CONFIANÇA EM VIEIRA

A comunicação do presidente do Benfica foi um momento de honestidade e de humildade.
Assumiu que pensou uma coisa e depois se arrependeu, num mundo mediatizado onde ninguém se engana e raramente alguém tem dúvidas.
Eu, de fora, acho que Rui Vitória deveria sair já. Aliás, acho que já deveria ter saído há algum tempo. Mas é Vieira quem tem em sua posse todos os dados da situação. Não sei, por exemplo, qual é a opinião dos jogadores. Não sei quem poderiam ser, ou quanto custariam as eventuais alternativas, nem se seria o momento mais oportuno para avançar com esta ou aquela opção.  Além disso há contornos legais e burocráticos que têm de ser ponderados. E é fácil para quem está de fora emitir opiniões (o que eu faço tranquilamente) e não tem de ser confrontado com as consequências de cada decisão.O futebol profissional a sério não é bem o mesmo que a Play Station.
Vieira arriscou tudo uma vez mais, e não teve medo de o fazer. Contra todas as evidências, e contra a opinião unânime dos benfiquistas, decidiu manter um treinador. 
A situação é, porém, muito diferente da de 2013. A equipa então vinha de uma... final europeia. Perdera apenas um jogo (aos 92 minutos) em todo o campeonato. Jogara maravilhosamente nos meses anteriores, e havia sido infeliz nas decisões finais. Basta ler o que escrevi na altura para saber que, então, estava do lado de Vieira e do lado da continuidade de Jesus.
Desta vez penso de forma diferente. Mas espero estar eu enganado. Oxalá a decisão de Vieira seja feliz. 
Para mim, o presidente tem o crédito de 6 campeonatos, 2 taças, 7 taças da liga, 4 supertaças, 2 finais europeias, inúmeros títulos nacionais e internacionais nas modalidades, um estádio, um centro de estágio, um museu, um canal de tv, etc, etc. Obviamente confio nele, tal como a esmagadora maioria dos benfiquistas.
Ele decidiu, vamos esperar que tenha razão.
Eu estarei aqui, e em todo o lado, para apoiar o Benfica, seja quem for que estiver no banco.

RUI VITÓRIA EM CAPÍTULOS

2015-16
SPORTING-BENFICA, 1-0 (Supertaça)
Começar a perder, desde logo um troféu. Enfim, nesta altura talvez sem a maior fatia da culpa.
AROUCA-BENFICA, 1-0
Primeira deslocação no campeonato, primeira derrota. Incapacidade total para virar o resultado após um golo sofrido cedo. Benefício da dúvida.
VIANENSE-BENFICA, 1-2 (Taça de Portugal)
Início de uma estranha tendência para manifestar grandes dificuldades em vencer adversários de escalões inferiores. Repetir-se-ia o filme com o 1º Dezembro, com o Olhanense e mais recentemente com o Arouca.
BENFICA-SPORTING, 0-3
Benfica humilhado em casa, pelo Sporting e por Jorge Jesus. Seria preciso recuar até 1948, e ao tempo dos Violinos, para encontrar derrota caseira tão expressiva diante do Velho Rival.
SPORTING-BENFICA, 0-1
A coroa de glória de Rui Vitória, com a bênção de Mitroglou e o falhanço histórico de Bryan Ruiz de baliza aberta. Ainda hoje o técnico encarnado vive desse momento de sorte suprema.
BOAVISTA-BENFICA, 0-1
Jonas, como viria a acontecer tantas vezes, a salvar a equipa no último suspiro, depois de uma exibição medíocre, em jogo absolutamente decisivo.
ACADÉMICA-BENFICA, 1-2
Desta vez foi Raul Jimenez o salvador, em mais uma exibição pobre. Os espíritos pareciam com o Benfica.
BENFICA-V.SETUBAL, 2-1
Noite da épica defesa de Ederson, a remate de Arnold isolado aos 88 minutos. Depois de mais uma exibição muito pobre, era desta vez o guarda-redes a manter o Benfica ligado à máquina da liderança.
RIO AVE-BENFICA, 0-1
Último jogo desta sequência de total sofrimento, muito coração e pouca arte. Jimenez garantiu a vitória, a poucos minutos do fim. Decididamente, Deus queria que o Benfica fosse campeão naquela temporada. E quando Deus quer...

2016-17
NAPOLES-BENFICA, 4-2 (Liga dos Campeões)
O primeiro grande sinal de que o rei ia nu. Em poucos minutos, os encarnados encaixam 4 golos, e só os remates certeiros de Salvio e Guedes, bem como o levantar de pé dos italianos, disfarçam a hecatombe. Pela primeira de várias (demasiadas) vezes, o fantasma de Vigo assolou o Benfica de Rui Vitória.
FC PORTO-BENFICA, 1-1
Lisandro empata aos 94 minutos, e evidencia mais uma vez que, decididamente, Rui Vitória é um homem de sorte. O Benfica havia sido massacrado durante o jogo inteiro. E o empate foi um euromilhões.
BESIKTAS-BENFICA, 3-3 (Liga dos Campeões)
Depois de uma primeira parte muito bem conseguida, o Benfica volta a ter um apagão total. Sofre 3 golos de uma equipa banal, e se o jogo durasse mais um pouco, arriscaria uma derrota histórica.
MARITIMO-BENFICA, 2-1
Exibição sofrível castigada com derrota. A arbitragem não justifica tudo.
BENFICA-NAPOLES, 1-2 (Liga dos Campeões)
Mais uma demonstração de falta de estofo internacional, poucos dias depois da derrota no Funchal.
BENFICA-BOAVISTA, 3-3
Para mim, o verdadeiro ponto de inflexão no Benfica de Rui Vitória. Já havia muitos sinais (como acabou de ler), mas naquela tarde ficou evidente a fragilidade colectiva da equipa, e a sua total permeabilidade.
MOREIRENSE-BENFICA, 3-1 (Taça da Liga)
Eliminação estrondosa da Taça da Liga, após se ver a ganhar por 1-0. Um troféu borda fora, e mais sinais de fragilidade.
V.SETUBAL-BENFICA, 1-0
Poucos dias depois, nova e comprometedora derrota, no Bonfim, após uma das piores exibições dos últimos anos. A arbitragem não ajudou, mas os sinais de preocupação adensavam-se. De 6 pontos de vantagem, o Benfica vê-se com o FC Porto apenas a um.
BENFICA-DORTMUND, 1-0 (Liga dos Campeões)
Vitória enganadora e inconsequente. Inconsequente porque o Benfica acabaria eliminado pela equipa alemã. Enganadora porque, como disse no final Thomas Tuchel, se tratou de um resultado ridículo, face às inúmeras oportunidades desperdiçadas pelos germânicos (inclusivamente um penálti defendido por Ederson, que terá feito um dos melhores jogos da sua carreira).
DORTMUND-BENFICA, 4-0 (Liga dos Campeões)
Mais um dos muitos enxovalhos internacionais do Benfica nos últimos anos.  Os números dizem tudo. Total falta de estofo e dimensão para contrariar uma equipa que estava longe de ser inacessível.
P.FERREIRA-BENFICA, 0-0
Em jogo crucial, e em vésperas de receber o FC Porto, o Benfica deixa a liderança à mercê do adversário, após exibição medonha. Valeria um golo de João Carvalho, pelo V.Setúbal, no dia seguinte, no Estádio do Dragão, para que ao Benfica bastasse o empate no “clássico”, algo que se veio a verificar. Mais uma vez a sorte quase divina a acompanhar o percurso do técnico encarnado.
BENFICA-ESTORIL, 3-3 (Taça de Portugal)
Depois de ganhar fora 1-2, o Benfica quase ia comprometendo a eliminatória da Taça em casa, após jogo fantasmagórico. Esteve a perder, acabou empatado, mas com o credo na boca. O Jamor chegou aos trambolhões, e a chuva abençoaria a festa. Outro jogo com o Estoril, para o campeonato, dias depois, seria igualmente preocupante, então com vitória por 2-1, e assinatura de Jonas.

2017-18
TODA A LIGA DOS CAMPEÕES
CSKA, Basileia e Manchester United constituíam um grupo acessível (pelo menos para o 2º lugar). O resultado é o que se sabe: 0 pontos, e a campanha mais vergonhosa da história. Entre as 6 derrotas, destaque para os 5-0 em Basileia. Aliás, já na pré-época o Benfica tinha levado "manitas" do Arsenal e do…Young Boys.
Em Basileia, o suíço Seferovic, até aí indiscutível no onze, perdeu a titularidade. Opção no mínimo estranha, por se tratar de um jogo em que o avançado, à priori, estaria até mais motivado.
BOAVISTA-BENFICA, 2-1
Jonas, sempre ele, até pôs o Benfica em vantagem. Mas uma reviravolta em segunda-parte miserável, deu o triunfo aos axadrezados. Bruno Varela errou, e foi crucificado até se perceber que não havia outro. Um de tantos equívocos, por entre Filipes Augustos e afins. Svilar seria também crucificado por erros cometidos em jogos, tal como Diogo Gonçalves, João Carvalho etc, etc
RIO AVE-BENFICA, 3-2 (Taça de Portugal)
…e lá se foi a Taça.
BENFICA-PORTIMONENSE, 2-2 (Taça da Liga)
…e lá se foi a Taça da Liga, sem ganhar um jogo.
BELENENSES-BENFICA, 1-1
Jonas, aos 97 minutos, impede uma derrota que colocaria o Benfica fora da corrida ao título, única competição em que então se mantinha.
BENFICA-FC PORTO, 0-1
Depois de duas derrotas quase seguidas do FC Porto, o Benfica regressou miraculosamente ao 1º lugar. Ganhando em casa ao rival, seria quase Penta-Campeão. Mas acabou por perder, num jogo em que tacticamente nunca se conseguiu soltar das amarras criadas pelos portistas.
No momento crucial, falhou. A sorte não dura sempre…
BENFICA-TONDELA, 2-3
Inacreditavelmente, e quando o título ainda era possível (o FC Porto deslocava-se ao Funchal no dia seguinte), o Benfica caiu com estrondo em casa frente ao…Tondela, perdendo, inclusivamente o 2º lugar e o acesso à Champions – que recuperaria com as diatribes do Sporting, da sua claque e de Bruno Carvalho.

2018-19
CHAVES-BENFICA, 2-2
Um empate inoportuno, mas justo, em exibição fraca, e em que faltou a força mental para aguentar as situações de vantagem.
AEK-BENFICA, 2-3 (Liga dos Campeões)
Após uma entrada de rompante, com 0-2, a segunda-parte pareceu tirada dos desenhos animados. Mais uma vez com um central expulso, o Benfica foi massacrado, sofrendo um, sofrendo dois, e vendo Vlachodimos evitar o terceiro. Com um incrível golpe de sorte, e numa altura em que mal respirava, o Benfica conseguiu, nos pés do improvável Alfa Semedo, uma vitória importante.Milagre.
BELENENSES-BENFICA, 2-0
Penálti falhado, dois golos sofridos, e…pronto. Derrota inesperada, e total incapacidade para reagir aos infortúnios do jogo, imagem de marca de Rui Vitória.
BENFICA-MOREIRENSE, 1-3
O jogo em que o treinador definitivamente se esgotou. Derrota incrível, consumada na 1ª parte, e seguida de um segundo período sem capacidade de reacção. No fim, um mar de lenços brancos, em quantidade nunca vista. Foi a oportunidade de Rui Vitória sair a bem, demitindo-se como as circunstâncias impunham.
BENFICA-AJAX, 1-1 (Liga dos Campeões)
Jogo em que se percebeu cabalmente que o problema não estava (nunca esteve) no empenho e compromisso dos jogadores. Fartaram-se de correr e lutar, mas sem organização, sem método. Muito coração, nenhuma cabeça. A Champions League  tornou-se uma quimera.
BENFICA-AROUCA, 2-1(Taça de Portugal)
Exibição miserável, e triunfo nos descontos, perante um dos piores classificados da Liga de Honra. Rui Vitória claramente a mais, numa equipa que merecia outro tipo de orientação técnica e táctica.
BAYERN-BENFICA, 5-1 (Liga dos Campeões)
Uma das maiores derrotas de sempre do Benfica, eliminação da Champions, e exibição que parecia, e deveria, colocar um ponto final nesta história. 
Infelizmente, a saga vai continuar...

PARA JOGAR O DOBRO

...e para voltar às finais europeias, e para ser Campeão, e Bi-Campeão, para ganhar a Taça e as Taças da Liga, para encher o estádio e dar espectáculo. Para tudo isso, mesmo que tenhamos de engolir um sapo, tomemos uma Kompensan, mas venha o Jesus!

PANORAMA DE OPÇÕES


SIGNIFICATIVO

OS PIORES RESULTADOS DO BENFICA NA EUROPA

DERROTAS EUROPEIAS EM CASA

DESORIENTAÇÃO TOTAL

Só se desilude quem tem ilusões. E com Rui Vitória no banco, confesso que já não acredito em nada, nem espero coisa nenhuma deste Benfica.
A sensação que tenho é a de que, neste momento, estar Rui Vitória no banco, estar lá eu, ou estar o estimado leitor, é quase a mesma coisa. Os jogadores "tocam" o que sabem, e cada um tenta, por si só, fazer o melhor que pode para impedir o naufrágio para o qual a desorientação colectiva irremediavelmente remete.
Não há processo defensivo. Não há processo ofensivo. Até as bolas paradas são um desastre. Há apenas individualidades e vontade de contrariar as evidências. Não me lembro de coisa assim.
Rui Vitória será certamente um homem estimável, e um profissional dedicado. Tem qualidades que ninguém lhe tira (por exemplo, tem mantido o grupo disciplinado). Mas a sua proposta está totalmente esgotada, e já nem os jogadores acreditam nela.
É lamentável ver o estado a que isto chegou. É lamentável ver um treinador Bi-Campeão arrastar-se desta forma no comando de um plantel de luxo do qual já nada consegue extrair.
E começa a ser ultrapassada a linha que permitiria uma saída digna. Rui Vitória deveria ter posto o lugar à disposição logo após o jogo com o Moreirense, deixando uma porta aberta para um dia, quem sabe, voltar ao clube noutras funções, e levando consigo a simpatia dos adeptos. Não o fez, e ninguém o fez por ele. Mais vale tarde do que nunca. O limite é este, e a partir daqui será penoso continuar a vê-lo no banco do Benfica.
Já toda a gente percebeu isto, excepto duas pessoas: o próprio e Luís Filipe Vieira.
Até quando?

MAIS DO MESMO

A sensação que fica é que o Benfica salvou-se, por pouco, de uma espécie de Gondomar 2. Exibição muito triste, em que os jogadores pareceram, eles próprios, já não acreditar na ideia de jogo proposta pelo treinador. Lutam, correm, mas nada sai, e notam-se gritantes fragilidades no processo colectivo.
Desta vez era o Arouca. Na terça é com o...Bayern.

IMUNES A RUI VITÓRIA?

Não sei se Rui Vitória está ou não imune ao que o rodeia. Os adeptos do Benfica, esses sim, têm-se mostrado totalmente imunes aos casos judiciais que tentaram atirar para cima do clube, ou então não teriam continuado a encher estádios como fizeram enquanto a equipa continuou a ganhar.
E os jogadores do Benfica, por maioria de razão, sendo profissionais que hoje estão aqui e amanhã acolá, desde que tendo os salários em dia, mais imunes deveriam ficar. E mesmo que não o estivessem, jamais deveria ser o seu próprio líder a dizê-lo em público, que mais não fosse para não estimular os ataques dos rivais acerca do assunto. Aliás, se essa imunidade não existe, é precisamente da responsabilidade do técnico implementá-la, de forma a blindar o grupo. 
Naquilo que era um dos seus pontos fortes (o discurso), mal sente alguma contestação Rui Vitória estatela-se ao comprido. Ou será já a porta da rua a fazer-se sentir no seu nariz?
Ai Rui Vitória....Rui Vitória...

CADA MACACO NO SEU GALHO

Os acontecimentos de Alcochete continuam a marcar a actualidade. Nenhuma pessoa normal pode ficar indiferente ao que ali aconteceu. E como adepto de desporto, mais duro é imaginar um conjunto de atletas barbaramente agredido por um bando de delinquentes - até parecia uma largada de toiros, em zona do barrete verde.
Como em tudo na vida, mesmo dos acontecimentos mais inusitados podemos sempre retirar ensinamentos. E neste caso ficou claro até onde pode chegar a imbecilidade de um grupo que se diz de apoio.
Não sou fundamentalista, nem contra, nem a favor das claques. Acho graça aos efeitos de cor e som com que decoram os estádios, e reconheço o apoio que dão às equipas em todos os jogos. Entendo, porém, que a sua actividade se deve confinar estritamente às bancadas dos estádios, e jamais se estender a outros domínios.
Sabemos como o raciocínio de uma multidão em fúria é normalmente equivalente ao da pessoa mais estúpida que dela constar. E estupidez é coisa que não falta a estes bandos – que, entre uma maioria de jovens mais ou menos inocentes, albergam também demasiados profissionais do crime.
A norte temos o triste exemplo dum exército ao serviço de uma administração. A sul, vemos um gangue com influência ao mais alto nível dos nossos vizinhos. Se é para isso que querem legalizar as claques, então dispenso.

É preciso lembrar que por cá também já tivemos cadeiras pelo ar em Assembleias-Gerais. E há que ter o cuidado de preservar a linha que nos separa dos outros a este nível. Se existem claques no Benfica, elas representam exclusivamente os seus membros, e jamais a maioria dos adeptos do Benfica, ou qualquer outro foco de poder interno. 

S de SEFEROVIC

O ponta de lança do Benfica está on fire. Hat-Trick frente à poderosa Bélgica, e frente a Courtois. E a Suíça, juntamente com a Inglaterra a apurar-se para a Final Four da Liga das Nações, a disputar em Junho de 2019 no nosso país.

O DESFECHO ESPERADO

A detenção de Bruno de Carvalho, juntamente com o líder da Juve Leo, não surpreende ninguém.
Desde os acontecimentos de Alcochete que se calculava que tal pudesse acontecer. Aliás, se não fosse por Alcochete, seria pelo Cashball. E se não fosse pelo Cashball, seria pela auditoria forense. Razões não iriam faltar...
O personagem Bruno de Carvalho merecia um filme. Trata-se de alguém que, na verdade, nunca consegui descodificar totalmente, dado o seu comportamento totalmente errático e imprevisível. Criminoso em larga escala? Talvez. Completamente louco e alienado? Certamente. Infantil, narcisista e mimado? É óbvio. Odiento e conflituoso? Sem dúvida. Cocainómano? Não sei.
Mas as questões que estas detenções levantam são essencialmente três:
1- Ficou demonstrado, se ainda fosse necessário, o perigo da proximidade de uma claque junto da direcção de um clube, ficando também a lição para outros clubes. Sejam legais ou ilegais, não podem jamais passar da bancada para os gabinetes;
2- Bruno de Carvalho ganhou 3 eleições (!!!). É importante não deixar escapar pelos pingos da chuva todos aqueles que o suportaram, e foram muitos. Tanto no Sporting, como na comunicação social (estou a lembrar-me, por exemplo, da alimária que montou aquela encenação na SIC com um pseudo-jogador do Marítimo). E quando alguém do Benfica lamentava as suas atitudes primárias e infantis, logo era atacado freneticamente, como se temesse que, com ele, o Sporting ganhasse alguma coisa. A verdade é que o anti-sportinguismo dos benfiquistas fica muito atrás do anti-benfiquismo dos sportinguistas. E se tantos, em tantos quadrantes, pediram a cabeça de Bruno, não foi pelo Benfica nem por nenhum outro rival. Foi pelo futebol e pelo desporto. Falo por mim, e por muitos outros;
3- Ficará também para reflexão, a aliança Porto-Sporting, com Pinto e Bruno. Um é já arguido, outro está neste momento detido. Foi com eles que o ataque impiedoso ao Benfica começou. Foi numa reunião patrocinada por eles que a estratégia foi delineada. Só isto já chegaria para comprometer a credibilidade de tudo aquilo de que o Benfica é acusado.

PS: Saraiva, não estás esquecido! 

A CRISE PODE ESPERAR

A vitória em Tondela era decisiva para a manutenção do Benfica na luta pelo título. E por isso, fosse qual fosse a exibição, havia que ganhar ou... ganhar.
Embalado por Jonas, o Benfica ganhou. E quatro pontos de diferença para o primeiro classificado são ainda recuperáveis. Mas os problemas da equipa estão longe de estar resolvidos, e uma vitória perante um adversário reduzido a dez, e depois a nove, não será suficiente para iludir a realidade.
Agora vem a paragem, depois a Taça contra uma equipa do segundo escalão, depois um jogo em Munique que já não trará grandes esperanças. Depois, aí sim, regressa o campeonato. Então se verá até que ponto o problema da falta de confiança - que também existe -agrava as insuficiências tácticas já reiteradamente evidenciadas, ou é apenas uma ilusão face a uma equipa que não rende o que devia.

ESTES JOGADORES MERECIAM UM TREINADOR

Muita alma, muita garra, muita luta. Nenhuma organização, nenhum método, nenhuma clarividência. É assim este Benfica. Um dos melhores plantéis dos últimos anos dramaticamente desperdiçado.
Venha a Liga Europa, e venha um treinador. Um qualquer, desde que seja...treinador.

BEM APARECIDO

Na época passada foi a sua entrada na equipa que resolveu muitos dos problemas que a mesma então apresentava. Será que a história se pode repetir?

JORGE JESUS

Nas eleições presidenciais de 1986, o histórico comunista Álvaro Cunhal, perante a hipótese do candidato apoiado pelos partidos de direita (Freitas do Amaral) poder vencer na segunda volta, recomendou aos militantes do seu partido: tapem-lhe a cara, tomem uma Kompensan para engolir o sapo, mas ponham a cruzinha em Mário Soares (personagem que ele e a maioria dos comunistas então detestavam, mas que naquela eleição era considerado um mal menor). O socialista acabou, como se sabe, por vencer, tendo esses votos sido decisivos.
Lembro-me disto ao ver-me confrontado com a hipótese de Jorge Jesus voltar ao Benfica. 
Os anticorpos de JJ no clube da Luz são mais que muitos. Haverá gente na estrutura, desde funcionários a dirigentes (talvez até jogadores), que não o pode ver. E é difícil pedir aos adeptos para esquecerem a troca pelo Sporting, os abraços a Bruno de Carvalho, os saltinhos em Alvalade etc. Mas quem vê o Benfica jogar com Rui Vitória no banco, e se lembra dos Benficas do antigo treinador, não pode deixar de sentir alguma saudade. Não necessariamente do treinador, não (de todo) da personagem, mas sim do seu trabalho - a todos os títulos notável.
Jorge Jesus será porventura o melhor treinador português da actualidade. Pelo menos é o melhor para o campeonato português, que conhece como ninguém, desde as equipas do fundo da tabela aos rivais directos. Até no Sporting ia sendo campeão, o que tem de se salientar. Aliás, a condução que lá tentou fazer do caso entre o então presidente e o então plantel denotou uma capacidade de liderança extraordinária - quase ia resolvendo tudo sozinho...
Jorge Jesus é um profissional, e o que se pretende no seu eventual regresso ao Benfica é que, a troco de dinheiro, muito dinheiro, coloque a equipa a jogar bem e a ganhar. Um negócio portanto. E como se sabe, amigos amigos, negócios à parte.
É preciso dizer também que Jorge Jesus jamais, enquanto técnico do rival, desrespeitou os adeptos do Benfica. Entrou em colisão com a SAD, queixou-se de alguns dos elementos (que já lá nem estão, como João Gabriel e Paulo Gonçalves), achincalhou, ou tentou achincalhar Rui Vitória (coisa entre colegas, que lhe ficou mal, mas com a qual não temos directamente a ver). Manteve sempre os limites ao falar do clube e dos adeptos. E não bastas vezes deixou denotar algum arrependimento por ter saído. Saído, diga-se, depois de ser de algum modo empurrado para fora do clube (mudança de paradigma, lembram-se?) no final do contrato. Nada a ver com Paulo Sousa e Pacheco, por exemplo. Mais como João Vieira Pinto, se quisermos encontrar exemplos entre jogadores.
É sócio do Sporting? Isso é o que menos interessa. Mourinho nunca foi portista e no FC Porto ganhou tudo. Jesualdo, Fernando Santos e muitos outros exemplos provam que tal não é relevante.
Provavelmente já terei escrito aqui que algumas personalidades do desporto, com demasiado umbigo, não percebem o alcance de uma mudança directa para um clube rival. Jorge Jesus confessou várias vezes não ter previsto todo o impacto daquela transferência. É muito inteligente, terá aprendido com isso e, caso regresse, saberá como limpar a sua imagem aos olhos dos adeptos da Luz. Nem é preciso muito: bastará começar a ganhar.
Enfim, sendo um assunto que também não me deixa totalmente confortável (o risco é elevado, sobretudo se correr mal), tenderei, à semelhança de Álvaro Cunhal em 1986, a engolir o sapo. Evitarei talvez olhar para o banco, mas estou convencido que o que se passar em campo me vai absorver. Evitando também vê-lo no FC Porto num destes dias...
Assim sendo, tomemos uma Kompensan e venha ele!

BASTA!

Passados todos os limites, falta apenas uma derrota com o Ajax para que Luís Filipe Vieira finalmente se convença de que Rui Vitória já não é solução para o Benfica.
Desde a ponta final da época do Tetra que é notório o total esgotamento táctico do técnico. Já se passou 2017-18 (sem qualquer título, e com números historicamente negativos), e a presente temporada começa a ficar também comprometida.
Há que mudar enquanto é tempo. Depois...pode ser tarde.