SEM PERDÃO

Ninguém me consegue explicar porque motivo um qualquer Moreirense-Farense (ou Sittard-Heracles) tem VAR, e um Sérvia-Portugal, de qualificação para o Mundial, não tem.
De qualquer modo, com VAR ou sem VAR, não há como não validar um golo destes. Esperemos que não custe caro.

 

QUINTA VITÓRIA

Os últimos quatro jogos haviam deixado a nítida sensação de que o Benfica estava em fase de retoma, mas de tal faltava ainda uma demonstração clara, frente a um adversário forte. Essa demonstração aconteceu em Braga.
Terá sido a melhor exibição da temporada, embora o facto de jogar em superioridade numérica durante mais de metade do jogo possa ter  contribuído para isso. Mas diga-se que, já antes da expulsão, o Benfica dominava amplamente o jogo, e só por manifesta infelicidade (e inspiração de Matheus) não estava em vantagem desde cedo. O golo à beira do intervalo também ajudou, mas recorrer a Ortega Y Gasset para explicar resultados futebolísticos não é original - como não o seria para justificar o colapso de Janeiro e Fevereiro, quando a equipa estava dizimada pela Covid, da mesma forma que ninguém ousará questionar a liderança do Sporting, mesmo sabendo-se como venceu alguns dos seus jogos. 
A sorte e as circunstâncias fazem parte das vitórias e das derrotas. E ainda há bem pouco tempo o Benfica parecia incapaz de aproveitar erros contrários. Em Braga aproveitou e de forma eloquente, deixando nota de que tem jogadores para muito melhor do que o terceiro lugar que ocupa actualmente.
No plano individual destaque para Rafa e, sobretudo, Seferovic - cheio de confiança, a marcar em todos os jogos, a soltar a sua classe e a protagonizar lances à Van Basten, como aquele mergulho a que o guarda-redes correspondeu com belíssima defesa, evitando o 0-3.
Destaque igualmente para o quinto jogo consecutivo sem sofrer qualquer golo. Aliás, desde Alvalade, nas oito partidas do campeonato que se seguiram, o Benfica apenas sofreu um golo - de penálti em Moreira de Cónegos.
Pena o campeonato não começar agora...

ATAQUE AO SEGUNDO LUGAR

 

FORA DE HORAS

Se os jogos terminassem aos 75 minutos, a classificação era a seguinte:
FCP 48, SCP 46, SLB 41
É sabido que as partidas só terminam quando o árbitro apita, mas, caramba, o Sporting abusa. Já leva nove resultados obtidos nos últimos minutos, dos quais quatro vitórias alcançadas no tempo de descontos, e mais algumas nos minutos 80's.
O FC Porto já ganhou um campeonato assim. Mas o Benfica, que me lembre, praticamente só tem desaires nos últimos instantes. Este ano, a excepção é o golo de Waldschmidt ao Paços na Luz. De resto, contam-se pelos dedos as vitórias obtidas ao soar do gongo em toda a última década: Maritimo 2011, Gil Vicente 2013, Jardel 2015, Bessa e Coimbra 2016 e...

QUARTA VITÓRIA

É uma pena o campeonato não começar agora. No seu quarto jogo seguido a vencer, e sem sofrer golos, o Benfica, mesmo jogando contra dez durante quase toda a partida, deu mostras de evidente retoma exibicional, e deixou claro que vai lutar pelos pontos até ao fim - sirva isso para o que servir.

A defesa encontrou o seu ponto de solidez - Lucas Veríssimo é reforço, e Diogo Gonçalves vai ganhando espaço - enquanto na frente, o mal-amado Seferovic parece querer atingir o nível de 2019 e entrar na luta pelo troféu de melhor marcador. 

No próximo domingo a equipa tem um teste decisivo para se perceber até que ponto vão estes sinais de recuperação. Mas por agora, a teoria justificativa de Jorge Jesus parece estar a fazer sentido. Sem covid esta equipa é outra. 

PAIXÃO

Tem inúmeros e graves defeitos, fez muito mal ao futebol português, é um personagem deplorável para quem os fins justificam os meios. Mas há uma coisa que ninguém pode negar: Pinto da Costa ama profundamente o seu clube.
Curiosamente também eu chorei de alegria em 2014 no mesmo estádio, quando, acabando com nove, o Benfica se apurou dramaticamente para a final da Liga Europa. Essa eliminatória teve contornos específicos, e alguns deles pessoais, pelo que quando o árbitro apitou para o fim não resisti às lágrimas. Aliás, se chorei de tristeza muitas vezes na vida (por falecimento de familiares e não só), talvez possa dizer que só o futebol me fez chorar de alegria - nessa e noutras ocasiões. Não muitas, mas algumas. Tal como recordo noites sem pregar olho após certas derrotas.
Por vezes dou comigo a pensar o quanto gostava de ter, no meu clube, dirigentes que também chorassem de alegria com uma vitória desportiva. E se não é isso que de algum modo falta no Benfica: quem chore de alegria pelas vitórias, e quem nem consiga dormir com as derrotas.

RESPEITO PELA HISTÓRIA

 Presenças em Quartos-de-Final da Taça/Liga dos Campeões:



TERCEIRA VITÓRIA

Com o surto de Covid debelado, e com a tranquilidade proporcionada pelas duas vitórias anteriores, ambas sem sofrer golos, o Benfica venceu com categoria do Belenenses SAD, mostrando que ainda pode fazer uma ponta final de temporada bastante interessante - o que se traduziria no alcançar do segundo lugar, consequente apuramento directo para a Champions League, e conquista da Taça de Portugal.
Neste jogo, só não percebo porque motivo a equipa de Jesus não entrou logo de início com a velocidade apresentada na segunda parte. Mas a imagem final é a que fica, e há que dizer que alguns dos momentos de futebol então apresentados foram do melhor que se viu ao Benfica 2020-21.
Desde a partida de Alvalade, para o Campeonato o Benfica apenas sofreu um golo, de penálti em Moreira de Cónegos - sinal de que a principal fragilidade evidenciada no início da época estará já debelada. Helton Leite não me parece, em nada, superior a Vlachodimos, mas o certo é que não tem sofrido golos (pelo menos na Liga). Lucas Veríssimo dá passos rumo à adaptação, mostrando qualidades. Otamendi afirma-se como patrão da defesa. Seferovic marcou quatro golos em quatro jogos, e demonstra assim que talvez se possa contar com ele ao nível de 2018-19. Deste modo, falta apenas uma maior fluidez no centro do meio-campo (onde anda o melhor Pizzi? onde anda Gabriel?), para que este Benfica possa, enfim, soltar o seu potencial.
Não há um super-plantel na Luz. Mas há matéria prima suficiente para construir a melhor equipa portuguesa. É isso que se espera dos treze jogos que faltam para terminar a temporada.

SEGUNDA VITÓRIA

Não se esperava um grande jogo. Apenas uma vitória (a segunda consecutiva) e a confirmação do apuramento.
Mesmo assim, é preciso valorizar algumas boas indicações, nomeadamente quanto ao ritmo de algumas fases da partida.
Importante, igualmente, não sofrer golos. E o aspecto defensivo é algo que está, de facto, francamente melhor do que há uns meses atrás.
Destaque ainda para o golo de Gonçalo Ramos (5º em 12 jogos pela equipa principal), e para as exibições de Chiquinho e Pedrinho.
O Jamor, ou lá onde for a final, ficará como reserva de esperança até ao fim da época. Agora trata-se de apostar as fichas todas no segundo lugar do campeonato, que não parece nada fácil.

ALGUMA PAZ

A vitória sobre o Rio Ave valeu mais do que três pontos. Havia quatro jogos seguidos que o Benfica não vencia, e a instabilidade estava, quase irremediavelmente, a tomar conta de jogadores, estrutura e adeptos.
Os problemas não ficam todos resolvidos após esta vitória. Mas a equipa ganha, pelo menos, alguma tranquilidade para respirar fundo e embalar para uma ponta final de campeonato bem diferente do que tem acontecido até aqui.
Neste momento, independentemente de tudo o resto, os jogadores precisam de confiança. Quem jogou futebol sabe o quão importante ela é para o desempenho em campo. Sobre brasas ninguém rende. E para dar a volta a este momento precisava-se de alguma serenidade. Esta vitória valeu por isso.
Na próxima quinta-feira espera-se o apuramento para a final da Taça de Portugal. Depois, será jogo a jogo, e no fim ver o que dá. Os encarnados só dependem de si próprios para ultrapassar o FC Porto, e apenas precisam de um empate do Braga até final para chegar ao valioso segundo lugar.
O presidente foi reeleito há quatro meses. O treinador tem contrato por mais um ano. O mercado de jogadores está fechado. É com todos eles que temos de contar no imediato. É a todos eles que os verdadeiros benfiquistas devem, neste momento, expressar o seu apoio. Todos temos o direito ao desabafo (eu também), mas assente a poeira, e olhando friamente para o problema, percebe-se facilmente que não adianta nada contestar quem quer que seja nesta altura. Ser benfiquista é também ser inteligente, e pragmático quando for caso disso. E agora é caso disso.
Nota 1: Nos últimos cinco jogos do campeonato o Benfica apenas sofreu um golo...de penálti. É já a segunda melhor defesa da Liga. Vale o que vale.
Nota 2: Aquando dos 26 casos de Covid, o Benfica estava a quatro pontos do Sporting. O Covid não justifica esses quatro pontos, mas...Vale o que vale.

A ENTREVISTA

FIQUEI ESCLARECIDO QUANTO A:

- efeitos da covid no rendimento do plantel

- sintonia entre Vieira e Jesus na construção do plantel

- profissionalismo dos jogadores


NÃO FIQUEI ESCLARECIDO QUANTO A:

- porque motivo saiu Vinicius

- o que justificou o colapso na segunda época de Bruno Lage