À CONQUISTA DA EUROPA

Enquanto o Caso-Mateus continua a dominar a actualidade desportiva portuguesa, a selecção nacional, menos de dois meses depois da histórica campanha do Mundial da Alemanha, inicia o ataque à fase de qualificação para o Euro-2008.
As retiradas de Figo e Pauleta, conjugadas com as lesões de Miguel, Simão e a inactividade de Maniche e Hugo Viana, obrigaram Scolari a uma remodelação forçada, ainda que cirúrgica, no seu quadro de jogadores.
Foram convocados os médios sportinguistas Carlos Martins, Nani e João Moutinho, o benfiquista Ricardo Rocha e o ex-portista Hugo Almeida - Quaresma, também lesionado falhou mais uma vez a chamada. Dos vinte e três mundialistas mantêm-se: Ricardo, Quim, Paulo Ferreira, Ricardo Carvalho, Fernando Meira, Nuno Valente, Ricardo Costa, Marco Caneira, Costinha, Tiago, Petit, Deco, Cristiano Ronaldo, Nuno Gomes, Boa Morte e Hélder Postiga.
Olhando para esta convocatória parece-me que pouco haverá a contestar. Os elementos cuja ausência no Mundial mais tinta fizeram correr estão presentes (à excepção de Quaresma, que já depois de convocado foi dispensado por fractura de maxilar), e todos os que se podiam manter estão no grupo.
Além destes, poderemos ao longo desta campanha ainda assistir às chamadas de jogadores como Custódio, Tonel, Raul Meireles, Nelson, Abel, Miguelito, Pedro Mendes e, caso recupere, Manuel Fernandes. Estará assim, com mais uma ou outra surpresa que apareça (Manu ? Djaló ? Vaz Tê ? Vieirinha ?) completado um processo de renovação que tem condições para permitir à equipa nacional manter o elevado nível que tem apresentado ao longo da última década. Para já, em termos tácticos, e tendo como dado absolutamente seguro que o figurino se manterá inalterável, o grande problema que se coloca a Felipão é o da escolha de um ponta-de-lança à altura da difícil tarefa de fazer esquecer Pauleta. Nuno Gomes é para já a opção mais credível para finalmente se firmar como titular da equipa das quinas, mas a boa forma de Hugo Almeida (agora no Werder Bremen) ameaça o experiente benfiquista. Postiga parece não passar de uma terceira opção, apesar da simpatia que Scolari nutre por ele.
De qualquer modo, Nuno Gomes tem 30 anos e para o médio prazo há que aquilatar da real evolução da dupla formada nas escolas do Dragão. O futebol português teve ao longo da sua história fases em que a grandes jogadores de meio campo não correspondia uma eficácia goleadora à altura, limitando com isso os resultados a um nível pouco mais que medíocre. Não queremos voltar a esses tempos, mas a verdade é que, enquanto em todas as outras zonas do campo há talentos a emergir, no eixo do ataque as alternativas mais jovens são poucas e ainda de algum modo duvidosas.
Para já temos pela frente um grupo de qualificação bem duro, com várias selecções candidatas ao apuramento. Polónia, Sérvia, Bélgica e Finlândia são adversários respeitáveis, perante os quais Portugal vai ter de demonstrar a sua melhor face se quiser evitar problemas em termos de apuramento. Cazaquistão, Azerbeijão e Arménia são outsiders, mas qualquer deles poderá retirar pontos aos favoritos, sobretudo nos jogos a disputar em sua casa.
Para o primeiro jogo, na Finlândia na próxima quarta-feira, Scolari deverá apresentar uma equipa similar a esta: Ricardo, Paulo Ferreira, Ricardo Carvalho, Fernando Meira, Nuno Valente, Costinha, Petit, Deco, Cristiano Ronaldo, Nuno Gomes e Luís Boa Morte.
Resta pois entrar com o pé direito nesta competição. Uma vitória em Helsínquia pode muito bem ser a alavanca para mais uma qualificação tranquila como ultimamente a selecção nos tem habituado.
Boa sorte !

QUEM É ALECSANDRO ?

De modo a poder satisfazer a curiosidade dos adeptos, em particular dos sportinguistas, acerca da nova contratação do clube de Alvalade, eis o que o nosso amigo brasileiro Marcel Jabbour diz de Alecsandro:

Alecsandro tenta sua primeira aventura pela Europa. No Brasil actuou pelo Noroeste, Vitória, Sport, Ponte Preta até chegar ao Cruzeiro em Setembro de 2005, substituindo Fred, que acabava então de se transferir para o Lyon. Marcou 11 gols em 18 jogos no ano passado. É um atacante muito oportunista, talvez sem muita técnica, mas de grande força física. Particularmente, prefiro Deivid, porém é inegável seu talento para marcar golos.
Apenas a título de curiosidade, Alecsandro é irmão mais velho de Richarlyson, jogador do São Paulo.

CLASSIFICAÇÃO "REAL"

À semelhança da temporada passada, VEDETA DA BOLA vai contabilizar pontualmente, um por um, os erros de arbitragem que favoreçam ou prejudiquem os três candidatos ao título ao longo da Liga.
Recorde-se que são passíveis de alterar a classificação as seguintes ocorrências: golos irregulares, golos mal anulados, penáltis por assinalar e mal assinalados (se convertidos).
Para já, nesta primeira e incompleta ronda, nada de relevante a assinalar:

SPORTING 3
F.C.Porto 3
Benfica n.j.

VEDETA DA JORNADA

NANI : Um golo a abrir a vitória leonina perante o Boavista, e uma justa chamada à selecção A, justificam os holofotes da semana.
É um talento emergente do nosso futebol, que poderá muito bem ser a grande revelação da temporada que agora se inicia.

COM O PÉ ESQUERDO

Numa jornada que tinha agendados dois jogos para Lisboa em dias diferentes, pensei marcar presença em Alvalade no sábado para o Sporting-Boavista, e na Luz ontem para o Benfica-Belenenses, dando assim da melhor forma o pontapé de saída para a Liga 2006-2007. Lamentavelmente não foi possível estar em nenhum dos estádios.
Na Luz não houve jogo pelos tristes motivos que todos conhecem, e sobre os quais honestamente não me apetece alongar muito - gosto de falar e escrever sobre futebol, e não sobre o lixo que por vezes o rodeia.
Pobre futebol.
Por outro lado, em Alvalade jogou-se um Sporting-Boavista de luxo, pelo menos a avaliar pelos preços com que incredulamente me deparei. Quem não era detentor de “GameBox” (nome pomposo este…), nem sócio do Sporting, teria de pagar 40 euros para ver o jogo atrás de uma baliza (mesmo os sócios teriam, no mínimo, de desembolsar 25 euros).
Recordo que na fase final do Mundial da Alemanha e do Euro 2004, havia bilhetes desde 35 euros, e que um sócio do Benfica podia assistir por 10 euros ao jogo com o Manchester United, decisivo para a Liga dos Campeões do ano passado, e um não sócio podia fazê-lo por 25 euros.
Escusado será dizer que o Sporting, para além dos detentores de “GameBox”, vendeu pouco mais de dois mil bilhetes para esta partida
Deste modo, acabando por nem sequer assistir ao jogo pela TV, e uma vez que compromissos vários me impediram de seguir também o F.C.Porto-U.Leiria de sexta-feira, pouco terei para dizer sobre uma jornada que de facto não acompanhei de todo. Não houve surpresas, não houve (a avaliar pelos resumos) casos de arbitragem significativos, e toda a atenção mediática foi desviada para o caso Mateus, que cada vez parece mais pantanoso, e do qual apenas espero não traga consequências àqueles que em nada para ele contribuíram.

TIRO DE PARTIDA

Quando se aproxima o início de mais uma edição da Liga Portuguesa, VEDETA DA BOLA traz-lhe uma breve antevisão daquilo que poderá ser esta competição, designadamente no que à luta pelo título diz respeito.
Embora o Sporting de Braga se vá paulatinamente afirmando no panorama futebolístico nacional, a verdade é que os grandes candidatos ao título são os mesmos de sempre: F.C.Porto, Sporting e Benfica. Assim sendo, esta abordagem incidirá nessas equipas, até por serem aquelas que, graças a uma maior visibilidade, mais se permitem explorar.
Vamos então a isto:

F.C.PORTO

Com um orçamento que representa quase o dobro dos concorrentes directos, o F.C.Porto parte para esta época como campeão em título e com o quadro de jogadores praticamente inalterado. Não fosse a súbita mudança de treinador a duas semanas do início da competição, poder-se-ia dizer que se apresentava com amplo favoritismo para a renovação do título.
Todavia, a substituição de Co Adriaanse por Jesualdo Ferreira merece ser encarada de forma substancialmente diferente do que uma mera mudança de comando técnico. Esta alteração será também, inevitavelmente, uma mudança de conceitos, de princípios e de métodos, com uma amplitude que dificilmente evitará deixar algumas marcas. Um sucessor de Adriaanse, qualquer que ele fosse, nunca poderia constituir uma solução de continuidade, tais as especificidades evidenciadas pelo controverso técnico holandês. Quem, depois de variadíssimas experiências, coloca a equipa a jogar com três defesas e quatro avançados, quem dispensa Jorge Costa, Nuno Valente, César Peixoto, Diego, Hélder Postiga, Hugo Almeida, McCarthy, encosta Vítor Baía e sugere as aquisições de Sonkaya e Sektioui, não é, de todo, fácil de compreender, sobretudo se se torna campeão e vencedor da taça.
A primeira questão que se coloca ao F.C.Porto é pois a de saber até que ponto Jesualdo Ferreira será capaz de impor as suas ideias dispondo de um plantel que foi construído por Adriaanse, e feito a pensar na tipologia de jogo do holandês, nomeadamente se atentarmos ao sector defensivo, onde as opções não são de modo algum equiparáveis à abundância do meio campo para diante. Se essa operacionalização for efectuada com sucesso, teremos um Porto em condições de revalidar o título e de se apresentar em termos internacionais com uma envergadura que Adriaanse não lhe conseguiu dar. Mas o caminho não será fácil.
Não se vê por exemplo como Bosingwa e Marek Cech possam ser capazes de sustentar as faixas laterais sem qualquer alternativa durante toda a temporada, partindo do princípio que será recuperado um sistema com quatro defesas. O centro do ataque entregue exclusivamente a Adriano e Hélder Postiga também não oferece muitas garantias (a menos que Lisandro se afirme como ponta-de-lança) sobretudo em caso de lesões ou castigos - recorde-se que um dos motivos de queixa de Adriaanse foi justamente a sua insistência no compatriota Vanegoor of Hasselink, nunca satisfeita pela direcção portista. Não se vê quem possa emparceirar com Quaresma no flanco de ataque oposto (ou substitui-lo em caso de ausência forçada), nem que modelo possa articular na mesma equipa Lucho Gonzalez, Raul Meireles, Ibson, Anderson, Jorginho e Paulo Assunção (um losango ?). No centro da defesa, com as lesões de João Paulo e Pedro Emanuel, as opções estão reduzidas aos jovens Ricardo Costa, Pepe e Bruno Alves, o que parece manifestamente pouco para quem tem legítimas ambições de ir longe na Champions League, prova que ganhou há pouco mais de dois anos - equipa da qual, diga-se, já não resta um único elemento entre os titulares.
Portanto, um plantel ao qual bastaria um ponta-de-lança para apresentar um notável equilíbrio face à ideologia de Adriaanse, afigura-se-nos, mau grado o valor individual de muitas das suas peças, algo desarticulado se pensarmos nos sistemas de jogo que Jesulado Ferreira (como qualquer treinador “normal”) tem privilegiado na sua carreira, e que têm oscilado entre o 4-3-3 (sobretudo este) e o 4-4-2.
De qualquer modo a qualidade existe, há jogadores a despontar como grandes promessas, caso de Anderson, e outros que são certezas absolutas como as estrelas Quaresma e Lucho, ou Pepe, uma das revelações da época passada. Há também a hipótese, pouco provável, de Jesualdo manter ao longo da época o modelo herdado de Adriaanse (que teve tempo de estudar), e assim procurar traçar uma linha de continuidade capaz de garantir uma maior segurança competitiva.
Para já, o FCP tem motivos de satisfação, pois conquistou o primeiro troféu oficial da época: a Supertaça.
Resumindo temos:

PONTOS FORTES: Grande qualidade individual de alguns jogadores; Juventude e ambição na generalidade do plantel; Auto-estima reforçada com as conquistas do ano passado; Experiência do treinador, grande conhecedor do futebol português; Orçamento capaz de limar as arestas existentes no plantel já ou em Janeiro; Hábitos de vitória bem implantados; Meio campo com múltiplas soluções; Eficácia goleadora de Adriano; Magia de Ricardo Quaresma; Apenas Ricardo Costa e Lucho estiveram no Mundial, e pouco jogaram.
PONTOS FRACOS: Inoportuna substituição técnica; Provável necessidade de ruptura com o modelo anterior; Plantel desenhado por e para Adriaanse; Poucas opções na defesa, quer na zona central quer nas faixas; Falta de alternativa a Quaresma; Saídas de McCarthy e Hugo Almeida não devidamente supridas
ESTRELAS: Helton, Quaresma e Lucho Gonzalez
A SEGUIR COM ATENÇÃO: Anderson
EQUIPA TIPO: Helton, Bosingwa, Pepe, Ricardo Costa, Marek Cech, Paulo Assunção, Lucho Gonzalez, Anderson, Ricardo Quaresma, Adriano e Lisandro Lopez
GRAU DE FAVORITISMO: 35%

SPORTING

Se houvesse campeões na pré-época, o Sporting teria já assegurado o título.
Mantendo a estrutura da temporada anterior completamente inalterada – o mesmo técnico, o mesmo modelo de jogo e os mesmos jogadores -, o Sporting viu ainda nascer mais um conjunto de produtos das suas torrenciais escolas (como Miguel Veloso, Djaló ou Ronny), que garantem ao seu plantel um leque de opções maior e mais versátil que aquele com que conquistaram o segundo lugar e o acesso directo à Liga dos Campeões no último campeonato.


Com um 4-4-2 em losango já devidamente afinado, o Sporting, com uma equipa organizada, talentosa e bastante equilibrada, tem contudo em Liedson a sua unidade determinante, sem a qual todos os méritos encontrados na restante gestão do plantel não passariam de pura fantasia. O “levezinho” é claramente o melhor avançado a jogar em Portugal, e só por si garante a totalidade do caudal de jogo ofensivo dos leões, sendo capaz de pôr em sentido qualquer linha defensiva contrária.
Com Ricardo na baliza, o Sporting tem em Abel, Tonel, Anderson Polga e Marco Caneira, um quarteto defensivo sólido mas sem grandes opções de banco, sobretudo no sector central. No losango de meio-campo, a utilização do criativo quarteto da “cantera” Custódio, Carlos Martins (agora chamado por Scolari), João Moutinho e Nani é uma hipótese, complementada muito bem com as credíveis opções de João Alves, o uruguaio Paredes, o argentino Romagnoli, o chileno Tello e o sueco Farnerud, todos eles internacionais. O ataque será Liedson e mais um, que pode bem ser Djaló, o brasileiro Deivid ou o recém contratado Carlos Bueno. Há ainda o camaronês Douala, que vem de uma época muito apagada e dificilmente encontra o seu espaço no modelo de jogo preconizado por Paulo Bento.
Pode-se pois dizer que o Sporting, sem as indefinições dos seus rivais, com total estabilidade de processos e de meios, é neste momento a equipa que se encontra em melhor posição para enfrentar a Liga.
Resta saber se a juventude e inexperiência internacional da grande parte da equipa (e do treinador) não se fará sentir, nomeadamente na articulação entre a participação na Champions League e as provas nacionais, se Tonel e Polga não se lesionam, se Liedson não se constipa, se Carlos Martins (ou Romagnoli…ou mesmo Moutinho…) não se eclipsa novamente, e se uma maior competitividade no balneário não fará algum sangue ao longo de uma temporada em que alguns elementos poucas vezes terão oportunidade de jogar.
Seja como for, se tivesse de apostar em alguém, fria e objectivamente, escolheria o Sporting como principal favorito à conquista do título que lhe foge há já quatro anos.

PONTOS FORTES: Estabilidade resultante da manutenção de toda a estrutura; Liedson; Equilíbrio do plantel face ao modelo de jogo utilizado; Juventude e ambição da equipa; Grande personalidade do técnico; Modelo de jogo muito bem sistematizado; Meio campo fortíssimo com múltiplas opções; Muito entusiasmo dos adeptos em redor da equipa ; Praticamente imune ao desgaste do Mundial.
PONTOS FRACOS: Faltam opções de banco no centro da defesa; Falta de flanqueadores; Excessiva dependência de Liedson no ataque; Inexperiência de muitos jogadores do plantel; Possível excesso de confiança, se as coisas lhe começarem a correr bem; Eventual maior desgaste com um grupo fortíssimo na Liga dos Campeões.
ESTRELAS: Ricardo, Liedson e João Moutinho
A SEGUIR COM ATENÇÃO: Ronny e Djaló
EQUIPA TIPO: Ricardo, Abel, Tonel, Anderson Polga, Marco Caneira, Custódio, Carlos Martins, João Moutinho, Nani, Liedson e Deivid
GRAU DE FAVORITISMO: 40%

BENFICA

Apresentando-se com um plantel de qualidade em termos individuais – é quem dispõe de mais internacionais A, é a equipa mais experiente e fisicamente mais robusta da liga - o Benfica passa porém por uma fase de alguma indefinição em termos competitivos.
A novela em redor da saída ou não de Simão Sabrosa teve amplas consequências no trabalho da equipa, a começar pela arquitectura inicial do plantel e a terminar na mudança de sistema que Fernando Santos (recém chegado ao clube) foi obrigado a fazer a meio da pré-época, após uma série de maus resultados.
Tendo como certa a saída do capitão, o Benfica libertou Geovanni, impelindo Santos a estruturar um modelo de 4-4-2 em losango (semelhante ao do Sporting), onde não cabiam extremos de raiz (que deixavam assim de existir no plantel), e havia lugar para dois pontas-de-lança, o que levou à insistência em novo empréstimo de Miccoli e precipitou a contratação do mexicano Fonseca, quando já estavam na Luz Nuno Gomes, Mantorras e Marcel.
Os maus resultados – normais num período de adaptação, mas dificilmente digeridos pelos adeptos – e o presumível volte-face no caso Simão (para além da mais que provável saída de Karagounis, elemento crucial para fazer de interior no “quatro” de meio campo), parecem ter levado o técnico a alterar o programa, e a recuperar o 4-2-3-1 que os encarnados utilizavam desde os tempos de José António Camacho. Os resultados na pré-eliminatória da Champions League parecem ter sido o sinal definitivo de que o técnico necessitava para se decidir por que caminho enveredar.
Acontece que, para jogar desta forma, o Benfica necessita de mais um médio defensivo como opção a Petit e Katsouranis (podia ser… Manuel Fernandes), de um ala direito de qualidade para assumir a titularidade (podia ser… Geovanni) tendo, por outro lado, demasiados pontas-de-lança para quem pensa privilegiar a utilização de apenas um de cada vez na maioria dos jogos.
Há pois um desequilíbrio, à primeira vista insanável, de que o técnico é o menor responsável, mas que condiciona, veremos se definitivamente ou não, a expectativa do Benfica para a época que está à porta.


Tal como Jesualdo no F.C.Porto, Fernando Santos também se vê obrigado a uma difícil ginástica táctica para formar um grupo vencedor, o que não sendo impossível, poderá demorar ainda algum tempo, tempo esse já entretanto ganho pelo Sporting de Paulo Bento.
Para já, o Benfica tem para oferecer uma defesa seguríssima (uma das melhores da Europa na temporada passada, e de onde ninguém saiu), uma boa dupla de médios defensivos, um artista que, se a condição física ainda o permitir, será seguramente um dos destaques da liga (Rui Costa), e uma colecção de pontas-de-lança para todos os gostos. Ah… e Simão Sabrosa.
Tem também o mérito de, numa liga onde actuarão mais de duzentos estrangeiros, se ter apresentado na pré-eliminatória da Champions inicialmente com oito portugueses no onze inicial. À semelhança do F.C.Porto (vencedor da Supertaça), também já atingiu um dos objectivos da temporada: estar na elite da prova rainha do futebol europeu.

PONTOS FORTES: É, destacadamente, o plantel com maior número de internacionais A pelos seus países; É o plantel fisicamente mais alto e forte de entre os três grandes; Espinha dorsal constituída por jogadores de larga experiência; Grande identificação com a mística do clube de muitos dos principais jogadores (Luisão, Petit, Rui Costa, Nuno Gomes etc); Sector defensivo muito bem recheado, e quase insuperável quando inspirado; Boa dupla de médios defensivos; Pontas-de-lança em quantidade e razoável qualidade; Rui Costa extremamente motivado, com a camisola do seu coração finalmente vestida; A força da maior massa adepta do país que, se as coisas correrem bem de início, poderá ser determinante.
PONTOS FRACOS: Indecisão provocada pelo caso Simão; Instabilidade generalizada na construção do plantel (além de Simão, também Manuel Fernandes, Karagounis, Miguelito, Marcel, Karyaka etc); Alteração de toda a programação táctica planeada inicialmente; Treinador sem contacto directo com o futebol português nas últimas épocas; Falta de mais um médio defensivo como solução alternativa; Falta de um ala direito de qualidade e experiência; Excesso de pontas-de-lança para o sistema que agora se pretende utilizar; Algumas possíveis feridas de balneário abertas por Koeman e ainda não devidamente saradas; Desgaste acrescido do Mundial, onde teve sete jogadores presentes; Alguns resultados da pré-temporada algo desmotivadores.
ESTRELAS: Luisão, Rui Costa e Simão Sabrosa
A SEGUIR COM ATENÇÃO: Manu
EQUIPA TIPO: Quim, Nelson, Luisão, Anderson, Léo, Petit, Katsouranis, Rui Costa, Miccoli, Nuno Gomes e Simão Sabrosa.
GRAU DE FAVORITISMO: 25%

RESTANTES EQUIPAS
Sem conhecer em profundidade a forma como algumas delas se têm apresentado na pré-temporada, apenas poderei acrescentar que o Sporting de Braga é claramente o quarto melhor plantel da prova, o Boavista parece bastante enfraquecido, tal como Nacional e Vitória de Setúbal. Por outro lado Marítimo, Académica, U.Leiria e Estrela da Amadora poderão ser as surpresas da época.
A forma como o Belenenses reagirá a toda a indefinição jurídica acerca da sua participação poderá ser um obstáculo à sua performance, ainda que tenha excelentes jogadores e um treinador sagaz e experiente.
Aves, Beira-Mar, Paços de Ferreira e Naval, são incógnitas, mas nenhum deles deverá fugir da luta pela despromoção até às últimas jornadas, salvo se Mário Jardel (contratado pelo Beira-Mar) conseguir recuperar o fulgor que fez dele um dos maiores goleadores da Liga Portuguesa há uns anos atrás.

SORTE GRANDE NA LUZ, TERMINAÇÃO EM ALVALADE

O resultado do sorteio do Mónaco não pode deixar de ser visto como francamente positivo para o Benfica, que para além de poder defrontar a equipa de coeficiente mais baixo de entre todas as apuradas (os nórdicos do F.C.Copenhaga), encontra dois clubes britânicos - tradicionalmente favoráveis para o futebol português - um que derrotou na última edição (Manchester United), e outro (Celtic de Glasgow) que, sem anunciar facilidades, não deixa de ser um dos menos fortes do pote 2, de onde podiam ter saído Chelsea ou Bayern de Munique.
É precisamente o Bayern que, juntamente com Inter de Milão e Spartak de Moscovo, se apresenta no caminho do Sporting, que não foi, de todo, feliz nesta roda da sorte, saindo-lhe um grupo pouco menos que inultrapassável.
O F.C.Porto também não tem grandes motivos para sorrir, pois Hamburgo, CSKA de Moscovo e Arsenal estão longe de garantir qualquer espécie de tranquilidade. Ainda assim, um Porto ao seu melhor nível, poderá perfeitamente derrotar alemães e russos.
É claro que tudo isto não passa de teoria, e por vezes perante as maiores dificuldades as equipas agigantam-se, sucedendo também o contrário.
Resta pois desejar sorte a todas as equipas portuguesas envolvidas.

CINCO MIL !

VEDETA DA BOLA está de parabéns.
Foi ultrapassada a marca dos cinco mil leitores, o que para além de constituir motivo de orgulho, representa também uma acrescida responsabilidade.
Mais do que crescer, importa agora sobretudo manter estes cinco mil, que são decerto os melhores leitores do mundo.
Muito obrigado a todos !

ANDA À RODA NO MÓNACO

Ficou ontem completa a lista dos trinta e dois participantes na edição de 2006-2007 da milionária Liga dos Campeões da Uefa.
A única grande surpresa da 3ª pré-eliminatória foi o afastamento do Ajax de Amsterdão aos pés do F.C.Copenhaga, para mais tendo em atenção que os holandeses haviam ganho na Dinamarca por 2-1. Ontem foram escandalosamente derrotados no Arena por 0-2.
Por países, Portugal apresenta-se pela primeira vez com três concorrentes, sendo apenas ultrapassado pela Inglaterra com quatro. Espanha, França, Alemanha e Itália têm também três clubes presentes.
Assim, no sorteio desta tarde figurarão as seguintes equipas:

POTE 1: Barcelona, Milan, Manchester, Arsenal, Inter, Real Madrid, Liverpool e Valência
POTE 2: F.C.Porto, Chelsea, Bayern, Lyon, Roma, PSV, Lille e Celtic
POTE 3: Benfica, Sporting, Bremen, Bordéus, Steaua, Olympiakos, CSKA e AEK
POTE 4: Hamburgo, Anderlecht, D.Kiev, Spartak, Galatasaray, Donetsk, Levski e Copenhaga

Quer isto dizer que, a sorte de hoje poderá ser determinante para as possibilidades de uma boa campanha, sobretudo para Benfica e Sporting, que ficaram à beira do pote 2 sem nele entrar.
Um grupo com Barcelona, Chelsea e Hamburgo, não é bem a mesma coisa, convenhamos, que um que englobe Valência, Lille e Copenhaga por exemplo.
Conforme já disse neste espaço, parece-me que a chave da sorte para os rivais de Lisboa estará na equipa que resultar do pote 2. No último pote, à excepção do Hamburgo, todos parecem mais ou menos ultrapassáveis, enquanto que, pelo contrário, no pote 1 não há muita escolha.
Não podendo sair o F.C.Porto, de entre as restantes sete equipas julgo que PSV, Lille e Celtic serão aquelas que poderão abrir a janela da esperança a Sporting e Benfica. Saindo uma destas e evitando o Hamburgo, o sorteio será sempre muito positivo.
Para o F.C.Porto a vida está mais facilitada, pois beneficia ainda da pontuação do ano em que foi campeão e engloba o segundo naipe de equipas no ranking uefeiro. De entre as cinco equipas do pote 3 que lhe poderão calhar em sorte, penso que o Bremen (de Diego e Hugo Almeida), sobretudo este, é de evitar, tal como o Olympiakos e o CSKA de Moscovo. Steaua de Bucareste seria talvez o adversário mais simpático para os portistas, que todavia deverão encontrar sempre um grupo que proporcione boas hipóteses de apuramento para os oitavos-de-final.

O INFERNO DA LUZ

OUVIU-SE MÚSICA ENQUANTO O MAESTRO ESTEVE EM CAMPO

Uma magistral exibição de Rui Costa foi a nota dominante da partida de ontem na Luz que ditou o apuramento do Benfica para a fase de grupos da mais importante prova de clubes da Europa onde, pela primeira vez na história, Portugal vai colocar três representantes.
Foi a partir do perfumado futebol do regressado maestro que o Benfica – novamente no 4-2-3-1 que exibiu nas últimas temporadas - se desembaraçou de um adversário que já no jogo da primeira mão demonstrara estar bastantes furos abaixo dos encarnados e das exigências de uma competição como a Champions League. É lugar comum dizer-se que uma equipa joga o que a outra deixa jogar, mas se nos lembrarmos dos conjuntos que eliminaram F.C.Porto e Sporting das competições internacionais na época transacta (Artmédia e Halmstad), verificamos como por vezes o que parece fácil se complica. Pois o Benfica não complicou, e esse foi o seu grande mérito nesta eliminatória, que acabou por resolver com toda a tranquilidade e segurança.
Entrando a todo o gás, a equipa da Luz cedo tomou conta do jogo e partiu para uma primeira parte com momentos de grande fulgor a roçar o brilhantismo. Rui Costa a pensar e a organizar o jogo, Nuno Gomes como complemento ideal para o seu futebol de veludo, e a irreverência de Manu a dar profundidade ofensiva, foram os alicerces em que assentou a boa exibição benfiquista neste período.
Aos vinte minutos, corolário do amplo domínio encarnado, Manu e Nuno Gomes construíram a jogada que Rui Costa brilhantemente finalizou. Estava feito o mais difícil.
Se se esperava uma reacção austríaca, a verdade é que ela não surgiu. A toada de jogo diminuiu um pouco, mas o controlo e o domínio da partida permaneceram sempre, em absoluto, na equipa benfiquista.
No último minuto da primeira parte, um corte de cabeça de Katsouranis isolou Nuno Gomes que, com facilidade, bateu o guarda-redes do Áustria pela segunda vez dando, num momento decisivo, o golpe de misericórdia na partida.
Obviamente que, nesta fase da época e com a eliminatória praticamente resolvida, seria de esperar uma segunda parte menos intensa. Ainda assim, foi novamente dos pés de Rui Costa que nasceu o lance do terceiro golo, concretizado por Petit após assistência de Manu. A partir de então, a única dúvida seria saber quantos mais golos o Benfica marcava.
Apesar de um ou outro lance de perigo, o resultado não mais se alterou. A substituição de Rui Costa (com todo o estádio de pé a aplaudi-lo) acabou com o jogo, pois a partir daí o Benfica perdeu a sua principal referência a meio campo, enveredando por um futebol mais atabalhoado, que nem as entradas de Fonseca e Mantorras puderam contrariar. O tempo foi passando, a festa foi-se fazendo nas bancadas, e quando Terje Hauge apitou para o final da partida, as quase sessenta mil pessoas presentes puderam sair com a clara sensação de que, afinal, têm jogadores e equipa para enfrentar a temporada com toda a confiança, algo que há semanas atrás não parecia assim tão líquido.
Agora espera-se que a fada madrinha possa dar uma ajuda no sorteio de amanhã à tarde, no qual o Benfica estará juntamente com o Sporting no pote 3 (o F.C.Porto estará no 2, pelo que teoricamente poderá beneficiar de um grupo mais acessível). Partindo do princípio que as equipas do pote 1 são pouco menos que inultrapassáveis, e as do pote 4 poderão ser as menos difíceis, a chave está em saber quem cairá do pote 2. PSV Eindhoven (de Koeman), Ajax e Celtic de Glasgow parecem, à partida, as mais desejáveis. Veremos se haverá condições para, pelo menos, repetir a prestação da época passada, onde o Benfica só foi derrotado pelo Barcelona (que havia de se sagrar campeão) nos quartos-de-final.

ANÁLISE INDIVIDUAL

QUIM (3) Teve pouquíssimo trabalho, realizando apenas uma defesa de relevo. Uma falha numa intercepção ainda no primeiro tempo não chega para pôr em causa o seu trabalho e a sua merecidíssima titularidade.
NELSON (4) Sendo o elemento do sector defensivo com maior vocação atacante, seria naturalmente de esperar que estivesse em plano de maior evidência numa partida com estas características. “Netcha” não desaproveitou a ocasião fazendo uma primeira parte de muito bom nível. Apagou-se um pouco no período final do jogo, como toda a equipa, mas fica ideia de estar a caminho da forma que fulgurantemente exibiu nos seus primeiros jogos de vermelho vestido.
LUISÃO (3) O Áustria de Viena nunca foi capaz de pôr à prova a linha defensiva do Benfica. Luisão realizou um ou outro bom corte, mas não teve trabalho suficiente para exibir toda a sua reconhecida autoridade e capacidade.
ANDERSON (3) O que se disse para Luisão é absolutamente pertinente para o seu parceiro do lado. No pouco que teve de fazer esteve seguro.
RICARDO ROCHA (3) Certamente motivado pela chamada à selecção de Scolari, o polivalente benfiquista entrou com vontade de evidenciar a sua presença. Sabe-se que não é lateral de raiz, e como tal sente algumas dificuldades sempre que tem de jogar em profundidade. Por esse motivo a sua exibição acabou por não ter a continuidade que os momentos iniciais prometiam, não saindo todavia de um registo positivo.
PETIT (3) Está muito longe da sua melhor forma, o que é perfeitamente natural num jogador que teve pouco mais de uma semana de férias após o Mundial. Mesmo assim acabou por ficar na história da partida marcando o terceiro golo (num lance em que o mais difícil seria mesmo não concretizar). Tentou, em vão, a sua forte meia distância na sequência de livres à entrada da área.
KATSOURANIS (3) Impressiona desde logo pela planta física. É um cabeça-de-área tradicional, jogando curto e valendo-se dum apuradíssimo sentido posicional para cortar linhas de passe e compensar as subidas dos companheiros. O jogo não lhe exigiu muito, acabando por estar também num dos golos (o segundo), através de um cabeceamento que isolou Nuno Gomes.
MANU (4) Uma das unidades de maior e mais constante rendimento. Dotado de uma velocidade estonteante, parece voar dentro do campo tal a leveza com que corre. Se juntarmos a isso um bom domínio de bola e sentido de passe, temos jogador. Manu, que esteve em dois dos golos, foi uma (muito) agradável surpresa na noite de ontem, e a jogar assim não se vê como possa perder a titularidade.
NUNO GOMES (4) Apesar de, tal como Petit, ter também estado no Mundial da Alemanha, Nuno apareceu em grande neste primeiro jogo na Luz, à semelhança aliás do que sucedera em Viena. Voltou a marcar (dois golos em dois jogos, para começar, não é nada mau), cumprindo aquilo que se pede a um ponta-de-lança, mas para além disso soube interpretar muito bem a “música” que brotava dos pés do maestro Rui Costa, complementando-o com constantes tabelinhas e desmarcações. Foi de uma dessas tabelinhas que resultou o golo do “dez” que abriu caminho à vitória.
PAULO JORGE (2) Foi o elemento em menor destaque na frente de ataque e em toda a equipa, mais por infelicidade em dois ou três momentos que podiam ter marcado a sua exibição, do que por falta de vontade de agradar que, diga-se, nunca lhe faltou. Se se concretizar a continuidade de Simão no plantel, poderá sair-lhe a fava, o que representará uma acrescida pressão sobre as costas do ex-boavisteiro, ainda nos seus primeiros passos de águia ao peito. Já mostrou (em Viena) que é capaz de fazer melhor.
BETO (3) É absolutamente incompreensível a forma como os sócios do Benfica o receberam, demonstrando, pelos vistos, não estar satisfeitos com a sua permanência no plantel. O que vale a Beto é a sua capacidade de se alhear da pressão que lhe cai das bancadas e jogar com tranquilidade e segurança, o que mais uma vez fez. Já se sabe que não é nenhum Rui Costa, mas as equipas também necessitam de carregadores de piano. De piano às costas, Beto foi, é, e será elemento de extrema utilidade no plantel encarnado.
FONSECA (2) Esteve pouco tempo em campo, mas o suficiente para verificar que se trata de um jogador com cultura do lugar e com estrutura física para se fazer notar ao longo da época.
MANTORRAS (2) O povo adora-o e, ao contrário de Beto, não precisa de fazer grande coisa para receber constantes ovações das bancadas da Luz. A vida tem destas coisas. Gostei de o ver encostado à linha do lado direito, lugar onde poderá ser mais útil à equipa do que propriamente como ponta de lança (Camacho já o utilizara dessa forma).

Na equipa austríaca só o guarda-redes demonstrou argumentos para disputar uma Liga dos Campeões. O árbitro norueguês (que apitou a última final da prova), esteve irrepreensível.

VEDETA DO JOGO

RUI COSTA (5) Muitos anos passaram desde que vestira pela última vez a camisola do Benfica no estádio que o viu crescer. Ontem o tempo pareceu voltar para trás, tal o requinte da exibição do camisola dez encarnado. Desde cedo demonstrou que dos seus pés continuam a sair autênticas obras de arte, ao que alia um amplo conhecimento do jogo, sentindo-se a sua voz no comando e gestão das movimentações de toda a equipa. Um grande golo, uma assistência fabulosa, passes, dribles, cruzamentos teleguiados e até recuperações de bola foram páginas do brilhante livro que o artista da Damaia abriu ontem na Luz. Depois deste jogo resta apenas a seguinte interrogação: não estará este Benfica demasiado dependente de Rui Costa ?

O TEU LUGAR !


És o quinto classificado no ranking de sempre da Liga dos Campeões !
Essa é a tua taça !
Esse é o teu lugar !
À vitória !

DE REGRESSO !

Ora cá estamos nós !
Após um retemperador período de férias, VEDETA DA BOLA volta hoje ao convívio dos seus leitores, para uma nova temporada que se espera repleta de grandes emoções.
Nesta pausa, algumas coisas dignas de nota ocorreram no futebol português.
O F.C.Porto obteve o primeiro título da temporada, batendo com facilidade um Vitória de Setúbal extremamente frágil, no jogo da Supertaça. Destaque para os brasileiros Anderson e Adriano que prometem muito numa equipa que tem no sector defensivo (agora privado de Pedro Emanuel) o seu “calcanhar de aquíles”.
Já antes deste jogo, o técnico holandês Co Adriaanse apresentara surpreendentemente (ou talvez não…) a demissão, originando uma triste novela em torno da sua substituição.
Adriaanse nunca foi um bem amado quer pelos jogadores, quer pelos adeptos portistas, pelo que a sua partida não terá feito correr muitas lágrimas. De qualquer modo, a “dobradinha” que fez na temporada passada fica como marca indelével da sua passagem por Portugal.
Diga-se que Jesualdo Ferreira parece ser, no momento actual, uma boa escolha, mas também é verdade que na única ocasião em que esteve à frente de um grande (Benfica 2002), os resultados não foram famosos. Não tinha o plantel que o F.C.Porto neste momento tem, mas ainda assim dispôs, nas duas meias épocas que fez, de jogadores como Enke, Moreira, Miguel, Fernando Meira, Ricardo Rocha, Marco Caneira, Tiago, Petit, Zahovic, Maniche, Simão Sabrosa, Drulovic, Roger, Mantorras, Nuno Gomes, Feher e Jankauskas, e nem a qualificação para as competições europeias alcançou, sendo depois eliminado da Taça de Portugal em casa pelo Gondomar (então na 2ª B), jogo que marcou o seu despedimento. Viu-se a diferença que, com o mesmo plantel, José António Camacho veio depois a implementar.
Na Luz continua a instabilidade na definição do plantel, resultado sobretudo do caso Simão, mas também dos (estranhos) casos Miguelito e Karagounis, sem esquecer Manuel Fernandes, que para todos os efeitos ainda é jogador do Benfica.
Com inúmeras condicionantes, o Benfica conseguiu ainda assim em Viena um resultado que o coloca à beirinha de, amanhã na Luz (onde obviamente VEDETA DA BOLA vai marcar presença), carimbar a presença na fase de grupos da Champions League.
A fragilidade denotada pelos austríacos há quinze dias parece ser suficiente para gerar algum optimismo entre o povo encarnado, mas…toda a prudência é pouca.
O caso Simão, diga-se o que se disser, vai perdurar até à meia noite do próximo dia 31, até porque o jogador não está convocado para o jogo de amanhã, deixando assim a possibilidade de transferência em aberto.
Pelas bandas de Alvalade tudo corre sobre rosas, e o clube leonino – em altura de festa centenária – sai desta pré-época como seu claro triunfador (vitórias inequívocas sobre Benfica, Huelva, Corunha e Sevilha). Para já, e levando em linha de conta que é o único a manter toda a estrutura da época anterior, assume-se como o principal candidato ao título. Mas, eloquentes campeões de pré-temporada que se afundaram na competição “à sério”, é o que não falta na história do futebol português…O Benfica que o diga !
Lá para finais desta semana, após esta importante eliminatória europeia, terá neste espaço uma antevisão da Liga Portuguesa, com particular destaque naturalmente, para a pormenorizada análise aos três principais e crónicos candidatos ao título.

ATÉ JÁ !

Chegou a hora de VEDETA DA BOLA ir a banhos.
Dentro de duas semanas terá o seu blogue de volta, bem a tempo da segunda mão da pré-eliminatória da Liga dos Campeões.
Até já !

POR CURIOSIDADE

Uma observação sobre o plantel dos três grandes revela que o Benfica dispõe de 16 internacionais pelas selecções principais dos seus países, o Sporting de 9 e o F.C.Porto de apenas 8.
Surpresa ?

UM ENORME BENFIQUISTA

TRANQUILIDADE PRECISA-SE

O Benfica de Fernando Santos voltou a perder. É a terceira derrota consecutiva nesta pré-temporada, marcada por mais uma exibição pálida e pouco afirmativa.
Tentando ser frio e objectivo, não me parece haver ainda motivos para acrescentar muito ao que disse no texto intitulado "Sem Dramas". O tempo vai passando, é certo, mas é perfeitamente natural que a equipa, com todas as indefinições de plantel que tem tido (às quais Santos, diga-se, é completamente alheio), com alguns importantes jogadores quase sem férias, com alterações de técnico, de modelo de jogo e de sistema táctico, não exiba ainda uma consistência que, com paciência e tranquilidade em seu redor, acredito possa vir a alcançar dentro de algumas semanas.
Fernando Santos diz agora que vai alterar o sistema de jogo. Compreende-se que às portas de uma eliminatória que pode marcar toda a temporada, e perante as dificuldades que o plantel tem revelado em assimilar a nova face táctica, o técnico queira diminuir os riscos, e jogar da forma que, para já, lhe oferece mais garantias de triunfo.
Todavia não me parece que o 4-4-2 deva deixar de ser trabalhado, pois numa perspectiva de médio prazo julgo ser aquele que melhor se enquadra neste plantel (partindo do princípio que Simão sai mesmo), conforme já expliquei em comentário ao post anterior.
O factor físico também não me preocupa. O Benfica tem grandes jogadores e um técnico experiente, a época é muito longa, e por vezes os fracos índices físicos no início acabam por, em crescendo, se transformar em títulos no final - não sou formado em educação física, mas a experiência diz-me que uma coisa tem muitas vezes que ver com a outra.
Seja qual for o sistema, o que julgo ser mais importante é os sócios do clube não se deixarem embarcar pela onda de instabilidade que a comunicação social está a começar a criar.
Há que dar tempo a esta equipa, e até agora não se perdeu absolutamente nada.