracos foram os desempenhos de Nuno Gomes e Nélson (como tem sido habitual), sendo o caso do ponta-de-lança algo digno de uma análise profunda, que ficará para outra oportunidade. Katsouranis denotou grande desgaste. Entre os leões, Tello e Yannick foram os menos participativos.
Pedro Henriques é um árbitro muito peculiar, pois soube construir uma tal imagem de isenção que mesmo quando erra ninguém o põe em causa. Em termos técnicos fez uma arbitragem praticamente imaculada, mas no aspecto disciplinar podia e devia ter mostrado o cartão vermelho a Caneira pela falta sobre Miccoli – o italiano seguia isolado para a baliza, sem nenhum adversário diante dele.
Pontuações dos jogadores do Benfica: Quim 3, Nelson 2, Anderson 4, David Luiz 2, Léo 4, Petit 4, Katsouranis 2, Karagounis 3, Rui Costa 3, Miccoli 4, Nuno Gomes 1, Manu 3 e Mantorras 1.
Melhor jogador do Benfica: Miccoli.
Jogadores do Sporting: Ricardo 4, Abel 3, Polga 3, Caneira 3, Tello 2, Veloso 4, Nani 3, Moutinho 4, Romagnoli 4, Liedson 3, Yannick 2, Alecsandro 2, Pereirinha 3 e Tonel -.Melhor jogador do Sporting: Miguel Veloso.

QUE DERBY ?

Um derby é, por definição, um encontro onde a razão e a objectividade dão lugar a um caldeirão de emoções do qual desfecho final é absolutamente imprevisível. Este Benfica-Sporting não foge naturalmente à regra, que nestes casos não é mais do que um amplo somatório de excepções.
Sem o sabor de outras épocas onde o título permanecia em aberto para ambos os emblemas, no próximo domingo estará em causa, por muito que a matemática possa apresentar outras panorâmicas, apenas o segundo lugar. E este apenas é muito relativo, pois como sabemos a segunda posição representa entrada directa na Liga dos Campeões, o que, não afastando dela o terceiro – sobretudo sabendo-se que qualquer um deles será cabeça de série na eventual pré-eliminatória -, significa uma muito maior tranquilidade na abordagem da próxima época. De qualquer forma, não é em nada comparável ao dramático duelo de há dois anos, no qual se decidia um título importantíssimo para a história recente dos dois clubes, e que culminou com a vitória benfiquista alcançada com o célebre golo de Luisão (lamentavelmente ausente da partida de domingo) a poucos minutos do final.
Há uma clara diferença na abordagem cultural de um jogo deste género por parte de Sporting e Benfica. Se para leões este é “o” jogo, para o Benfica normalmente trata-se simplesmente de “um” jogo, ainda naturalmente mais apimentado que a maioria dos restantes. Se a rivalidade dos leões se limita ao combate ao Benfica, este tem de se haver com um F.C.Porto que lhe quer disputar o palmarés, e normalmente, até de forma algo snob diga-se, remete os derbys com os leões para um plano secundário face aos desafios com os dragões, e sobretudo, aos jogos internacionais, a partir dos quais escreveu as mais belas páginas do seu brilhante historial.
Talvez por isto mesmo, ao longo dos anos e sempre que esta abordagem obedeceu aos parâmetros descritos, o Benfica levou a melhor mais vezes precisamente por ser capaz de ser mais frio e objectivo – ao contrário do que, há que admitir, acontece quase sempre que tem o F.C.Porto pela frente -, perante um Sporting que poucas vezes evita deixar transparecer uma enorme ansiedade quando vê as camisolas vermelhas diante dos seus olhos.
Nos últimos anos todavia, alguns resultados criaram a ideia de desmentir esta tendência, mas apenas de forma aparente. Se verificarmos bem, sempre que se decidiu alguma coisa de relevante entre Benfica e Sporting, a vitória sorriu aos benfiquistas. Foi assim nos inesquecíveis 3-6, na final da Taça de 1996, no segundo lugar de 2004 conseguido com um golo de Geovanni nos últimos instantes, a eliminatória da Taça decidida por penáltis, e na já referida vitória de Maio de 2005, não esquecendo duas ocasiões em que o Benfica contrariou em Alvalade os intuitos leoninos de festejar títulos nacionais. Ao invés, as vitórias do Sporting – várias nos últimos anos, é certo - foram quase sempre inócuas em termos de títulos ou classificações.
Se juntarmos esta ideia à teoria popular segundo a qual ganha estes jogos a equipa que aparenta estar em pior momento de forma, e se tivermos em consideração que para o Benfica esta será a última ocasião de salvar a sua época – ao contrário dos leões que ainda disputam a Taça de Portugal -, o que o fará apostar tantas fichas nesta partida como o seu rival aposta sempre que se defrontam (o que nem sempre é recíproco), poderemos concluir que, mesmo indo contra as aparências, talvez o Benfica esteja em melhores condições emocionais para abordar este jogo e conseguir a vitória.
Sabemos contudo que todas estas, ou outras análise que se façam a este ou qualquer jogo de futebol entre equipas de valor semelhante, esbarra sempre na aleatoriedade do futebol, que num detalhe vê uma equipa festejar uma vitória ao mesmo tempo que num erro vê outra chorar uma derrota. Por isso, tudo o que acabei de dizer, assim como tudo aquilo que quem quer que seja diga antes deste jogo, não passa de retórica especulativa. Não passa no fundo de um estado de alma.
Mas sabemos como os estados de alma por vezes ganham jogos...

MOURINHO NA FRENTE

O Chelsea ganhou importante vantagem no duelo inglês das meias-finais da liga “milionária”. Nesta fase e numa competição desta natureza e com este equilíbrio de forças, uma vitória caseira sem sofrer golos é meio caminho andado para o êxito.
Todavia, é importante perceber que o Liverpool é uma equipa capaz de surpreender, o seu treinador é sagaz e competente, e o ambiente de Anfield Road é historicamente famoso. Deste modo tudo ainda é possível, esperando-se uma frenética segunda mão onde, diga-se, o Liverpool terá pela primeira vez nesta temporada de recuperar de uma desvantagem – e a verdade é que a última vez em que teve de o fazer claudicou frente ao ...Benfica.

DIGNO DE CAMPEÕES

Milan e Manchester United ofereceram-nos ontem um deslumbrante espectáculo de futebol.
Jogo tremendamente intenso, grandes golos (aquele de Kaká, meu Deus...), estrelas a brilhar ao mais alto nivel. É assim a Liga dos Campeões, talvez hoje a mais bela competição desportiva anual em todo o mundo.
Levaram a melhor os Red Devils, depois de uma espantosa reviravolta, mas tudo permanece em aberto para San Siro.
Hoje há mais, com Chelsea e Liverpool a entrarem em campo para a discussão da outra meia-final.
Um luxo !

FORÇA PANTERA !


CLASSIFICAÇÃO "REAL"

Numa jornada de vitórias folgadas, os casos acabam por ser pouco relevantes.
No Funchal a grande penalidade assinalada pareceu-me excessivamente rigorosa, conforme já disse. Um lance protagonizado por Petit deixou dúvidas, se bem que se aceite a interpretação de Paulo Baptista.
Não vi os jogos de Alvalade e Dragão, mas pelos resumos não parece haver motivos para polémica - os penáltis são bem assinalados, e um ou outro erro não desvirtua as actuações dos respectivos árbitros.
A classificação fica então do seguinte modo:
F.C.PORTO 64
Sporting 62
Benfica 58

VEDETA DA JORNADA

ALECSANDRO: O Sporting parece ter sina de contar nesta época, de forma esporádica, com dias de grande inspiração dos seus avançados. Tinha acontecido com Bueno, nesta jornada coube a vez a Alecsandro. Hat-trick e grande exibição frente ao Naval.

A MINHA CRISE É MAIOR QUE A TUA

A vitória e os três golos alcançados pelo Benfica nos Barreiros lavaram de algum modo a honra duma equipa fustigada pelo azar, pelas críticas e pelas suas próprios insuficiências, e serviram para acalmar os ânimos em vésperas do jogo que vai muito provavelmente decidir o objectivo residual dos encarnados para esta temporada: o derby da próxima semana, onde se joga o segundo lugar e o acesso directo à Champions League.
Era muito importante para o Benfica sobretudo não perder, o que poderia deixá-lo dependente de terceiros. Mas vencendo, a equipa não só ganhou em moral como também manteve acesa a ténue esperança que ainda tem de chegar ao título – no momento em que escrevo está a apenas dois pontos dos portistas.
O jogo não foi, como reconheceu o próprio Fernando Santos, muito diferente dos últimos disputados pelo Benfica. Durante a primeira parte os encarnados dispuseram de algumas ocasiões que desperdiçaram, denotaram as mesmas virtudes (capacidade de mandar no jogo) e defeitos (ineficácia e lentidão) que os têm caracterizado nas últimas semanas.
A diferença fundamental foi que, já no segundo período, conseguiram marcar e colocar-se em vantagem, situação que já não viviam há vários jogos, e com isso tranquilizar-se e obrigar o adversário a tomar a iniciativa. Veio então ao de cima a incapacidade do Marítimo para dar a volta aos acontecimentos.
O segundo golo praticamente acabou com o jogo.
O Benfica ultrapassou assim uma jornada importante – tratava-se à partida de uma das mais problemáticas deslocações de toda a segunda volta – e resistiu muito bem à ausência de Simão, que efectivamente não se fez sentir.
Em termos individuais o destaque vai naturalmente para Miccoli, que parece dar-se muito bem com os ares da Madeira (5 golos nos três jogos que lá disputou), bem como para Rui Costa, precioso ao longo de todo o jogo como principal municiador do ataque da equipa. Katsouranis apresentou-se uns furos acima daquilo que (não) tem feito nos últimos desafios, enquanto que o seu compatriota Karagounis manteve a bitola exibicional que tem feito dele uma unidade preponderante neste Benfica. No reverso da medalha, Nuno Gomes voltou a decepcionar, com falhanços inacreditáveis e impróprios para um ponta-de-lança com o seu prestígio.
O árbitro Paulo Baptista esteve mal ao assinalar a grande penalidade, pois Manu (que entrou uma vez mais bem no jogo) só foi tocado depois da bola. Nota negativa para o facto de Fernando Santos ter desaproveitado uma boa oportunidade para refrescar o estado anímico de Derlei, não lhe proporcionando a hipótese de marcar o penálti quando o jogo já estava mais do que decidido. O luso-brasileiro vive um estado de ansiedade tremendo pelo facto de os golos não aparecerem, e uma ocasião como estas será difícil de se repetir. Não entendi a opção do técnico, que por vezes parece ter um masoquista propósito de penalizar animicamente alguns dos seus jogadores. Todavia, ele é que vê os treinos, e saberá a razão das suas opções. Fica apenas o reparo.
Pontuações: Quim 3, Nelson 3, Anderson 3, David Luíz 3, Léo 3, Petit 4, Katsouranis 3, Karagounis 4, Rui Costa 4, Miccoli 4, Nuno Gomes 2, Manu 3 e Derlei 2.

BELÉM REJUBILA : CLÁSSICO NO JAMOR

Cumpriu-se a perspectiva de uma final lisboeta na Taça de Portugal desta temporada. Um Belenenses eficaz e que soube ser feliz derrotou, após 120 minutos de intenso futebol, um Sp.Braga intermitente e perdulário.
A equipa de Jesus confirma assim o seu bom momento, e regressa à final de uma prova já fez história em mais de uma ocasião.
Sporting e Belenenses (actuais 2º e 4º da Liga), disputarão um desafio que, pelo momento das equipas, tem tudo para ser entusiasmante e apelativo para os amantes de futebol. Além do mais trata-se de um clássico.
O Sporting de Braga desperdiçou deste modo a oportunidade de salvar uma época que, mau grado alguns momentos de brilhantismo, esteve longe de corresponder ao que os seus dirigentes e adeptos projectavam no início. Recorde-se que os bracarenses tiveram três treinadores diferentes desde a saida de Jesualdo Ferreira no último verão.

EM PASSEIO

Em trinta anos de futebol não tenho memória de ver um finalista da Taça de Portugal com um percurso tão facilitado como o Sporting nesta época.
Os leões, para além de verem Benfica e F.C.Porto precocemente afastados da prova, apenas tiveram de defrontar duas equipas do escalão principal, ambas do fundo da tabela e ambas em casa, com a particularidade de uma delas – justamente este Beira Mar, apostado na luta pela manutenção - ter apresentado a sua segunda equipa. Arrisco a dizer, com 95 % de certeza, que diante deste trajecto, qualquer equipa da Liga, e até algumas da Liga de Honra, chegariam tranquilamente ao Jamor.
O Sporting não tem culpa nenhuma disto, e limitando-se a cumprir o seu dever chega assim à final, tendo então soberana hipótese de terminar a época com um troféu nas mãos, se bem que Belenenses ou Sp.Braga não se possam considerar meros outsiders no decisivo jogo. Mas com a dinâmica de vitória que a equipa de Paulo Bento leva, dificilmente deixará fugir esta tão facilitada oportunidade.
O jogo de ontem, com 2-0 aos 15 minutos (dois golos de Moutinho), pouca história teve. O Beira Mar entregou-se – até mesmo antes do jogo começar… - e o resto do tempo foi um enfadonho arrastar até ao apito final de Paulo Paraty.
Hoje Belenenses e Sp.Braga poderão enfim disputar um jogo de taça a sério, sabendo-se que a vitória de qualquer deles assegura de imediato e de forma matemática a qualificação europeia.
Não desejando tomar partido, não deixarei de dizer que uma final lisboeta seria um momento bonito para a festa do Jamor, até porque Belenenses e Sporting são nesta fase as duas equipas portuguesas em melhor forma.

PS: Do dia de ontem fica o destaque para o sublime golo de Lionel Messi, a fazer lembrar Maradona. Um golo do outro mundo!
Pode vê-lo aqui. Se gosta mesmo de futebol, não perca!

CHAMPIONS 2007-2008

Numa altura em que Benfica e Sporting disputam o segundo lugar na Liga Portuguesa, VEDETA DA BOLA dá a conhecer os hipotéticos possíveis adversários de quem, ficando em terceiro, não consiga evitar a pré-eliminatória da Liga dos Campeões na próxima temporada. Ei-los:
Dinamo de Kiev, Levski de Sófia, Spartak de Praga, Fenerbahce, AEK de Atenas, Slávia de Praga, Rosenborg, Maccabi Haifa, Spartak de Moscovo, Estrela Vermelha de Belgrado, Dinamo de Zagreb, F.C.Copenhaga, Racing Genk, Cluj, Debrecen e Salzburgo.
Poucas facilidades e vários ossos duros de roer...

DE QUE FALAMOS QUANDO FALAMOS DE CRISE ?

Muito se tem falado nos últimos dias da crise de resultados benfiquista.
É sempre assim quando o maior e mais representativo clube português derrapa no caminho para os seus objectivos. São momentos em que, com profundos sentimentos de paixão ou antipatia, as análises nem sempre tomam o rumo da objectividade, perdendo-se no mar de emoções em que os adeptos do futebol normalmente navegam, e que o nosso espírito latino acentua marcadamente – oito ou oitenta, bestial ou besta, a fronteira é ténue e ultrapassável pelo mais ínfimo detalhe.
Sem pretender ser dono da verdade, há no entanto alguns factos que são importantes e que convém desde já lembrar.
1 –O Benfica não perde para o campeonato há 15 (!!) jogos
2- Trata-se da melhor equipa da segunda volta da nossa Liga, na qual conquistou, não esqueçamos, três pontos ao F.C.Porto.
3- Continua invencível em casa para as provas nacionais, e mesmo nos sete jogos internacionais que realizou na Luz, apenas foi derrotado por um super-Manchester United, e, diga-se, com um toque de injustiça.
4- Há muitos anos que os encarnados não tinham tantos pontos à 25ª jornada da Liga, contando inclusivamente com a época em que se sagraram campeões, título que, como sabemos, foi conquistado com uma das mais baixas pontuações de sempre, bem como com as épocas de Camacho e Koeman.
5- A equipa de Fernando Santos foi a que chegou mais longe nas competições europeias, de entre as seis portuguesas que nelas participaram, algo que acontece pelo segundo ano consecutivo.
6- Por muitos desequilíbrios que se detectem no plantel benfiquista, ele é, de entre os três grandes, o mais experiente e o que conta com mais internacionais A.
7- Apesar das consequências que se conhecem, a presente “crise” limita-se a três empates perfeitamente normais na nossa Liga, com F.C.Porto e Sp.Braga, e em Aveiro perante um Beira Mar em crescendo, para além de uma eliminação nuns quartos de final europeus, em nada humilhante, perante uma equipa da primeira metade da tabela da poderosíssima Liga Espanhola, e com um orçamento bastante superior ao do Benfica.
Posto isto, sem o esquecer, relativizando assim o momento que o futebol encarnado atravessa, importa perceber se algo podia ter sido melhor, e podia, e que erros foram cometidos, e foram-no.
Aliás, neste mesmo espaço se chamou a atenção para esses erros em devido tempo, e numa altura em que talvez a atenção do adepto comum se centrasse nas derrotas do F.C.Porto que, essas sim, permitiram alimentar um sonho que cedo parecera (e ficou) comprometido. Tanto a propósito da venda de Ricardo Rocha, como lembrando que seria impossível com este plantel apostar simultaneamente na Liga e na Uefa, aqui ficou premonitoriamente descrito aquilo que se adivinhava.
Fazendo um pouco de história, lembremos que a entrada de Luís Filipe Vieira no Benfica trouxe, para além de todos os aspectos de gestão económico-financeira que ficam de fora do tema em análise, uma nova equipa e um novo conceito ao departamento de futebol. Depois de alguns anos de desvarios, indisciplina, instabilidade e constantes saídas e entradas, por volta de 2001/ 2002 as aquisições de Mantorras, Simão, Zahovic, Caneira, Miguel, Tiago, seguidas na época imediata pelas de Petit, Nuno Gomes, Ricardo Rocha e depois ainda Luisão e Geovanni, conjuntamente com o lançamento de ex juniores como João Pereira e Manuel Fernandes, para além da confirmação Moreira, deram ao Benfica uma sólida base que viria a frutificar na conquista da taça de 2004 e no título de 2005. Libertando-se rapidamente da herança valeeazevedista (nem sempre da forma mais lúcida, como provam os casos de Marchena e Fernando Meira), o Benfica apostara, e bem, num núcleo duro de excelentes profissionais, capazes de a médio prazo constituir uma equipa de futebol hegemónica a nível nacional e prestigiada em termos internacionais. No fundo era o lema “devolver o Benfica ao Benfica” a ser tomado à letra. José António Camacho é uma figura a não esquecer neste processo, e seria bom que um dia pudesse voltar.
No dia 22 de Maio de 2005 o Benfica conquistava no Bessa um sofrido título nacional, que não era mais do que o lógico corolário do caminho seguido. Sentia-se, e eu disse-o várias vezes na altura, que se não acontecesse nesse ano seria num dos seguintes, pois a equipa que o Benfica estava a construir de base afigurava-se-me destinada ao sucesso – hoje quando olhamos para as convocatórias de Scolari, vemos os percursos de Miguel, Ricardo Rocha, Luisão, Tiago, Simão, Petit entre outros, percebe-se o que eu queria dizer na altura.
Via-se uma política desportiva coerente, própria de um clube em recuperação financeira (logo sem grandes devaneios aquisitivos), e que como tal tinha de apostar na coesão de um grupo sólido e ganhador, capaz de deixar a pele e o sangue em campo. O Benfica de Trappatoni era assim - uma equipa muito unida, muito lutadora, à qual faltariam mais duas ou três boas opções de banco, um ponta-de-lança eficaz e sobretudo experiência de vitórias e de grandes palcos, o que a presença na Liga dos Campeões, fruto do título alcançado, poderia trazer.
As contratações de Nelson, Anderson, Léo, Karagounis, Beto, Karyaka e Miccoli, à partida para a temporada seguinte, dotaram o plantel encarnado das tais opções de que carecia. Tudo se conjugava para o clube da Luz assumir a hegemonia do futebol nacional, até porque o F.C.Porto pós-Mourinho, por variadas razões, mergulhara num mar de dúvidas e hesitações, que lhe retiraram força desportiva e institucional.
A contratação de Koeman não foi muito feliz, mas entende-se. Era um experiente ex internacional de grande prestigio na Europa, e vinha da escola holandesa onde fizera um bom trabalho no Ajax.
O Benfica começou muito mal a época, mas recompôs-se, e não fossem as sucessivas lesões teria chegado ao Natal em boa posição face ao título. A inesquecível vitória sobre o Manchester United na Luz selou o apuramento para os oitavos de final da Champions, corporizando mais uma etapa num projecto encarnado que catapultou a equipa, em poucos anos, da mais cinzenta e opaca melancolia desportiva, até à elite do futebol europeu onde escrevera as páginas mais nobres do seu brilhante historial.
Ainda não passou um ano e meio desde esse momento. É nele que centro o ponto de viragem na política desportiva do Benfica.
Suponho que os responsáveis do clube se tenham deslumbrado com tão rápida recuperação. O que é verdade é que ao contratarem uma mão cheia de jogadores caros, desnecessários e pouco qualificados, desvirtuaram por completo o projecto que dera origem ao título. Moretto, Marco Ferreira, Manduca, Marcel e Laurent Robert dividiram mais do que acrescentaram. O francês dizia-se ser dos mais bem pagos do plantel, mas a sua produtividade era irritantemente medíocre. O guarda-redes tirou extemporaneamente o lugar a Quim, acendendo o rastilho de uma polémica da qual não mais se libertou. Marcel pegou-se com Luisão e acabou dispensado. Marco Ferreira discutiu com Simão no balneário. Manduca nunca fugiu da mediania.
Por outro lado, o regular lateral Dos Santos era descartado, tal como o jovem internacional sub-21 João Pereira e o corpulento avançado Karadas. Miguel havia saído em circunstâncias complexas, fruto de uma abordagem deficiente ao seu caso por parte da direcção.
A surpreendente campanha na Champions League foi disfarçando o óbvio: o Benfica tinha perdido a alma que o tinha levado ao título. Por ter dito precisamente isto a um jornal foi Geovanni dispensado. O final da época passada exigia mudanças, exigia a recuperação da alma edificada por Camacho e aproveitada por Trap, que com a sua experiência leu muito bem (ao contrário de Koeman) o que se passava no clube.
Em vez de apostar no reforço da estrutura campeã, a direcção encarnada optou por lhe desferir mais uns golpes, dispensando Geovanni e deixando sair de forma estranha e mal explicada o talentoso Manuel Fernandes. Ao contratar Miguelito, Manu, Paulo Jorge, Diego Souza e Kikin Fonseca, o Benfica, mais do que reforçar, desestabilizou. Katsouranis foi a excepção que confirma a regra, e Rui Costa é um caso especial.
Mais grave que as opções seguidas foi o timing e a indefinição das mesmas. Simão esteve para ser vendido até à segunda jornada do campeonato. Karagounis chegou a ser dado como dispensado e a caminho do AEK. Manuel Fernandes foi um caso que durou várias semanas. Tudo acrescido do facto de ter sido o Benfica o clube português com mais jogadores no Mundial da Alemanha, e de ter de participar numa pré-eliminatória europeia. Com estas indefinições teve o técnico de construir um modelo de jogo, sabendo-se por exemplo da importância que a presença ou não de um elemento como o capitão poderia ter no mesmo. Porque permitiu a SAD que se falasse tanto da venda de Simão, que não se chegou a concretizar ? O que aconteceria a esta equipa se tivesse ficado sem Simão e Karagounis ? Voltaria a um sexto lugar ?
Situemo-nos neste ponto. O que seria o Benfica com Geovanni, Manuel Fernandes, Dos Santos e Miguel, em vez das aquisições de Janeiro e Julho de 2006 ? Que tal este plantel ?: Quim, Moreira / Miguel, Luisão, Ricardo Rocha, Léo, Armando, Alcides, Anderson, Dos Santos / Petit, Manuel Fernandes, Katsouranis, Tiago, Rui Costa, Nuno Assis, Karagounis, /Geovanni, Miccoli, Nuno Gomes, Mantorras, Simão Sabrosa. Ter-se-ia perdido ou ganho dinheiro ? Será que o Benfica não estava nesta altura a festejar o tri-campeonato ? Se Derlei ganha 100 mil euros por mês porque não pagar esse valor a jogadores como Tiago ou Miguel ?
Já aqui a conclusão era uma só: mexera-se demais e sem critério no plantel que foi campeão.
Como se não bastasse toda esta sucessão de erros, em Janeiro último saíram da equipa Ricardo Rocha, Alcides, Fonseca, Karyaka e Diego, para além do castigo de Nuno Assis, inacreditavelmente aumentado por culpa exclusiva de uma má avaliação da situação por parte da SAD benfiquista.
Se o russo e o jovem médio brasileiro não tinham justificado as suas credenciais, se a saída de Ricardo Rocha foi resultante de uma excelente oportunidade de negócio, já a de Alcides não se entende, e a de Fonseca terá sido precipitada. Mas sobretudo não se percebe porque não foram contratados substitutos para os dois defesas que, por junto, asseguravam cinco posições diferentes (apenas veio um jovem desconhecido e, por felicidade, talentoso), e não foi reforçado o meio campo, em claro défice pelas saídas de Diego, Karyaka e pelo castigo de Nuno Assis. Nomes como Pellegrino, Gladstone, Andrés Madrid, Marcelo Mattos entre outros, não passaram de miragens para um clube que, eliminado da Champions e a oito pontos do F.C.Porto no campeonato, parecia já pouco acreditar nas suas hipóteses.
O resultado de tudo isto é um plantel extremamente desequilibrado, sem opções para muitos lugares, com apenas um lateral direito, com apenas três centrais, sem altenativas no meio campo, sem um goleador, sem um ala direito de qualidade, enfim, sem condições para tanta ambição. Um plantel que conta ainda, dentro dos seus elementos chave, com demasiados jogadores de utilização limitada (Rui Costa, Miccoli, Mantorras), e outros de rendimento demasiado irregular (Nelson, Anderson, Karagounis, Moretto, Paulo Jorge) e outros ainda de constante e estranho sub-rendimento na fronteira da nulidade absoluta (Nuno Gomes, Derlei, Marco Ferreira). Elementos como Petit, Luisão ou Simão surgem neste panorama como absolutamente imprescindíveis ao funcionamento da equipa, sentindo-se de forma imediata e devastadora cada uma das suas ausências - e foi na lesão de Luisão, também ela fruto de um erro clínico, que o Benfica começou a perder a época.
O presidente do Benfica, que gosta de gritar muito alto que vai ganhar este mundo e o outro, que explora até à exaustão "fait-divers" como a entrada no Guiness, que fala quando tem razão e quando a não tem, devia ponderar sobre a forma como a sua equipa de futebol se tem vindo a desfigurar, do dinheiro mal gasto em contratações falhadas (quase duas dezenas desde o título) e da forma como o clube não soube ou quis manter elementos de grande qualidade (Miguel, Tiago, Manuel Fernandes, Geovanni) e outros que eram importantes ao nível do balneário. A conversa dos “novos-heróis” ou da espinha dorsal não passou disso mesmo, pois a convulsão tem sido constante, e restam apenas pouco mais de meia dúzia de jogadores do plantel campeão.
Cada vez mais se cava um hiato entre a grandiosidade do clube (noutros aspectos nada há a apontar a esta equipa directiva) e a pequenez da sua equipa de futebol. Enchem-se estádios, geram-se audiências e receitas, batem-se recordes, entra-se no Guiness, fazem-se galas, entra-se na bolsa, mas os títulos, o mais importante para o clube, fogem.

Fernando Santos não tem culpa do plantel que lhe puseram nas mãos, e com o qual, fruto do seu benfiquismo e voluntarismo, julgou ser possível obter os títulos que toda a família benfiquista esperava e desejava.
Conforme já ficou dito na crónica ao último jogo, não podemos todavia esquecer que o engenheiro cometeu também ele alguns erros.
- Não foi Fernando Santos que se queixou em Novembro e Dezembro do plantel ser demasiado extenso ?
- Não poderiam jogadores como Manu, Paulo Jorge, Beto ou Miguelito, ter servido para fazer descansar, à vez, um ou outro titular neste ou naquele jogo ? Fernando Santos não fez isso, desgastando mais uns e desmotivando outros.
- Não era natural esperar que, recorrendo sempre aos mesmos jogadores e disputando três competições (fora a selecção), o Benfica acusasse este défice físico que toda a gente pressentia menos os técnicos?
- O engenheiro acusou uma enorme e total incapacidade para resgatar o moral dos jogadores quando o azar bateu à porta. A equipa não tem espírito ganhador e tem actuado sobre brasas.
- Alguns episódios disciplinares terão sido mal geridos. A começar pela célebre conferência de imprensa de Miccoli, e a terminar na utilização de Mantorras neste último desafio.
No balanço da temporada está contudo por provar que deva ser o técnico a “pagar a despesa”. Gostaria de ver Fernando Santos trabalhar com um plantel formado por si, sem saídas nem entradas imprevistas e inoportunas, sem indefinições, mas substancialmente reforçado. Para ter ambições reais correspondentes aos desejos de sócios e adeptos, e que passam naturalmente pela conquista do título nacional e por uma presença condigna na Europa, o Benfica precisa de entre cinco e sete reforços, mantendo todos os actuais titulares (com a eventual venda de um jogador no máximo).
Caso o Benfica consiga ainda assegurar o 2º lugar (o que não parece de momento muito provável), penso que Santos deve continuar. Se com isso alguma estabilidade emocional regressasse à Luz, e a expectativa da participação europeia permitisse abrir os cordões à bolsa, sem pré-eliminatórias nem mundial, talvez fosse enfim possível ao engenheiro demonstrar a sua capacidade.
Caso o apuramento directo para a Champions não seja obtido, haverá poucas condições objectivas e subjectivas para Fernando Santos se manter na Luz. Ao primeiro desaire teria o mundo a cair-lhe em cima, a pressão recrudesceria e ninguém beneficiaria com isso.
Portanto o técnico do Benfica tem duas semanas para mostrar se merece ou não continuar a orientar o seu clube do coração.

PELAS ROTAS DA LIGA

Aproveitando o fim-de-semana de sol, VEDETA DA BOLA circulou pelos caminhos da Liga Portuguesa, marcando presença na Luz, como é habitual, mas também no Restelo e no Bonfim.
O Belenenses-Estrela da Amadora, disputado perante bastante público num fim de tarde fabuloso com o Tejo como pano de fundo, valeu fundamentalmente pela primeira parte, na qual um Belenenses extremamente eficaz dizimou a resistência visitante, anotando os três golos com que fechou o jogo e o resultado. Na segunda parte os azuis, em vésperas de meia-final de taça, limitaram-se a gerir o tempo, o desgaste e o resultado. Estão surpreendentemente em quarto lugar, e com todo o merecimento. Deu nas vistas Garcês.
O Vitória de Setúbal-Beira Mar, também com alguns milhares nas bancadas, numa tarde abrasadora de domingo, com a bela panorâmica da Serra da Arrábida e do Castelo de Palmela diante dos olhos, constituiu igualmente um momento bem passado. Os aveirenses, com uma segunda parte de grande intensidade competitiva, conseguiram levar a melhor nesta autêntica final da luta pela manutenção. Apesar de ter assistido ao jogo literalmente deitado à sombra do muro da bancada superior, não adormeci, o que atesta da boa qualidade do espectáculo. Destacou-se Edgar no Beira Mar, enquanto o Vitória local deixou a ideia que dificilmente escapará à descida de divisão.
Com tanto futebol ao vivo, sobrou pouco tempo para a TV. Não vi portanto nem o Sporting-Marítimo nem o Académica-F.C.Porto.

Aproveito para dizer a propósito que não troco um jogo da segunda divisão ao vivo por um da Premier League na TV. Há inúmeros jogos que vejo nos estádios, não me importando de pagar o bilhete (neste caso paguei 10 euros em cada um dos estádios), e que não me mereceriam a mínima atenção na televisão, como seria certamente o caso destes desafios do Restelo e do Bonfim. Há no futebol ao vivo todo um ritual que me fascina, desde a deslocação ao estádio, o estacionar do carro, a compra do bilhete, a entrada das pessoas, o aquecimento das equipas, o bar no intervalo, a observação das claques, o barulho ambiente etc, que dão corpo a uma tarde ou noite bem passada - sobretudo se a meteorologia ajudar -, e que a televisão obviamente não reproduz. Depois, em termos meramente futebolísticos, cada vez mais me rendo à evidência de a televisão pouco mostrar do jogo em si, limitando a imagem ao local onde se encontra a bola, não deixando perceber quase nada acerca da movimentação das equipas. É melhor para desvendar os casos de arbitragem, mas esses, em futebol, são o que menos me interessa e seduz.
Numa tarde ou noite primaveril, um estádio funciona como uma esplanada de luxo, onde para além do jogo em si, se descontrai, se areja e se descansa. Mesmo quando não há Cristianos Ronaldos nem Drogbas a correr no relvado.

CLASSIFICAÇÃO "REAL"

Em Coimbra terá ficado uma grande penalidade por assinalar contra o F.C.Porto, mas por outro lado a que foi assinalada deixa algumas dúvidas. Benefício da dúvida para Carlos Xistra.
Nos jogos de Lisboa não me pareceu existirem casos dignos de análise – na Luz o golo anulado não deixa dúvidas, e o reclamado penálti sobre Simão não existe.
Sendo assim, tudo segue sem correcções:
F.C.PORTO 61
Sporting 59
Benfica 55

VEDETA DA JORNADA

BRUNO ALVES: Conforme já referi, não vi o jogo de Coimbra. Todavia o golo, como corolário de um crescendo de forma, e de uma afirmação clara como jogador de top na equipa portista, justificam a distinção do jovem central. Se moderar um pouco a sua excessiva agressividade (que noutras competições pode trazer dissabores), poderá ter pela frente uma auspiciosa carreira.

QUEDA LIVRE

Aconteceu aquilo que se esperava. O Benfica nem o segundo lugar foi capaz de segurar.
Se não fosse ontem era no próximo sábado no Funchal ou no derby do fim-de-semana seguinte. A verdade é que se percebia desde há algumas semanas que a equipa de Fernando Santos seria incapaz de evitar a hecatombe total.
Em quinze dias o Benfica perdeu o título, a possibilidade de uma carreira prestigiante na Uefa, e agora também, embora ainda não de forma irreversível, o acesso directo à Champions League. Já antes se vira eliminado da Taça de Portugal pelo modesto Varzim. Seja qual for o desfecho do que resta de temporada, nada apagará o profundo sentimento de frustração e decepção entre as hostes benfiquistas, que chegaram a sonhar com uma época histórica.
Se na verdade o Benfica não perde para a Liga há 15 partidas, e é a melhor equipa da segunda volta (o que vendo bem dissipa algum excesso de derrotismo), o que é facto é que no momento decisivo tem falhado em toda a linha.
Nem F.C.Porto nem Sporting tiveram percursos imaculados nesta época. Recordo a sequência portista de Atlético, U.Leiria e E.Amadora, ou os cinco empates em seis jogos dos leões há poucas semanas atrás, que os pareciam afastar de qualquer ambição. Mas a diferença é que o Benfica teve de recuperar de uma falsa partida, tendo perdido 13 pontos nos primeiros 12 jogos, o que lhe deixava uma pequeníssima margem de erro que as insuficiências do seu plantel (e do seu treinador ?) não permitiram disfarçar no momento das decisões. Foi aí e não agora que o Benfica começou a perder esta época.
Há razões bem objectivas para explicar o percurso deste Benfica e a cujas responsabilidades ninguém poderá fugir. Essas razões devem desde logo ser encontradas na forma pouco criteriosa como foi construído o plantel – as indefinições em torno da permanência ou não de Simão, o caso Manuel Fernandes, o caso Karagounis etc -, e sobretudo no modo como se desaproveitou o mercado de Inverno para corrigir esses desequilíbrios, optando ao invés por descapitalizar a equipa, com saídas de elementos importantes não devidamente colmatadas, para além da desastrosa abordagem do problema-Nuno Assis, que retirou mais uma opção credível a Fernando Santos. Sobre o departamento médico é melhor nem falar, pois de Rui Costa a Luisão os erros foram inacreditáveis, e impróprios de uma equipa da Liga de Honra, quanto mais em quem tinha tantas ambições nacionais e internacionais.
Fernando Santos não é pois seguramente o único, nem sequer será o principal culpado deste fracasso. Mas também seria um erro ilibá-lo de todas as culpas.
Na verdade o engenheiro (supõe-se que o seja de facto…), nestes momentos em que se jogou o destino da equipa nas principais provas em que estava envolvido, não soube dar a volta a uma situação de desgaste físico e anímico profundo, do qual ele é em última análise o responsável. É em situações como esta que emergem os grandes lideres, e ficam muitas dúvidas que Fernando Santos, por muito que perceba de futebol, seja de facto um líder à altura daquilo que uma equipa como o Benfica necessita.
Como alguém já disse, se há técnicos que atraem a sorte para si (Mourinho ou Scolari por exemplo), outros há que não conseguem fugir ao estigma de um impenitente azar, sendo claramente Santos um destes casos. Evidentemente que isso não acontece de forma aleatória, existindo lideres que sabem incutir nos seus pupilos uma tremenda força mental, capaz de resistir a todos os contratempos, transformando-os até em agressividade positiva. Fernando Santos, não só no Benfica, já demonstrou não ter nesses aspectos as suas principais virtudes, eles que constituem cada vez mais uma das questões centrais na abordagem das grandes competições do futebol actual.
Depois, por muito limitado que seja o plantel encarnado, elementos como Manu, Miguelito, Paulo Jorge ou Beto, talvez tivessem merecido mais algumas oportunidades, quiçá as suficientes para os principais elementos da equipa não se arrastarem agora tão penosamente pelos relvados.
Deixando esse balanço para outra ocasião, há que dizer que o jogo de ontem mostrou-nos uma vez mais um Benfica ansioso, cansado e, talvez por isso, ineficaz e infeliz. A equipa encarnada dispôs das mais flagrantes ocasiões de golo, desperdiçando por Simão (duas vezes), Mantorras e Karagounis, o golo que poderia em diferentes momentos de jogo ter catapultado a equipa para uma vitória que, ainda assim seria merecida.
O Braga entrou muito forte no jogo mas não confirmou pelo tempo fora essa nobre atitude. Limitou-se depois do primeiro quarto de hora a especular com o resultado, e a fazer passar o tempo de forma muito pouco desportiva e perante a complacência do árbitro João Ferreira. É de facto um dos grandes e crónicos problemas do futebol português, já com consequências a nível internacional, a forma como os jogadores se entregam ao anti-jogo mais cretino, caindo por tudo e por nada, pedindo assistência em lances onde se percebe claramente nada ter havido, gozando com o público que paga o bilhete e, indirectamente, lhes paga o salário. A culpa deve ser endereçada principalmente aos treinadores, e ontem, num dos lances, vi eu com os meus olhos que foi Jorge Costa a mandar o seu jogador cair…É difícil ver estádios cheios quando as estratégias de muitas das equipas são deste tipo.
Este foi aliás um problema comum aos três jogos que presenciei nesta jornada, e que é a raiz dos frequentemente fracos espectáculos que se vêm na liga portuguesa.
A arbitragem de João Ferreira foi pois condicionada por essa falta de pulso que originou o desespero de quem assistia ao jogo – no meu ponto de vista, jogador que saísse de maca teria de ficar fora do relvado durante uns dois minutos pelo menos, e se ao atravessar a linha hipocritamente se levantasse de imediato, devia ver o cartão amarelo.
Na equipa benfiquista, em termos individuais, há a lastimar uma vez mais as prestações de Nelson, Katsouranis e Nuno Gomes, todos vítimas, cada um à sua maneira, da falta de soluções do plantel. Se no caso do grego é visível um desgaste físico profundo, no caso do jovem lateral parece tratar-se mais de uma questão do foro psicológico a requerer uma cura de banco. O ponta-de-lança padece de um problema já de certa forma crónico, a que Fernando Santos também não foi manifestamente capaz de dar tratamento adequado. Mantorras perdeu uma boa oportunidade de mostrar que é dentro do relvado que os jogadores devem expressar a sua linguagem.
Em bom plano estiveram Karagounis (que lance aquele quase no final…) e o jovem David Luiz, que revelou novas aptidões fazendo quase toda a segunda parte a lateral esquerdo, com muito bons apontamentos.
Pontuações: Quim 3, Nelson 1, Anderson 3, David Luiz 3, Léo 2, Petit 3, Katsouranis 2, Karagounis 3, Rui Costa 3, Simão 3, Nuno Gomes 1, Mantorras 2, Derlei 1e Manu 2.
Melhor benfiquista em campo: Karagounis

Nota final para a recepção prestada a João Vieira Pinto, que depois de alguns assobios, arrancou da esmagadora maioria dos presentes os aplausos que o seu passado no Benfica bem justifica. O jogador foi forçado a sair do clube, e enquanto lá esteve foi um profissional exemplar, contribuindo directamente para muitas vitórias e até títulos do clube da Luz.
Este foi também um exemplo elucidativo de como certos assobios que se ouvem são por vezes enganadores. Segundo me parece, se em 40 mil pessoas há mil a assobiarem intensamente, o estádio quase treme com o ruído, mesmo estando as restantes 39 mil caladas. Cheguei a esta conclusão depois de inúmeras vezes ouvir sonoros assobios na Luz e, olhando para todos os lados, não conseguir detectar nenhum “assobiador”.
Há de facto gente que consegue assobiar muito bem…

CRUEL DESTINO

Falha de David Luíz ao segundo poste com a baliza à mercê; remate cruzado de Simão a centímetros da baliza; cabeceamento de Karagounis salvo sobre a linha de golo; defesa “impossível” de Gorka a desvio de Nuno Gomes; remate frontal de Miccoli ao poste; livre de Rui Costa ao poste; cabeceamento ao lado de Mantorras completamente isolado.
Sete (!!!) oportunidades claras de golo desperdiçou o Benfica na noite de ontem, perante um Espanhol que apenas conseguiu criar perigo em duas situações.
Há muitos problemas nesta equipa do Benfica: desequilíbrios na construção do plantel, indefinições, jogadores limitados de forma irreversível etc. Alguns desses aspectos foram aqui abordados na crónica ao jogo de Aveiro. Mas cingindo a análise aos noventa minutos de ontem, a conclusão só pode ser uma: mesmo sem fazerem uma exibição de encher o olho, tratou-se de uma tremenda injustiça os encarnados não terem ganho este jogo, e com ele, a eliminatória.
Bastava uma das situações acima descritas ter resultado em golo, e agora estaríamos todos a glorificar a equipa e o seu técnico por, com tão poucos recursos, terem chegado tão longe. É assim o sortilégio do futebol. Antes de mais trata-se de um jogo, onde a felicidade dita leis, sobretudo quando estamos perante competições disputadas em eliminatórias, e o Benfica ontem não foi, sobretudo, feliz.
Quase nada há a apontar aos encarnados na abordagem a este jogo. As cautelas iniciais justificavam-se perante uma equipa que trazia a fama de ser muito perigosa no contra-ataque, e quando se tornou imprescindível, o Benfica foi capaz de correr riscos e assumir o jogo, mesmo com o desgaste de que sabemos padecer. A atitude de todos os jogadores foi notável, e bem mereciam um forte aplauso no final.
Não seria justo retirarmos mérito aos catalães. Ao longo de grande parte do jogo souberam pressionar muito o Benfica logo na sua primeira fase de construção, dificultando sobremaneira a sua transição defesa-ataque. Povoaram bem o meio-campo, foram uma equipa tremendamente organizada (um 4-2-3-1 movendo-se de forma quase militar), e souberam sofrer quando foi caso disso. Contaram com uma guarda-redes inspirado, como infelizmente se vai tornando tradição das equipas que visitam a Luz. Foram felizes.
As equipas espanholas são uma verdadeira maldição para os encarnados. Celta, Barcelona, Villarreal, agora Espanhol foram nos últimos anos verdugos da equipa benfiquista. São conjuntos com um ritmo competitivo muito forte, e que sabem como nenhumas outras temporizar o jogo à medida das suas necessidades. Adormecem o adversário, retiram-lhe fluidez e imaginação – se Montjuic me fizera recordar Vigo, ao longo do jogo de ontem várias vezes me lembrei do Benfica-Villarreal do ano passado, que culminou com uma derrota, como todos se lembram.
Se os italianos são mestres na defesa – dando por vezes um aparente domínio ao adversário, deixando-o galvanizar-se para, no contra-ataque, aproveitarem os espaços com cínica eficácia –, se os ingleses assumem o ataque, controlam o jogo aéreo e os flancos, e são capazes de asfixiar os adversários, os espanhóis têm esta incrível capacidade para retirarem imaginação às equipas contrárias, impondo os seus ritmos, mesmo se lentos e pastosos. Se o futebol italiano tem a sua alma na defesa e o inglês no ataque, o espanhol encontra-a no meio-campo.
O maior destaque individual entre os encarnados vai para Rui Costa, que não merecia de modo algum a eliminação. Todos os outros estiveram em plano aceitável sem todavia deslumbrarem. Nelson foi o mais infeliz, e é já de certo modo um dos alvos do “terceiro anel” – sendo claramente uma das principais vítimas da falta de alternativas que existem no plantel encarnado.
O árbitro acabou por perdoar uma grande penalidade ao Benfica, por falta de Léo já nos instantes finais (logo no estádio me apercebi de imediato da falta que, diga-se, compensa um penálti por assinalar em Barcelona a favor do Benfica), enquanto que analisou bem uma queda de Miccoli na primeira parte, que também desde logo poucas dúvidas me deixou. Ao longo do jogo realizou uma arbitragem algo irritante, com muitas interrupções (varias vezes desnecessárias), não beneficiando em nada o espectáculo.
Fica assim encerrado este capítulo. O Benfica perdeu a hipótese de ultrapassar uma equipa que, apesar de tudo, estava ao seu alcance, o que deixa um enorme travo a frustração. Mas aqueles sessenta minutos de Montjuic…
Resta o campeonato, sobretudo no que ao segundo lugar diz respeito. Resta também o consolo de ter sido, pelo segundo ano consecutivo, a melhor equipa lusa em provas internacionais. Que fiquem também algumas lições para a próxima temporada, tema a que certamente voltarei oportunamente.

SEGUIR EM FRENTE !

Hoje à noite todos vão ser poucos.
Hoje à noite volta a escrever-se história.
Hoje à noite só uma vitória interessa.
Em frente Benfica! A glória espera por ti !

DIABOS À SOLTA !

A Champions League proporcionou-nos ontem via televisão dois espectáculos futebolísticos de luxo. Chelsea e Manchester United provaram de forma clara que a Liga Inglesa acolhe hoje o melhor futebol do mundo, juntando-se ao praticamente apurado Liverpool numas meias finais inéditas que irão englobar três equipas da premiership.
Em Old Trafford assistiu-se a um autêntico festival proporcionado por aquela que me parece ser neste momento a melhor equipa do mundo. Um Manchester endiabrado chegou a 3-0 ainda não estavam decorridos vinte minutos de jogo, e por aí fora foi espantoso como não tirou o pé do acelerador, partindo para uma exibição e um resultado absolutamente esmagadores. Destaque para Cristiano Ronaldo, mas também para Giggs (numa segunda juventude), Rooney, Fletcher, Smith etc.
Não pense quem não assistiu ao jogo que se tivesse tratado de fragilidade romana. Foi pelo contrário um super-Manchester - que impôs um futebol como há muito se não via no panorama internacional - o responsável pelo avolumar de um resultado que, pasme-se, ainda podia ter sido mais elevado.
Se existe perfeição no futebol, os Red Devils aproximaram-se bastante dela na noite de ontem.
Em Mestalla o Chelsea puxou dos galões de bi-campeão inglês e grande candidato ao título europeu, e mostrou, sobretudo na segunda parte, que as grandes equipas são para os grandes momentos. Depois de uma entrada de típica fúria espanhola dos da casa, o Chelsea chamou a si o mando do jogo, empurrando o Valência para a sua defesa e acabando por chegar a vitória com alguma naturalidade, se bem que apenas quando já se jogava o período de descontos. De salientar que Shevchenko, tão criticado pelos media britânicos, se está enfim a revelar um elemento de grande importância na equipa londrina, marcando golos decisivos em momentos difíceis, como é próprio das grandes estrelas.
Chelsea e Manchester são talvez os dois maiores candidatos a uma final que seria sem dúvida um petisco para quem gosta de bom futebol, e que se poderá repetir na Taça de Inglaterra para além do decisivo confronto de Maio entre ambos para a Premier League. Seria o multiplicar do confronto entre Mourinho e Ferguson, entre Ronaldo e Drogba, enfim, um regalo…
Com o Liverpool com um pé (ou dois…) na meia-final, veremos hoje se o Bayern de Munique confirma em casa o seu favoritismo diante de um Milan algo distante do seu melhor. Bayern-Manchester seria também uma apetitosa meia-final, pois todos estão certamente lembrados do duelo de 1999 em Camp Nou, quando os ingleses viraram o resultado de 0-1 para 2-1 durante o período de descontos, naquela que foi uma das mais memoráveis finais da história da competição.

VEDETA DA JORNADA

NANI: É um pouco difícil a escolha, numa jornada em que não houve lugar a grandes brilhantismos individuais. Pelo golo que marcou, e pela clara subida de forma que não é alheia ao bom momento da equipa, o jovem leão merece ainda assim a distinção.

CLASSIFICAÇÃO "REAL"

Não vislumbrei casos no Dragão e em Braga. Em Aveiro pode-se considerar que o penálti foi mais construído por Simão do que cometido pelo defesa do Beira Mar, mas por outro lado o golo de Nuno Gomes aos três minutos foi absolutamente limpo. Assim sendo, uma ocorrência anula a outra e nada há a corrigir.

F.C.PORTO 58
Sporting 56
Benfica 54

THE END !

O Benfica terá hipotecado ontem as hipóteses que lhe restavam de se sagrar campeão nacional esta época. Ao ceder um empate em Aveiro, perante quase 30 mil benfiquistas, a equipa da Luz ficou agora a uma distância de três pontos do F.C.Porto com desvantagem no confronto directo, quando restam somente seis jornadas para a Liga terminar.
Este era, pode dizer-se, um desfecho mais ou menos anunciado, tendo em atenção o extremo desgaste que os encarnados têm vindo a deixar notar de há umas semanas a esta parte. O Benfica há três jogos que não vence, e há muitos que não faz uma exibição consistente ao longo dos noventa minutos. A equipa apresenta-se nesta altura decisiva da temporada à beira do esgotamento total, e sem soluções para os problemas que a presença em duas exigentes competições lhe impõe. O filme que se apresenta aos olhos dos benfiquistas é cada vez mais claro e mostra uma vitória portista no campeonato, triunfo sportinguista na taça, e mais um ano em branco em termos de títulos.
O plantel encarnado é composto por 12 ou 13 jogadores de qualidade, e mais alguns de nível não mais que mediano. Qualquer lesão ou castigo se sente de imediato na performance colectiva, não sendo de todo possível fazer uma gestão equilibrada do desgaste, o que seria imprescindível para acalentar ambições europeias – o Espanyol por exemplo fez nesta jornada descansar nove (!!) jogadores, acabando mesmo assim por vencer. O Benfica tem jogadores para, com alguma sorte, fazer uma boa campanha europeia limitando-se a ir tranquilamente deixando correr o campeonato, ou em alternativa, à boa maneira de Trappatoni, prescindir da campanha europeia e assim lutar pelo título até ao fim. Nunca para se sentar nessas duas cadeiras como de resto aqui neste mesmo espaço ficou realçado há várias semanas atrás, quando ainda todas as ambições pareciam, aparentemente, ser legítimas.
Penso ser justo afirmar que, neste quadro, Fernando Santos sai absolutamente inocente. Cometendo um ou outro erro, o técnico encarnado não pode todavia ser minimamente responsabilizado pelo facto de a política desportiva do clube lhe ter colocado em mãos, (bem tarde, diga-se) um plantel desestruturado e carregado de incertezas, e sobretudo por, ao invés da atitude mais lógica que seria corrigir esses desequilíbrios no mercado de Inverno, ter levado a cabo um claro desinvestimento quando a oito pontos do F.C.Porto e eliminado da Champions League se terá pensado que a época estaria irremediavelmente comprometida. Não esqueçamos os pontos perdidos no início da Liga, as incertezas em torno de Simão (e Manuel Fernandes, e Karagounis…) que obrigaram a inflectir mais de uma vez o modelo de jogo da equipa, e mais tarde o episódio Nuno Assis (francamente mal gerido) e sobretudo as saídas simultâneas de Alcides e Ricardo Rocha (dois defesas polivalentes que asseguravam posições de lateral e central) colmatadas apenas por um jovem, talentoso é verdade, mas longe da necessária experiência competitiva para quem queria voar tão alto – a lesão de Luisão (e a este propósito lembre-se o quanto o departamento médico tem que se lhe diga) tem tido, como se percebe facilmente, consequências devastadoras para a equipa, ou não tivesse ela sofrido seis golos nos últimos três jogos.
Ontem em Aveiro o Benfica foi uma vez mais (como frente ao F.C.Porto e em Barcelona) vítima do seu próprio desgaste, e da sua incapacidade total para impor o ritmo que mais se adequasse a cada momento do jogo. As dificuldades nas transições são evidentes, e deixam a nu uma equipa completamente de gatas, entregue aos circunstancialismos do jogo e do adversário, permeável a qualquer corrente de ar, incapaz de condicionar, ela própria, o desenrolar dos acontecimentos.
Enquanto o F.C.Porto marcou quatro golos ao V.Setúbal logo na primeira meia hora, o Benfica entrou em campo em clara gestão de esforço e, sofrendo um golo contra a corrente do jogo (e muito consentido), apenas foi capaz de reagir numa fase já demasiado tardia para não deixar os três pontos entregues aos desígnios da sorte. Os momentos após o golo de Mantorras pareciam capazes de levar o Benfica à vitória, mas foram então novamente as lacunas defensivas de uma equipa sem Luisão, com um Anderson desastrado e com um Nelson (sem alternativas) muito irregular, a comprometer definitivamente essas hipóteses. O penálti de Simão apenas serviu para amenizar uma noite muito má para as cores benfiquistas.
Individualmente, para além das questões defensivas já faladas, há que destacar as paupérrimas exibições de Katsouranis, Miccoli, Nuno Gomes e Derlei, salientando ao invés o contributo de Simão (o melhor benfiquista em campo), e as entradas de Mantorras e Rui Costa.
No Beira Mar realce para o seu guarda-redes, e para a sua defesa, que há bem pouco tempo vi sofrer inapelavelmente cinco golos do F.C.Porto (alguns dos quais bem estranhos), e ontem se revelou quase intransponível.
Pontuações: Quim 3, Nelson 2, Anderson 1, David Luíz 2, Léo 2, Petit 3, Katsouranis 1, Karagounis 2, Simão 3, Miccoli 2, Nuno Gomes 2, Rui Costa 3, Mantorras 3 e Derlei 1.
A arbitragem esteve mal, desde logo ao anular um golo limpo a Nuno Gomes nos primeiros instantes (quão importante seria…), depois cortando mais dois lances de perigo ao Benfica também por foras-de-jogo inexistentes, equivocando-se em várias faltas assinaladas e por assinalar (neste particular mais em prejuízo dos aveirenses), e finalmente ao sancionar um penálti que deixou muitas dúvidas – é Simão que força o contacto.
Agora o Benfica jogará a temporada na próxima quinta-feira frente ao Espanyol, pois a Taça Uefa é neste momento a única porta de saída para o êxito desta pobre equipa.

LEÃO EM GRANDE

O Sporting deu na cidade dos arcebispos continuidade ao bom momento de forma que vive, triunfando por 0-1 frente a um Sp.Braga que aí vencera, por exemplo, Porto e Benfica.
Diga-se que os leões tiveram a estrelinha do seu lado, sobretudo durante o verdadeiro massacre que foi a segunda parte bracarense, após o (esquisito) golo de Nani. A primeira parte havia sido no entanto controlada predominantemente pelo Sporting, que entrou muito forte e motivado pela sequência de bons resultados que lhe permitem posicionar-se muito bem face à luta pelo segundo lugar e acalentar ainda algumas esperanças de conquistar o título.
No Dragão o F.C.Porto triturou um V.Setúbal extremamente macio, resolvendo o jogo ainda na primeira parte. A nota negativa para os portistas foi a lesão de Pepe, nos últimos instantes do encontro, que o poderá obrigar a terminar já a época.

E AO TERCEIRO GOLO...RESSUSCITOU !

Não está na Biblia, nem consta que em nenhuma outra escritura ou decreto, que o Benfica tenha de chegar, por direito divino ou outro, à final da Taça Uefa deste ano. Para lá chegar, se quiser e puder, terá que se superiorizar aos seus adversários, que à medida que a prova vai avançando vão sendo cada vez mais poderosos e vão estando cada vez mais motivados.
Talvez não tenha sido este o pensamento dos jogadores encarnados que ontem entraram no Olímpico de Montjuic, ou se foi, disfarçaram bem, tal a displicência, a falta de agressividade, e de garra. com que enfrentaram o adversário, como se o seu proclamado favoritismo, meramente teórico e francamente discutível, fosse suficiente para assinar a presença nas meias-finais.
É claro que esta lamentável atitude competitiva encontra raízes na falta de recursos que o plantel benfiquista apresenta, sobretudo desde Janeiro, e que faz com que os poucos jogadores de classe disponíveis para cada jogo sejam obrigados a um substancial desgaste, que se vai fazendo sentir nesta fase decisiva da temporada com uma assustadora crueldade. A falta de Luisão e Katsouranis, como a de outros se fosse esse o caso, não encontra alternativas que impeçam a equipa de vacilar. A escassez de opções não permite por outro lado uma gestão do plantel mais ponderada, que passaria naturalmente por dar descanso, à vez, a algumas das principais figuras da equipa.
Deste modo, são os próprios jogadores que no campo, em momentos onde todas as forças seriam necessárias, acabam por reduzir ritmos, poupando energias para assim segurar as pontas de uma equipa à beira do esgotamento total.
O contraste com o ritmo competitivo do Espanyol – equipa comodamente instalada na poderosa Liga Espanhola – chegou a ser chocante durante quase toda a primeira parte. À extrema disponibilidade dos catalães, respondia o Benfica com uma lentidão e uma, quase, descontracção, que o tornava tremendamente vulnerável. Foi com toda a naturalidade que o Espanyol chegou, mesmo sem realizar uma exibição de encher o olho, a uma semi-goleada de 3-0. Lembrei-me de Vigo...
A defesa esteve francamente mal, em particular Anderson (que se passa com ele?) e Nélson, este com a agravante de ter marcado na própria baliza o segundo, e ter perdido a bola que originou o terceiro golo. Também David Luíz, no primeiro, e Quim, no segundo, não saem inocentes do naufrágio da primeira hora de jogo.
Do meio campo para a frente, João Coimbra e Derlei foram opções francamente infelizes. Se o jovem médio ainda não justificou em nenhuma ocasião a esperança que nele parece ser depositada, o luso-brasileiro, vindo de uma exibição positiva frente ao F.C.Porto, surpreendeu pela negativa, realizando uma das mais penosas exibições que me lembro de ter assistido em toda a sua carreira.
A Miccoli parece fazer bem uma cura de banco de tempos a tempos, enquanto Rui Costa, com 35 anos e vindo de uma grave lesão, não tem manifestamente condição física para jogar o tempo todo. Assim sendo, a Fernando Santos pouco se pode apontar, pois o que não é natural é ter de utilizar dois pouco mais que juniores nuns quartos-de-final da Taça Uefa, e fazer uma temporada (ou metade dela) com apenas 12 ou 13 jogadores com condições para serem titulares de uma equipa com tão grandes ambições.
Com felicidade, mas também com talento – de Rui Costa, de Miccoli e de Simão, sobretudo – o Benfica acabou por conseguir em apenas dois minutos minimizar os danos, e sair de Barcelona com um resultado, negativo é certo, mas digamos que aceitável, e teoricamente recuperável. A reacção do Benfica a partir do terceiro golo catalão foi apreciável, e por pouco não chegou para lograr o empate a três, que daria um impulso muito mais positivo face à eliminatória. Foi pena não ter sido possível, tal como acontecera frente ao F.C.Porto, jogar os 90 minutos da mesma forma.
O árbitro holandês também nada ajudou, com duas grandes penalidades (uma claríssima outra mais duvidosa) por assinalar a favor do Benfica, uma expulsão perdoada a Zabaleta, e uma dualidade de critérios gritante. Destes temos nós cá muitos na Liga Portuguesa. Confrangedor !
Já aquando dos jogos da selecção tinha falado nisto, mas ficou uma vez mais patente a má fama que os jogadores portugueses (muitas vezes injustamente) têm adquirido junto das instâncias da arbitragem nos últimos anos. Esta situação agudizou-se muito desde o último mundial, quer pelo jogo com a Holanda (onde o grande culpado foi o árbitro russo), quer pela vergonhosa e tabloidiana campanha contra Cristiano Ronaldo movida pelos ingleses. Ontem, o árbitro da...Holanda, teria claramente me mente o que se passou em Junho, não assinalando, de todo, as faltas sobre os jogadores do Benfica. Desde Junho, exactamente, que não me lembrava de uma arbitragem tão má no futebol internacional
Agora temos a segunda mão quase sem tempo para respirar. Na próxima quinta feira o Benfica terá a espinhosa missão de ter de vencer uma equipa que tem fama (e até agora o proveito) de actuar melhor fora do que em casa. O “Inferno da Luz” não mete golos, e os espanhóis não parecem equipa para tremeliques. Por tudo isto, a vantagem e o favoritismo passaram a estar do lado de lá da fronteira. Mas a esperança continua de pé.
Viva o Benfica !
Viva Portugal !

UM JOGO DE ALTO RISCO

Precisamente quatro dias depois de ter disputado a liderança da Liga Portuguesa diante do F.C.Porto, o Benfica joga hoje em Barcelona diante do Espanyol mais uma importantíssima partida.
É um jogo que chega em má altura, pois é difícil que os jogadores se tenham já libertado totalmente das tensões do clássico, além de que, sobretudo para os internacionais (grande parte da equipa), a sequência de jogos decisivos reflectirá seguramente um elevado grau de saturação, quer sob o ponto de vista físico, quer sobretudo no plano anímico. Até mesmo para o adepto é difícil apontar agulhas para competições tão díspares como o Euro 2008, a Liga Portuguesa e a Taça Uefa, com três jogos decisivos em apenas oito dias, sem contar com o que aí vem.
Por este motivo, mas também porque o Espanyol actua numa liga extremamente competitiva - com tudo o que isso acarreta em termos de ritmo - e porque o passado recente aponta para grandes dificuldades diante das equipas do país vizinho (nas últimas sete eliminatórias disputadas, apenas uma vencida), este é um jogo que apresenta um elevado grau de risco desportivo para os encarnados.
Não nos iludamos. Os nomes e o prestígio dos clubes não marcam golos, e esta tratar-se-á seguramente de uma eliminatória complicadíssima para o Benfica. Bastará atentar no orçamento de uma e outra equipa (muito superior o dos catalães) para perceber que a realidade da Liga Espanhola é substancialmente diferente da nossa, e para comprovar a força com que os seus clubes do meio da tabela se apresentam nas provas internacionais. Não gosto de insistir muito nas mesmas teclas, mas a verdade é que o curto plantel do Benfica obriga a lembrar que as ausências de Luisão e Katsouranis dificilmente deixarão de se fazer sentir, mesmo levando em linha de conta as boas indicações dadas pelo jovem David Luíz, e o regresso do maestro Rui Costa ao meio campo.
Não parece pois haver grandes motivos para os encarnados assumirem qualquer espécie de favoritismo face a este jogo e à própria eliminatória.

Um bom resultado será, como sempre nestas ocasiões, uma vitória ou um empate com golos. Tudo o que seja diferente disso será negativo, até porque ainda estão presentes na nossa memória as dificuldades que os encarnados tiveram para eliminar um PSG de segunda, que foi capaz de trazer uma vantagem tangencial para a Luz.
A estratégia para o jogo passa por tentar aproveitar as debilidades defensivas dos catalães, e procurar limitar a acção do principal alimentador do seu jogo ofensivo, o veterano Ivan De la Peña. Também o atacante Tamudo merece cuidados especiais, ele que é um dos melhores marcadores da história do clube.
Nuno Gomes, em momento bastante infeliz, deverá ficar no banco. Para um estilo de jogo onde talvez seja de apelar a uma maior velocidade nas transições ofensivas, Derlei parece uma opção mais ajustada. De resto poucas dúvidas existem, até porque as opções não são muitas.
A partir das 19.45 h em Montjuic, sob a arbitragem do holandês Eric Brahmaar as equipas deverão alinhar do seguinte modo:
ESPANYOL- Gorka, Zabaleta, Torrejon, Jarque, Chica, Moisés, Riera, Rufete, De la Peña, Luís Garcia e Tamudo.
BENFICA- Quim, Nelson, David Luíz, Anderson, Léo, Petit, Karagounis, Rui Costa, Simão, Derlei e Miccoli.
Resta pois esperar que o desgaste possa ser maquilhado, que os principais artistas encarnados encontrem a sua inspiração, e sobretudo que a sorte tome o partido certo. Só assim será possível festejarmos mais uma jornada triunfante, que possa permitir a continuação desta já apreciável saga europeia do clube da Luz.
Viva o Benfica !
Viva Portugal !

CHAMPIONS AO RUBRO

Foi uma jornada surpreendente da Liga dos Campeões. Dos favoritos só o Liverpool se afirmou, e de forma clara. Manchester, Milan e Chelsea não conseguiram ganhar e deixaram em risco a sua qualificação para as meias-finais da prova.
A equipa de Mourinho não irá ter vida fácil no Mestalla, correndo sérios riscos de ficar uma vez mais pelo caminho na principal prova europeia de clubes, e na qual há vários anos aposta de forma quase obsessiva.
Veremos como decorre a segunda mão. Umas semi-finais Valencia-Liverpool e Bayern-Roma não estariam nos prognósticos de ninguém quando há meses se iniciou a competição. Será que se vão concretizar ?

VEDETA DA LIGA

A partir de hoje o leitor pode votar naquele que entenda mais ter brilhado nos relvados portugueses durante esta temporada. A eleição está aberta até ao final do campeonato.
Recorde-se que na época transacta foi Luisão o distinguido.

OLHA QUE COISA MAIS LINDA !