QUO VADIS SPORTING !

Precocemente afastado de todas as provas europeias, contando quatro empates nas últimas cinco jornadas da liga e com alguns dos seus mais representativos jogadores envolvidos em problemas fora dos relvados, o Sporting caminha a passos largos para mais uma decepcionante temporada.
Se na Taça de Portugal a equipa de Paulo Bento mantém intactas todas as suas esperanças – não tendo todavia ainda defrontado uma única equipa do primeiro escalão -, na principal prova nacional, o empate caseiro de ontem frente ao "lanterna vermelha" Desportivo das Aves poderá muito bem significar o adeus ao título pela quinta época consecutiva. A menos que o F.C.Porto escorregue amanhã em Aveiro, não se vislumbra como os leões possam recuperar uma diferença de sete pontos com o duríssimo calendário que têm de enfrentar – recordemos que nas onze jornadas que faltam terão ainda de se deslocar à Luz, ao Dragão, a Braga, a Leiria e a Coimbra.
Ontem, com uma atitude competitiva displicente e incompreensível em quem já nem sequer tem de se preocupar com o calendário europeu, o Sporting ficou a dever a si próprio dois importantes pontos. A maior oportunidade de todo o jogo até terá pertencido aos visitantes, a qual, a concretizar-se, ainda adensaria mais o escândalo.
As palavras do presidente Soares Franco no final da partida são pertinentes – designadamente nos reparos que fez aos adeptos -, mas pecam ao não reconhecer que terão sido também os próprios responsáveis do Sporting a elevar demasiado a fasquia a uma equipa jovem e imatura, orientada por um técnico personalizado mas também ele inexperiente.
Na realidade este Sporting tem dois grandes jogadores (Liedson e João Moutinho), alguns bons jogadores (onde se incluem esperanças por confirmar, como Nani ou Veloso, e promessas eternamente adiadas como Martins), e demasiados jogadores banais. À excepção do levezinho e do jovem algarvio, a instabilidade de rendimento é a nota dominante, muitas das vezes originada fundamentalmente por problemas emocionais castradores de uma atitude competitiva aceitável - casos de Carlos Martins e Nani.
As aquisições para esta temporada representaram um fiasco total. Um medíocre Farnerud, um veterano e desmotivado Paredes, um inoperante Alecsandro e um episódico Bueno não foram de todo os reforços que os sportinguistas certamente esperariam. Jovens como Ronny, Yannick ou Pereirinha estão ainda muito longe de poder responder às necessidades de um candidato ao título, e que inclusivé se apresentou, há meses atrás, com algumas ambições europeias. A isto acresce a manifesta má forma de jogadores que na temporada passada se exibiram com uma consistência incomparavelmente maior - estou-me a lembrar por exemplo de Custódio, Abel, Tonel ou Caneira.
Para além dos jogadores, está ainda por provar a competência de Paulo Bento enquanto técnico de uma equipa de topo. O treinador do Sporting tem uma personalidade forte, um discurso disciplinador, e isso pode ter levado a disfarçar deficiências ao nível da leitura de jogo e, sobretudo, em termos de planificação da época. Tal como alguns dos seus orientados, a experiência limar-lhe-á muitas dessas limitações, mas no momento actual talvez o Sporting necessitasse menos de um treinador de futuro e mais de um técnico tarimbado, com passado e com curriculo.
Tudo isto tem contribuído para que o Sporting, partindo da importantíssima vantagem de - ao contrário dos seus adversários directos - ter mantido toda a sua estrutura da temporada passada, tenha desbaratado esse “património”, encontrando-se agora no limiar de mais um desfilar de frustrações e traumas antigos. Resta aos leões uma hecatombe de Porto e Benfica, envolvidos até ao pescoço nas competições internacionais, ou então contentar-se com uma Taça que ainda assim mantém em prova Braga, Belenenses e Boavista. Há também o segundo lugar e o acesso directo à Champions – mesmo que o Benfica ganhe ao Paços não ficará a uma distância inultrapassável, sobretudo, insisto, caso a sua aposta uefeira se vá sedimentando cada vez mais.
Mas para além desta temporada há uma questão de filosofia que o Sporting tem de debater e para a qual tem de encontrar um caminho: Quererão os adeptos do Sporting que este seja um clube eminentemente formador, com vários jovens na sua equipa principal, mas apenas episodicamente vencedor, à semelhança por exemplo de um Auxerre ? Ou pretendem disputar títulos época a época no mesmo patamar competitivo de F.C.Porto e Benfica ? É que cada vez mais me vou convencendo que uma e outra coisa são incompatíveis, e que ao manter este equívoco os leões apenas vão perdendo tempo e oportunidades.

6 comentários:

Rakal D'Addio disse...

Quem conseguiu vender o Ronny para o Sporting deveria receber o prêmio de enganador do ano.

Anónimo disse...

Julgo que não foi muito caro. Veio para Portugal ainda junior.

Mas agora, cada jovem que sai da academia do Sporting é logo apontado como uma estrela. Na verdade não é bem assim...

Anónimo disse...

vamos lá é a ver quem é que ganha alguma coisa esta época...

LF disse...

O Sporting tem a taça na mão.
Ms tenho esperança que o Benfica ainda faça um brilharetezinho...

cj disse...

só se for na uefa, tenho cá a impressão que é capaz de ser mais fácil.

LF disse...

hummm.
Ainda assim acho o campeonato mais fácil.
É preciso é o Porto dar umas abébiazitas...