ENTRADA EM FALSO

Paradoxalmente o Mundial, que pode encher os cofres ao Benfica, pode também vir a ter um peso desportivo tremendamente negativo numa equipa que, antes do Catar, seguia com uma dinâmica ganhadora notável, e, depois, já foi eliminado de uma prova, e agora vê reduzida a vantagem na tabela do campeonato após uma estrepitosa derrota em Braga.
Os próximos jogos dirão com que consequências. Mas a primeira parte da Pedreira não pode deixar de preocupar - pela falta de frescura e dinamismo, e também por algumas prestações individuais medonhas.
Na segunda parte a missão era quase impossível. Viu-se mais garra, mais velocidade, mas pouco esclarecimento e nenhuma eficácia.
Agora há que ganhar já, recuperar física e mentalmente, e voltar a entrar no caminho certo. A equipa já mostrou a sua enorme qualidade, e quero acreditar que o efeito Mundial se tenha esgotado no Minho. 
Qualquer triunfalismo era exagerado. Entrar em depressão quando se lidera com 5 pontos de avanço também não é razoável. 

VEDETA DA BOLA deseja um Feliz Natal a todos os leitores. 

EM EQUIPA QUE GANHA NÃO SE MEXE

O Benfica lidera a Liga com oito pontos de vantagem. Está nos oitavos-de-final da Champions onde vai defrontar o Brugge. Está na Taça de Portugal. Já venceu no Dragão, ganhou duas vezes à Juventus, resistiu com dois empates diante do poderoso PSG de Messi e Mbappé. Não perde há 28 jogos oficiais. Tem sido a melhor equipa em Portugal, e uma revelação na Europa.
Para quê mudar?
Penso que, com o plantel que existe, limpo de algumas gorduras, o Benfica poderá cumprir todos os seus objectivos: ser campeão, ganhar a Taça e chegar longe na Champions. Já mostrou que o pode fazer.
Penso, também, que o mercado de Janeiro é traiçoeiro: quem é bom não está livre, quem está livre algum problema traz. Veja-se Weigl, que rompeu com todos os equilíbrios do balneário (nomeadamente salariais), não teve rendimento, e, mesmo sem culpas próprias, estragou uma época que até estava a correr bem.
Por mim, no imediato, dispensava André Almeida (finito), Brooks (desnecessário), Gil Dias (sem qualidade), Paulo Bernardo (sem espaço), Draxler (caro e sem rendimento) e Rodrigo Pinho (penso que até já terá partido). Concentrava esforços em manter todos os outros, nomeadamente Otamendi, Enzo e Gonçalo Ramos (muito assediados), e partia para o final de época com um grupo curto, jovem, coeso e competitivo, deixando espaço para o eventual aparecimento de um ou outro elemento da Equipa B (João Neves?).

SOBRE O MUNDIAL

As razões pelas quais decidi não fazer qualquer comentário, neste espaço, sobre o Campeonato do Mundo do Catar, infelizmente prevalecem. É fácil esquecê-las. Cabe ao mundo civilizado lembrá-las.
Evitei, ao longo das últimas semanas, deixar-me esmagar pelo totalitarismo comunicacional em redor do evento, do Ronaldo, da selecção e afins. Mas não deixei de torcer pelo sucesso de Portugal, que, também infelizmente, já previa difícil, em virtude das teimosias em manter figuras ultrapassadas no banco e em campo. Entusiasmei-me com a goleada à Suíça. Sofri com a desilusão diante de Marrocos.
Sobre o Catar, lato sensu, não deixarei de estar atento à actualidade informativa. Nomeadamente sobre a eventualidade/probabilidade de os subornos à bela vice-presidente do Parlamento Europeu se estenderem a muito mais figuras daquela e de outras instituições internacionais. Isso não será matéria para este espaço.
Sobre o Mundial em si, tenho de admitir que o futebol ganhou à política. De goleada. E que as polémicas foram sendo esmagadas pelas estrelas, pelos golos, pelo espectáculo.
Com todo o envolvimento negativo em seu redor, dentro do campo houve bons jogos, a culminar numa das melhores finais da história. Houve brilho de estrelas, houve surpresas, drama e tudo aquilo que se pretende de uma competição desportiva.
Uma coisa não tem, obviamente, a ver com a outra. E Messi, como Mbappé (sem dúvida as duas figuras cimeiras deste evento), fizeram o seu papel que é jogar bem, dentro do campo.
A Argentina ganhou justamente, com dois benfiquistas em grande destaque. Sobretudo Enzo que mostrou todo o potencial de vir a ser, em breve, um dos melhores médios do mundo. De resto, o Campeonato correu bem ao Benfica, com Gonçalo Ramos também a valorizar-se elevado a três.
Agora, depois de uma Taça da Liga meio a sério meio a brincar (com umas equipas desfalcadas e outras não), volta o campeonato. E logo em Braga, onde um Benfica, espera-se já completo, tem a missão de desmentir o cepticismo que uma derrota num jogo amigável e uma eliminação sem perder na Taça desta Liga podem ter lançado sobre algumas mentes.

O OLIMPO DOS DEUSES

Mbappé tem a palavra nos próximos anos. Mas, de momento, o pódio da história do futebol parece bem definido: Maradona, Pelé e Messi.
Só depois vem Cruyff, e Di Stéfano, e Eusébio, e Cristiano Ronaldo. E ainda Puskas, Garrincha, Zidane, Platini, Beckenbauer, Bobby Charlton, Best, Ronaldinho, Ronaldo Fenómeno, Gerd Muller, Van Basten, Romário e outros. Os três mais são claramente os da foto.

 

UM DIA TRISTE


Faleceu um Amigo.
Comentador habitual deste blogue. Divulgou-o bastante na sua fase inicial. Grande Benfiquista. Ex cronista do jornal O Benfica. Antigo praticante e apaixonado por Atletismo.
Manuel Arons de Carvalho partiu hoje, e deixa este espaço mais pobre.
Paz à sua Alma. 

ELIMINAÇÃO INJUSTA

Uma competição oficial jogada com algumas equipas oficialmente desfalcadas. Uma eliminação sem qualquer derrota. Um empate depois de desperdiçar uma dezena de claras oportunidades de golo.
Foi isto que se passou. É duro, mas não pode, nem vai, alterar o rumo da história. 

ONZE PARA MOREIRA


O MELHOR DO MUNDO

Vejam bem este vídeo. É Diego Armando Maradona no Mundial 86. Vários jogos. Vários lances. Genialidade total e inigualável. Quem não era nascido pode perceber aqui porque ainda se fala tanto dele.
Maradona não fez a melhor carreira do mundo (essa talvez venha a ser a de Messi). Não foi a melhor pessoa do mundo (nem de perto). Não é o melhor exemplo de profissionalismo, nem de desportivismo (é até um dos piores). Mas foi o mais genial jogador de futebol de todos os tempos. Talvez algum extraterrestre um dia faça isto em campo com uma bola. Até hoje não vi mais ninguém fazê-lo.
Fica a pergunta: o que teria sido este homem sem cocaínas, sem lesões graves e outros problemas que teve, ou arranjou para ele próprio?

EUSÉBIO vs RONALDO

Não costumo alimentar muito esta discussão, até porque respeito bastante estas duas grandes glórias do passado do futebol português, naturalmente com um carinho maior pelo "Pantera Negra" - que jogou quase sempre no meu clube -, enquanto Cristiano Ronaldo fez a sua carreira no estrangeiro.
Um, infelizmente, está morto. Outro, felizmente, está vivo. Mas os números que apresento (fonte: Zero Zero) não vão mudar substancialmente. A não ser que, como Pelé (outro grande nome, neste momento a passar um momento difícil e a quem desejo as melhoras), passem a contabilizar milhares de golos obtidos em amigáveis, em treinos, ou em torneios de futsal amador - nos quais até eu marquei os meus golitos.
A verdade é que, além do recorde de golos em Mundiais (que agora só Gonçalo Ramos poderá bater nos próximos anos), Eusébio foi globalmente mais eficaz, tanto nos clubes, como com as cores de Portugal. A média de golos não mente.
O futebol dos anos sessenta era diferente. Eusébio não emigrou no auge da carreira, enquanto CR7 jogou no melhor Manchester United de sempre, e num dos melhores Reais Madrids, ao lado de outros Bolas de Ouro como Benzema ou Modric. O Benfica era então uma grande equipa, mas não acumulava talentos do mundo inteiro como as actuais multinacionais do futebol.
Cada um fará a comparação que quiser. Para mim, qualquer um deles tem lugar no top dez da história do futebol, onde também estão Maradona, Pelé, Cruyff, Di Stéfano e Messi. A ordem é difícil de estabelecer, pois depende dos critérios que quisermos aplicar. E ainda há Puskas, Zidane, Beckenbauer, Platini, Garrincha etc.

O MEU PLANTEL PARA O RESTO DA ÉPOCA

Porque em equipa que ganha não se mexe, porque tenho receio de perder os equilíbrios de balneário e de tesouraria, porque confio nestes elementos, porque é saudável um plantel curto, porque o mercado de Janeiro raramente traz mais-valias desportivas, porque é preciso dar algum espaço aos jovens, eu não contratava ninguém, e dispensava: André Almeida, Brooks, Gil Dias, Paulo Bernardo, Draxler e Rodrigo Pinho, reduzindo o plantel para 22 elementos + equipa B.
É arriscado? É. Mas se me lembrar da contratação de Weigl, mais arriscado ainda será mexer e errar alvos neste mercado, numa equipa que fez a campanha que fez até aqui, que conseguiu 8 pontos de avanço, e tem boas hipóteses de chegar longe na Champions. 

NÃO HAVIA NECESSIDADE

Mesmo sendo um jogo a feijões, custa perder, estraga a estatística, tira moral, alimenta os jornais e as TVs.
Pergunto eu: se era para simular um jogo competitivo frente a um adversário forte, porque não jogar a maior parte do tempo com o melhor onze possível? Se era apenas para dar ritmo ao plantel, porque não fazê-lo com um Vilafranquense qualquer?
Não aconteceu nem uma coisa, nem outra. Ficou-se no meio da ponte. E assim temos uma derrota antipática, que espero não tenha consequências, mas podia ter sido evitável.


O MEU MERCADO - pensando melhor...

Devo confessar que não tenho sido justo com Gonçalo Ramos. Afinal é um puto, e talvez seja mesmo o homem certo para, no eixo do ataque, levar o Benfica às conquistas.
Em minha defesa digo também que sempre lhe vi bastante futuro. Não lhe via era o presente que agora, de forma esmagadora, nos entra pelos olhos dentro.

 

O MEU MERCADO


Paulo Bernardo naturalmente por empréstimo. André Almeida rescisão amigável. Os outros três, pela melhor solução que se encontrar.
Quanto ao ponta-de-lança, surge com um ponto de interrogação pois tem várias condicionantes. É necessário que seja melhor do que os que cá estão, e que o salário não cause ondas de choque no balneário, como suspeito o de Weigl tenha causado há três anos, com queda a pique do rendimento do grupo.
O mercado de Inverno é muito difícil. É raro haver jogadores de qualidade disponíveis, pois esses não são libertados pelos seus clubes. É também raro que as contratações deste mercado sejam bem sucedidas, bastando lembrar Dyego Souza, Marcel, Derlei, Manduca, Robert, Hermes, Jonathan, Mukhtar, Yannick Djaló, Airton, Eder Luís, Kardec e o próprio Weigl. É preciso, pois, muito cuidado. Se não houver ninguém de qualidade acima de suspeita, mais vale não mexer. Até porque é isso que normalmente se faz em equipa que ganha.