MAIS UM CÁLICE DE PORTO EUROPEU
O F.C.Porto fez ontem aquilo que dele se esperava, e aquilo a que tem habituado os seus adeptos. No momento decisivo, gritou presente, e definiu com toda a naturalidade a sua qualificação para os oitavos-de-final da Champions League, alcançando ainda o importantíssimo primeiro lugar do grupo, o que lhe irá permitir evitar alguns “tubarões” no sorteio do próximo dia 21.
Logo no início da partida a equipa de Jesualdo Ferreira deu indicações claras de que queria resolver as coisas cedo, instalando-se no meio-campo contrário, subindo as suas linhas, e não permitindo grandes veleidades ofensivas aos turcos. O experiente guarda-redes Rustu (ex-Barcelona) foi então adiando o golo portista, brilhando a grande altura com intervenções de elevadíssimo nível. Lisandro até marcou um golo limpo, que todavia o árbitro assistente, erradamente, invalidou. Sensivelmente a meio da primeira parte o Besiktas reagiu um pouco, procurou adormecer o futebol portista, e ameaçou aqui e ali, de forma ténue, a baliza de Helton. Quando estávamos já muito próximo do intervalo, e na sequência de uma nova fase de alguma pressão portista, num lance esquisito, o Porto colocou-se em vantagem. Toda a defesa do Besiktas (guarda-redes incluído) parou à espera de um fora-de-jogo que não existia, e Lucho não se fez rogado atirando para o fundo da baliza turca. Paradoxalmente, depois de algumas oportunidades flagrantes, era assim num lance bastante estranho que o Porto chegava ao golo e à tranquilizadora vantagem no marcador. Sentiu-se que o mais difícil estava feito, e que já cheirava a apuramento no Dragão.
Na segunda parte o Besiktas arriscou mais um pouco – tinha obviamente que o fazer -, mas com isso abriu naturalmente espaços nas costas do seu meio-campo, que o F.C.Porto aproveitou para criar mais umas quantas oportunidades. Numa delas Quaresma não perdoou, fez o 2-0, e colocou um ponto final da contenda. Nos últimos minutos da partida, os portistas sentiram alguma dificuldade em trocar a bola e segurar o jogo, permitindo alguns lances de perigo ao Besiktas, sem que no entanto tivesse alguma vez estado em causa a vitória e o apuramento, que se revestem, diga-se, de uma justiça absolutamente cristalina.
Destaque individual para os autores dos golos, mas também para o trabalho de Lisandro, Tarik e Bosingwa.
Com possíveis adversários como o Schalke, o Fenerbahce, o Celtic, o Glasgow Rangers ou o Olympiakos, bem se pode dizer que o Porto tem toda a legitimidade para sonhar com uma grande prestação nesta edição da prova. A equipa está bem, mostra um grau de organização e mecanização incomum até mesmo a nível europeu, e tem artistas capazes de desequilibrar. Não é o Porto de Mourinho, mas será, neste momento, a melhor equipa portuguesa do pós-Mourinho.
Apenas uma nota a finalizar, bastante elucidativa da relação de forças do actual futebol português. Dos oito golos que os portistas conseguiram nesta primeira fase da Liga dos Campeões, cinco (ou seja, praticamente dois terços), foram apontados por dois jogadores apontados insistentemente como transferíveis no mercado do último verão: Lucho (pretendido pelo Valência) e Quaresma (alvo do interesse do Atlético de Madrid). Quem quiser que faça as contas ao que o F.C.Porto irá embolsar com esta presença europeia, ao que vai valorizar os seus activos, expostos que estão nesta grande montra internacional, aos valores que acrescentou aos salários dos referidos jogadores para os motivar a ficar, e ao que os outros (nomeadamente o Benfica) embolsaram com transferências precipitadas (designadamente Simão, Manuel Fernandes, Karagounis e Miccoli), e ao que os mesmos outros gastaram com contratações feitas para o banco de suplentes (por exemplo Bergessio, Di Maria, Zoro, Butt, Diaz, Edcarlos, Coentrão e Adu). Trata-se afinal da diferença entre uma gestão desportiva e económica capaz, e uma gestão amadora, incompetente, errática e irresponsável. Ou seja, da diferença entre verdadeiros campeões, e quem afirma constantemente querer sê-lo, mas entre tiros no pé, hesitações, erros e precipitações, acaba por se afastar cada vez mais desse objectivo.
Logo no início da partida a equipa de Jesualdo Ferreira deu indicações claras de que queria resolver as coisas cedo, instalando-se no meio-campo contrário, subindo as suas linhas, e não permitindo grandes veleidades ofensivas aos turcos. O experiente guarda-redes Rustu (ex-Barcelona) foi então adiando o golo portista, brilhando a grande altura com intervenções de elevadíssimo nível. Lisandro até marcou um golo limpo, que todavia o árbitro assistente, erradamente, invalidou. Sensivelmente a meio da primeira parte o Besiktas reagiu um pouco, procurou adormecer o futebol portista, e ameaçou aqui e ali, de forma ténue, a baliza de Helton. Quando estávamos já muito próximo do intervalo, e na sequência de uma nova fase de alguma pressão portista, num lance esquisito, o Porto colocou-se em vantagem. Toda a defesa do Besiktas (guarda-redes incluído) parou à espera de um fora-de-jogo que não existia, e Lucho não se fez rogado atirando para o fundo da baliza turca. Paradoxalmente, depois de algumas oportunidades flagrantes, era assim num lance bastante estranho que o Porto chegava ao golo e à tranquilizadora vantagem no marcador. Sentiu-se que o mais difícil estava feito, e que já cheirava a apuramento no Dragão.
Na segunda parte o Besiktas arriscou mais um pouco – tinha obviamente que o fazer -, mas com isso abriu naturalmente espaços nas costas do seu meio-campo, que o F.C.Porto aproveitou para criar mais umas quantas oportunidades. Numa delas Quaresma não perdoou, fez o 2-0, e colocou um ponto final da contenda. Nos últimos minutos da partida, os portistas sentiram alguma dificuldade em trocar a bola e segurar o jogo, permitindo alguns lances de perigo ao Besiktas, sem que no entanto tivesse alguma vez estado em causa a vitória e o apuramento, que se revestem, diga-se, de uma justiça absolutamente cristalina.
Destaque individual para os autores dos golos, mas também para o trabalho de Lisandro, Tarik e Bosingwa.
Com possíveis adversários como o Schalke, o Fenerbahce, o Celtic, o Glasgow Rangers ou o Olympiakos, bem se pode dizer que o Porto tem toda a legitimidade para sonhar com uma grande prestação nesta edição da prova. A equipa está bem, mostra um grau de organização e mecanização incomum até mesmo a nível europeu, e tem artistas capazes de desequilibrar. Não é o Porto de Mourinho, mas será, neste momento, a melhor equipa portuguesa do pós-Mourinho.
Apenas uma nota a finalizar, bastante elucidativa da relação de forças do actual futebol português. Dos oito golos que os portistas conseguiram nesta primeira fase da Liga dos Campeões, cinco (ou seja, praticamente dois terços), foram apontados por dois jogadores apontados insistentemente como transferíveis no mercado do último verão: Lucho (pretendido pelo Valência) e Quaresma (alvo do interesse do Atlético de Madrid). Quem quiser que faça as contas ao que o F.C.Porto irá embolsar com esta presença europeia, ao que vai valorizar os seus activos, expostos que estão nesta grande montra internacional, aos valores que acrescentou aos salários dos referidos jogadores para os motivar a ficar, e ao que os outros (nomeadamente o Benfica) embolsaram com transferências precipitadas (designadamente Simão, Manuel Fernandes, Karagounis e Miccoli), e ao que os mesmos outros gastaram com contratações feitas para o banco de suplentes (por exemplo Bergessio, Di Maria, Zoro, Butt, Diaz, Edcarlos, Coentrão e Adu). Trata-se afinal da diferença entre uma gestão desportiva e económica capaz, e uma gestão amadora, incompetente, errática e irresponsável. Ou seja, da diferença entre verdadeiros campeões, e quem afirma constantemente querer sê-lo, mas entre tiros no pé, hesitações, erros e precipitações, acaba por se afastar cada vez mais desse objectivo.
4 comentários:
Bravo, bela análise, estás quase a perceber, ainda te falta um bocadinho, mas, vais lá chegar.Só nos falta uma comunicação social isenta,que dê o destaque merecido.Que preste o tributo a quem o merece. Ontem, não sei se reparaste, o Jogo, jornal dito portista,destacava um possível reforço do teu clube.Hoje dia seguinte a mais um feito do F.C.P., A Bola fala dos 3 jogadores que Camacho quer. Esse mito que o Benfica vende e os outros não,já está ultrapassado, alguns na sua cegueira clubística, ainda não perceberam.
Não te entusiasmes tanto, pois este estado de espírito magnânime e patriota, só se verifica em semanas europeias...:)
O Benfica tem mais sócios, mais adeptos e mais audiência. Isso não é rebatível. São dados objectivos.
Os jornais obviamente, no seu interesse, dão mais destaque ao que mais interessa ao maior número de pessoas.
Reconheço que essa atitude seja discutível, mas julgo que pouco beneficia o Benfica.
Tenho para mim que caso o F.C.Porto tivesse um presidente menos arrogante, menos cínico e menos provocador, com os títulos que tem conseguido, seguramente teria mais adeptos, e desfrutaria de uma muito maior simpatia no país desportivo, e teria, consequentemente, muito maior destaque mediático.
Não se pode querer hostilizar toda a gente, e depois esperar aplausos...
Amigo,
A postura arrogante do presidente é parte da fórmula que transformou o Porto de uma equipa de andrades numa equipa de guerreiros. Não aceitar isso é não perceber o âmago do sucesso da equipa. Foi o discurso de guerra Norte-Sul imposto pelo Pinto e pelo Pedroto que deu à equipa do Porto o nervo ao longo dos anos, que permitiu ir vencer à Luz várias vezes nos ultimos 25 anos.
A crónica não está nada patriotica, antes objectiva. Faltou, no entanto, destacares a inclusão do Quaresma nas votações para a equipa do ano da Uefa. Já para não falar da nomeação para a Bola de Ouro. Nem que seja para pôr muita gente a pensar que não é só bom quem joga lá fora, porque enquanto uns jogam com Navais, outros jogam com Derby Countys, Santanders ou Sienas...
Chucke,
Reconheço que nos anos da afirmação do F.C.Porto (anos 80), talvez isso tenha sido verdade.
Hoje não me parece que seja a postura institucional adequada a um clube que se pretende grande a nivel internacional, e que quer ser uma bandeira do pais (e até teria todas as condiçõpes desportivas para o ser).
Se ainda não o é, apesar de todas as suas vitórias, isso deve-se a essa atitude que, de certa forma, diminui o clube, e soa um pouco a provincianismo, e a complexos recalcados de uma geração (a de Pinto da Costa), nascida e crescida nas derrotas.
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