800 DIAS = 60 GOLOS = TACUARA

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GRANDEZA (VI)


GRANDEZA (V)

- Melhor ataque da Europa
- Dois jogadores convocados para a selecção argentina, e dois jogadores convocados para a selecção brasileira

GRANDEZA (IV)

"Benfica dispara 12% e já vale mais que Sporting e FC Porto juntos"

GRANDEZA (III)

Quando se vai disputar mais uma jornada da Liga dos Campeões, importa apresentar mais alguns quadros, daqueles que muitos não gostam de ver, mas cujo significado é iniludível.
Eis os clubes que mais vezes chegaram à final da principal prova europeia, os que mais vezes estiveram nas meias-finais, e os que com mais frequência atingiram os quartos-de-final:
O top-10 engloba sempre os mesmos emblemas, que são afinal de contas a elite do futebol europeu, independentemente dos momentos que, conjunturalmente, cada um deles viva - o Inter não disputa uma final desde os anos sessenta, o Liverpool não é campeão inglês há vinte anos, o Ajax e o Benfica não estão nesta edição da prova, e a Juventus passou pela segunda divisão há dois anos atrás, não deixando, todos eles, de se situar no plano superior do futebol internacional.

GRANDEZA (II)

Foi ontem registado o sócio nº 200.000 do Sport Lisboa e Benfica, consolidando assim o lugar do clube como o maior do mundo em número de associados, por muita inveja que tal provoque nalguns cotovelos.

GRANDEZA (I)

RELATÓRIO E CONTAS - Sport Lisboa e Benfica
Linhas Principais:
- Vendas crescem mais de 20%
- Aumento de 75% na angariação de novos patrocínios
- Resultados Operacionais crescem mais de 500%
- Custos Financeiros baixam 20%
- Euroárea: acordo para resolução definitiva
FONTE: comunicado de imprensa publicado no site do clube

CLASSIFICAÇÃO REAL - Correcção

Acabei por não esperar pelos programas de 2ª feira para fazer a classificação real, e fiz mal.
De facto, vendo outro ângulo de repetição, o golo do FC Porto nasce de uma falta que não existe, pelo que haverá que retirar dois pontos aos portistas e acrescentar um ao Sporting.
Hulk deveria então ter visto o cartão amarelo, o que lhe poderia mais tarde valer a expulsão, pois voltou a simular a falta de Miguel Veloso.
Não interfere com os pontos, mas no Benfica-Leixões não ficou apenas um penálti por assinalar, mas sim dois, ambos sobre Ramires.
CLASSIFICAÇÃO REAL
BENFICA 18 (prejudicado em 2 pontos com o Marítimo)
Sp.Braga 13 (beneficiado em 2 pontos em Alvalade, e em 3 pontos nos Barreiros)
FC Porto 11 (beneficiado em 2 pontos com o Sporting)
Sporting 10 (prejudicado num ponto com o Braga, e num ponto no Dragão, beneficiado em 2 pontos com o Olhanense)

CLASSIFICAÇÃO REAL

A polémica voltou a estalar, mas, como em tantas outras ocasiões, não totalmente justificada.

FC PORTO-SPORTING
Como disse, não vi o clássico. É diferente ver um resumo do que sentir em directo as emoções, os momentos, e a forma como os erros vão influindo na história do jogo.
Mesmo assim, resumindo-me aos dois ou três minutos que vi, creio que Paulo Bento exagerou nas críticas.
Como na história de Pedro e o Lobo, o treinador sportinguista já não tem qualquer credibilidade quando fala de arbitragem, pois fala (e muito) sempre que um cartão amarelo é mal mostrado, que um livre a meio-campo é mal assinalado, esquecendo, por exemplo, que o erro mais grosseiro de toda esta temporada favoreceu a sua equipa faz hoje uma semana.
No jogo do Dragão, há fundamentalmente dois erros: um cartão a menos para Meireles, e um cartão a mais para Veloso. Como o segundo pouco influiu no desenrolar do jogo (a expulsão dar-se-ia já em tempo de descontos), resta o vermelho que Duarte Gomes - um afilhado de Guilherme Aguiar - não quis mostrar, ainda na primeira parte. Mas cartões por mostrar há-os em todos os jogos, e o Benfica que o diga.
Fazer o Porto jogar com menos um homem durante alguns minutos (Polga seria expulso no início da segunda parte), e em igualdade numérica, o resto do tempo, poderia ter alterado a história do jogo. Mas não justifica a histeria manifestada na conferência de imprensa, e muito menos voltar a trazer a Taça da Liga para a liça.
Em termos de classificação real, nada há a corrigir.
Resultado Real: 1-0

BENFICA-LEIXÕES
Já disse quase tudo sobre a arbitragem de João Capela.
Cometeu erros, de onde sobressai um penálti por assinalar sobre Ramires, mostrou um cartão amarelo ridículo a Aimar (queimar tempo, quando o resultado estava a zero?!?), mas não posso deixar de saudar a forma como lidou com o anti-jogo leixonense, fazendo o que um árbitro deve fazer nessas situações: mostrar cartões, e dar tempo de compensação.
Resultado Real: 6-0

CLASSIFICAÇÃO REAL
BENFICA 18
Sp.Braga 13
FC Porto 13
Sporting 9

CRIME E CASTIGO

Muita gente, decerto inquieta com os resultados e as exibições do Benfica, tem insistido em desvalorizar os respectivos oponentes, relativizando os verdadeiros méritos do conjunto de Jorge Jesus.
Nunca tal observação fez tanto sentido como neste jogo com o Leixões, em que foi realmente o adversário do Benfica a suicidar-se, antes mesmo da equipa da Luz lhe desferir qualquer irremediável golpe.
O Leixões tentou fazer na Luz o que lá havia feito o Marítimo: anti-jogo, violência, paragens constantes, simulações, protestos e nada de futebol. Tentou que não se jogasse e assim o resultado não saísse de onde estava, arriscando-se desse modo a levar para casa o pontinho da ordem e, sobretudo, a subtraí-lo ao Benfica (talvez o verdadeiro e oculto objectivo de algumas das equipas menores da Liga). Deu-se mal.
Pode acusar-se o árbitro João Capela de ter cometido erros graves, e até de ter prejudicado o Benfica (deixou-me dúvidas um lance com Ramires que ainda não tive oportunidade de rever na televisão, e o cartão amarelo a Aimar foi absolutamente ridículo). Apesar da pertinência dessa acusação não posso deixar de lhe tirar o chapéu: ao contrário de Soares Dias na primeira jornada, João Capela salvou o espectáculo, mostrando desde logo que com ele o anti-jogo dificilmente sairia premiado.
Ao mostrar um, dois, três, quatro, cinco amarelos (todos plenamente justificados), e ao dar cinco minutos de compensações na primeira parte, o árbitro não compactuou com a estratégia negativista da equipa de José Mota, punindo quem devia ser punido. Todos fossem assim e o futebol português mudava muito, e para melhor.
Ora com uma expulsão, com um golo à beira do intervalo, com a segunda expulsão e o penálti que deu o 2-0, o jogo acabou. Não foi o Benfica que acabou com ele, foi o Leixões que, no meio das suas incapacidades e das suas estratégias xico-espertistas, se acabou por embrulhar em equívocos, saindo da Luz vergado a uma justa goleada.

Não se trata de autocarros ou carrinhas da fruta (como deliciosamente se lê em “A Bola”). Quem me conhece sabe que sou tolerante para com estratégias defensivas, aceito-as como legítimas, entendendo que cabe às equipas mais fortes encontrar meios para as perfurar. O que não aceito são comportamentos anti-desportivos como o do Marítimo, que agora o Leixões tentou repetir.
Uma coisa é jogar à defesa: foi isso que fez o União de Leiria há uma semana atrás, e ninguém me ouviu um lamento, apesar de todas as dificuldades que colocou ao Benfica. Outra coisa é não jogar, nem deixar que se jogue. E isto não pode ser permitido pela arbitragem, cuja complacência com estas situações vai fazendo com que por vezes elas sejam bem sucedidas.
Posto isto, pouco fica por dizer relativamente a este jogo. A exibição do Benfica foi a possível, numa primeira parte condicionada pelo anti-jogo adversário, e a exigível numa segunda parte em que o adversário já lá não estava. Foram cinco, podiam ter sido sete ou oito. E seriam merecidos. Em nome do Benfica, e em nome do futebol.

PS1: À hora do FC Porto-Sporting estava no pavilhão da Luz a ver o Benfica-Sp.Horta em Andebol. Até agora apenas vi um brevíssimo resumo do jogo do Dragão, pelo que não poderei emitir qualquer opinião acerca do mesmo, nem mesmo comentar as fortíssimas acusações de Paulo Bento.
Na classificação real – que apenas farei depois dos programas televisivos de segunda-feira -, poderei então falar da arbitragem desse jogo.

PS2: Antes disso, vi a segunda parte da Supertaça de hóquei na televisão. Fiquei indignado com tamanha pouca vergonha.
As regras mudaram mas uma permanece igual: o FC Porto é levado descaradamente ao colo, no âmbito da estratégia da arbitragem e da federação em acabar com a modalidade no sul do país, a qual nem se esforça por disfarçar.
Se não fosse por lhes fazer a vontade, o que se passou em Viana era caso para o Benfica abandonar a modalidade. No Hóquei, os calheiros, os guímaros e os lourenços pintos ainda estão no activo, e continuam a entregar as taças a quem querem.

O MENOR DOS CLÁSSICOS

Se o Benfica vencer o Leixões, o eventual derrotado do clássico do Dragão ficará a seis pontos da equipa de Jesus e, possivelmente, a oito do Sp.Braga.
Não é uma distância inultrapassável, mas não deixará de constituir um factor de preocupação e pressão acrescidas para as jornadas que se seguem, nas quais qualquer passo em falso poderia tornar, então sim, as coisas demasiado complicadas para o derrotado.
Mas não só no plano pontual este jogo será importante. Sê-lo-á também na medida em que o FC Porto vem de duas derrotas consecutivas, e poucos dias depois irá ter pela frente o Atlético de Madrid, num dos mais determinantes compromissos do seu grupo na Liga dos Campeões. Uma terceira derrota (ou mesmo um acinzentado empate) pode comprometer a moral da equipa de Jesualdo, nada garantindo que se venha depois a repetir o que sucedeu em Kiev no ano passado, quando em situação semelhante Lucho Gonzalez marcou no tempo de descontos, deu uma importantíssima vitória ao FC Porto, e virou do avesso toda uma época que ameaçava correr mal.
Para o Sporting, uma derrota poderá equivaler ao renascer da contestação dos adeptos, que com esta sequência de vitórias fortuitas me parece estar mais adormecida do que propriamente dissipada. Qualquer outro resultado permitirá a Paulo Bento manter o balão relativamente cheio, ainda que em termos pontuais uma igualdade o faça também afastar de quem vai na sua frente.
Um empate seria o resultado ideal para o… Benfica, que se poderia ver com cinco pontos de avanço de ambos os rivais, e assim criar desde já uma almofada pontual que permitisse olhar com maior tranquilidade para as já relativamente próximas deslocações a Braga e a Alvalade.
No entanto, não creio que o FC Porto, a jogar em casa, e mesmo sem Rodriguez e Varela, mesmo com Hulk fora de forma, perca a oportunidade de retomar o rumo das vitórias, perante um Sporting com mais fragilidades do que os seus últimos resultados aparentam. Equipas prováveis:
FC PORTO - Helton, Fucile, Bruno Alves, Rolando, Álvaro Pereira, Fernando, Raul Meireles, Belluschi, Mariano Gonzalez, Falcão e Hulk.
SPORTING - Rui Patrício, Abel, Anderson Polga, Daniel Carriço, Grimi, Miguel Veloso, João Moutinho, Angulo, Vukcevic, Liedson e Hélder Postiga.

Será também interessante perceber qual dos jogos (Luz e Dragão) terá mais gente. Eu tenho o meu palpite, mas esperarei para ver.

A TÁCTICA, AS VIRTUDES E OS ASPECTOS A MELHORAR

Não é um losango, mas antes um 4-1-3-2, ou melhor, um 4-1-3-1-1, pois a mobilidade de Saviola fá-lo recuar frequentemente até à última linha do meio-campo.
Se Ramires é meio interior, meio ala, Di Maria sempre foi, e continua a ser, um extremo puro. Essa é uma das poucas contradições da equipa, pois é justamente à esquerda que reside também o lateral mais ofensivo, o que por vezes destapa o flanco.
Javi Garcia preenche toda a primeira linha do meio-campo, libertando Aimar para se ocupar exclusivamente da construção do jogo ofensivo. Como reagirá a equipa à sua ausência? Os próximos dois jogos darão a resposta.
Principais virtudes: criatividade e fluidez do meio campo para a frente, bolas paradas, eficácia dos avançados, e atitude competitiva revigorada, para além de um banco de luxo.
Principais fragilidades: corredor esquerdo permeável, e algum défice de capacidade de choque de muitos dos principais jogadores - o que talvez explique as dificuldades encontradas diante de defesas mais fechadas e agressivas.
Conclusão: indiscutivelmente a melhor equipa do Benfica dos últimos anos, superiorizando-se claramente ao FC Porto no aspecto criativo/ofensivo, equivalendo-se-lhe na capacidade de pressão em zonas adiantadas, perdendo contudo para os dragões em consistência defensiva e poderio atlético.

OS ONZE MAGNÍFICOS

QUIM: Creio que continua a ser o melhor guarda-redes português. É-o desde que Vítor Baía arrumou as luvas, e apenas necessita de confiança para mostrar a sobriedade e a frieza que fizeram dele um esteio da equipa, nos tempos de Trappatoni e Fernando Santos.
MAXI PEREIRA: É o meu jogador favorito. Um pêndulo de regularidade, um poço de força, um monstro de atitude competitiva. Não pára, não falha, corre sempre com o mesmo inesgotável fulgor. Claramente um jogador de equipa campeã.
LUISÃO: Atinge aos 28 anos o ponto mais alto da sua carreira, com a afirmação plena na selecção brasileira, de que tem sido titular e onde tem estado em foco. É um verdadeiro capitão pela liderança que imprime dentro e fora das quatro linhas. Insuperável no jogo aéreo - assim de repente não me recordo de qualquer golo sofrido de cabeça com ele em campo, e as bolas paradas para a ele são mel.
DAVID LUÍZ: Não é dos meus preferidos. Embora lhe reconheça um enorme talento e margem de progressão, manifesta frequentemente atitudes de displicência que comprometem a equipa. É rápido sobre a bola, é tecnicamente muito dotado, faltando-lhe trabalhar os índices de concentração. Tem de crescer nesse particular, e acredito que o faça.
SHAFFER: A ala esquerda da defesa é claramente o elo mais fraco da equipa. O jovem argentino necessita de alguma rodagem, e de estabilizar emocionalmente em face do enorme passo que deu na carreira. Embora no plano ofensivo preencha todos os requisitos, já em termos de posicionamento e agressividade defensiva revela-se por vezes um pouco atarantado, e com dificuldades em tomar (rapidamente) a decisão mais adequada a cada momento de jogo. Mostra muita vontade, o que faz manter a esperança de pé.
JAVI GARCIA: Muitos desconfiaram da sua contratação, mas o médio espanhol tem mostrado, a cada jogo, a razão do investimento de sete milhões de euros. É um trinco puro, mas de grande categoria. Tanto no plano físico, como em termos tácticos, funciona como a cobertura perfeita aos artistas que jogam à sua frente. É só um, mas parece dois ou três, pois está em todo o lado, e cobre um espaço incrível, compensando centrais e laterais com a mesma facilidade e eficácia. Como se não bastasse, vai à frente e marca golos. Melhor que Katsouranis, melhor que Petit. Um craque, às portas da selecção espanhola.
RAMIRES: Mesmo com tudo o que acabei de escrever sobre Javi Garcia, é Ramires a melhor aquisição do futebol português nesta época, o melhor médio a actuar em Portugal, e um dos melhores jogadores da nossa Liga. É de louvar a forma como o Benfica conseguiu contratar um futebolista deste quilate, talhado para jogar em equipas como Milan ou Real Madrid. Defende e ataca com a mesma classe, sempre a alta velocidade, sendo um dos melhores marcadores do campeonato. Nos seus melhores dias (e já foram vários) vale a pena pagar um bilhete apenas para o ver jogar. Nível mundial.
AIMAR: Renasceu das cinzas em que Quique Flores o depositou (deslocalizando-o e desmotivando-o), assumindo o papel que lhe foi destinado aquando da sua contratação: substituir Rui Costa como patrão do meio-campo encarnado, e principal fio condutor do jogo ofensivo da equipa. Tenho ainda alguns receios acerca da sua condição física, mas a 100% é um craque absoluto.
DI MARIA: Esteve tapado no onze por Rodriguez, primeiro, e Reyes, depois. Esta temporada parece estar a dar finalmente sequência à evolução que se adivinhava logo aquando das suas primeiras aparições de águia ao peito. Ganhou músculo, e com isso capacidade de choque. Ganhou experiência, e com isso critério na definição dos lances. Ganhou confiança com a titularidade absoluta. Tecnicamente é soberbo, e se evoluir como se espera será difícil para o Benfica mantê-lo durante muito mais tempo.
SAVIOLA: Ao contrário dos mais cépticos, tive poucas dúvidas de que encaixaria bem no Benfica. É um extraordinário avançado, que não jogava no Barcelona e no Real Madrid porque a concorrência era de luxo. Sou seu fã desde o mundial sub-20 de 2001, em que foi melhor marcador e melhor jogador, parecendo destinado a sucessor a Diego Maradona. Não chegou a esse nível, mas na Liga Portuguesa é um jogador de excepção.
CARDOZO: Um verdadeiro matador. Por vezes parece que não está em campo, perde bolas aparentemente fáceis de controlar, corre lentamente e salta encolhido, mas golos são com ele. Movimenta-se bem na área, e tem um pé esquerdo imparável, não perdendo muito tempo a ensaiar o pontapé. Mesmo falhando dois penáltis, comanda isolado a lista de goleadores.

E sobram Sidnei, Ruben Amorim, Fábio Coentrão, Keirrison entre outros. Um luxo!

O MELHOR BENFICA EM 20 ANOS

O Benfica não iniciava tão bem um campeonato há justamente 20 anos.
É preciso recuar até 1989 - ano em que o muro de Berlim estava a cair, não havia telemóveis e muito menos internet - para descobrir, à 5ª jornada, um princípio de época mais imponente que este (também um empate, mas 22 golos marcados). Brilhavam na altura Valdo, Vítor Paneira e Magnusson (na sua melhor temporada na Luz), e essa equipa haveria de estar presente alguns meses depois na final da Taça dos Campeões Europeus, em Viena, diante do Milan.
Desde então, só em 4 ocasiões o clube da Luz igualou em pontos o registo desta época (a última das quais em 2004-05, ano do título com Trappatoni), mas em todas elas apresentava pior diferença de golos que os 16-3 de agora. Um pleno de vitórias nas 5 primeiras jornadas não se vê desde 1982, quando Eriksson acabava de chegar à Luz.
Se juntarmos os números à qualidade do futebol, temos pois muitos motivos para acreditar num Benfica renascido, na senda daquilo que foi a sua gloriosa e centenária história.
Por alguma coisa os estádios têm enchido e, a acreditar em "A Bola", já lá vão 4 milhões de euros em receitas de bilheteira - praticamente o equivalente uma presença na fase de grupos da Liga dos Campeões.
E se o Benfica continuar a vencer, avisam-se desde já os rivais: a sua força será imparável.
A um nível de que os mais velhos ainda se recordam, mas que os mais novos nunca conheceram. Nos relvados, nas bancadas e na tesouraria.

CLASSIFICAÇÃO REAL

Esta foi seguramente a jornada mais complicada até ao momento, com erros graves em Braga e Alvalade, para além do lance polémico de Leiria.

SP.BRAGA-FC PORTO
O Sp.Braga acabou por ganhar o jogo, mas o penálti que ficou por assinalar por falta clara de Álvaro Pereira não pode deixar de ser adicionado à já extensa lista negra de Pedro Proença.
Pouco depois, na área contrária, Hulk queixou-se de falta. Existe de facto um agarrão de João Pereira aos calções do avançado brasileiro, mas não parece suficiente para o derrubar. Só depois de se ver na área o portista tentou tirar dividendos da situação, atirando-se para o relvado. Pedro Proença já marcou penáltis a favor do Porto bem piores (Yebda e Lisandro, por exemplo), mas desta vez, talvez por má consciência do lance anterior, achou melhor não marcar. Creio que fez bem.
Resultado Real: 2-0

U.LEIRIA-BENFICA
O erro menos discutível da actuação de Jorge Sousa foi em prejuízo do Benfica: Panandeteguiri (que raio de nome ?!?) devia ter sido expulso, mas o árbitro portuense poupou-lhe o segundo amarelo – de resto, Manuel Fernandes sentiu isso mesmo, e substituiu-o de imediato.
Quanto ao penálti, já admiti ontem tratar-se de um lance complexo, daqueles em que os adeptos de um clube afirmam ser e os restantes garantem não ser. Na verdade, vendo bem, há muitos lances em futebol para os quais não há uma verdade matemática e indesmentível, e em que, por princípio, o critério do árbitro deve ser aceite. Este podia ser, em parte, um deles, pois haveria à partida argumentos para quem achasse que Jorge Sousa fez bem, e para quem assim não entendesse. Por algum motivo tanta gente perde tempo a discutir arbitragem.
É claro que para muitos o princípio é outro: se é a favor do Benfica não existe, se é contra, é claro e indiscutível, como se viu na penosa argumentação do decrépito Guilherme Aguiar no programa “Dia Seguinte”, procurando desesperadamente impor a sua opinião parcial e facciosa.
Antes de mais, há um aspecto que tem de ser levado em conta: do local onde se encontra, Jorge Sousa não vê o toque do defesa leiriense na bola, e o penálti afigura-se inequívoco. Até aqui julgo que todos estarão de acordo. Eu acrescentaria mesmo que, de outro modo, na dúvida, nunca Jorge Sousa o teria assinalado, como o seu passado deixa perceber.
Quanto à falta em si, vista pelas repetições televisivas, a minha grande dúvida era se deveria ter sido assinalado um livre indirecto, e não a grande penalidade. Mas entretanto consultei a lei, e a lei – que ao contrário do senso comum nada diz sobre tocar ou não primeiro na bola - é clara quanto ao caso. Se ao fazer jogo perigoso o infractor atingir o adversário (toque ou não primeiro na bola), deve ser assinalado livre directo (e não indirecto), o que, ocorrendo na área, se transforma em penálti. Cristalino.
Concorde-se ou não, à luz das leis do jogo, aquele lance é passível de grande penalidade. Como aqui disse num comentário, nem faria sentido deixar jogar sempre que se tocasse primeiro na bola, pois isso abria campo para todo o tipo de agressões, e para verdadeiras batalhas campais.
Logo, a interpretação do árbitro foi a mais correcta. Como, de resto, “A Bola”, o “Record” e parte do painel de “O Jogo” consideram, à semelhança dos comentadores da RTP no momento.
Resultado Real: 1-2

SPORTING-OLHANENSE
Em Alvalade Rui Costa esteve ao seu nível: medíocre.
Trata-se na verdade de um dos piores, senão o pior, árbitro do quadro principal, que só se mantém no primeiro escalão por via dos conhecimentos e padrinhos que o seu irmão lhe arranjou.
Ontem faltou-lhe, sobretudo, coragem.
O Sporting protestara dois lances pouco antes, perdia em casa, e o árbitro, não vendo nada, teve medo de não corresponder aos protestos. Adulterou o resultado e o jogo, empurrou os leões para a vitória. Condicionou a próxima jornada e, quem sabe, o andamento do campeonato.
A diferença entre este lance e o da final da Taça da Liga é que neste o jogador que corta a bola com o peito está de frente para o árbitro, o que torna o erro mais grave e menos desculpável. Mas como não foi a favor do Benfica, pouco se falará nisto.
Quanto aos lances anteriores, se no caso da queda de Postiga não existe absolutamente nada, pouco depois a bola bate mesmo na mão de Miguel Garcia. Trata-se, contudo, do clássico lance de “bola na mão” (e não “mão na bola”), pois o defensor vem em corrida, e nem sequer olha para a bola no momento em que esta toca na sua mão. Infelizmente estes lances condicionaram o árbitro, que terá ficado com dúvidas (em todos eles?), e não quis correr riscos de subtrair três penáltis ao Sporting em Alvalade, e assim se ter de sujeitar às ameaças de Paulo Bento nas inflamadas conferências de imprensa que protagoniza, quando tem, e quando não tem razão.
Resultado Real: 2-2

CLASSIFICAÇÃO REAL
BENFICA 15 (prejudicado em 2 pts com o Marítimo)
Sp.Braga 10 (beneficiado em 2 pts em Alvalade e em 3 pts nos Barreiros)
FC Porto 10
Sporting 9 (prejudicado em 1 pt com o Sp.Braga, beneficiado em 2 pts com o Olhanense)

O GATO DAS SETE VIDAS

O Sporting de Paulo Bento é irritante.
Mais do que um gato, faz lembrar aqueles cães pequeninos que nos saltam constantemente ao caminho, que não nos metem medo, mas não param de ladrar e ameaçar-nos as canelas.
Mesmo com um plantel medíocre, constituído em grande parte por Adriens, Pereirinhas e Carriços, a equipa leonina vai dando a volta por cima a situações de grande pressão e contestação - inclusivamente entre seus próprios adeptos - conseguindo manter um registo de regularidade notável. Com as segundas-voltas-canhão que se tem mostrado capaz de fazer nos últimos anos (11 vitórias nos últimos 13 jogos na época passada, 7 vitórias nos últimos 8 jogos no ano anterior, 9 em 10 em 2006-07), é prudente não retirar ao Sporting o estatuto de candidato ao título, mesmo que o seu plantel e a qualidade do futebol apresentado para tal não aponte. Para já, leva quatro triunfos consecutivos, ciclo que iniciou sob um clima de grande desconfiança e descrença. Vitórias obtidas nos últimos minutos (Paços, Heerenveen e agora Olhanense), sem brilho, com sorte, mas que revelam aquela que tem sido a principal virtude da equipa nos últimos anos: capacidade de renascer das cinzas, nos jogos, e nos campeonatos, mérito que tem de ser creditado ao seu treinador.
Tenho também para mim que sem Liedson a história recente do Sporting teria sido bem mais negra. Embora o levezinho nunca tenha sido campeão, foi quase sempre ele a segurar a equipa nos momentos mais adversos, e a resolver as situações mais complicadas. Sem ele, Paulo Bento já não estaria no clube, e toda a estratégia empresarial e institucional seguida em Alvalade estaria há muito tempo posta de parte. Mas, ao contrário do que muitos sportinguistas defendem, a sagacidade do jovem treinador, a força mental de que consegue dotar a equipa, a atitude competitiva que lhe impõe, explicam também a sobrevivência do Sporting enquanto candidato – e eu diria mesmo, enquanto clube grande.
Hoje não foi Liedson, nem Paulo Bento, mas sim o árbitro Rui Costa, a resolver um caso que se estava a pôr bastante difícil para os leões. O Olhanense entrou em campo a todo o gás, fez dois golos, podia ter feito mais, e levou Alvalade ao desespero. Não soube, após o 0-2, fechar as portas ao jogo, como se impunha, mantendo uma postura ofensiva algo romântica, que permitiu uma rápida e forte reacção leonina. O lance do penálti, à beira do intervalo, é daqueles que mata uma equipa.
Esperava-se, a partir daí, que o Sporting embalasse para uma vitória tranquila, mas só a 4 minutos do fim Vukcevic garantiu os três pontos que permitem que uma nova vida na visita ao Dragão. Mais uma vez os deuses protegeram Alvalade, num jogo em que o empate se ajustava mais ao que se passou em campo, e num momento em que esse empate seria um golpe duríssimo na equipa.
E o cão pequenino continua a ladrar.

CAIR NA TERRA

Devo dizer, antes de mais, que não gostei nem um pouco da exibição do Benfica esta noite em Leiria. Valeu o resultado - obtido, aliás, por via de uma grande penalidade polémica - para disfarçar uma inesperada incapacidade futebolística manifestada pelos encarnados, que obviamente não apaga o que foi feito até agora, mas não pode deixar também de levantar algumas preocupações para o futuro próximo.
Um golo aos 4 minutos era tudo o que se poderia desejar para fazer face a um adversário difícil e combativo, e abrir caminho a mais uma empolgante demonstração de classe individual e colectiva, perante a maior enchente de sempre daquele estádio e jogos nacionais. Ao longo dos 86 minutos que se seguiram, viu-se todavia um Benfica cansado, pouco imaginativo e errante, que deixou transportar para os domínios da sorte e do azar (eufemisticamente apelidados depois de “raça” pelos mais optimistas) um jogo que lhe havia sido entregue em mão beijada com o golo de Saviola.
O que mais me desagradou não foi sequer o facto da equipa encarnada não ter brilhado no ataque, e muito menos a tangencialidade dos números finais. O pior da noite foi a incapacidade de conquistar espaço a meio-campo (creio que por insuficiências físicas), e a falta de solidez colectiva revelada , que bastas vezes deu a perceber uma equipa partida, e deixou sempre no ar a possibilidade do União de Leiria poder marcar um segundo golo, colocando as coisas ainda mais difíceis de reverter.
Esta tristonha prestação creio poder ser dissecada a partir de dois aspectos fundamentais.
Em primeiro lugar, por muita admiração que tenha por Jorge Jesus, por muito que respeite o seu trabalho e aquilo que tem feito com este Benfica, não entendi a gestão do plantel que ele fez esta semana. Dou exemplos: Ramires, sem férias e visivelmente cansado, foi obrigado a fazer os 180 minutos dos dois jogos anteriores, mesmo depois de eles estarem resolvidos, acabando por ser agora forçado a sair quando mais falta fazia à equipa; Javi Garcia também jogou o tempo todo, quando talvez fizesse sentido descansar uns minutos no Restelo ou com o Bate Borisov; Fábio Coentrão podia ter sido titular na jornada europeia, permitindo a Di Maria ressurgir com outra disponibilidade física neste exigente compromisso; o mesmo é válido para Keirrison (que com os bielorrussos nem sequer entrou em campo, num jogo que até poderia favorecer a sua integração) relativamente a Cardozo. Enfim, Jesus saberá, e decerto tem razões válidas para tomar as decisões que tomou. Não as critico (quem sou eu para o fazer), apenas digo que, neste aspecto, não as entendi. O que é um facto é que o Benfica mostrou um inegável défice de poder físico e capacidade de pressão, logo diante de um adversário que fez dessas armas a sua principal virtude.
Em segundo lugar, uma equipa campeã – como o Benfica quer ser – tem de saber controlar os ritmos e os espaços de jogo com outra autoridade. O União de Leiria não criou muitas ocasiões de golo, mas conseguiu demasiadas vezes encontrar espaços nas costas do meio-campo benfiquista, onde sobretudo o lado esquerdo se mostrou extremamente permeável. Di Maria não defende (sabe-se de antemão), mas era suposto existir um defesa nas suas costas. Acontece que Shaffer se comporta mais como um médio-ala do que como o defesa-esquerdo de que a equipa realmente necessita, cruza bem mas fecha mal, e aquele corredor torna-se um convite aos adversários mais acutilantes. Mas não é tudo.
Sem querer encontrar réus ou culpados – até porque o “crime” (leia-se, derrota) nem sequer foi consumado -, há um jogador no Benfica cuja apreciação generalizada do grande público não coincide com a minha. É ele David Luíz.
Muito gosta o povo de defesas-centrais que saibam “sair a jogar”, e que apareçam bem lá na frente. Pois eu, tanto de centrais como de laterais, gosto é daqueles que não cometem erros lá atrás. E lá atrás, David Luíz mostra uma displicência irritante, comete erros infantis, e tem momentos em que os caracóis lhe parecem perturbar o pensamento.
O Benfica sofreu até agora três golos no campeonato. Lembremo-los:
- Golo do Marítimo após grande penalidade desnecessária cometida por David Luíz
- Golo do V.Setúbal na sequência de erro infantil de David Luíz
- Golo do U.Leiria, auto-golo de David Luíz
Há um lance nesta partida que me fez levantar do sofá tal a irritação que me causou: já com o resultado em 1-2, a precisar de gerir o jogo e o tempo, David Luíz arrancou do seu lugar com a bola nos pés, desposicionou-se gratuitamente e, ninguém sabendo o que lhe passou pela cabeça, ofereceu a bola ao guarda-redes contrário com um pontapé fraco e displicente. Correu riscos desnecessários, perdeu a bola de imediato, não ganhou tempo. Fosse eu o treinador e de uns bons berros não se livrava - ele, como de resto também Javi Garcia, que aos 93 minutos levou um cartão amarelo inútil, cometendo uma falta em zona perigosa, num lance que estava mais ou menos controlado.
Não quero, como disse, crucificar o jovem central brasileiro. Pelo contrário, desejo-lhe o melhor. É uma promessa, tem talento e uma enorme margem de progressão. Mas alguém tem de lhe fazer ver o que é um defesa-central, o que tem mesmo de fazer em campo (e o primeiro ponto será manter a concentração que nem sempre revela), e o que não precisa de fazer. Eu não vejo os centrais do Inter “sair a jogar”, não vejo centrais do Real Madrid “sair a jogar”, não vejo centrais do Barcelona “sair a jogar”, não vejo centrais do Manchester United “sair a jogar”. Há uma ou outra excepção (e só me lembro de Ricardo Carvalho), mas mesmo assim só o fazem quando o risco é mínimo, e estão longe de assentar o seu jogo nessa peculiaridade.
Já gastei muitas linhas a falar da rotatividade de Jesus e da prestação de David Luíz. Pois foram justamente o desgaste físico do Benfica (por oposição à disponibilidade leiriense), e o auto-golo de David Luíz, bem como a pouca solidez defensiva que, sobretudo, ele e Shaffer personificam, as razões para o jogo se ter tornado tão difícil.
Tudo acabou por correr bem, o penálti foi assinalado (podia não o ter sido), e a reacção do União de Leiria não deu em nada, pese embora aqueles lances de bola parada ao minuto 93 me tenha feito cair mais uns cabelos. Mas uma coisa é certa: se o Benfica tinha mostrado até aqui a qualidade de uma equipa campeã, mostrou hoje que ainda tem muito trabalho pela frente até lá chegar.
O FC Porto perdeu, e para o Benfica sonhar com o título é necessário ver o FC Porto perder aquele tipo de jogos. Na próxima semana teremos a visita do Sporting ao Dragão, e um Benfica-Leixões na Luz. Eis um momento fantástico para ganhar vantagem sobre os principais rivais, que não pode, de modo algum, ser desperdiçado.

UMA VITÓRIA NORMAL

Embora a ideia não fosse desagradável, ninguém de bom senso pensaria que o Benfica fosse capaz, ao longo da época, de esmagar e golear todos os adversários que fosse encontrando pela frente.
O futebol não é um mundo de fantasia, nem um jogo de computador. É um desporto onde figuram onze atletas de cada lado, todos bem preparados e com ambição de fazer o melhor que podem e sabem.
O Bate Borisov é campeão da Bielorrussia (que não é propriamente o Liechtenstein ou o Luxemburgo), e segue novamente na liderança do seu campeonato, com muitos pontos de avanço. Não é naturalmente uma super-equipa, mas também não é um rebuçado para saborear e engolir de uma penada. É um conjunto forte fisicamente, bem organizado no plano táctico, e com experiência internacional suficiente para não tremer com o impacto de um terceiro anel bem composto.
Foi isso precisamente que demonstrou ao longo da meia-hora inicial, em que o Benfica, com algumas alterações importantes na equipa, não se soube adaptar na perfeição a um tipo de adversário, e a um figurino de jogo, diferentes daqueles que tem genericamente encontrado na Liga Portuguesa.
Os bielorrussos mostravam-se rápidos sobre a bola, subidos no terreno, e capazes de, através de diagonais bem desenhadas, se aproximar com perigo da área encarnada. Criaram inclusivamente uma grande oportunidade para marcar, que constituiu simultaneamente a oportunidade para o estreante Júlio César brilhar, algo que voltaria a repetir mais tarde, já no decorrer da segunda parte.
Não se pode dizer que o Bate tivesse dominado qualquer fase do jogo. O Benfica foi sempre mais forte e afirmativo, esteve sempre mais próximo de marcar do que o adversário. Simplesmente, sem Saviola e Aimar, não entrou em campo de modo tão sufocante como tem feito nos últimos jogos, e encontrou pela frente uma equipa que lhe soube tornar as coisas um pouco mais difíceis do que aquilo a que se tem habituado.
Os minutos finais da primeira parte revelaram um Benfica mais próximo das qualidades e virtudes exibidas recentemente. Foi nessa altura que marcou os dois golos do jogo e, quer pouco antes, quer pouco depois, podia ter marcado outros tantos, e seguido para as cabines já com o esboço de uma nova goleada debaixo do braço.
Na segunda parte os encarnados, seguindo a mesma tónica de jogo, voltaram a entrar muito fortes. Passavam apenas dez minutos de recomeço, e os 35 mil espectadores presentes na Luz já haviam visto gorar-se mais quatro ocasiões de golo junto da baliza de Veremko. Foi esse também o período em que o Bate Borisov mais se descompôs, e nessa altura o terceiro golo parecia apenas uma questão de minutos.
A bola não entrou, e a pouco e pouco o Benfica foi perdendo gás – ou poupando esforços -, entrando numa fase de alguma displicência, durante a qual o adversário foi novamente crescendo e ameaçando reduzir distâncias (algo que poderia complicar os últimos minutos do jogo). Mas também não o conseguiu fazer, e a partida caminhou tranquilamente para o fim, por entre cada vez mais ténues ameaças bielorrussas, e contra-ataques não concretizados pelo conjunto de Jorge Jesus.
Era fundamental para o Benfica entrar no grupo a ganhar, até porque este seria, teoricamente, o jogo mais fácil dos seis que terá de disputar nesta fase. Era também importante integrar novos jogadores, e também isso foi conseguido – Felipe Menezes mostrou boas qualidades, e Júlio César, como já se disse, brilhou na baliza. Esta foi portanto uma bela noite europeia para o Benfica, pese embora a goleada que muitos adeptos esperariam não se ter verificado. Maus hábitos…
Já ficou dito que os dois estreantes estiveram muito bem. Mas Nuno Gomes marcando um golo e fazendo o passe para outro, terá de ser considerado o homem da noite. Diga-se que também Ramires e Maxi Pereira (impressionante a sua energia, depois de tanto tempo ausente!) estiveram em excelente plano, e que Fábio Coentrão voltou a entrar muito bem no jogo.
O árbitro, embora grande, não se deixou ver, e os novos juízes de baliza foram meros espectadores do jogo, deixando no ar algumas dúvidas acerca da sua verdadeira utilidade.
Segue-se Atenas. Uma nova vitória deixará o Benfica muito bem lançado para o apuramento.

RESOLVE E DISFARÇA

Liedson uma vez mais resolveu. Sozinho.
É assim há muitos anos. O levezinho, com a sua classe ímpar, vai disfarçando as incapacidades de plantéis medíocres, e vai mantendo o Sporting na discussão das provas em que participa.
Não é da formação de Alcochete. É brasileiro e não pára de marcar golos.
A boa notícia é que vai fazer 32 anos.

Hoje não é preciso dar espectáculo. Basta ganhar !

O BENFICA NA TAÇA UEFA

1966/67
R2: Spartak Plovdid (BUL), 1-1* & 3-0
R3: VfB Leipzig (GER), 1-3* & 2-1
1978/79
R1: FC Nantes-Atlantique (FRA), 2-0* & 0-0
R2: Borussia M'gladbach (GER), 0-0 & 0-2*
1979/80
R1: Aris Thessaloniki (GRE), 1-3* & 2-1
1982/83
R1: Real Betis Sevilla (ESP), 2-1 & 2-1*
R2: Lokeren St. Niklaas (BEL), 2-0 & 2-1*
R3: FC Zurich (SUI), 1-1* & 4-0
QF: AS Roma (ITA), 2-1* & 1-1
SF: Universitatea Craiova (ROM), 0-0 & 1-1*
FL: Anderlecht Brussels (BEL), 0-1* & 1-1
1988/89
R1: Montpellier HSC (FRA), 3-0* & 3-1
R2: RFC Liege (BEL), 1-2* & 1-1
1990/91
R1: AS Roma (ITA), 0-1* & 0-1
1992/93
R1: Belvedur Izola (SVN), 3-0 & 5-0*
R2: Izzo Vac (HUN), 5-1 & 1-0*
R3: Dynamo Moscow (RUS), 2-2* & 2-0
QF: Juventus Torino (ITA), 2-1 & 0-3*
1995/96
R1: SK Lierse (BEL), 3-1* & 2-1
R2: Roda Kerkrade (NED), 1-0 & 2-2*
R3: Bayern Munich (GER), 1-4* & 1-3
1997/98
R1: SEC Bastia (FRA), 0-1* & 0-0
1999/00
R1: Dynamo Bucharest (ROM), 0-1 & 2-0*
R2: PAOK Thessaloniki (GRE), 2-1* & 1-2 vp
R3: Celta Vigo (ESP), 0-7* & 1-1
2000/01
R1: Halmstads BK (SWE), 1-2* & 2-2
2003/04
R1: RAA La Louviere (BEL), 1-1* & 1-0
R2: Molde FK (NOR), 3-1 & 2-0*
R3: Rosenborg Trondheim (NOR), 1-0 & 1-2*
R4: Internazionale Milano (ITA), 0-0 & 3-4*
2004/05
R1: Dukla Bystrica (SVK), 3-0* & 2-0
R2 (Grp G): SC Heerenveen (NED), 4-2
R2 (Grp G): VfB Stuttgart (GER), 0-3*
R2 (Grp G): Dynamo Zagreb (CRO), 2-0
R2 (Grp G): KSK Beveren (BEL), 3-0*
R3: CSKA Moscow (RUS), 0-2* & 1-1
2006/07
R3: Dynamo Bucharest (ROM), 1-0 & 2-1*
R4: Paris St. Germain (FRA), 1-2* & 3-1
QF: Espanyol Barcelona (ESP), 2-3* & 0-0
2007/08
R3: Nurnberg (GER), 1-0 & 2-2*
R4: Getafe (ESP), 1-2 & 0-1*
2008-09
R1: Napoli (ITA), 2-3* & 2-0
R2 (Grp G): Hertha Berlim (GER), 1-1*
R2 (Grp G): Galatasaray (TUR), 0-2
R2 (Grp G): Olympiakos (GRE), 1-5*
R2 (Grp G): Metalist (UKR), 0-1
2009-10
R1: Vorskla Poltava (UCR), 4-0 & 1-2*
R2 (Grp I): Bate Borisov (BEL),
R2 (Grp I): AEK Athens (GRE),
R2 (Grp I): Everton (ENG),
Na foto acima, Sheu marca o golo do Benfica na final de 1982-83 frente ao Anderlecht.

RANKING EUROPEU

Uma vitória esta noite vale ao Benfica a entrada no top-20, pois o Glasgow Rangers já jogou ontem.

PASSO 2: EUROPA E ROTATIVIDADE

A não convocação de Pablo Aimar para a partida frente ao Bate Borisov é reveladora das prioridades de Jorge Jesus para a corrente temporada: primeiro o campeonato, depois a Europa.
Por mim colocaria ambas as competições no mesmo plano, pois foi o prestígio europeu que pintou a história do Benfica a cores garridas, e há que o recuperar com toda a urgência. Mas entendo que, também nesse ponto de vista, o regresso à Liga dos Campeões seja prioritário, e este consegue-se pelo campeonato. E com dois jogos por semana, 26 jogadores a treinar no Seixal, e um onze base bem definido, é hora de começar a identificar alternativas que permitam alguma rotatividade entre os principais jogadores.
Um dos poucos motivos de desconfiança que ainda subsistem em torno deste novo Benfica prende-se justamente com a condição atlética de alguns elementos fundamentais, e com o elevado ritmo que os encarnados têm colocado em todos os seus jogos do primeiro ao último minuto. Diz-se que não será possível manter o andamento, e até é provável que não o seja.
Lembro porém, antes de mais, que o modelo de jogo do Benfica não é tão desgastante como parece à primeira vista. A razão é simples: se a equipa recupera a bola no meio-campo adversário não tem de correr muito para a vir recuperar mais atrás, e se a mantém na sua posse a maior parte do tempo de jogo o desgaste para a recuperar é limitado. Não fui eu que inventei isto, foi José Mourinho que o disse em 2003 a propósito do FC Porto, que quase sempre com o mesmo onze foi campeão destacado e venceu a Taça UEFA.
Modelo à parte, há na verdade jogadores do Benfica que, até sob o ponto de vista morfológico, terão grandes dificuldades em passar vários meses a jogar consecutivamente ao domingo e à quinta-feira. Aimar é claramente um deles, talvez Ramires (que não teve férias) seja outro, quem sabe também Saviola ou Di Maria se ressintam num registo competitivo mais elevado. Há pois que pensar alternativas, por entre o rico e vasto plantel benfiquista.
Para alguns deles a solução salta à vista (Di Maria pelo empolgante Fábio Coentrão, Ramires pelo regular Ruben Amorim), para outros obriga a arranjos, sendo o caso mais problemático o de Aimar - isto partindo do princípio que Javi Garcia não se constipa, e aguenta todos os combates como o rochedo que parece ser.

Sem Aimar, e com Carlos Martins lesionado, poderemos perceber já amanhã que ideias tem Jorge Jesus para a preenchimento da posição “dez”, sempre que o argentino estiver indisponível. Saviola? Nuno Gomes? Ramires? César Peixoto? Felipe Menezes? Andará por aqui a chave para um dos poucos problemas que se percebem existir no plantel encarnado (o outro é, como referi, a falta de substituto para o médio-defensivo espanhol).
Pouco sei do Bate Borisov. Praticamente apenas o que li aqui, para além de ter empatado com a Juventus na época passada. Não sei se será um adversário suficientemente acessível para permitir levar a cabo grandes poupanças, num jogo em que o Benfica é obrigado a vencer.
É justamente no plano da gestão do plantel que um sorteio mais simpático (como o do Sporting) teria sido de grande utilidade. Com o difícil grupo que lhe calhou em sorte, para seguir em frente o Benfica terá de mostrar a sua melhor cara nesta fase, e este jogo (por ser o primeiro, por ser em casa, e com o adversário teoricamente menos cotado) será sempre de ganhar.
É às cegas que proponho um onze para esta partida, o qual espero seja suficiente para levar de vencida este desafio, não esquecendo a derrota em Poltava quando as principais estrelas ficaram a descansar em Lisboa ou no banco de suplentes. Não esqueço também, por outro lado, que o Benfica joga domingo fora de casa, enquanto que após as próximas rondas europeias jogará em casa e à segunda-feira.
Aqui vai:

FACILIDADES DESAPROVEITADAS

Esta noite fiz algo que não tenho por hábito: assisti a um jogo completo do F.C.Porto.
Adoro futebol, vou frequentemente aos estádios e passo muitas tardes de sábado diante da televisão deliciando-me com as ligas espanhola e inglesa. Sigo o futebol português, e se tiver tempo sou bem capaz de assitir a um Olhanense-Rio Ave ou um V.Setúbal-Marítimo, por muito pouca qualidade que tenham. Sempre que posso vejo o Sporting no campeonato (pelo menos até marcar o primeiro golo), faço-o quase sempre nas provas europeias, e se me encontrarem em Alvalade (ou no Restelo, ou no Bonfim, e, antes, na Reboleira) não se admirem. Por vezes até assisto a jogos das divisões secundárias. Mas quando joga o FC Porto, normalmente mudo de canal.
Na época passada vi os dois confrontos com o Benfica, vi os jogos com o Sporting e a eliminatória com o Manchester United. Tive sorte: 4 empates, 1 derrota e 1 vitória (do mal o menos, em Alvalade) De resto, que me recorde, só resumos (e só para conferir a arbitragem). Apenas entrei no Estádio do Dragão uma vez, aquando do jogo de abertura do Euro 2004 com a Grécia. No antigo, por acaso, até cheguei a pisar o relvado.
Não se trata de fanatismo, nem de superstição. Há algo de enjoativo, que não sei explicar, e que me causa repulsa quando vejo aquela equipa em campo. Julgo que me ficou desde os tempos do insuportável trompete que se ouvia nas antigas Antas. Depois, confesso, o facto de o Porto ganhar quase sempre (ao contrário do Sporting) retira-me o principal atractivo que poderia encontrar nos seus jogos. Particularmente no campeonato português, a forma como os adversários entram em campo deixa desde logo antever o desfecho final. É um pouco como nas touradas espanholas, em que se sabe à partida que o toiro vai morrer. Estando pelo toiro, torna-se inútil (e penoso) aguardar pela estocada final.
Hoje, dizia, abri uma excepção.
Não foi um grande jogo, nem parecia de Liga dos Campeões.
O ritmo foi baixo, a chuva não ajudou, e o Chelsea pareceu sempre demasiado confiante - a espaços mesmo displicente. A equipa de Ancelotti aguardou tranquilamente que o golo acabasse por surgir, e quando surgiu, supôs talvez que o FC Porto não iria ser capaz de reagir, e que o jogo estaria resolvido. Ia-se enganando.
Até meio da segunda parte o FC Porto foi Helton e pouco mais. Mas a reacção final mostrou uma equipa forte e segura de si, quase ao nível da que se viu na época passada em Old Trafford. Talvez com aquele onze desde o início, o resultado tivesse sido outro. Mas o empate caseiro do Atlético de Madrid dá sinais claros de que a equipa de Jesualdo é, juntamente com o Chelsea, amplamente favorita para seguir em frente. Uma vitória sobre os madrilenos na próxima jornada, põe o FC Porto com um pé nos oitavos-de-final.
Hoje há um apetitoso Inter-Barcelona, ainda que nesta fase ninguém acredite que qualquer das duas equipas venha a ser eliminada.

A CONTA ESTÁ PRETA

O Sporting está, desde há alguns anos, em situação de falência técnica.
À custa de uma restritiva política de desinvestimento, e de três presenças consecutivas na Liga dos Campeões, o clube de Alvalade vinha contudo a trilhar um caminho de recuperação, ainda que ligeira, apresentando resultados líquidos positivos nos últimos exercícios, atenuando desse modo o dramático panorama do seu balanço.
Nas contas relativas a 2008-09, agora publicadas, tudo cai por terra. Prejuizo de mais de 13 milhões, e futuro muito negro para um clube que vê as suas receitas baixarem em quase todos os parâmetros (patrocínios, bilhetes, TV, merchandising etc). Acresce que no próximo exercício os leões não contarão com os 10 milhões que esperariam da Champions, e que lhes têm permitido manter o ventilador ligado.
Espera-se, é verdade, que o resultado líquido anual do Benfica seja ainda pior. Mas o ponto de partida é totalmente diferente pois o clube da Luz tem uma almofada de capitais próprios que lhe permite um maior conforto patrimonial, além de que dispõe de uma projecção de receitas incomparavelmente superior.
Quanto ao FC Porto, espera-se que continue a mascarar a sua situação com as milionárias vendas que Jorge Mendes vai conseguindo efectuar.

ASSASSINOS !!

Há umas semanas atrás, Witsel (Standard de Liege) provocou uma fractura exposta a Wasilewski (Anderlecht), em lance que arrepiou o mundo. Este domingo, no Restelo, poderia ter acontecido algo semelhante entre Mano e Di Maria.
Witsel viu, naturalmente, cartão vermelho directo, e foi suspenso por um ano, tendo mais tarde a pena sido (mal) reduzida para três meses. A Mano, que nem amarelo levou (e na segunda parte faria quase o mesmo a César Peixoto), não vai acontecer nada - alguma imprensa desportiva ainda lhe enalteceu a combatividade -, estando provavelmente à sua espera um contrato com o FC Porto para uma das próximas épocas.
Já na jornada anterior, Keita (V.Setúbal) tinha cometido idêntica agressão sobre David Luíz, e Duarte Gomes apenas lhe mostrou o cartão amarelo. Começa a perceber-se a estratégia para impedir o Benfica de continuar a sua senda vitoriosa.
A equipa de Jesus é difícil de travar, e o desespero dos adversários é evidente. Caberia aos árbitros evitar esta criminosa caça às pernas dos grandes craques, e não permitir que o futebol se transformasse em taekwondo. Mas, que podemos esperar de quem, na temporada passada, mostrou a Pablo Aimar o dobro dos cartões amarelos que a Bruno Alves?
Resta aos adeptos (do Benfica, e do bom futebol), estarem atentos, e não se esquecerem dos Manos, dos Witsels e dos Keitas deste mundo. Há que os perseguir. Há que baní-los do desporto.

CLASSIFICAÇÃO REAL

Numa jornada em que as vitórias dos três grandes não ofereceram polémica, o destaque maior vai para o Sp.Braga, que venceu na Madeira com um golo ilegal e um penálti inventado por Carlos Xistra.
A equipa bracarense, protegida sabe-se bem por quem, tem sido verdadeiramente levada ao colo neste início de campeonato. Em Alvalade foi-lhe perdoada uma grande penalidade (por mão de Moisés) nos minutos iniciais; em casa, diante do Belenenses, foi-lhe perdoada outra (por mão de João Pereira), esta já nos últimos instantes mas com o resultado em 2-1; agora consegue esta estranha e obtusa vitória, sem que, curiosamente, Carlos Carvalhal reclame tanto como certamente o faria perante outros adversários.
A consequência natural já se imagina: na próxima jornada joga-se um Sp.Braga-FC Porto, e esse será o momento da compensação, perante o inevitável silêncio de Domingos Paciência. Só falta é que seja Paulo Costa a arbitrar.
Embora tentem, de parvos não nos fazem.
Vamos aos jogos dos grandes:

FC PORTO-LEIXÕES
Um penálti mal assinalado não põe naturalmente em causa a vitória do FC Porto. Mas se lhe juntarmos um livre em cima da linha da área portista por marcar logo aos nove minutos (e o correspondente cartão), e tivermos em conta o jogo com o Chelsea, chegaremos à conclusão que Vasco Santos foi amigo, e contribuiu para a importante folga da segunda parte.
Resultado Real: 3-1

BELENENSES-BENFICA
Não existe qualquer ilegalidade nos golos do Benfica.
No segundo, mau grado a alarve tentativa de alguém colocar na transmissão televisiva uma linha, não no local de onde partia a bola, mas no pé de apoio de Saviola, a verdade é que, com a linha correcta percebe-se que Cardozo está claramente em jogo - Rui Santos, que agora também tem a sua classificação real, esteve bem ao desmascarar esta situação, bem mais grave do que a RTP Norte colocar o FC Porto em 2º e o Benfica em 3º na classificação do campeonato.
No quarto golo a bola é cruzada para Aimar, acabando por chegar a Ramires vinda dos pés de um jogador belenense (Beto), pelo que não há lugar a fora-de-jogo.
Os maiores erros de Olegário Benquerença residiram no aspecto disciplinar, permitindo uma inusitada agressividade aos jogadores da casa, sendo implacável para com os do Benfica. Tem sido essa aliás a nota dominante desta e das épocas anteriores – recordo que em 2008-09 Aimar viu seis amarelos e Bruno Alves viu três, o que explica praticamente tudo.
Como é possível que o Benfica tenha terminado este jogo com mais amarelos que o Belenenses? Como é possível que Mano não tenha sido expulso?
Resultado Real: 0-4

SPORTING-P.FERREIRA
Regressava do Restelo e não pude assistir senão aos últimos minutos. Os resumos que entretanto vi mostram uma agressão de Miguel Veloso, ainda na primeira parte, que ficou pelo cartão amarelo.
Acredito que no resto do tempo de jogo a arbitragem não tenha cometido erros de maior.
Resultado Real:1-0

CLASSIFICAÇÃO REAL
BENFICA 12
FC Porto 10
Sporting 8
Sp.Braga 7

IMPARÁVEIS !!!!

O mar vermelho que esta tarde inundou o Restelo não engana. A família benfiquista está com a moral em alta e, diria mesmo, deslumbrada com a qualidade do futebol praticado pela sua equipa.
Já fui ao Restelo muitas vezes, e nunca tinha vista tamanha invasão. Três quartos do estádio pintados de vermelho, apoio incessante, barulho ensurdecedor, euforia no ar. Recordei-me das últimas deslocações da época 2004-05 (Bonfim, Algarve, Bessa…), das romarias benfiquistas, dos estádios cheios, dos festejos à saída. Está criada a onda, e não dá sinais de parar tão cedo.
Dentro do campo a equipa corresponde em pleno. Logo aos seis minutos, um lance genial de Javier Saviola (a fazer lembrar Maradona) provocou a primeira explosão nas bancadas. Pouco depois, o mesmo Saviola ofereceu o golo a Cardozo, mas este, cansado e desinspirado, não cabeceou da melhor forma. Os primeiros vinte minutos do Benfica foram um luxo, e constituíram uma espécie de prolongamento à exibição alcançada diante do V.Setúbal. Depois o Belenenses reagiu, fechou-se, mostrou os dentes (perante a incrível permissividade de Benquerença), e conseguiu equilibrar a contenda, ainda que fosse sempre o Benfica a estar mais perto do 0-2 do que a equipa da casa do empate.
Na segunda parte as coisas só se alteraram com o segundo golo benfiquista. Se até aí os azuis mantinham a esperança de discutir o resultado, e o Benfica, mesmo jogando bem, corria os riscos inerentes a um resultado tangencial, após o golo de Cardozo os três pontos ficaram desde logo entregues. A partir de então assistiu-se a mais um festival benfiquista, com Ramires, Saviola, Luisão e Javi Garcia em grande plano, Fábio Coentrão a entrar bem no jogo (uma vez mais), e o resultado a avolumar-se com naturalidade.
E não carregou o Benfica muito no acelerador. Se o tivesse feito, a goleada ter-se-ia aproximado dos números da anterior, tal a facilidade com que os jogadores encarnados baralhavam as marcações e encontravam espaços para deliciar o público com o seu futebol envolvente e criativo. Quase dá para sentir pena dos adversários…
Se o Vitória de Setúbal era fraco (mesmo tendo sofrido apenas um golo nas duas primeiras jornadas), agora vai provavelmente dizer-se que também o Belenenses está a caminho da segunda divisão. Na próxima semana será a vez do União de Leiria. Só o Leixões é que é bom.
Olegário Benquerença não esteve à altura do espectáculo. Conseguiu, com uma dualidade de critérios impressionante, amarelar dois jogadores do Benfica e apenas um do Belenenses, deixando passar sem admoestação duas entradas verdadeiramente bárbaras de Mano – jogador que me ficou na retina por via das facilidades que proporcionou no jogo com o FC Porto de há alguns meses atrás, e agora me pareceu empenhado em partir as pernas a Di Maria (primeiro) e César Peixoto (depois), mostrando-se assim a caminho de um futuro promissor, seguindo talvez as peugadas de Rolando. Com este tipo de critérios percebe-se também como foi possível que na temporada transacta um jogador como Pablo Aimar tenha visto o dobro (seis) dos cartões amarelos que viu um jogador como Bruno Alves (três), coisa difícil de acreditar em qualquer futebol que não o português, de há muito viciado e adulterado.
Os golos são todos regulares. No segundo Cardozo está em linha, no terceiro a falta é clara e só ficou por mostrar o cartão amarelo, no quarto a bola vem de um adversário. Dúvidas ficaram-me num lance, ainda na primeira parte, ocorrido muito perto do local em que me encontrava, em que Ramires me pareceu empurrado pelas costas dentro da área.

PS: Quem anda a ajudar o Sp.Braga ? Em três das quatro jornadas, foi claramente beneficiado pelas arbitragens. Será que está a ser preparada uma compensação para o próximo fim-de-semana ?

OS MAIORES DO SÉCULO

DOIS GÉNIOS, DOIS CASOS, UM DESTINO

Para além de Carlos Queiroz (e de Madaíl), há um outro grande responsável pela tristonha (perdoem-me o eufemismo) carreira que a Selecção Nacional tem feito nesta fase de qualificação. Chama-se Cristiano Ronaldo.
As prestações do agora jogador do Real Madrid têm sido invariavelmente medíocres, chegando ao ponto de se questionar inclusivamente a sua utilidade entre os convocados. Ronaldo não marcou qualquer golo em toda esta fase, não marca na selecção desde o Euro 2008 - onde, de resto, já se exibiu de forma bastante discreta - e a sua carreira caminha a passos largos para a decadência (penaltis à parte, não marca golos há mais de 4 meses).
Continuo a não perceber como o Real Madrid pagou tanto dinheiro por ele, com tantos jogadores em crescendo (e bem mais baratos) que se vão afirmando pelo mundo fora. Em Junho, aquando do anúncio da sua transferência escrevi o seguinte:
"De há sensivelmente um ano para cá, o madeirense não tem passado de um jogador vulgar, à semelhança de outros 20 ou 30 espalhados pelos campeonatos de Inglaterra, Itália e Espanha (só no Barcelona há uns 3 ou 4). Conquistou o prémio da FIFA pelo que fizera na época anterior (essa sim, de altíssimo nível), mas as suas últimas prestações, há que o dizer, têm ficado longe, muito longe, de um jogador que dizem ser o “melhor do mundo”. E nem falo do que (não) tem feito na selecção, onde desde o Euro 2008 não marca um só golo.Cristiano Ronaldo tem um talento incomum. Tem também condições físico-atléticas de excepção. Estes dois vectores, conjugados com a ambição e a vontade de vencer, poderiam fazer dele um nome para a eternidade do futebol, onde poderia figurar ao lado de Cruyff, de Eusébio ou Di Stéfano. Mas é justamente na ambição e na vontade de vencer que a sua carreira parece estar a esbarrar.As suas milionárias férias americanas são o espelho daquilo em que Ronaldo se está a tornar: uma pop-star, que se comporta como quem já não precisa do futebol para nada. E Madrid não o irá ajudar muito a inflectir um caminho que, uma vez iniciado, raramente tem retorno. Quem sou eu para atirar pedras a um jovem de 24 anos que tem tudo quanto quer e é livre de escolher a forma de vida que mais prazer lhe dá. Enquanto adepto do futebol, lamento todavia que, em vez de procurar entrar para a história como um dos melhores de sempre na sua actividade, em vez se concentrar nesse objectivo e trabalhar arduamente para ele, em vez de recriar e buscar novas metas competitivas, e depois, uma vez terminada a carreira, viver então todos os prazeres do dinheiro ganho, Ronaldo queira desistir já, aos 24 anos, de uma história e de uma carreira que, temo bem, poderá ficar bastante aquém das suas reais possibilidades, e daquilo que nos foi prometendo.À semelhança de Beckham, Ronaldo Lima (“Fenómeno”), Ronaldinho e outros, Cristiano Ronaldo, a prosseguir neste caminho, pode até vir a ganhar muito mais dinheiro, poderá viver rodeado de luxos e opulências o resto da sua vida, mas não creio que volte ao nível que exibiu há dois anos, nem volte a ser “Bola de Ouro” de coisa nenhuma. Ficará provavelmente por saber, como em muitos outros casos, até onde poderia ele ter chegado. É pena."
Daí para cá, as suas exibições, a incapacidade que demonstra em campo para cumprir o seu papel (fazer a diferença), e até a forma como protesta com os árbitros, chegam a ser chocantes. O pior é que - como já havia dito - não creio que este caminho tenha retorno.
Cristiano Ronaldo saberá (ou talvez não) os motivos desta caída a pique, verificada precocemente com apenas 24 anos. A mim, seu outrora admirador, apenas me resta lamentar.

Noutro quadrante, outro génio arrasta-se também pelo futebol, enxovalhando (mais uma vez) o seu divino nome, e a memória dos seus melhores tempos.
Agora como treinador, Diego Maradona – o melhor jogador que alguma vez vi na vida – tem dado sequência a uma carreira catastrófica com a sua Argentina, selecção recheada de intérpretes de excepção como Mascherano, Tevez, Aguero e Messi, e que está em risco de não marcar presença no próximo Mundial, coisa absolutamente inimaginável dada a valia da sua matéria-prima e as características do grupo de qualificação sul-americano.

Maradona não pára de mexer na equipa, e leva três derrotas em quatro jogos, estando neste momento em 5º lugar e fora do espaço do apuramento directo.
Ainda que pense que a Argentina, com ou sem Maradona, se acabe por qualificar (recebe o Peru na próxima e decisiva jornada), o que fica deste período é a total e manifesta falta de habilidade para a função por parte do seu seleccionador, por contraponto com a habilidade fora do comum que tinha para driblar os adversários sobre o relvado.
Mas Maradona para os argentinos não é o mesmo que Maradona para os simples admiradores da sua genialidade. E estará certamente aqui a raiz da sua estranha escolha, num país onde El Pibe está (ainda) sentado ao lado de Deus.
Um erro de casting que, mais do que uma eventual eliminação, pode custar o prematuro terminar de uma carreira de treinador que talvez nunca devesse ter começado.

ESPAÇO PARA A ESPERANÇA

Se após o jogo de Copenhaga todos nos queixámos da falta de sorte e de eficácia, hoje, pelo contrário, a Selecção Nacional arrancou os imprescindíveis três pontos, com empenho, com determinação, mas sem qualquer brilho.
Marcando cedo, Portugal pouco mais fez para sedimentar a sua vitória. Os jogadores lutaram, mostraram vontade de vencer, disputaram a bola com zelo, mas muito pouco futebol saiu dos seus pés. O tempo foi correndo, a Hungria estranhamente não reagia, e a equipa de Queiroz terá julgado que tinha o jogo na mão.
Na fase inicial da segunda parte o rumo do jogo não mudou muito. Só que o resultado tangencial ia, pouco a pouco, enervando o conjunto luso, enquanto, por outro lado, mantinha nos magiares a esperança de através de um lance fortuito poderem alterar o desfecho final. Fiando-se nas fragilidades adversárias, Portugal pôs-se a jeito de uma enorme decepção pois um golo húngaro deitava por terra todas as últimas esperanças de qualificação.
Os minutos finais foram de aflição, com os jogadores portugueses acantonados nas imediações da sua área e a Hungria a conquistar bolas no meio-campo, tentando incessantemente desenvolver lances de ataque como nunca havia feito durante os 80 minutos anteriores. No final salvam-se os três pontos e salva-se a esperança no milagre da qualificação. Se um auto-golo maltês aos 80 minutos do jogo de La Valleta não tivesse dado mais três misericordiosos pontos à Suécia, este teria sido um dia em cheio para as aspirações lusas.
Na verdade, Portugal está hoje ligeiramente mais perto da África do Sul do que estava ontem. Para além de ter ganho o último jogo que lhe restava fora de casa, viu a Dinamarca empatar na Albânia (obrigando-se agora a vencer a Suécia para segurar o primeiro lugar e o apuramento directo), e viu a conjugação de resultados dos restantes grupos garantir a presença no play-off do segundo classificado deste grupo 1, um dado que até esta jornada não era seguro - das nove poules, só disputam o play-off os oito melhores segundos, sendo que a Noruega, no grupo 9, já terminou a sua participação em 2º lugar com menos pontos do que aqueles que Portugal fará caso vença os dois jogos que lhe faltam.

Uma vez que na última jornada todos os três candidatos jogarão em casa contra os adversários teoricamente mais fracos, tudo poderá então ficar decidido já no dia 10 de Outubro (penúltima ronda), quando Portugal receber a Hungria na Luz (lá estarei!) e a Dinamarca receber a Suécia. Há que ganhar, e esperar que os dinamarqueses vençam os seus vizinhos e rivais, para praticamente garantir o play-off. Em caso de empate entre nórdicos, tudo poderá então depender da diferença de golos, prevendo-se nesse caso uma última jornada absolutamente dramática, com Portugal a tentar golear Malta, e a Suécia a tentar o mesmo perante a Albânia. No caso de vitória sueca, a selecção nacional terá, mais que provavelmente, de assistir ao Mundial pela televisão.
Haja esperança. Haja fé.