PARA VENCER O RIO AVE...E O ÁRBITRO

UMA PROVOCAÇÃO ?

Começo a dar razão aos que clamam pela demissão de Vítor Pereira.
O ex-árbitro lisboeta e actual Leão de Ouro dá mostras, a cada semana que passa, de uma inabilidade nas nomeações que choca qualquer um.
Não sei se se trata de teimosia ou autismo, não percebo em que critérios se baseia, mas se o objectivo é (e não deveria ser?) afastar a polémica dos jogos da Liga, uma nomeação como a de Rui Costa para o jogo Benfica-Rio Ave não se entende nem se aceita.
Não é apenas por ser irmão de Paulo Costa - cujo desempenho em Braga foi o que se viu -, nem por ser da Associação do Porto (de onde, para além do mais, vem o Rio Ave). Rui Costa, mal-dizendo o nome, tem toda uma história de perseguição ao Benfica, e não me recordo de uma única arbitragem sua na Luz em que não tenha tentado, ou conseguido, prejudicar os encarnados.
Uma jornada antes de visitar o Dragão, com ausências importantes na equipa, e com dois jogadores à beira do castigo por acumulação de amarelos, perante este árbitro o jogo de amanhã ameaça tornar-se um sério problema para o Benfica.

TRÊS NOTAS SOBRE A ACTUALIDADE

TAÇA DE PORTUGAL:
Após a eliminação dos dois clubes com mais Taças de Portugal conquistadas (Benfica e Sporting), a edição deste ano perdeu interesse e competitividade, transformando-se num passeio para o F.C.Porto (azar do patrocinador…). O único ponto de curiosidade poderá residir em saber quem irá disputar a final com os dragões, alcançando assim, eventualmente, um apuramento europeu.
Nos jogos desta semana, o destaque vai para o Atlético de Valdevez – que obrigou o Nacional a ir aos penáltis -, e para um Paços de Ferreira que começa a dar nas vistas pelo seu poderio ofensivo e pela forma aberta e espectacular como disputa os seus jogos. Mesmo sem o seu melhor goleador – William está gravemente lesionado – a equipa pacense não pára de marcar golos, sendo o quarto melhor ataque do campeonato (apesar de ser a pior defesa), o que lhe permite estar bem acima da linha de água. Paulo Sérgio é pois um técnico a acompanhar com atenção, e para já deixa-me curioso de ver esta sua equipa em campo.

VITÓRIA DE SETÚBAL:
A cada dia que passa, as notícias sobre a situação económica e financeira do clube sadino parecem mais dramáticas. Não há dinheiro nem forma de o obter, e a falência é um cenário cada vez mais verosímil.
Todos nos lembramos do Salgueiros, do Farense e de outros. Estranha-se que uma cidade como Setúbal, onde as pessoas gostam de futebol e gostam do clube, não encontre formas de solucionar um problema que se arrasta há alguns anos.
Não posso contudo deixar de lembrar a “amizade” que as sucessivas direcções do Vitória foram estabelecendo com Pinto da Costa e o F.C.Porto, e que pelos vistos de pouco serviu. Serve sim para muitos agora lhe virarem costas e, tal como eu, terem alguma dificuldade em soltar uma lágrima que seja pelo possível desaparecimento de um clube que outrora despertava simpatias.
Aliás, ou me engano muito ou Estrela da Amadora e Belenenses serão os próximos. As semelhanças são muito maiores que as diferenças.

NUNO GOMES:
Arrasta-se o dossier da renovação do avançado benfiquista, segundo se diz, por relutância do jogador em reduzir o seu salário.
Nuno Gomes era há dois anos, a par de Simão, o jogador mais bem pago do Benfica. Posteriormente o seu contrato foi revisto, e hoje, mesmo sendo capitão de equipa, tem sete ou oito colegas a ganhar bem mais do que ele, sendo que existe no plantel encarnado quem inclusivamentemais duplique o vencimento do "21".
Há que prevalecer o bom senso. Mais do que pelos golos que marca, Nuno é importante como uma das últimas referências de balneário que o clube ainda preserva. Ao que sei, Pedro Emanuel, capitão do F.C.Porto, só tem Lucho Gonzalez (e talvez Cristian Rodriguez) à sua frente na folha salarial do respectivo plantel, o que revela o cuidado que a estrutura dirigente portista tem com estas questões.
Os tempos são de crise, mas não creio que a descida do salário de Nuno Gomes possa resolver qualquer problema ao Benfica, cuja desproporcionada amplitude salarial no plantel me preocupa e deveria talvez também preocupar a SAD.

UM JOGO DE SUSPENSÃO

Até quando perdurará a influência de Pedro Henriques neste Campeonato ?

COMUNICADO
De modo a dar aos comentadores deste blogue o destaque que os seus comentários merecem, varrendo o lixo que ultimamente para aqui tem sido deitado, decidi, à semelhança de grande parte dos espaços similares, passar a filtrar previamente as mensagens.
Não se preocupem os adeptos de outros clubes, pois essa moderação jamais será feita pelo conteúdo mas antes pela forma. De fora só ficarão os insultos.
Espero que todos compreendam. Afinal de contas esta medida é tomada justamente por vós.
LF

UM QUADRO COMPETITIVO PARA O FUTURO

Lancei há uns dias uma proposta para reformulação do calendário competitivo, de forma a incluir e valorizar a Taça da Liga, colocando também alguma ordem e critério nas pausas do campeonato.
Indo um pouco mais longe, e uma vez que se realiza no sábado uma Assembleia-Geral da FPF para debater o tema, deixo também uma proposta para, a médio prazo, mais do que o calendário, reformular os próprios quadros competitivos do futebol português.
Infelizmente esta não é uma das propostas colocadas a votação, mas talvez não me engane muito se disser que o futuro obrigará um dia a caminhar para algo deste género. Mais uma vez a simplicidade é a matriz que serve de base.
Aqui vai:

I DIVISÃO: 10 clubes profissionais, todos contra todos, a quatro voltas. Descem dois.
II DIVISÃO: Duas séries (Norte e Sul) com 16 clubes cada, todos contra todos a duas voltas. Sobem os primeiros, descem os três últimos de cada série.
III DIVISÃO: Seis séries (de A a F) de 16 clubes cada, todos contra todos a duas voltas. Sobem os primeiros, descem os três últimos de cada série. Ascendem a esta divisão os campeões distritais.

TOTAL DE CLUBES: 138 (a proposta da FPF contempla uma redução dos actuais 182 para 136)

HORÁRIOS DOS JOGOS: II e III divisões, todos ao domingo às 15.00 h; I divisão com jogos no sábado às 15.00, 17.00, 19.00 e 21.00 h, e um no domingo às 18.00 h, todos televisionados.

AZUL ESCURO

A poucos dias do jogo com o F.C.Porto, o Belenenses decidiu ir passear para Angola.
Na semana anterior era o jogo do ano, o jogo chave e o momento de viragem, com apelos públicos a jogadores e adeptos. Agora, aparentemente, a partida que se segue é para riscar do calendário. O pior é que várias outras equipas da Liga parecem por vezes pensar e proceder da mesma forma - senão com digressões turísticas, com atitudes passivas e derrotistas perante uns, e com extremo vigor e agressividade (ódio ?) face a outros.
Se a este episódio juntarmos a triste figura que Jorge Jesus fez no sábado passado, temos aqui, bem à nossa frente, parte das iguarias constantes do prato que o futebol português nos serviu nos últimos vinte anos.
É por estas e outras que no F.C.Porto até Jesualdo Ferreira é campeão.

O PRINCÍPIO DA INCERTEZA

O que têm em comum Petit, Léo, Quim, Cardozo, Jorge Ribeiro, Balboa, Sidnei e Reyes? Para além de serem quase todos internacionais e excelentes jogadores, foram, todos eles, de uma forma ou de outra, em fases diferentes da época ou da pré-época, afastados da equipa principal do Benfica por Quique Flores. Na maioria dos casos, o técnico encarnado acompanhou o afastamento com declarações públicas de descontentamento face ao rendimento dos respectivos atletas, fazendo-o de forma particularmente dura nos casos de Balboa e Reyes.
Petit foi dispensado, Léo rescindiu, e todos os outros, fazendo ainda parte do plantel, praticamente não mais voltaram à titularidade.
A pergunta que se impõe é: o que ganhou o Benfica, o seu plantel e a sua equipa com estes admoestações, suspensões, castigos ou reprimendas (não sei bem como lhes deva chamar)? A meu ver absolutamente nada. Até porque a última vez que me lembro de algo semelhante no clube foi em 1995, o protagonista foi Artur Jorge, e os resultados foram dramáticos.
Independentemente de, por princípio, me incomodar ver um líder criticar os seus subordinados em público, e embora percebendo que muitas das situações que escapam ao entendimento dos adeptos encontrarão eventualmente explicação no quotidiano de treino, devo dizer contudo que o âmbito da gestão de recursos, embora significativo, está longe de esgotar os sinais de apreensão que o treinador espanhol, dia após dia, no meu ponto de vista, vai deixando crescer em redor do seu trabalho.
Efectivamente muitos benfiquistas começam a ficar com os cabelos em pé, e não percebem porque motivo Reyes – que tem sido, ao longo da temporada, pelo menos nos jogos, o jogador de maior rendimento do Benfica – merece o tratamento de que está a ser alvo; não percebem que mal fez Léo nos primeiros jogos da época; não percebem porque motivo o melhor marcador da equipa não sai do banco há vários jogos, sem que os seus colegas em campo consigam marcar qualquer golo; não percebem porque se troca de guarda-redes como quem troca de camisa, ignorando tratar-se de um posto onde a auto-confiança é preponderante para bom e regular desempenho; não percebem o porquê da aposta cega, persistente e quase teimosa em Binya, e o seu posterior e sumário desaparecimento do lote de opções, mesmo em jogos de menor risco competitivo como os da Taça da Liga; não percebem porque não evoluem jovens como Urreta, Felipe Bastos e mesmo Di Maria; não percebem como o jovem extremo argentino (a quem nada parece ter sido ensinado de há um ano para cá) é aposta em quase todos os jogos, sem rendimento que o justifique, e com Maradona na Luz propositadamente para o ver seja deixado no banco com uma crueldade difícil de digerir; não percebem porque nunca foi Ruben Amorim testado no centro do meio-campo; não percebem porque sai e entra Nuno Gomes na equipa sem explicação aparente (quando joga bem sai, quando joga mal fica); não percebem porque Sidnei desapareceu das convocatórias quando estava a ser uma das principais revelações do campeonato; não percebem como, ficando o plantel totalmente descapitalizado de laterais, Quique aparentemente se tenha desinteressado, por exemplo, de Miguel Lopes e Cissokho. Mas não percebem também como, numa equipa quase totalmente nova, a carecer de automatismos e rotinas colectivas, o treinador não tenha definido uma aposta num onze base, optando por uma constante e revolucionária rotatividade que impede o amadurecimento das ideias do grupo e retira confiança aos jogadores; não percebem porque se apresenta o Benfica num modelo de jogo francamente desadequado às características da Liga Portuguesa, optando por um só avançado, tipicamente de contra-ataque, para explorar espaços que na maior parte dos jogos não existem, o que de certa forma é como bater com a cabeça contra uma parede -na Liga Espanhola, onde todos jogam para ganhar em todos os campos, e numa equipa de plano médio (como o Valência), talvez fosse uma boa solução, mas num campeonato recheado de Trofenses, Rio Aves, E.Amadoras, Navais etc, que jogam fechadíssimos, e fazem da subtracção de espaços a força da sua estratégia, não creio ser esse o caminho certo; não percebem, enfim, como um plantel caríssimo e recheado de estrelas não apresenta colectivamente a força suficiente para se impor a equipas muito mais modestas, e nele se nota um progressivo apagamento competitivo – o Benfica em Outubro e Novembro estava estranhamente bastante melhor que agora – contrário à lógica de crescimento que seria expectável.
Por muito que preze a estabilidade do clube e da equipa, não poderei deixar de confessar que também eu não percebo nenhum dos aspectos que acima referi.
Apesar de Quique nunca ter conquistado qualquer título, fui um defensor da sua contratação. Parecia-me competente, ambicioso, rigoroso e empenhado, conforme que as primeiras semanas de trabalho deixaram transparecer. A revolução no plantel foi de tal maneira drástica que não esperava grandes resultados imediatos, e disse-o neste espaço por alturas do início do campeonato. Todavia, as exuberantes vitórias sobre Sporting e Nápoles, a posterior liderança da Liga e a quebra de rendimento dos rivais, levaram-me a acreditar poder mesmo ser este o ano do Benfica, ideia que o discurso cuidado e elegante do treinador (a cheirar a Mourinho e com ares de Eriksson como na altura escrevi, talvez de forma precipitada) foi ajudando a alimentar.
Se a carreira na fase de grupos da Taça Uefa foi caótica (deixo de lado a infelicidade na Taça de Portugal), e um ou outro resultado, bem como parte significativa das exibições na Liga deixaram a desejar, fui no entanto tolerando o trabalho de Quique, as suas incompreensíveis opções, as constantes alterações no onze (que ao contrário do que ele diz, parecem mesmo tiradas à sorte), as declarações simpáticas, mediáticas, mas pouco claras sobre os jogos, as manifestações de desconhecimento do futebol português, os défices estruturais da equipa, as suas incongruências tácticas e mesmo a sua condição físico-atlética. O jogo do Restelo, não necessariamente pelo resultado, nem mesmo pela exibição, marca para mim um ponto de viragem nesta tolerância.
Não se trata de defender o despedimento de Quique Flores (de longe, o mais bem pago dos técnicos da Liga Sagres), algo que seria totalmente absurdo, e mesmo despropositado, nesta altura da época - até porque as saídas de Fernando Santos e Camacho provaram não ser esse, salvo situações absolutamente excepcionais (o que também não é o caso), o rumo a seguir. Trata-se antes de um desabafo, do exprimir de um estado de alma, estado esse que se vai adensando de dia para dia, de semana para semana, de jogo para jogo, em sentido directamente proporcional ao decréscimo competitivo que a equipa apresenta, a caminho não se sabe bem do quê, para chegar não se sabe bem aonde.
Talvez seja fruto da ansiedade causada por três anos sem nada ganhar. Talvez seja a clarividência de quem já viu muitas vezes o mesmo filme. O filme da desilusão, da frustração e da derrota.

ROSTOS DO SERVILISMO

Como já era de esperar, a reacção de Jorge Jesus ao roubo de que a sua equipa foi alvo no jogo com o F.C.Porto, nada teve a ver com a veemência que mostrou na sala de imprensa do Estádio da Luz, quinze dias antes.
Há homens assim: pequenos.
Tinha alguma consideração por Jesus – foi jogador do Juventude de Évora e tinha uma carreira de treinador interessante. Este fim-de-semana perdi-a totalmente.
Algumas notícias sobre um eventual ingresso no F.C.Porto foram suficiente para fazer agachar um homem que até parecia mostrar alguma independência.
Se será ou não premiado não se sabe. Mas ao contrário de Jesualdo Ferreira, cuja idade o faz ver a sua carreira olhando para trás, Jesus ainda é demasiado jovem para jogar as suas fichas todas no servilismo nojento de que agora deu mostras.

Se Jesus me surpreendeu, já Jesualdo nunca me pareceu ser mais do que aquilo que realmente é: um treinador mediano, e um homem sem carácter.
A sua reacção no flash-interview após o jogo de Braga foi apenas mais um dos muitos episódios que fizeram deste personagem uma das figuras mais desprezíveis do actual futebol português.
Nunca gostei dele, e até me arrepio de pensar que foi por sua causa que José Mourinho não regressou ao Benfica em 2002. É aliás uma figura que me envergonha fazer parte da história do meu clube.
No Porto deixou definitivamente cair a máscara que, atrás de uma antipatia tolerável, escondia um lambe-botismo e uma pobreza de espírito própria dos cretinos.
Até pode voltar a ser campeão, menos por méritos próprios do que alheios. Mas se não o for a sua carreira terá o ponto final que merece: uma saída pelos fundos.

CLASSIFICAÇÃO REAL

"Paulo Costa é um árbitro experiente, com muitos anos de arbitragem, que sabe o que se está a passar e conhece o quadro em que se movimenta" Jesualdo Ferreira, na antevisão ao jogo de Braga
Não me recordo de uma jornada em que todos os três jogos dos clubes grandes tenham tido os seus resultados adulterados. A polémica vai e vem, ora se centra num ora noutro. Desta vez foi em todos.
Benfica foi prejudicado, Sporting e Porto beneficiados. Sobretudo em Braga assistiu-se a uma arbitragem que só não fica na história porque não foi o Benfica o favorecido.

BELENENSES-BENFICA:
São vários os casos polémicos ocorridos no Restelo, e invariavelmente a decisão de Elmano Santos foi no sentido de proteger a equipa da casa, seguramente temendo pelo ruído mediático que qualquer erro a favor do Benfica poderia ter nos dias seguintes.
Se calhar fez bem, pois pouco se tem falado dele.
Logo na primeira parte perdoou um penálti cometido sobre Yebda, e um livre em cima da linha de área do Belenenses, por falta clamorosa sobre Suazo, que teria inclusivamente de valer um cartão amarelo ao jogador azul.
No mesmo período assinalou falta e mostrou cartão a Miguel Vítor, num lance em que o jovem defesa benfiquista nem tocou no adversário - como se sabe Miguel Vítor acabaria por ser expulso com segundo amarelo já na segunda parte.
Foi precisamente na segunda parte que Elmano Santos cometeu os mais graves e influentes erros, ao não assinalar duas grandes penalidades sobre o avançado hondurenho do Benfica. Se na primeira se aceita que o facto de Suazo ter demorado a cair (o que não apaga a falta) possa ter iludido o árbitro, na segunda, já perto do final do jogo, não há qualquer desculpa – Suazo é agarrado sobre o risco, terminando a infracção já bem dentro da área.
Feitas as contas, faltaram três penáltis para o Benfica, quatro amarelos para jogadores do Belenenses, e sobraram os cartões mostrados a Miguel Vítor e Suazo (este no lance do primeiro penálti). Para quem anda a ser levado ao colo não está nada mal.
Resultado Real: 0-3

NACIONAL-SPORTING:
A arbitragem de Soares Dias não foi tão má como as do Restelo e de Braga, mas não ficou isenta de erros, e teve influência no resultado.
Os dois casos são duas grandes penalidades. Uma marcada, outra por marcar (o golo anulado a Liedson não é propriamente um caso).
A que ficou por assinalar é bem mais clara. A outra deixa dúvidas.
Como a segunda foi falhada, não pode entrar nas contas – não poderia subtrair um golo que não existiu. Fica pendente portanto a primeira, em que Rui Patrício toca o pé do avançado madeirense já depois de a bola ter passado.
Resultado Real: 2-1

SP.BRAGA-F.C.PORTO:
A nomeação de Paulo Costa já anunciava aquilo que se veio a passar.
Trata-se de um árbitro da velha guarda, dos tempos mais nebulosos do Apito Dourado, conotadíssimo com o F.C.Porto, com toda uma história de protecção ao clube nortenho e prejuízo de Sporting e Benfica (a quem tem tirado uma média de dois a três pontos por temporada) que há muito deveria ter sido afastado do quadro de arbitragem, onde, como Jesualdo disse, se movimenta como poucos.
A única dúvida era se existiriam ou não oportunidades para o juiz portuense (e portista), e seus auxiliares portuenses (e portistas) ajudarem a sua equipa a ultrapassar um dos mais difíceis jogos que o calendário lhe apresentava até final da época. Existiram e várias.
O primeiro e importante golo do F.C.Porto – numa altura do jogo em que era dominado pelo adversário – surge na sequência de um fora-de-jogo de Hulk tão ou mais evidente que o de David Luíz no jogo da Luz na jornada anterior.
Se a culpa desse lance tem de ser assacada ao fiscal de linha (que depois até esteve bem ao invalidar o golo de Tomás Costa), já na segunda parte Paulo Costa tomou para sim todo o protagonismo.
Das três grandes penalidades reclamadas (senão pelo Sp.Braga, pela imprensa), duas são claras – as da mão de Guarin e da falta de Helton sobre Renteria. A outra (falta sobre Alan) deixa dúvidas, mas apenas quanto à possibilidade de a falta ser cometida dentro ou fora da área.
Na pior das hipóteses ficaram pois por marcar dois penáltis, um livre perigoso e três cartões amarelos, além de um golo por anular. Quem disse a propósito do jogo Benfica-Sp.Braga que em vinte anos não se tinha visto nada assim não precisou de mais de duas semanas para ter de engolir as palavras.
O que preocupa mais nesta arbitragem (e na do Restelo) é a clara intenção de compensar erros ou supostos erros de semanas anteriores, com erros ainda mais graves. O problema não era obviamente o Sp.Braga (peão pouco relevante nesta história), mas sim o F.C.Porto, cujo poder ainda se faz sentir em muitos árbitros do, diria, antigo regime, aquele que vigorou entre 1984 e 2004, e ao longo do qual emergiram figuras, figurinhas e figurões como Paulo Costa, seu irmão e muitos outros.
Se o Sp.Braga pensava que com este árbitro iria ter isenção, a resposta não podia ter sido mais negativamente eloquente. Para o que António Salvador e Jorge Jesus disseram na Luz, não deixa de ser merecido. Para o campeonato e para o futebol português é trágico e de consequências difíceis de prever.
No Porto, como o próprio Jesualdo Ferreira disse, "ninguém anda desatento".
Resultado Real: 2-1

CLASSIFICAÇÃO REAL:
FC PORTO 31 (=)
BENFICA 31 (prejudicado num ponto)
Sporting 25 (beneficiado em cinco pontos)

A ANDAR PARA TRÁS

Para além dos problemas de arbitragem – que ficarão reservados para a rubrica respectiva -, há que dizer que os dois pontos perdidos pelo Benfica no Restelo se devem, em primeiro lugar, a erros próprios. Não é possível vencer em alta competição quando se falham golos como os que falharam Suazo e Aimar - por sinal dois dos mais sonantes nomes do plantel - diante da baliza adversária e quase sem oposição.
Tanto quanto o terreno o permitiu, o jogo até nem foi mau, as duas equipas tentaram vencer, e foram dos encarnados as mais flagrantes ocasiões de golo. Mas faltou sempre eficácia na finalização, o que se vai tornando recorrente numa equipa cujo único golo apontado para o campeonato, desde o dia 7 de Dezembro, foi em fora-de-jogo e por um defesa (David Luíz contra o Sp.Braga).
Parece-me ser este o dado mais preocupante numa equipa que, ponto a ponto, vai desperdiçando as hipóteses de se afastar da concorrência, deixando cada vez mais para as visitas aos estádios dos rivais as grandes decisões deste campeonato.
É altamente discutível que um modelo de jogo baseado em lançamentos em profundidade para as costas da defesa adversária seja o mais adequado para o Benfica, semana a semana, ultrapassar os seus adversários. É assim, quase exclusivamente apostado em explorar a velocidade de Suazo, que Quique Flores tem montado a equipa nos últimos tempos. O resultado é uma escassez de golos totalmente incompatível com uma equipa candidata ao título, até porque a eficácia do hondurenho frente às redes tem deixado muitíssimo a desejar – e devo dizer que sempre me causaram alguma desconfiança os pontas-de-lança que não marcam golos. A análise ao trabalho e às opções – tácticas e estratégicas – de Quique Flores ficará também para depois, ou não se tratasse de algo que começa a merecer atenção particular na discussão do momento do Benfica.
Em termos individuais o destaque vai para Maxi Pereira, pela agressividade (no bom sentido) que coloca em campo e pela generosidade que patenteia ao longo de cada minuto de jogo. Em sentido contrário, para além dos já referidos casos de Suazo e Aimar, há que salientar mais uma paupérrima exibição de Di Maria, cuja titularidade custa a entender, pelo menos se exclusivamente à luz do que se vê em campo.
A arbitragem deturpou o resultado, mas não pode tapar os problemas que a equipa vai demonstrando, e o estranho caminho de decréscimo competitivo que prossegue, depois de um ou dois meses em que espalhou a esperança entre os adeptos.

Irei estar no Restelo, mas só no domingo à noite, ou segunda-feira de manhã, é que poderei disponibilizar a crónica do jogo.
A caixa de comentários fica aberta à vossa troca de pontos de vista.

UM, DOIS, TRÊS !

Este é um espaço dedicado ao futebol. Mas é também um espaço de assumido benfiquismo.
Deste modo não ficará aqui muito mal uma referência à tripla vitória encarnada sobre o F.C.Porto, em apenas sete dias, e em três modalidades diferentes.
Faz hoje uma semana foi em Andebol (29-26), triunfo que abriu caminho à conquista da Taça da Liga. Na quarta-feira foi em Hóquei em Patins (4-2), permitindo regressar ao segundo lugar do campeonato, e encarar o play-off com maior optimismo. Ontem foi em Basquetebol (109-104), nos quartos-de-final da Taça de Portugal, depois de um jogo dramático e espectacular que meteu reviravoltas de marcador nos instantes finais e posterior prolongamento. Não foi noutras modalidades (Voleibol, Futsal, Râguebi etc) porque no F.C.Porto elas não se praticam.
A vitória no futebol está marcada para dia 8 de Fevereiro no Estádio do Dragão. Afinal de contas não há três sem quatro…
Para já estão de parabéns os Zaikin, Carlos Carneiro, Ricardo Barreiros, Valter Neves, Ben Reed, Sérgio Ramos e companhia, que vão fazendo do Benfica - indiscutivelmente - o mais eclético clube português, e seguramente um dos mais ecléticos de toda a Europa.
Amanhã a dúvida de muitos benfiquistas será: acompanhar a meia-final do Basquete frente à Ovarense no Barreiro, ou assistir ao derby de Futsal com o Sporting na Luz ?
Para quem fique em casa, o primeiro é às 14.00 na Sport Tv, o segundo às 15.00 na Sic. E há ainda um grande jogo de Voleibol, frente ao campeão nacional V.Guimarães, às 18.00 também na Luz (e na Benfica TV).
Tudo isto é Benfica, tudo isto é o maior clube português !

HOJE À VENDA

Por apenas 75 cêntimos, tem hoje nas bancas mais uma edição do jornal "O Benfica".
O destaque vai nesta semana para a verdade sobre o caso Calabote, para as arbitragens, para a violência nos relvados e a respectiva impunidade.
Como habitualmente, contará também com a coluna de opinião deste seu amigo, desta vez evocando a memória de Miklos Feher.

PARA ATACAR O RESTELO

"UM ROUBO !" "UM ESCÂNDALO !" "UMA VERGONHA !"

Voltou a teoria do "colo". Voltará sempre que o Benfica comandar qualquer classificação de qualquer campeonato. Foi assim em 2005. É assim em 2009.

Os benfiquistas não se deixarão impressionar. E os árbitros ?

ATÉ QUANDO ?

Até quando durará a vergonhosa saga dos jogadores emprestados, dos treinadores amestrados e dos clubes satelizados ?
Eis o domínio do futebol profissional muito para além da arbitragem.
NOS RELVADOS:
V.SETÚBAL: Bruno Vale, Bruno Gama, Bruno Moraes, Leandro Lima e Sandro
SP.BRAGA: Luís Aguiar, Alan, Jorginho e Renteria
E.AMADORA: Tengarrinha, Monteiro e Nuno André Coelho
SPORTING: Hélder Postiga
TROFENSE: Hélder Barbosa
ACADÉMICA: Edson
LEIXÕES: Diogo Valente
PORTIMONENSE: Paulo Ribeiro, Maxi, Nuno Coelho e Rui Pedro
GIL VICENTE: Ivanildo e Zequinha
BOAVISTA: Pedro Moreira
SP.COVILHÃ: Scoppa
OLHANENSE: Stephane, Steven Vitória, Castro e Ukra
??: Candeias e Rabiola
NOS BANCOS:
Jaime Pacheco, Domingos Paciência, José Mota, Carlos Brito, Tulipa, Jorge Costa, Paulo Alves, Carlos Carvalhal, Augusto Inácio, Eduardo Luís, António Sousa, Eurico Gomes, Rodolfo Reis etc etc
Quanta informação classificada, quanto facilitismo, quanto favorecimento, quantas ajudas, quanta sabotagem seria possível levar a cabo pelos fios de toda esta rede ? Será apenas imaginação ?

ALGUMAS NOTAS

IMBRÓGLIO TAÇA DA LIGA: Uma imprudência do legislador lançou a polémica sobre as meias-finais da Taça da Liga. E diga-se que era o pior que podia ter acontecido a esta já tão injustiçada competição.
Na verdade o que está escrito, escrito está, e o Belenenses tem bases por onde se queixar. Mas ninguém duvida que o espírito da lei era outro, e por isso também o Vitória tem razão.
Neste, como em muitos outros insanáveis casos do direito, a única solução passa por uma decisão mais ou menos arbitrária, de uma qualquer instância mais ou menos superior, que ponha de vez uma pedra sobre o assunto e sobre a polémica. A alternativa será mais um caso à portuguesa, uma Taça da Liga protelada, e ninguém sairá a ganhar.
Para o Benfica tanto faz jogar com um ou com outro. E se houver adiamento também não perde nada (joga com o F.C.Porto dias depois). Mas para a competição e para o futebol português seria péssimo que este assunto não estivesse resolvido até dia 4 de Fevereiro.

MUNDIAL 2018: Já manifestei aqui, de forma clara, o meu apoio à iniciativa. Poderei até acrescentar que não me causaria nenhuma comichão a eventualidade de se construir mais um estádio: um novo Estádio Nacional, com 80 mil lugares, nos arredores de Lisboa, onde passassem a ser disputados todos os jogos da Selecção Nacional e todas as finais de Taça de Portugal e Taça da Liga, à semelhança do que acontece em Inglaterra (com o Wembley) e em França (com o Stade de France). Até porque não creio que a remodelação do Jamor seja possível ou apropriada, sobretudo pelo seu simbolismo histórico e arquitectónico.
Assim seria possível realizar o jogo de abertura e uma meia-final no nosso país, o que traria redobrado impacto ao projecto.
Mas com estádio novo ou sem estádio novo, com despesa ou sem despesa - é absurdo acreditar que os estádios actuais não precisem de melhorias dentro de 9 anos-, creio que se trata de uma boa aposta, a apontar a um futuro suficientemente longínquo para tornar ridículas quaisquer previsões económicas ou afins.
Coisa diferente é acreditar ou não na vitória da nossa candidatura. Com China, Inglaterra e Rússia pelo meio parece-me bastante difícil um desfecho positivo.

ARBITROS ESTRANGEIROS: A proposta não é original, mas é absurda. Alguém supõe que, a concretizar-se a vinda de árbitros estrangeiros para o nosso campeonato, todas as polémicas se dissipariam num passe de mágica ? Será que os portugueses são mais corruptíveis que os de outros países ?
Na verdade, por muitos erros que tenham sucedido nos últimos tempos, por muito pouco competentes que sejam os árbitros, a situação da arbitragem portuguesa está longe do caos que reinou nos anos noventa e no princípio do novo século, quando era claramente dominada por Pinto da Costa e pelo F.C.Porto. No pós Apito Dourado, incompetência à parte – essa não poderia desaparecer de um dia para outro -, nenhum poder tutela a arbitragem, não existindo nenhuma estratégica concertada para levar este ou aquele clube aos títulos. Há árbitros mais colados a este ou àquele clube, mas no geral as coisas equilibram-se.
Por exemplo, no Sp.Braga-F.C.Porto vamos ter o árbitro que Mesquita Machado queria para a Luz, e que dentro do quadro actual é aquele que mais benefícios, sobretudo indirectos, tem trazido ao seu clube do coração: o F.C.Porto. Não deixa de ser uma escolha equilibrada.

RICARDO ARAÚJO PEREIRA: Sou, como grande parte dos portugueses, um admirador dos Gato Fedorento, e sobretudo do seu mais notável elemento, que para além de um extraordinário humorista é também um fervoroso adepto do Benfica.
O que traz aqui Ricardo A.Pereira é a sua fantástica crónica dos domingos em “A Bola”, intitulada “Chama Imensa”, que para além de fazer rir é hoje talvez o espaço de maior fervor benfiquista e de mais acérrima defesa do clube em toda a comunicação social.
Escrevendo com o talento que todos lhe reconhecem, Ricardo não deixa nenhum assunto pendente, defendendo o Benfica de forma tão requintada como eloquente. Para ele não há hesitações, críticas ou desabafos – o Benfica está acima de tudo, e a todos os que o atacam é declarada guerra implacável, por entre sorrisos e piscares de olhos bem dispostos.
Aqui fica a do último domingo:
“Imagine o leitor que é atacado por um grupo de bandidos que o espancam e assaltam. Consegue fugir, mas é atropelado por um Scania de 12 rodados. Levanta-se e vai para o passeio, onde um piano de cauda vindo do terceiro andar lhe cai na cabeça. Quase a chegar a casa, encontra no chão uma moeda de dois cêntimos. Um transeunte vê-o apanhar a moeda e diz: «Ah, seu sortudo!» Apetece-lhe espancar o transeunte, não apetece? Agora transponha a história para a Liga Sagres: o Benfica foi prejudicado em vários jogos, com foras-de-jogo que só os bandeirinhas viram, golos que ninguém percebeu porque foram anulados, penalties que não são assinalados, embora a falta seja tão clara e violenta que já não constitui infracção para vermelho directo mas sim tentativa de homicídio. Depois, no jogo contra o Braga, é beneficiado em dois lances e pronto — está a ser levado ao colo. Enfim, é irritante mas passa.
No entanto, quando o presidente do Braga disse que tinha havido um roubo no Estádio da Luz, fiquei preocupado. Normalmente, não dou importância a declarações de dirigentes proferidas a quente: há sempre a tendência para exagerar e comparar qualquer situação a um crime. Mas há dias vi António Salvador a assistir a um jogo na companhia de determinado dirigente que está a cumprir pena de dois anos de suspensão por ter ficado provado que praticou o crime de tentativa de corrupção. Portanto, é de facto possível que Salvador perceba mais de ilícitos do que o cidadão comum, e que tenha realmente identificado um no estádio do Benfica. Entretanto, Mesquita Machado denunciou um esquema obscuro através do qual o árbitro escolhido para o Benfica-Braga teria sido alterado à última hora. Mais uma vez, se fossem declarações de outro dirigente eu não me inquietaria. Mas no mês passado li uma notícia no Diário do Minho intitulada Tribunal compromete Mesquita Machado com negócio no Colégio dos Órfãos. Ao que parece, de acordo com o tribunal o presidente da Câmara de Braga está envolvido num caso de permuta de terrenos em que uma instituição de ensino terá sido prejudicada e terão sido beneficiadas duas empresas cujo proprietário é, alegadamente, António Salvador, presidente do Braga. Por isso, talvez esta gente saiba mesmo mais de manobras de bastidores do que aparenta.
Que dizer do golo do Sporting ao Rio Ave? Talvez isto: comparado com o Vukcevic, o David Luís está em linha. Ainda sem recorrer à repetição em câmara lenta, percebe-se imediatamente que Vukcevic não só está fora-de-jogo como está noutro fuso horário, em relação àquele em que os seus colegas se encontram. Em slow motion já é possível observar que, no sítio em que Vukcevic marca o golo, o próprio clima é diferente do que se faz sentir no resto do jogo. Mas, curiosamente, os índices de criminalidade desceram imenso em relação ao período homólogo da semana anterior, uma vez que não ouvi falar em roubos, nem em falcatruas na nomeação dos árbitros.
Como é que o elefante atravessa o lago? Saltando de nenúfar em nenúfar. Como é que o Bruno Alves atravessa o campeonato? Saltando de cabeça de adversário em cabeça de adversário. Curiosamente, com a leveza de um elefante. Contudo, não se trata de um jogador violento. É raro ver um amarelo e ainda mais raro ver um vermelho. O único vermelho que Bruno Alves vê é o vermelho do sangue dos adversários a quem abre regularmente o sobrolho com o cotovelo ou os pitons. Ou o Bruno Alves é um jogador muito bem comportado ou são os árbitros que se comportam muito bem na presença do Bruno Alves. Eis uma dúvida bem intrigante.”
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UMA PROPOSTA SIMPLES

Por estes dias, muito se tem discutido o formato da Taça da Liga, e como a integrar num calendário competitivo já de si apertado e sem grandes folgas.
Creio que não é tão difícil como isso encontrar um modelo, senão óptimo, pelo menos melhor que o deste ano, até porque, quando as coisas parecem difíceis, o caminho é normalmente inventar o menos possível.
Porque não, por exemplo, seguir à risca o modelo da Champions League, competição de grande sucesso, e em cujo formato Hermínio Loureiro dizia inspirar-se quando pensou a nova prova do calendário português ? Nada mais simples: Uma fase de oito grupos em duas voltas, 16 equipas apuradas, oitavos, quartos e meias-finais a duas mãos, e por fim a grande final.
Poderá à primeira vista pensar-se que o calendário civil não permite tamanha ambição (13 jogos para os finalistas), mas é tudo uma questão de arranjo. Aproveitando a pré-época e o mês de Janeiro, partindo a Liga em duas, é até possível manter umas férias natalícias de 14 dias, e levar a bom porto todas as provas. Seria também necessário que a Taça de Portugal voltasse ao antigo formato - com meias-finais a uma só mão, e equipas da primeira divisão a disputarem apenas quatro eliminatórias até à final -, isto para que, de Setembro a Maio, apenas o mês de Janeiro tivesse jogos nacionais a meio da semana.
Este modelo tinha também a virtude de fazer coincidir a reabertura de mercado de Janeiro com uma pausa entre a primeira e a segunda volta do campeonato. As taças nessa altura disputados teriam honras mediáticas maiores, e permitiriam, tal como na pré-época, integrar reforços e preparar a prova principal.
Vejamos então como ficaria o quadro das principais competições nacionais:

NOTA: As datas em itálico correspondem a quartas-feiras

EU VOTO SIM!

DERBY DRAMÁTICO

Sob incessante chuva, Lusitano e Juventude disputaram neste domingo mais um derby eborense.
A vitória sorriu aos verde-brancos, graças a um golo obtido no último dos minutos de desconto concedidos pelo árbitro, e poucos segundos depois de um penálti falhado na mesma baliza.
Antes tinha-se assistido a uma fraca primeira parte, e a um excelente segundo tempo, no qual o futebol e os golos compensaram enfim da chuva que os muitos espectadores presentes se dispuseram a apanhar, num estádio sem qualquer abrigo ou conforto.
O Lusitano marcou primeiro, por intermédio de Sebastien, num lance de contra-ataque, e numa altura em que o Juventude se mostrava bastante mais forte e acutilante. A equipa azul-e-branca, reagiu bem e empatou a um quarto de hora do fim, num excelente golo de Nuno Gaio, falhando pouco depois uma oportunidade soberana para chegar à vantagem. O Juventude mandava então no jogo - como sucedera quase sempre - , limitando-se os da casa a queimar tempo para segurar a igualdade.
Após os noventa minutos o Lusitano renasceu das cinzas, conseguindo um penálti - que falhou - e quando ninguém esperava, poucos segundos depois, chegou ao golo da imerecida vitória, uma vez mais apontado por Sebastien.
Ambos os clubes continuam na luta pelo acesso ao grupo de subida. Mas o Juventude não ganha desde Novembro.

BOAS HORAS, MAU FUTEBOL

A última jornada da Taça da Liga não trouxe grandes surpresas. Talvez o apuramento do V.Guimarães tenha sido o facto mais inesperado, dadas as classificações dos três grupos à partida para esta ronda - cujos horários, incompreensivelmente desencontrados, impediram os vimaranenses de festejar o seu próprio êxito.
O Benfica carimbou, como se esperava, o seu passaporte, com uma vitória sobre o Belenenses. Diga-se que mesmo perdendo os encarnados ficariam apurados, algo que só após os outros jogos se veio a saber. Mas uma opinião mais elaborada sobre o regulamento ficará para próxima ocasião.
O jogo da Luz foi fraquinho, dele ressaltando sobretudo o facto de ter sido disputado à luz do dia, e como tal ter permitido bancadas repletas de jovens, mulheres e crianças, dando um colorido fantástico ao estádio, e deixando gratas recordações a todos aqueles que, como eu, ainda se lembram do futebol ser sempre disputado àquela hora. Nem sequer faltaram as filas nas bilheteiras para reviver tudo o que, de bom e de mau, os jogos antes nos ofereciam.
Dentro do relvado é que a coisa não teve grande piada, pois se por um lado o Benfica mostrou enorme indolência, na expectativa de que, mais tarde ou mais cedo, o golo acabasse por surgir, por outro lado o Belenenses não apresentou a ambição que seria de esperar num jogo em que só a vitória lhe interessava. Curiosamente foi na segunda parte, com o Benfica em vantagem, que se assistiu a algum futebol. Com a entrada de Reyes e a subida de rendimento de Aimar os encarnados deram então um cheirinho da sua superioridade, ainda que raramente o segundo golo tenha estado perto de acontecer.
Destaque para a insegurança de Moretto, que desperdiçou esta semana mais uma boa hipótese de agarrar a titularidade da baliza benfiquista, adensando a discussão em torno da mesma – por mim Quim é o melhor, e pouco haveria a discutir…
O árbitro foi muito criticado, mas nas mais importantes decisões que tomou esteve correcto – excepção a um fora-de-jogo mal tirado a Suazo e a uma falta assinalada sobre Moretto ainda na primeira parte. O lance em que a bola entrou na baliza do Benfica já perto do final foi bem interrompido, pois o guardião benfiquista foi empurrado duplamente em plena pequena área pelos braços esticados dos dois jogadores azuis que se fizeram à bola.
O sorteio será amanhã pelas 12.30, sabendo-se que Benfica e Sporting jogarão em casa e a uma só mão.

UM BENFICA PARA O APURAMENTO

LIGADOS À TAÇA

Este será um fim-de-semana marcado pela Taça da Liga.
Trata-se, no meu ponto de vista, de uma competição bonita, interessante, mas que carece de um regulamento mais simples e eficaz, algo de que possivelmente falarei numa próxima oportunidade.
Como nota de destaque, temos o regresso do futebol à tarde no Estádio da Luz, com preços baratos, e por sinal num jogo que é uma verdadeira final. Jogos decisivos é aliás o que não falta a esta última jornada da fase de grupos.
Vejamos o ponto de situação de cada um deles:

Nacional e Académica dependem apenas de si próprios, pois em caso de vitória apuram-se os dois (um como primeiro e o outro como melhor segundo). Se empatarem ambos, passa o que empatar por mais golos. Se o Nacional perder, bastará qualquer empate à Académica.
O F.C.Porto tem de ganhar e esperar que o Nacional não ganhe em Setúbal. Caso vença Porto e vença Nacional, os portistas apenas se poderão apurar como melhores segundos, dependendo para isso de vários outros resultados.
O V.Setúbal está matematicamente eliminado.

Ao Sporting basta o empate, podendo até perder pela diferença mínima salvo se o Marítimo golear o Rio Ave por cinco ou mais golos. Se os leões perderem por dois ou mais golos podem ainda apurar-se, mas apenas como melhores segundos, dependendo portanto de vários outros resultados.
O Paços de Ferreira tem de vencer em Alvalade por dois ou mais golos, apurando-se assim desde que o Marítimo não vença por quatro ou mais golos.
Para ser primeiro o Marítimo tem de golear por cinco golos o Rio Ave, e esperar que o Paços de Ferreira ganhe em Alvalade, ou então vencer por quatro, se o Paços ganhar por dois.
O Rio Ave está eliminado.

Ao Benfica basta o empate. Se perder só poderá passar como melhor segundo, o que envolve algum risco, até porque é o primeiro a entrar em campo.
O Belenenses tem de ganhar na Luz. Se não ganhar, muito dificilmente poderá ser apurado como melhor segundo.
O V.Guimarães apenas tem hipóteses meramente matemáticas de passar como melhor segundo, caso ganhe ao Olhanense, o Belenenses perca na Luz, o Paços de Ferreira não ganhe em Alvalade, o Marítimo não ganhe ao Rio Ave, o V.Setúbal ganhe ao Nacional, e mesmo assim consiga vantagem no desempate aos golos com várias destas equipas.
O Olhanense está já eliminado.

Não esqueçamos ainda que apenas os dois melhores primeiros classificados jogam as meias-finais em casa. Se Benfica e Sporting vencerem os seus jogos, asseguram de imediato essa benesse, o que pode ter grande influência no desenrolar da prova.

COM FERROS SE MATA

Não foram precisos mais de três dias para calar muitas das virgens ofendidas com a arbitragem de Paulo Baptista na Luz no último fim-de-semana.
A dois minutos do final do jogo de Vila do Conde, com o resultado empatado a zero, Vukcevic marcou o golo que valeu a vitória ao Sporting. Acontece que o montenegrino estava metros em fora-de-jogo (o fora-de-jogo mais evidente de que me lembro em trinta anos de futebol), algo que não impressionou a equipa de arbitragem. Já o primeiro remate, de Postiga, é feito em posição irregular, pelo que se trata de um duplo erro, num lance em que algo deve ter passado pela vista do árbitro assistente – curiosamente da Associação de Futebol de…Braga.
Numa prova em que só os dois melhores jogam as meias-finais em casa, este golo pode muito bem ter sido a diferença entre um Benfica-Sporting e um Sporting-Benfica na disputa pela final de um troféu que ambos querem vencer.

O F.C.Porto é que não parece muito empenhado nesta prova, quem sabe se como forma de retaliação pelos castigos relativos ao Apito Final. Voltou a jogar com a segunda equipa, mas desta vez deu-se mal, comprometendo as contas do apuramento.
Não vi o jogo, e creio que mais ninguém viu. Fica o resultado, e a sexta derrota do F.C.Porto em jogos oficiais esta época.

A DEUS O QUE É DE DEUS, A ANGEL O QUE É DE ANGEL

O melhor jogador de todos os tempos não passa despercebido em lado nenhum. O seu passado, mas também a sua exuberância e excentricidade estão muito para além de uma qualquer figura comum do mundo do futebol. A sua presença arrasta um cortejo de jornalistas, fotógrafos, seguranças e afins, ao melhor estilo de Hollywood. É, enfim, a personificação da estrela. Ou, como eu próprio aqui ironizei, um “deus”.
Não se devendo fazer dele mais do que aquilo que neste momento verdadeiramente é, a sua visita à Luz não deixou todavia de ser uma honra para o clube, um estímulo para todos os jogadores em campo, e está longe de se comparar à de qualquer outro seleccionador.
Neste sentido, mas sobretudo porque Di Maria é um activo que importa valorizar – é hoje o jogador do campeonato português com maior peso de mercado -, não se entende a opção de Quique Flores em não colocar o jovem argentino a jogar de início, num jogo que até parecia talhado para as suas características - em casa, diante de um adversário de um escalão inferior, em jogo aberto e sem grande pressão – e para o qual partiria seguramente com altíssima motivação.
As coisas acabaram por correr bem, e Angelito marcou um golo soberbo, impressionando decerto quem viajou de tão longe apenas para o ver. Mas durante sessenta minutos foi penoso ver a cara de Di Maria no banco de suplentes, e imaginar o que pensaria Maradona caso ele não chegasse a entrar em campo.
A menos que esta opção tenha constituído um qualquer castigo, por um qualquer motivo que desconheço, não me parece que seja minimamente compreensível.

CAMINHO ABERTO

Os jogadores de Benfica e Olhanense parecem ter-se inspirado na presença de Diego Maradona, e ofereceram um grande espectáculo aos poucos adeptos que hoje se deslocaram na Luz.
A primeira parte foi frenética, com a equipa algarvia a dar mostras de grande qualidade - é provavelmente a principal candidata à subida ao escalão máximo - jogando a campo todo (três avançados !), baralhando a linha defensiva benfiquista e criando várias oportunidades de golo. Marcou mesmo, após erro de Moretto, e podia perfeitamente ter chegado ao 0-2, nomeadamente quando Djalmir cabeceou ligeiramente ao lado, num lance em que toda a defesa encarnada estava já batida.
O Benfica mostrou grandes fragilidades defensivas – só Luisão se salvou -, mas do meio campo para a frente foi uma equipa alegre, empenhada, e decidida a vencer. Criou também várias oportunidades, virou o resultado e chegou ao intervalo a ganhar.
Na segunda parte o conjunto orientado por Jorge Costa decaiu bastante, e o Benfica fez então valer os seus maiores argumentos. O golo de Sidnei praticamente matou o jogo, e daí em diante a dúvida era apenas quantos mais golos os encarnados conseguiriam fazer.
Di Maria só então entrou em campo – que maldade Quique não o ter colocado de início… -, mas ainda foi a tempo de protagonizar o seu melhor momento com a camisola do Benfica vestida, obtendo um golo de antologia que deve ter provocado algumas boas recordações no actual seleccionador argentino.
A vitória do Benfica podia ter sido mais expressiva se, já muito perto do final, o árbitro tivesse visto uma clara mão de um defensor algarvio dentro da área. Mas manda a verdade dizer que, pelo que fez na primeira parte, o Olhanense não merecia um resultado mais desnivelado.
Da noite da Luz ressaltam as melhorias competitivas de jogadores como Carlos Martins e Óscar Cardozo, o regresso de Nuno Gomes e Reyes aos bons momentos e a pendular exibição de Katsouranis. Por outro lado, o jovem Felipe Bastos mostrou alguma verdura, o que aconselharia o seu empréstimo já nesta janela de mercado.
Com duas vitórias em dois jogos, o Benfica está a um passo da qualificação para as meias-finaisda prova. Importa no entanto vencer o Belenenses, pois só os dois melhores primeiros classificados dos grupos jogam em casa o acesso à final, o que pode fazer toda a diferença.
Fora da Taça Uefa e da Taça de Portugal, com um Campeonato completamente em aberto, o Benfica tem nesta competição uma grande oportunidade de levantar um troféu na presente temporada. Julgo ser da máxima importância consegui-lo, quer como forma de induzir confiança nos jogadores para o resto do Campeonato, quer também para assim premiar e tranquilizar sócios e adeptos, que já vão em três anos de sucessivas frustrações. Creio pois que não deve haver lugar a grandes poupanças, até porque, na melhor das hipóteses, o Benfica apenas terá que fazer mais 19 jogos até final da temporada.

PROGRAMA DE FESTAS

Uma prova para - sobretudo o Benfica - levar bastante a sério.

"DEUS" VAI ESTAR HOJE NA LUZ

Pertenço a uma geração que teve o privilégio de ver Diego Armando Maradona ganhar um Mundial praticamente sozinho.
Foi, de longe, o melhor jogador que alguma vez vi jogar. Lembro-me de lances seus de magia que pareciam vindos de outro mundo, e que acredito serem absolutamente irrepetíveis. Mago, Astro, Rei, tudo parece pouco para designar aquilo que Maradona foi para o futebol.
É com grande pena que não posso hoje estar na Luz, e assim ver ao vivo o homem que se fez "deus" com uma bola nos pés.

VOZES DO DONO NÃO CHEGAM AO CÉU

António Salvador, sócio e adepto fervoroso do F.C.Porto, faz parte da extensa lista de presidentes de clube que prestam vassalagem a Jorge Nuno Pinto da Costa.
Fez do Sp.Braga (que até já joga de azul), à semelhança de E.Amadora, Leixões, V.Setúbal, Académica, Marítimo, Nacional, Trofense e Belenenses (e em parte até o Sporting), mais um dos muitos satélites que o F.C.Porto vai mantendo na Liga principal (juntando a outros da Liga de Honra, e até das divisões inferiores), o que cria uma situação em que as suspeitas de favorecimento não podem deixar de se colocar.
O escândalo dos jogadores emprestados – há muito que deveria ser proibido ceder jogadores a clubes da mesma competição -, o escândalo ainda maior dos pré-contratados, os treinadores “de confiança” e/ou em trânsito, as votações nas assembleias gerais da Liga, entre outras coisas, são a marca distintiva desta situação, uma marca de servilismo e de tráfico de influências, que persiste, em largos aspectos, por desmascarar e por combater.
Uma das contrapartidas encontra-se claramente no modo como certos clubes protestam (ou não) quando são vítimas de arbitragens hostis. Se é contra o F.C.Porto as reclamações são dóceis e contidas, parecendo que tolhidas pelo medo ou pelo comprometimento. Se se trata de um jogo com o Benfica, aqui d’El Rei, que isto é um roubo, que isto é um escândalo.
Na sequência do jogo da Luz, António Salvador veio a terreiro falar de roubos, de Calabotes e de vergonhas. Veremos como se comporta o presidente do Sp.Braga nos próximos tempos, o que diz, como protesta, e que recompensas terá, agora e no final da época.
Uma cidade como Braga merecia bem mais do que a "filial" em que este "Salvador" tranformou o clube a que preside.

Noutro plano – e curiosamente despedido de Braga pelo primeiro -, Jesualdo Ferreira já nos habituou, desde que foi para o Dragão, a tomar como suas as dores do patrão.
Custa-me hoje a imaginar como esteve este homem tanto tempo no Benfica, e pior que isso, como foi ele o responsável pelo abortar do regresso de José Mourinho à Luz, com todas as consequências que essa decisão teve na história recente do futebol português.
Jesualdo Ferreira é um técnico mediano, que herdou um extraordinário plantel no F.C.Porto (Lucho, Lisandro, Quaresma, Pepe, Bosingwa, Paulo Assunção, Anderson etc), e beneficiou da instabilidade dos rivais para alcançar dois títulos nacionais, algo que aliás, quase todos os treinadores que passaram pelo F.C.Porto nos últimos vinte anos conseguiram.
No Benfica, onde tinha Enke, Miguel, Fernando Meira, Caneira, Ricardo Rocha, Tiago, Petit, Maniche, Zahovic, Feher, Nuno Gomes, Simão, Drulovic, Mantorras, foi despedido depois de péssimos resultados (entre os quais uma derrota em casa com o Gondomar), e com o seu substituto (Camacho) à frente da equipa, as melhorias foram desde logo evidentes. Daí para trás, a sua carreira pautou-se pela discrição, passando-a quase sempre escondido nas costas e nas responsabilidades de outros treinadores.
A sua atitude desde que chegou ao Porto mostra que, além de um técnico sem carisma e pouco credível, é também um homem rasteiro, servil e bajulador (ao contrário, por exemplo, de Fernando Santos). Fazendo tábua rasa de todo o seu passado, armou-se em cristão novo para falar de apitos dourados, de comunicação social, de regionalismos, sempre de faca afiada a quem tanto lhe deu de comer, e numa exuberante e alarve protecção daqueles (daquele) a quem pretende, a todo o custo, agradar, vendendo-se a si, vendendo o seu passado e o seu futuro.
Figuras como Jesualdo não marcam a história. A literatura, por exemplo, está cheia de personagens como ele, quase sempre com um fim muito pouco heróico, e desprezados por um e outro lado das barricadas por entre as quais andaram a saltitar.
Jesualdo que aproveite, pois seguramente que este F.C.Porto vai ser o seu canto do cisne como treinador de futebol. E tal como Roma também não pagou aos traidores que assassinaram Viriato, não me admiro de um destes dias o "professor" levar um pontapé porta fora, como teria já provavelmente acontecido não fora o milagroso golo de Lucho Gonzalez no último minuto do jogo de Kiev.
PS:...e eis mais um moço de recados.

AS TRANSIÇÕES DE PAULO BENTO

Veja-se como se movimenta o Sporting de Paulo Bento quando perde ou ganha a bola. Impressionante a forma como, em transição defensiva, praticamente se coloca com oito elementos na primeira linha de defesa, graças à movimentação interior dos laterais (algo que no Benfica, por exemplo, pouco se vê), e ao recúo dos interiores para fazer pressão nas faixas laterais.
Isto é possível porque: 1) Abel e Grimi, ou Caneira, são laterais altos e capazes de bascular e fechar espaços centrais; 2) Liedson assegura um caudal de jogo ofensivo que permite a quase todo o meio-campo "deixá-lo" por lá.
Se exceptuarmos os jogos diante de Barcelona, Porto e Benfica, os leões apenas sofreram esta época 3 golos (um deles de penálti) em 18 partidas.

RONALDO E O FUTURO

Tal como se previa, Cristiano Ronaldo foi eleito pela FIFA o jogador do ano 2008. Era o destino natural de quem ganhou a Premier League, foi melhor jogador e melhor marcador da Premier League, ganhou a Liga dos Campeões, foi melhor jogador e melhor marcador da Liga dos Campeões, foi Campeão do Mundo de clubes, ganhou a Bota de Ouro, ganhou a Bola de Ouro do France Football, ganhou o Onze de Ouro, foi jogador do ano para os seus colegas, para a World Soccer etc, etc, faltando-lhe apenas um melhor Campeonato da Europa (jogou lesionado) para o êxito ter sido total e absoluto.
Como já aqui disse, sou admirador de Cristiano Ronaldo. Creio que ele tem todas as condições para se vir a comparar a Eusébio, caso mantenha a evolução que conseguiu até 2008 e, sobretudo, caso um dia consiga com a selecção nacional o que o Pantera Negra alcançou em 1966. Mas o seu gosto pelo futebol, a sua simplicidade, a sua alegria de trabalhar e de viver, podem levá-lo ainda mais longe, e fazê-lo entrar para a imortalidade do desporto-rei a nível mundial, ao lado de Pele, Maradona, Cruyff ou Di Stefano. Aos 23 anos, com tudo o que já conseguiu, deverá ser essa a ambição do madeirense, e deve ser para aí que ele deve apontar com a mesma determinação com que um dia disse, no seu primeiro treino com os seniores do Sporting, para espanto de todos, que iria ser o melhor do mundo. No fundo trata-se da diferença entre ser um grande jogador do seu tempo (como dezenas de outros na história do futebol), e ser um dos melhores de todos os tempos (como uma reduzidissima elite).
Pode-se argumentar que Lionel Messi é mais habilidoso, mas em termos de capacidades físicas, velocidade de ponta, potência de remate, jogo de cabeça, instinto goleador, o português leva vantagem, o que pode fazer toda a diferença na luta pelo trono que se antevê para os próximos anos. Talvez uma mudança de clube, novos títulos, diferentes experiências o possam favorecer Ronaldo nesta fase da sua carreira.
A natureza dotou-o de talento e condições físicas únicas. Cabe-lhe a ele aproveitá-las até ao limite, e não se deixar entrar pelo caminho das facilidades que, embora não deixando de os enriquecer, deitou pelo caminho outras anunciadas legendas do futebol internacional nos últimos anos. Exemplos não faltam, e os perigos estão mesmo ao virar da esquina.

O MELHOR DO MUNDO !

CLASSIFICAÇÃO REAL

Lance duvidoso de penálti sobre Aimar em Vila do Conde; Lance duvidoso também sobre Di Maria diante do F.C.Porto; Penálti por assinalar contra o Sporting por falta de Postiga sobre Yebda; Só o árbitro não viu uma mão na área, no lance que viria a resultar no golo do Benfica em Matosinhos; Com a Naval, Ruben Amorim foi rasteirado na área impunemente; Em Guimarães existiu um penálti claro sobre Aimar e Reyes foi injustamente expulso; Invalidado um golo limpo a Cardozo frente ao Nacional; Dualidade de critérios chocante na atribuição de cartões amarelos em grande parte dos jogos, de onde ressalta a partida do Funchal; Vários adversários por expulsar (Sandro e Leandro Lima do V.Setúbal, Vasco Fernandes do Leixões, Sandro do Nacional, Danilo, Flávio Meireles e Andrezinho do V.Guimarães) e por advertir; Foras de jogo mal assinalados em situações de golo em Guimarães e frente ao E.Amadora.
Tudo isto aconteceu nas primeiras 13 jornadas da Liga, algumas das vezes (Sporting, Naval, Guimarães, Funchal e E.Amadora) sem influência na classificação, outras com influência indirecta e impossível de objectivizar. Eis que à 14ª jornada se pode dizer, finalmente, que o Benfica ganhou um jogo graças a erros de arbitragem, sendo o árbitro o mesmo que anulou um golo limpíssimo a Zé Manuel no F.C.Porto-Leixões.
É claro que sobre este Benfica-Braga se vai falar muito mais. Por dois motivos. Primeiro o profundo ódio que todos os clubes dispensam ao Benfica, em particular os outros dois grandes, algo que não acontece entre eles (quando Porto ou Sporting são beneficiados o Benfica fica normalmente a falar sozinho). Em segundo lugar porque os benfiquistas, ou grande parte deles – talvez por terem a experiência vivida na pele de perder vários campeonatos para os Apitos Dourados que levaram o F.C.Porto até ao que é hoje – reconhecem sem dificuldade que são beneficiados quando o são, ao contrário dos rivais, que salvo raríssimas excepções, se recusam a fazê-lo seja em que circunstâncias for.
Pois nesta jornada, há que dizê-lo, o Benfica foi beneficiado.

SPORTING-MARÍTIMO:
Existem fundamentalmente dois casos neste jogo.
No lance do “golo-não golo”, julgo que as imagens provam com alguma clareza que a bola não ultrapassa totalmente a linha de baliza.
Confesso que das bancadas, mesmo estando no enfiamento do lance, fiquei com sérias dúvidas, mas logo no intervalo, nos corredores de Alvalade, pude ver a imagem repetida na televisão, verificando então que nada se tinha passado. Mas o que é mais curioso é que os vários sportinguistas que viam na SportTv as mesmíssimas imagens que eu, eram peremptórios em afirmar que era golo e estavam a ser "escandalosamente roubados". Onde chega a cegueira, pensei eu com os meus botões, tendo no entanto a consciência de que me encontrava numa posição de distanciamento particularmente confortável para fazer uma análise fria ao lance, algo que em jogo do Benfica se tornaria mais complicado.
Enfim, é por momentos como o que acabo de relatar que gosto de ir a Alvalade…
O outro lance é manifestamente mais difícil de analisar. Trata-se de um suposto penálti sobre Hélder Postiga, que no estádio não vi, mas que pela televisão parece de facto existir. Estranho é que Lucílio Baptista - o árbitro que pôs o Sporting na Champions League - não tenha assinalado. Certamente não viu mesmo.
Resultado Real: 3-0

BENFICA-SP.BRAGA:
Os encarnados tiveram, como há muitos anos não se via, uma arbitragem particularmente amiga nesta partida. Vejamos os casos um por um:
- O primeiro erro grave foi, paradoxalmente, em desfavor do Benfica. Suazo foi empurrado pelas costas quando se preparava para cabecear, o que deveria ter dado origem à marcação de uma grande penalidade. No estádio não me apercebi, mas vendo o lance pela televisão creio que a falta existe mesmo;
- Sobre o golo há pouco a dizer. É fora-de-jogo claro, podendo apenas conceder-se que a movimentação de David Luíz (que ele normalmente utiliza) terá confundido o auxiliar;
- O penálti sobre Di Maria deixa dúvidas, mas há um ângulo de onde se percebe que Mossoró coloca a mão à frente do corpo do argentino, impedindo-o de prosseguir o lance. Di Maria aproveitou, mas…quem não o faria? Benefício da dúvida para Paulo Baptosta neste lance;
- O primeiro penálti reclamado pelos bracarenses não me parece existir, pois Katsouranis joga a bola, e o seu movimento de modo algum provoca a queda de Alan;
- Onde não há dúvidas, e logo no estádio tive a percepção clara de se tratar de falta para grande penalidade, é no lance entre Luisão e Matheus. O central faz um carrinho e levanta pelos ares o avançado do Braga, não se percebendo efectivamente como é que o árbitro deixou passar em claro este lance;
- Para além destas situações, outras houve a merecer reparo. Por exemplo um canto a favor do Benfica transformado em pontapé de baliza (aliás os assistentes pareciam disputar eles mesmo o título, um ajudando, outro prejudicando o Benfica…), e uma falta nos últimos minutos junto à linha lateral cometida sobre um jogador do Braga, que nem árbitro nem assistente (este mesmo em cima do lance) assinalaram.
O balanço não é fácil de fazer. Penalti a menos, penalti a mais, golo irregular. Talvez um empate a um golo.
Resultado Real: 1-1

F.C.PORTO-TROFENSE:
O destaque deste jogo vai uma vez mais para a total impunidade de que Bruno Alves parece desfrutar.
O central internacional português goza com adversários, árbitros e adeptos, na senda aliás do que faziam os seus antecessores João Pinto, Fernando Couto, Paulinho Santos, Costinha e Jorge Costa, embora em tempos em que o sistema ainda laborava na escuridão. Tudo faz, utiliza a mais bárbara selvajaria em campo, e nada lhe acontece. Já é altura de acabar com isto, não havendo nenhum motivo para que os árbitros não estejam com maior atenção à forma carniceira como ele disputa os lances. O mais engraçado é que na Champions e na Selecção não joga desta forma. Ele próprio lá saberá porquê.
Mas manda a verdade reconhecer também que ficou por assinalar uma grande penalidade a favor do F.C.Porto, num lance em que Lisandro Lopez foi travado por Valdomiro. No outro lance reclamado (sobre Fucile) não houve nada.
Não vi o jogo, mas não deixo ainda de estranhar os mais de 7 minutos de compensação dados, tempo que julgo constituir record da presente temporada.
Resultado Real: 1-0

CLASSIFICAÇÃO REAL:
F.C.PORTO 31 (prejudicado até agora em três pontos)
Benfica 28 (beneficiado num ponto)
Sporting 25 (beneficiado em quatro pontos)

SORRISO AMARELO

Quando saía da Luz, ainda mal reposto de noventa minutos de enorme sofrimento, mal imaginava que o Benfica iria acabar a noite e a jornada de novo na liderança do campeonato.
A sensação que então perpassava, julgo, pela generalidade dos benfiquistas era a do alívio – pelos três pontos arrancados a ferros – e a de uma ténue e tranquilizadora bonança, depois da tempestade dos maus resultados e dos coros de críticas que marcaram as semanas anteriores.
Uma exibição tão descolorida como a que o Benfica realizou durante a maior parte do tempo de jogo não permite grandes euforias. Mas há que lembrar que os encarnados defrontaram uma das melhores equipas portuguesas, que sabe defender-se muito bem, e que evidencia um notório crescimento de forma, mostrando poder inclusivamente vir a intrometer-se, lá mais para diante, na luta pelo título - o Sp. Braga é uma equipa madura, experiente, sábia na forma como se movimenta, e ao longo de muitos períodos secou de ideias o Benfica, mandando no jogo, criando oportunidades, e gelando (ainda mais) a fria noite da Luz.

A equipa de Quique Flores mostrou raça, vontade, boas intenções, mas esbarrou muitas vezes nas suas próprias limitações. Quer a atacar - onde Pablo Aimar voltou a mostrar muito pouco, deixando um enorme vazio na sua zona de acção -, quer a defender, onde as faixas laterais continuam a ser um caminho privilegiado para os adversários, quer pelos espaços aí surgem, quer pela enorme dificuldade que os laterais manifestam em fechar a zona central. Valeu Moreira, que com uma exibição de grande nível manteve as suas redes invioláveis e deu largos passos para segurar, para já, o lugar na baliza encarnada.
A história do jogo poderia ter sido bem diferente se Suazo tivesse transformado a grande penalidade ainda na alvorada da segunda parte. O Benfica poderia ter partido para uma exibição mais consistente e, com maior segurança, ter aproveitado os espaços que o Braga necessariamente haveria de abrir. Mas há que dizer, em nome da verdade, que em matéria de “ses” é aos minhotos que cabem as maiores razões de queixa.
A liderança do Benfica é neste momento pouco mais que simbólica. Quando os encarnados viam o Sporting a 4 pontos e o Porto a 5, mesmo tendo o Leixões à sua frente, a situação era bem mais animadora. A maior fatia de importância deste retomar do primeiro lugar prende-se, sem sombra de dúvida, com uma maior tranquilização de todo o grupo de trabalho, esperando-se que todos tenham aprendido as lições das semanas que se passaram.

LEVE, LEVEMENTE

Estive em Alvalade no sábado, mas desta vez a minha presença não impediu a vitória dos leões – quedando-se os maus olhados por duas substituições forçadas…
Não sei se por me terem oferecido o bilhete, a verdade é que a equipa de Paulo Bento resistiu desta vez à impressionante série de desaires nas ocasiões em que marquei presença naquele estádio. Apesar de naturalmente ter desejado a vitória do Marítimo, tenho todavia de dizer que a simpatia de quem me convidou quase me deixaria de mal com a minha consciência caso o Sporting não vencesse este jogo. Enfim, curiosidades...
Deixando de lado estes aspectos mais pitorescos, ao contrário do que se tem ouvido e lido, não creio que o Sporting tenha feito uma grande exibição. Quando Liedson marcou o segundo golo ou, mais concretamente, antes da expulsão de Olberdam, esperava-se muito mais o 1-1 do que o 2-0. O meio-campo dos leões pouco funcionou, e até a sua linha defensiva cometeu erros primários pouco habituais que a ineficácia dos madeirenses não permitiu aproveitar. É admirável a forma como o Sporting desenvolve as suas transições defensivas – um dos motivos de curiosidade que levava para esta partida – mas talvez fruto das substituições prematuras, ou de uma ou outra unidade mais desinspirada, o Marítimo dispôs de bastantes espaços na intermediária leonina, falhando invariavelmente o último passe, quando os equilíbrios do jogo pareciam por vezes funcionar a seu favor.
O que marcou a diferença no jogo e no resultado acabou por ser uma vez mais Liedson.
Devo dizer que, ao contrário do que sucede com João Moutinho, Lucho Gonzalez ou outros jogadores de clubes rivais, não aprecio particularmente o desportivismo do levezinho, nem é uma figura que me desperte qualquer tipo de simpatia. Mas na verdade o brasileiro é um extraordinário avançado, e no sábado uma vez mais o demonstrou, resolvendo como só ele sabe. O Sporting é actualmente Liedson e mais dez, pois é por ele, pela sua mobilidade, pelo seu veneno, que passam todos os lances de perigo dos leões, o que lhes permite, por exemplo, manter uma estrutura bastante povoada mais atrás, atacando com poucos elementos, e mesmo assim criar oportunidades e ganhar.
Com este Liedson, com um Vukcevic que parece recuperado para o grupo, há que contar com o Sporting na luta pelo título.

MERCADO DE INVERNO: UMA ABORDAGEM PRUDENTE

O mercado de Inverno é normalmente ingrato e só se justifica como forma de proceder a pequeníssimos e cirúrgicos acertos, resultantes nomeadamente de lesões ou problemas pontuais com um ou outro elemento. Por esse motivo defendo que o mesmo só deveria permitir a inscrição e/ou dispensa de um máximo de dois jogadores por clube, e durar apenas uma semana.
Assim sendo, por maioria de razão, e tal como já escrevi no próprio jornal do clube, sou de opinião que o Benfica não deve gastar muito mais dinheiro do que aquele que já gastou no Verão, devendo pois terminar a época com a base do plantel que neste momento tem, salvaguardando eventuais dispensas de jogadores menos utilizados. Na verdade, não creio que seja possível com pouco dinheiro e com os poucos jogadores disponíveis nesta fase do mercado, acrescentar grande qualidade à equipa - e comprar por comprar apenas serve para perturbar ainda mais um balneário, já de si difícil de gerir.
Há todavia um caso particular que é preciso relevar. Falo de Léo, cujo futuro parece cada vez menos passar pela Luz. A confirmar-se a saída do brasileiro, julgo ser pertinente a entrada de um lateral, preferencialmente alguém capaz de fazer ambos os corredores e fechar o espaço interior. Não sei se seria pedir de mais mas o empréstimo de Paulo Ferreira corresponderia perfeitamente ao perfil pretendido, ainda que Ricardo Rocha, mais barato, aparentemente mais disponível e com cultura do clube, pudesse também ser uma razoável solução. Teríamos pois apenas um jogador a entrar, e somente no caso de Léo não regressar do Brasil.
Quanto a dispensas creio que jovens como Urretavizcaya ou Felipe Bastos teriam mais a ganhar em terminar a temporada num clube onde pudessem ser utilizados com frequência, e apreciados com rigor pela equipa técnica e pelos adeptos. Já Makukula e Zoro, ambos com mercado no estrangeiro e sem grandes esperanças de utilização no Benfica, podiam ser definitivamente cedidos, como forma de o clube conseguir obter algum encaixe financeiro e, sobretudo, libertar-se de dois salários extrema e desproporcionadamente elevados. Estas quatro saídas possibilitavam também reduzir o grupo de trabalho numa altura em que as ambições desportivas se limitam só ao Campeonato e à Taça da Liga (apenas mais 20 ou 21 jogos até ao fim da temporada).
O plantel do Benfica teria pois estes 23 jogadores:
GUARDA-REDES – Quim, Moreira e Moretto
DEFESAS – Maxi Pereira, Luisão, Sidnei, [Léo, Paulo Ferreira ou Ricardo Rocha], Miguel Vítor, David Luíz e Jorge Ribeiro
MÉDIOS – Ruben Amorim, Katsouranis, Yebda, Carlos Martins, Aimar, Binya e Balboa
AVANÇADOS – Suazo, Reyes, Cardozo, Nuno Gomes, Di Maria e Mantorras
É preciso também, e acima de tudo, que desde já se começe a pensar na próxima época, garantindo todos os jogadores que interessam e sejam financeiramente possíveis de manter, de modo a que não se repitam os erros dos últimos defesos.