À BEIRA DO PARAÍSO

Na verdade, não só os resultados da jornada significaram um verdadeiro "Jackpot" para as pretensões encarnadas, como a exibição dos comandados de Jesus foi, durante 75 minutos, provavelmente a melhor e a mais conseguida de toda a temporada, bem ao nível do que de mais brilhante o Benfica fez em 2009-2010.
Durante esse período o Lyon foi vulgarizado, ante um futebol rápido, incisivo e eficaz, que foi elevando, com naturalidade, o resultado para números que, a dada altura, pareciam capazes de fazer a Europa do futebol abrir a boca de espanto. Era de uma goleada que se tratava, com um exuberante 4-0 a ameaçar tornar-se ainda mais pesado para os homens de Claude Puel - que já via os adeptos do seu clube a exibir uma tarja pedindo a sua demissão.
Para o Benfica tudo corria pelo melhor. A vitória estava assegurada, o estádio em apoteose, e o adversário rendido, restando esperar que o Schalke não se lembrasse entretanto de fazer um golo em Israel – o que, de facto, não iria chegar a acontecer.
Com um mar de rosas diante do seu nariz, Jorge Jesus terá então pensado (e bem) que era altura de poupar esforços, e preparar o importante jogo de domingo. Saíram Saviola, Kardec e Carlos Martins, e a componente ofensiva da equipa ficou entregue a Felipe Menezes, Jara, Weldon, César Peixoto e Sálvio, nenhum deles habitual titular, alguns deles sem qualquer ritmo competitivo. Entende-se a ideia, o único problema foi que o Lyon, puxando dos galões de grande equipa europeia, continuou a jogar.
Desconcentrações sucessivas, perdas de bola, passes errados, e faltas desnecessárias, foram oferecendo aos franceses a oportunidade para reduzir os danos, e evitar a humilhação. A cinco minutos do fim o placar assinalava ainda assim um pomposo 4-1, que espelhava, com nitidez, o que se havia passado no campo. Dois golos mais haviam, porém, de descaracterizar os números da partida, irritando a plateia, e retirando brilho à noite de gala que se vivera até então.

O que ganhou o Benfica nesta jornada de campeões? Muitíssimo! Desde logo os pontos, o dinheiro, e o resgate de uma boa posição classificativa com vista aos oitavos-de-final.
O que perdeu com aqueles três golos? Em termos de Liga dos Campeões, pouco (apenas uma hipótese de poder vencer o Schalke por 2-0 na última ronda, e, em eventual igualdade pontual, beneficiar da vantagem nos golos – enquanto agora, nesse hipotético caso, teria de ganhar por 3-0). Mas em vésperas de um jogo decisivo diante do FC Porto, uma goleada europeia seria um forte e precioso estímulo, ao passo que aquele último quarto-de-hora (em que até Roberto voltou aos erros) não deixará de limitar o entusiasmo, e danificar os níveis de confiança individuais e colectivos.
De qualquer modo, seria tremendamente injusto olhar para a noite do Benfica a partir desses últimos minutos. Afinal de contas, enquanto a equipa esteve verdadeiramente em campo, enquanto pôs os olhos no jogo e no adversário que tinha por diante, foi capaz de empolgar, foi capaz de seduzir, foi capaz de golear. É esse, e não outro, o Benfica que vai tentar ganhar no Dragão, e que vai lutar até ao fim pelo apuramento na Champions League. É esse, pois, que merece o aplauso e a admiração dos adeptos.
Quem merece, igualmente, admiração e aplausos é Carlos Martins. Terá realizado uma das melhores exibições da sua carreira, à qual só faltou um golo. Quatro assistências, vários passes de ruptura, muitas recuperações de bola, e todo um manancial de arte para mais tarde recordar, elevam-no claramente a homem do jogo.
Também Fábio Coentrão merece destaque, não só pelos golos, mas também por uma exibição ao nível das que têm colocado o seu nome nas mais requintadas prateleiras dos mercados internacionais.
Uma palavra ainda para César Peixoto, que não é um craque (nada a ver com os dois anteriormente citados), mas também não é tão mau jogador como muitos benfiquistas o pintam. Nesta partida, exceptuando um remate incrivelmente falhado, esteve globalmente bem, procurando jogar simples, fechando o corredor, e dando indicações de que, em determinadas situações, tem também a sua utilidade.
Não dei por qualquer erro grave do árbitro. No entanto, não vi ainda qualquer lance na televisão.
Com seis pontos alcançados, e dois jogos “ganháveis” para disputar, o Benfica tem nas suas mãos o apuramento para os oitavos-de-final. Um Benfica ao nível dos primeiros 75 minutos desta partida será mais do que suficiente para o conseguir.
9 comentários:
Só tenho um comentário de a este jogo: "1 hora de boa arbitragem é suficiente para darmos 4-0 ao lyon, depois desapareceram as faltas a favor do Benfica.".
Benfica sempre.
Ao contrário meu caro. Apesar de não ter gostado nem um pouco dos 3 golos sofridos e da agonia do final, defendo que esses 3 golos podem ser o que o Benfica precisa para descer à terra. E sinceramente, quero no antro da corrupção um Benfica humilde.
Não quero um Benfica a entrar convencido como entrou para esta época. Este jogo tem o mesmo carácter do jogo da supertaça.
Sim, esse em que o Benfica entrou como super-favorito, convencido e arrogante, a quem depois pesaram as pernas por ter a cabeça demasiado inchada. Esse jogo teve consequências nefastas para o início de temporada como se vê. Quero uma postura diferente.
Já agora vê a minha análise em:
1-0 basta.
Há que louvar os méritos de Jesus.
Só tenho um comentário de a este jogo: "1 hora de boa arbitragem é suficiente para darmos 4-0 ao lyon, depois desapareceram as faltas a favor do Benfica.".
Respondendo aos erros de arbitragem que não viste: O segundo golo (canto) é precedido de fora de jogo (Maxi teve de mandar para canto); dualidade na marcação de faltas, nos último quarto de hora parecia que não havia faltas para o Benfica e tudo o que os jogadores do Benfica faziam era falta (terceiro golo não houve falta de Javi, faltas sobre Javi, Jara, Peixoto e Menezes por assinalar nestes últimos minutos); vermelho por mostrar ao m.bastos por agressão (sobre Menezes); dualidade disciplinar (amarelo ao Saviola ridículo comparado ao amarelo-alaranjado ao diahkete, falta por trás cortando contra-ataque com o Kardec com bola controlada e sendo o ultimo homem)
Benfica sempre.
Caro LF
Eu infelizmente não pude ir ao estádio e vi na TV,de facto o arbitro não teve erros muito graves mas houve dois pormenores que mudaram os "numeros" desta vitória incontestavel do Benfica: no lance do 2º golo do Lyon o canto que dá esse golo não deveria ter sido assinalado já que na jogada que dá esse canto existem 3 jogadores do Lyon em off side que o arbitro auxiliar não assinala,e mais incrivel ainda no terceiro golo dos franceses ele permite já depois de esgotados os 4 minutos que se marque um pontapé de baliza e ainda um livre contra nós que dá o terceiro golo...agora tira as tuas conclusões é obvio que tiramos o pé a pensar no jogo das antas mas temos de analisar bem as coisas foi 4-3 mas nunca estivemos com o "credo na boca"...
Frangos Roberto .. 24 horas aberto.
Concordo plenamente. Os últimos minutos não foram brilhantes, mas os outros 75 foram à Campeão! Uma noite gloriosa na Luz...e espera-se que se estenda até ao Estádio do Dragão. Acredito na vitória do Benfica e ontem eles mostraram que a equipa de 2009 está de volta.
Depois da nomeação do Proença para o jogo com o Porto já não tenho tantas certezas na nossa vitória!!!
Neuza,
Mesmo assim, entre este e o Jorge Sousa (a aposta de muita gente), do mal o menos.
Mas não me esqueço do "penálti" do Yebda sobre o Lisandro, que na altura nos impediu de chegar ao 1º lugar.
LF, entre um e outro que venha o diabo e escolha... um reavivar de memória para alguns benfiquistas (para os outros, a memória selectiva impede-os de vislumbrar seja o que for):
http://www.youtube.com/watch?v=mP1FCaGbGF0
Enviar um comentário