VERMELHO VIVO

A festa foi bonita. O 33º título de campeão nacional já consta do nosso palmarés, não havendo quem conteste a justiça do triunfo. O Campeonato Nacional foi sempre definido, e bem, como o principal objectivo da temporada. Por diferentes motivos, escapara-se-nos das mãos nas derradeiras curvas das duas épocas anteriores – na última das quais de forma particularmente dolorosa. Agora, somos Campeões. Por mérito próprio, com larga vantagem sobre a concorrência, e apesar de uma inusitada praga de lesões que foi afligindo o plantel do início ao fim da prova. Após três anos, o futebol fez justiça aquela que é, e tem sido, a melhor equipa portuguesa, pelo menos desde 2011. Nestes momentos, é oportuno identificar os principais obreiros da conquista. À cabeça de todos, há que destacar o Presidente Luís Filipe Vieira. A aposta na estabilidade, na ressaca de um mês de sucessivas e traumáticas derrotas, revela a capacidade de liderança daqueles que sabem ver para além da espuma dos dias. O nosso Presidente resistiu a todas as pressões, não cedendo um milímetro nas convicções que tinha acerca daquilo que entendia ser o melhor para o Clube. Saudei a sua decisão na altura. Já então me parecia ser a mais ajustada, após uma temporada que, mesmo carregada de tristeza, nos havia permitido sonhar tão alto. Será muito difícil vencer a Liga Europa. É certamente um sonho, até um objectivo, mas jamais poderá ser uma exigência. Entalada entre os jogos com a Juventus, encaro a meia-final da Taça da Liga com desejos de vitória (até pelo nome do adversário…), mas também com expectativas moderadas. Há porém um troféu que entendo não poder escapar-nos novamente: a Taça de Portugal. Só uma vitória no Jamor poderá enterrar definitivamente os fantasmas de há um ano atrás. Anseio por quatro troféus, e pela melhor época de sempre do Glorioso. Mas, enquanto sócio e adepto, apenas exijo a estes fantásticos jogadores uma vitória sobre o Rio Ave, e o erguer da taça que Eusébio e Coluna tantas vezes conquistaram.

ACENDA-SE A LUZ

Domingo de Páscoa pode trazer-nos a amêndoa mais desejada da temporada desportiva. Há já várias semanas que se anuncia. Mas agora sim. Agora o título está por perto, à distância de uma simples vitória, em nossa casa, perante o último classificado. Domingo pode, pois, ser o dia D. O dia da festa, mas também o dia que nos irá ressarcir do doloroso sofrimento vivido na época transacta, quando, estupidamente, nos vimos afastados da consagração que a nossa equipa já então fazia por merecer. Passou-se quase um ano. Estamos novamente a um pequeno passo do título nacional, e voltamos a viver um bonito sonho europeu. Aí, fora de portas, as coisas não são tão simples. Pela frente estará uma das melhores equipas do mundo da actualidade. Não temos a sorte de outros, que partilham finais europeias com Mónacos, Celtics ou Bragas – adversários contra os quais as finais são, efectivamente, para ganhar. Frente à “Vecchia Signora”, não somos favoritos. Porém, esperamos um Benfica confiante nas suas potencialidades, humilde mas não reverente, e entusiasta perante nova possibilidade de chegar aos céus. Eu acredito! Acreditemos todos! Independentemente do desfecho final, a nossa equipa de Juniores merece, também ela, destaque maior. Ser vice-campeão europeu não é para qualquer um. Ultrapassar Paris Saint-Germain, Manchester City e Real Madrid, também não. Aliás, é importante lembrar que o nosso futebol de formação comanda todos os campeonatos nacionais que disputa. O sucesso da formação já não é um monopólio dos nossos vizinhos e rivais. Tê-lo-á sido, no passado. Mas estou convicto que o futuro próximo virá pintado a vermelho e branco. Uma palavra final para o Hóquei em Patins, e a extraordinária remontada conseguida perante os espanhóis do Réus. Nova “Final-Four” atingida, e, quem sabe, a repetição de um grandioso triunfo internacional. Tudo é possível. Tanta coisa a aquecer-nos a alma benfiquista. Tantos pratos sobre a mesa. Comecemos já neste domingo. Luz para o título. Luz para a festa.

RUMO À GLÓRIA

Duas vitórias, seis pontos. É o que necessitamos para garantir o título. Parece pouco. Pode até ser pouco. Mas ainda falta esse “pouco” para soltarmos foguetes, e fazermos a tão desejada festa. O calendário é favorável? E que dizer da época passada, quando bastava vencer, na Luz, as duas equipas que haviam subido à 1ª Liga? Não é fácil lembrar, mas não podemos esquecer. Digamos que um Benfica à imagem daquele que temos visto nos últimos três meses (inspirado por Eusébio e Coluna), chegará, e sobrará, para ultrapassar os obstáculos que ainda tem por diante, alcançando com segurança o principal desiderato da temporada. Mas esse Benfica tem de se manter vigilante, tem de jogar, e tem de ganhar, sabendo que do outro lado estão conjuntos necessitados de pontos, e sabendo que um eventual percalço pode fazer ressuscitar velhos fantasmas - enervando os nossos, e estimulando rivais. Que temos a melhor equipa portuguesa, ninguém ousa negar. Aliás, já a tínhamos em 2011-12, e em 2012-13. Dos últimos sessenta jogos a contar para o Campeonato Nacional, apenas perdemos dois. Em toda a era Jorge Jesus, só em 2010-11 não fomos os melhores. Agora, além de melhores, temos de ser também primeiros. Temos de nos manter primeiros. No momento em que escrevo, desconheço o desfecho da eliminatória europeia. Hoje mesmo, será dia de sorteio. De uma, e de outro, dependerão as aspirações que ainda podemos ter fora de portas. Na quarta-feira joga-se a Taça – que nos foge desde 2004. Espera-se um Benfica à Benfica, capaz de ultrapassar um adversário revitalizado, e um resultado negativo trazido da 1ª mão. Estamos em dívida para com a Taça de Portugal. Precisamos de ir novamente ao Jamor, desta vez para empurrar a fatalidade, e trazer o troféu. E ainda há a Taça da Liga. Muita coisa está, pois, sobre a mesa. A época está longe de terminar. Queremos fazer mais onze jogos. Todos os jogos. Todas as finais. E ganhá-las. O grande Benfica que temos no presente, merece a glória que já teve no passado. E vai tê-la.

COMPETÊNCIA À PROVA DE TÍTULOS

Quando, em Maio do ano passado, contrariando opiniões oriundas dos mais diversos quadrantes internos e externos, bem ou mal intencionadas, Luís Filipe Vieira decidiu, convictamente, renovar contrato com o treinador Jorge Jesus, afirmou também que pretendia uma temporada igual à anterior, mudando apenas o desfecho final. É verdade que ainda não ganhámos nada. Mas estamos em pleno mês de Abril, e podemos já dizer que, independentemente do desfecho das várias competições que disputamos, a época 2013-14 está, de facto, a ser muito semelhante à anterior. Semelhante na força competitiva da equipa, semelhante na qualidade de futebol apresentado, semelhante nas esperanças que nos vai abrindo no horizonte. Estamos destacados na liderança da classificação, mantemo-nos firmes em todas as provas, sonhamos vencer tudo, ou quase tudo. Falta, “apenas”, o final diferente. É preciso dizer que, com Jorge Jesus ao leme, o Benfica realizou as melhores cinco temporadas das últimas décadas. Não se trata de uma opinião. São factos, que podemos comprovar olhando para a pontuação dos vários campeonatos desde o início dos anos noventa. Sem interferências externas em 2012, e com um pouco mais de sorte em 2013, estaríamos agora a bater-nos pelo “Tri”. O que, diga-se, faria justiça a todo um trabalho que começa nas condições criadas pela administração, acaba no valor e empenho dos jogadores, mas passa, também, pela indiscutível competência de um técnico nem sempre bem entendido por todos. Importa ainda lembrar que, em 2009, ocupávamos um discreto 23º lugar no ranking da UEFA, e neste momento estamos numa brilhante 6ª posição, apenas superados por Barcelona, Bayern, Real Madrid, Chelsea e Man.United. Nestas cinco temporadas chegámos sempre, pelo menos, aos quartos-de-final de uma prova europeia – sequência inédita na história internacional do clube Há momentos em que é fácil decidir. No rescaldo da dramática primavera de 2013 não o era. E é nas horas difíceis que se encontram os verdadeiros líderes.

A VOZ DA SERPENTE

“Águia voa para o título”, “Perto do Céu”, “Festa Rija”, “Campeão à vista”. Estes são alguns dos cabeçalhos que pudemos ler em diários desportivos nos últimos tempos. Paralelamente, nas televisões, comentadores mais ou menos isentos atribuem o Campeonato ao Benfica como se a respectiva conquista se tratasse de uma mera formalidade. A tal ponto que a partida entre Sporting e FC Porto foi abordada por muitos como uma simples luta pela segunda posição. Isto passa-se há já várias semanas. Porém, se o Benfica não tivesse ganho os jogos que entretanto foi disputando, nesta altura já nem sequer estaria no primeiro lugar da tabela classificativa. Provavelmente, era essa a intenção de tão vistoso foguetório. Não nos deixemos iludir. Juntamente com uma campanha de pressão, condicionamento e coacção de árbitros, existe uma outra que visa o adormecimento da nossa equipa. Sem ponta de inocência, os nossos adversários tentam, de uma penada, alimentar o deslumbramento da família benfiquista, e criar condições para, ao mais pequeno deslize, derramarem sobre nós o ónus desse mesmo deslumbramento – à semelhança do que fizeram na época passada, a propósito dos festejos de uma simples vitória no Funchal. Faltam seis jornadas para terminar o Campeonato Nacional, e, caso cheguemos às Finais de todas as provas em que estamos inseridos, faltarão ainda quinze jogos para concluir a temporada futebolística. Muitos jogos. Muitas dificuldades. Muitos perigos. Demasiados perigos! Em Maio do ano passado faltavam apenas três partidas para erguer três troféus. Sabemos o que aconteceu. Ninguém nos convencerá agora que, com quinze longas e duras batalhas pela frente, poderemos baixar as guardas e dar o sucesso por adquirido. Não! Ainda não ganhámos nada! E se pensarmos o contrário, corremos sérios riscos de repetir dramas passados, satisfazendo a ânsia dos rivais. A “guerra” trava-se jogo a jogo, e só no fim se fazem as contas. Até que a matemática dite leis, a mínima dose de triunfalismo poderá ser fatal.

OS BONS DA FITA

Nem um golo que ninguém viu, nem um penálti teatralizado por Capel (ambos no jogo de Setúbal), impediram as hostes sportinguistas de passar uma semana inteira a coagir os árbitros, vitimando-se até à náusea, numa prática que tem sido imagem de marca do clube de Alvalade. O folclore é habitual, mas já era tempo de todos os agentes (sobretudo árbitros, mas, também, comunicação social) o reconhecerem, reduzindo-o à sua real insignificância. Infelizmente, não só um corrupio de comentadores logo se dispôs a assegurar que sim – que o Sporting tem sido “o mais prejudicado” -, como as arbitragens da jornada seguinte vieram confirmar o velho ditado popular segundo o qual: “quem não chora, não mama”. Eis que o clube do luto, dos comunicados, dos movimentos “basta”, das montras de talho partidas, e dos depósitos na conta bancária de fiscais-de-linha, ganha com um golo irregular, vê um penálti por assinalar na sua área, e assiste à expulsão injusta de um jogador adversário - tudo compondo uma espécie de evangelho segundo Proença. No outro campo onde se jogava para o título, um árbitro que entretanto viu ameaçados os seus bens e a sua família, tendo sido ferozmente acusado de “benfiquismo” pelo próprio presidente do Sporting, rapidamente se apressou a demonstrar uma estranha “isenção”, assinalando um penálti inexistente aos cinco minutos de jogo, e poupando a expulsão de um jogador madeirense pouco tempo depois. Não sei como vai a contabilidade de Bruno Carvalho quanto a pontos ganhos e perdidos. Assim de repente, recordo-me do empate no “dérbi” da primeira volta com um golo em fora-de-jogo de Montero, e um penálti por marcar sobre Cardozo; de golos irregulares em Coimbra e em Olhão; de um penálti fora …do campo, contra o Belenenses; de outros penáltis inexistentes em Alvalade, contra V.Setúbal e Marítimo; para além dos já mencionados benefícios das duas últimas jornadas. Quantos pontos aqui vão? …é fazer as contas. Será que, perante tudo isto, não podemos também nós dizer “basta”?